quinta-feira, setembro 13, 2012

Aquilino Ribeiro nasceu há 127 anos

Aquilino Gomes Ribeiro (Carregal, 13 de setembro de 1885 - Lisboa, 27 de maio de 1963) foi um escritor português.
É considerado por alguns como um dos romancistas mais fecundos da primeira metade do século XX. Inicia a sua obra em 1907 com o folhetim "A Filha do Jardineiro" e depois 1913 com os contos de Jardim das Tormentas e com o romance A Via Sinuosa, 1918, e mantém a qualidade literária na maioria dos seus textos, publicados com regularidade e êxito junto do público e da crítica.

Aquilino Ribeiro
"Alcança quem não cansa", diz o ex-libris de Aquilino Ribeiro. Não poderia ter escolhido melhor este escritor, que se designava a si próprio como um "obreiro das letras" e que trabalhou incansavelmente quase até ao dia da sua morte, chegada a 27 de maio de 1963; foi pouco depois de uma viagem ao Porto; aí ocorrera mais uma das muitas homenagens com as quais nesse ano, precisamente, o país consciente (e temerário) prestava tributo aos cinquenta anos de trabalho do "mestre", cuja arte de ficcionista, descontando alguma prosa de folhetim, começara a vir a lume em 1913, com a publicação do volume de contos Jardim das Tormentas.

Nascido a 13 de setembro de 1885 no concelho de Sernancelhe, freguesia de Carregal de Tabosa (uma lápide assinala a casa onde se julga que nasceu), filho de Mariana do Rosário Gomes e do padre Joaquim Francisco Ribeiro, tem uma infância, ao que se sabe, de miúdo um pouco mais que travesso, a tal ponto que ainda hoje é possível encontrar na zona quem tenha ouvido contar histórias picarescas de um menino destinado pela família à vida de sacerdócio. A sua ida para o Colégio da Senhora da Lapa, em 1895, seria o início de um percurso que o leva seguidamente para Lamego, mais tarde para Viseu (ano de 1902), onde vai estudar Filosofia, e, pouco tempo depois, para o Seminário de Beja, frequentado, ao que consta, pelos ordenandos mais recalcitrantes. Em 1904 é expulso do seminário, depois de ter dado uma réplica cortante a uma acusação do Padre Manuel Ançã, um dos dois irmãos que ao tempo dirigiam a instituição.

Registos deste tempo juvenil encontramo-los ficcionados em A Via Sinuosa, no díptico Cinco Réis de Gente e Uma Luz ao Longe, com o decurso da ação, neste último título, no Colégio da Lapa, e sob a forma de memórias em Um Escritor Confessa-se, publicado postumamente. Neste volume, contudo, encontramos fundamentalmente relatos de um tempo tão empenhado politicamente como aventuroso, do qual há também relato ficcional no romance Lápides Partidas, que prossegue a história de A Via Sinuosa. É o tempo que, pese embora algumas intermitências, Aquilino Ribeiro passa em Lisboa, chegado em 1906; aí, divide-se pela escrita, com artigos de opinião publicados em jornais como A Vanguarda, jornal republicano, pela tradução (traduz Il Santo, de Fogazzaro) ou pela redação, em parceria com José Ferreira da Silva, do folhetim A Filha do Jardineiro, uma ficção ao mesmo tempo de propaganda republicana e de crítica corrosiva às figuras do regime monárquico, a começar por D. Carlos.
Verdadeiro "homem de ação", um tipo social que o princípio do século XX muito exaltou, adere por completo às movimentações republicanas, quer através de um posicionamento pela escrita, quer através da participação em atividades que acabam por levá-lo à cadeia. De facto, no ano de 1907, o rebentamento de caixotes de explosivos guardados na sua casa leva à morte de dois correligionários e a que seja encarcerado na esquadra do Caminho Novo, de onde se evade em situações rocambolescas, como se pode ler no volume de memórias antes mencionado. Depois de alguns meses de clandestinidade em Lisboa, segue para Paris; aqui inscreve-se no curso de Filosofia da Sorbonne, onde tem a oportunidade de receber a lição de mestres como George Dumas, André Lalande, Levy Bruhl, Durckeim, e onde contacta com a intelectualidade portuguesa que, também por motivos políticos, se via forçada a viver fora de Portugal.

