sábado, julho 13, 2024

Carlos Eurico da Costa morreu há 26 anos

(imagem daqui)

 

Carlos Eurico da Costa (Viana do Castelo, 26 de julho de 1928 - Amadora, Lisboa, 13 de julho de 1998) foi um escritor surrealista português, com atividade destacada na área do jornalismo e na indústria da publicidade.

Era filho do escritor e jornalista Severino Costa. Trabalhou nos jornais "Diário de Lisboa" e Diário Ilustrado, do qual viria a ser afastado num processo político que ficou famoso na história do jornalismo português. Colaborou em publicações como a Seara Nova, Árvore, Serpente, Diário de Notícias, etc. Teve intensa atividade como crítico cinematográfico e foi dirigente cineblubista.

O seu nome ficou ligado à história do Surrealismo português. Integrou, em 1949, com os desenhos "Grafoautografias" a primeira Exposição dos Surrealistas portugueses, com nomes como Henrique Risques Pereira, Mário Cesariny de Vasconcelos, Oom, F. J. Francisco, A. M. Lisboa, Mário Henrique Leiria, Fernando Alves dos Santos, Artur do Cruzeiro Seixas, Artur da Silva, A. P. Tomaz e Calvet. Em 1951, foi um dos protagonistas da rutura dentro do movimento surrealista português, ao subscrever a resposta a Alexandre O'Neill no panfleto coletivo Do Capítulo da Probidade.

Oposicionista do Estado Novo, chegou a estar preso por motivos políticos enquanto cumpria serviço militar obrigatório. Manteve uma constante atitude de intervenção cívica, ligado aos meios oposicionistas à ditadura portuguesa. Foi membro da direção da Sociedade Portuguesa de Escritores e Secretário-Geral da Associação da Imprensa Diária. Entre muitas atividades na área do associativismo, foi fundador, em 1979, da Associação de Cooperação com as Nações Unidas em Portugal.

Desenvolveu destacada atividade profissional na área das relações públicas e da publicidade, com responsabilidades de direção na empresa CIESA-NCK e no grupo empresarial "Sociedade Nacional de Sabões".

 

in Wikipédia

  

II


Eis-nos não porque houvesse necessidade de estar
Mas porque temos connosco a maturidade lúcida do espaço
E se quero dizer-vos que há uma paragem
Para pressentir a minha nublada redoma
Chega do mais profundo das montanhas
Um ruído de passos agitando-se um ruído que cresce
E com frascos de sombras ladeia-nos a garganta
E vozes dizendo eles passam eles passam.
Recordo-me da jornada das mais inacessíveis
Uma mulher que até à porta me persegue
Deixando na rua o último sangue.
Vejo-me afagando-lhe os cabelos
Dominando-a do mais alto quando diz maldito.




Carlos Eurico da Costa

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