Carlos Eurico da Costa (Viana do Castelo, 26 de julho de 1928 - Amadora, Lisboa, 13 de julho de 1998) foi um escritor surrealista português, com atividade destacada na área do jornalismo e na indústria da publicidade.
Era filho do escritor e jornalista Severino Costa. Trabalhou nos jornais "Diário de Lisboa" e Diário Ilustrado, do qual viria a ser afastado num processo político que ficou famoso na história do jornalismo português. Colaborou em publicações como a Seara Nova, Árvore, Serpente, Diário de Notícias, etc. Teve intensa atividade como crítico cinematográfico e foi dirigente cineblubista.
O seu nome ficou ligado à história do Surrealismo português. Integrou, em 1949, com os desenhos "Grafoautografias" a primeira Exposição dos Surrealistas portugueses, com nomes como Henrique Risques Pereira, Mário Cesariny de Vasconcelos, Oom, F. J. Francisco, A. M. Lisboa, Mário Henrique Leiria, Fernando Alves dos Santos, Artur do Cruzeiro Seixas, Artur da Silva, A. P. Tomaz e Calvet. Em 1951, foi um dos protagonistas da rutura dentro do movimento surrealista português, ao subscrever a resposta a Alexandre O'Neill no panfleto coletivo Do Capítulo da Probidade.
Oposicionista do Estado Novo, chegou a estar preso por motivos políticos enquanto cumpria serviço militar obrigatório. Manteve uma constante atitude de intervenção cívica, ligado aos meios oposicionistas à ditadura portuguesa. Foi membro da direção da Sociedade Portuguesa de Escritores e Secretário-Geral da Associação da Imprensa Diária. Entre muitas atividades na área do associativismo, foi fundador, em 1979, da Associação de Cooperação com as Nações Unidas em Portugal.
Desenvolveu destacada atividade profissional na área das relações públicas e da publicidade, com responsabilidades de direção na empresa CIESA-NCK e no grupo empresarial "Sociedade Nacional de Sabões".
in Wikipédia
Neste dia meu amor
Neste dia meu amor
os meus dedos são o candelabro que te ilumina
o único existente.
E o homem
sua esfera perdida em mãos alheias
é o objecto de malabarismo
o insecto
voltejando cega a luz que lhe irradiam
o límpido cristal corrompido
o defunto.
E este patíbulo onde o próprio carrasco se enforcará
eu o digo
será erguido como símbolo de todos os homens.
Aqui a hora vai sendo longínqua meu amor e solene.
O caminho é grande o tempo tão pouco
tenhamos muita esperança e muito ódio
e vítreas flores a ornar o teu cabelo
porque serei o homem para as transportar
e tu a última mulher que as aceitará.
E enquanto assim for
erguer-se-á a nuvem de múltiplas estrelas
a nebulosa
que dizem estar a milhões de anos-luz
mas não acreditemos bem o sabes
porque em verdade a temos em nossas próprias mãos
oculta para a contemplarmos agora.
Carlos Eurico da Costa