A sua faceta de "homem de ação", como já se viu, deu frutos ainda nos anos finais da monarquia (ainda hoje há quem se interrogue se no dia do regicídio Aquilino terá sido a "terceira carabina do Terreiro do Paço", para usar uma expressão de Batista Bastos) e torna vincadamente a manifestar-se com a sua participação, em 1927, na revolta frustrada contra a ditadura militar sequente ao golpe de 28 de maio de 1926, sendo por isso obrigado a refugiar-se em Paris. De regresso a Portugal, volta a participar numa ação antirregime (no chamado movimento do regimento de Pinhel), mas é capturado e levado para a prisão do Fontelo, em Viseu (um edifício que ainda hoje se pode ver nesta cidade). Foge também desta vez, esconde-se pelas serranias beirãs e enceta uma difícil jornada que de novo o levará até Paris; destas experiências de ativista político aproveitará também o escritor, no enredo, por exemplo, de O Arcanjo Negro (redigido em 1939-40, mas, devido a problemas com a censura, publicado apenas em 1947) ou de O Homem que Matou o Diabo. Sublinhe-se que na década de 20 publicara duas obras que, a par de Terras do Demo e de A Casa Grande de Romarigães, constituem dois dos seus textos mais emblemáticos: o picaresco Malhadinhas, primeiro inserido no volume de novelas Estrada de Santiago, depois em edição independente, e o extraordinário Andam Faunos pelos Bosques, uma sátira genial, mas tolerante ao conservadorismo cristão e um hino ao amor livre, consagrado tanto pelo anarquismo (que Aquilino chegou a abraçar mais do que intelectualmente) como pela palavra bíblica de Antigo Testamento, ponto de retorno constante do seu pensamento dúctil e cultivadíssimo.

O tempo de exílio termina em 1932, ano em que regressa ainda clandestinamente a Portugal; tinha entretanto casado em segundas núpcias (a primeira mulher morrera no ano de 1927) com Jerónima Dantas Machado, filha de Bernardino Machado, o presidente da República deposto por Sidónio Pais. O único filho do casal, segundo de Aquilino, nasce em 1930, ainda fora do país. Também em 1932, é aministiado (tinha sido julgado e condenado à revelia em 1929), o que lhe permite regressar à capital (fixando-se, mais precisamente, na Cruz Quebrada); acalmados, de um lado, os génios conspirativos e, de outro lado, os génios persecutórios, tem a possibilidade de se dedicar plenamente à escrita, continuando a produção ficcional, o trabalho de tradução, o trabalho ensaístico (lato sensu) e a colaboração na imprensa periódica. Em 1933, o conjunto de novelas As Três Mulheres de Sansão recebe o Prémio Ricardo Malheiros, da Academia das Ciências de Lisboa, e em 1935 é eleito sócio correspondente desta instituição, da qual se tornará sócio efetivo em 1957.

No entanto, mais do que o reconhecimento oficial, são a sua grandeza de escritor e também a temeridade política que o tornam merecedor do epíteto de mestre; têm o seu quê de lendário as idas ao Chiado, ao fim da tarde, para tertúlias à porta da Bertrand, a sua editora. Não tendo nunca abdicado da originalidade, um dos seus grandes valores estéticos, acabou por não alinhar com nenhum dos movimentos literários de que foi contemporâneo, do modernismo (em cartas de Fernando Pessoa ficamos a saber que era apreciado por este poeta), ao presencismo, que não o poupou a críticas (vindas, muitas delas, de José Régio e publicadas nas páginas da Presença), ao neorrealismo, embora críticos literários desta última corrente tivessem apreciado algumas das suas à luz desta doutrina, que nunca foi a do escritor. Não abdicou também da consciência política e cívica que, como vimos, o animou desde a juventude. Embora, findo o último período de exílio, se tenha dedicado afincadamente à escrita, continuou a participar em ações críticas da ditadura salazarista. Aderiu ao MUD (Movimento de Unidade Democrática) e empenhou-se na defesa e difusão da causa, por exemplo, em textos publicados na imprensa diária, em 1948-49 apoiou a campanha presidencial de Norton de Matos, integrou, com outras figuras do saber, a Comissão Promotora do Voto, militou na candidatura de Humberto Delgado à presidência da República, no ano de 1958.

A este ativismo político, há que juntar a tenacidade com que, durante mais de duas décadas, promoveu uma agregação formal e institucionalizada dos escritores até conseguir criar, unido a alguns contemporâneos, a Sociedade Portuguesa de Escritores, de que foi fundador e presidente, isto no ano de 1956. O tempo não lhe subtrai o prestígio de grande figura da escrita, reconhecido dentro e fora de de Portugal. Atestam esse prestígio factos como a apresentação da sua candidatura ao Nobel, proposta por Francisco Vieira de Almeida e subscrita por José Cardoso Pires, David Mourão-Ferreira, Urbano Tavares Rodrigues, José Gomes Ferreira, Maria Judite de Carvalho, Joel Serrão, Mário Soares, Vitorino Nemésio, Abel Manta, Alves Redol, Luísa Dacosta, Vergílio Ferreira, entre muitos outros. Atestam-no também as homenagens que recebe no Brasil, país aonde se desloca, por motivos pessoais, no ano de 1952. Atesta-o sobremaneira o extraordinário movimento que se desenvolveu em sua defesa depois da publicação do romance Quando os Lobos Uivam, em 1958, considerado pelo regime como injurioso das instituições de poder e levando à instauração de um processo crime contra o escritor. Para além da defesa formal, levada a cabo pelo advogado Heliodoro Caldeira, Aquilino tem o apoio de cerca de 300 intelectuais portugueses que se juntam num abaixo-assinado pedindo o arquivamento do processo; fora de Portugal, François Mauriac redige uma petição em defesa de Aquilino, assinada, nomeadamente, por Louis Aragon e André Maurois e publicada em vários jornais e revistas franceses. O processo crime acaba por ser arquivado cerca de vinte meses depois da sua instauração, na sequência de uma amnistia.

Embora sem se fazer completamente justiça, encerrava-se uma ação injuriosa dirigida contra alguém que foi e será sempre um dos nomes maiores das nossas letras, que trouxe à língua uma plasticidade impressionante combinando o rústico com o erudito, que foi um observador atento das 'grandezas e misérias' do género humano, que criou uma galeria de personagens passando pelo campesino beirão, pelo pequeno-burguês de província, pelo cosmopolita, pelo idealista, pelo obcecado, pelo asceta e pelo sibarita, pela mulher tentadora e pela virgem solícita e generosamente disponível...alguém que, enfim, por via da reflexão, saber, trabalho, estudo, deixou para os séculos uma visão exaltante da existência, mas temperada pela melancolia de quem não esquece a inevitável efemeridade de todas as coisas. "Mais não pude", pretendeu Aquilino que fosse o seu epitáfio.

Clara Schumann nasceu há 193 anos

Google Doodle de 13.09.2012 - 193º aniversário do nascimento de Clara Schumann

Clara Schumann, nascida Clara Josephine Wieck (Leipzig, Saxónia, 13 de setembro de 1819 - Frankfurt am Main, 20 de maio de 1896) foi uma pianista e compositora romântica alemã. Era casada com o também compositor Robert Schumann.
Desde muito jovem, aprendeu a técnica do piano com seu pai, Friedrich Wieck. A mãe, Marianne, era um excelente musicista e dava concertos. Quanto Clara tinha 4 anos, os pais se divorciaram, e posteriormente Friedrich ganhou a custódia da menina. Aos 5 Clara começou a ter lições de piano mediante a disciplina rígida do pai. A partir dos 13 anos desenvolveu uma brilhante carreira pianística, apresentando-se em vários palcos pela Europa.
Aos 14 anos, começou a compor o Concerto para piano em lá menor, que foi apresentado quando ela tinha 16, tendo a regência de Felix Mendelssohn.
Destacou-se também pela performance de compositores românticos da época, como Chopin e Carl Maria Von Weber.
Na adolescência iniciou um romance com Robert Schumann que na época era aluno de seu pai. Ao tomar conhecimento da ligação de Robert e Clara, Wieck ficou furioso, pois Robert tinha problemas com a bebida, o fumo e crises depressivas. Preocupado com o futuro da filha, proibiu a relação. A consequência foi uma longa batalha judicial, em que, após um ano de litígio, Schumann conseguiu a permissão para desposar Clara, após ela completar 21 anos.
Depois do casamento, Clara e Robert começaram uma longa colaboração, ele compondo e ela interpretando e divulgando suas composições. Clara continuou a compor, mas a vida em comum era complicada, pois ela foi forçada a parar a carreira por diversos períodos, devido às 8 gestações e, apesar de Schumann aparentemente encorajar sua criação musical, ela abdicou muitas vezes de sua carreira como compositora para promover a do marido. A situação era agravada por várias diferenças entre o casal: Clara adorava turnês, Robert as odiava; ele precisava de silêncio e tranquilidade para praticar, o que significa que Clara ficava em segundo plano, pois somente após o estudos do marido ela poderia ter suas horas de estudo.
Outro problema eram as constantes crises nervosas do marido, que fizeram Clara assumir as responsabilidades familiares sozinha. A pior crise de sua vida aconteceu quando Schumann entrou em depressão crônica, o que obrigou a família a interná-lo num manicómio, onde ficou por dois anos, até sua morte. Após 14 anos de casamento, Clara ficou sozinha com os filhos, tendo que dar aulas e apresentações para sustentar a família.
A partir daí, ironicamente, ela ficou livre para compor e dar concertos, e sua carreira finalmente se desenvolveu. A amizade com Johannes Brahms foi o principal sustentáculo nesse período, o que deu margem a mexericos de que os dois teriam um romance. Foram anos de colaboração mútua, já que os dois artistas eram defensores ferrenhos da estética romântica ligada a um padrão mais formal, e opositores de Wagner e Liszt.
A amizade durou até o final da vida de Clara. Os últimos anos da compositora foram marcados por uma brilhante carreira como professora e o reconhecimento como concertista, chegando até a ser comparada com Liszt.


Há 736 anos um português foi eleito Papa

João XXI nascido Pedro Julião mais conhecido como Pedro Hispano, (em data desconhecida, entre 1205 e 1220 – 20 de Maio de 1277) foi papa entre 20 de setembro de 1276, até à data da sua morte, tendo sido também um famoso médico, filósofo, professor e matemático português do século XIII.
Alguns autores indicam como data de nascimento o ano de 1205, outros que foi antes de 1210, possivelmente em 1205 ou 1207 e outros ainda entre 1210 e 1220.
 
A eleição de Pedro Julião, em conclave realizado em Viterbo, após a morte do Papa Adriano V, a 18 de agosto de 1276, decorre num período muito perturbado por tensões políticas e religiosas e com alguns cardeais a sofrer violências físicas. É eleito Papa a 13 de setembro e coroado a 20 de setembro de 1276, e adota o nome de João XXI.
 
Pedro Julião, ou Pedro Hispano, nasce em Lisboa, no então Reino de Portugal, provavelmente na que é a actual freguesia de São Julião, em data não conhecida, mas seguramente antes de 1226, filho de Julião Rebelo, médico, cuja profissão segue, e de Teresa Gil (embora Luís Ribeiro Soares defenda que possa ter sido filho do chanceler de D. Sancho I, Mestre Julião Pais).
Começou os seus estudos na escola episcopal da catedral de Lisboa, tendo mais tarde estudado na Universidade de Paris (alguns historiadores afirmam que terá sido na Universidade de Montpellier) com mestres notáveis, como São Alberto Magno, e tendo por condiscípulos São Tomás de Aquino e São Boaventura, grandes nomes do cristianismo. Lá estuda medicina e teologia, dedicando especial atenção a palestras de dialética, lógica e sobretudo a física e metafísica de Aristóteles.
Entre 1246 e 1252 ensinou medicina na Universidade de Siena, onde escreveu algumas obras, de entre as quais se destaca o Tratado Summulæ Logicales que foi o manual de referência sobre lógica aristotélica durante mais de trezentos anos, nas universidades europeias, com 260 edições em toda a Europa, traduzido para grego e hebraico.
Prova da sua vastíssima cultura científica encontra-se na obra De oculo, um tratado de Oftalmologia, que conhece ampla difusão nas universidades europeias. Quando Miguel Ângelo adoece gravemente dos olhos, devido ao árduo labor consumido na decoração da Capela Sistina, encontra remédio numa receita de Pedro Julião. De sua autoria, o ‘Thesaurus Pauperum’ (Tesouro dos pobres), em que trata de várias doenças e suas curas, com cerca de uma centena de edições e traduzido para 12 línguas.
Já no domínio da Teologia, é autor de Comentários ao pseudo-Dionísio e Scientia libri de anima. Encontra-se por publicar a obra De tuenda valetudine, manuscrita em Paris, dedicada a Branca de Castela, esposa do rei Luís VIII de França, filha de Afonso IX de Castela.
Antes de 1261, ano em que é eleito decano da Sé de Lisboa, Pedro Julião ingressa no sacerdócio. O rei Afonso III de Portugal confia-lhe o priorado da Igreja de Santo André (Mafra) em 1263, posto o que é elevado a cónego e deão da Sé de Lisboa, Tesoureiro-mor na Sé do Porto e Dom Prior na Colegiada Real de Santa Maria de Guimarães.

Após a morte de Dom Martinho Geraldes, Pedro Julião é nomeado Arcebispo de Braga pelo Papa Gregório X, em 1273. Um ano depois, participa no XIV Concílio Ecuménico de Lião, altura em que Gregório X o eleva a Cardeal-bispo com o título de Tusculum-Frascati, da Diocese suburbicária de Frascati, o que permite ao pontífice poder contar com os serviços médicos do sábio português. Regressa ao Arcebispado de Braga, até ser nomeado o sucessor, Dom Sancho. De volta à corte pontifícia, Gregório X nomeia-o seu médico principal (arquiathros) em 1275.
A eleição de Pedro Julião, em conclave realizado em Viterbo, após a morte do Papa Adriano V, a 18 de agosto de 1276, decorre num período muito perturbado por tensões políticas e religiosas e com alguns cardeais a sofrer violências físicas. É eleito Papa a 13 de setembro e coroado a 20 de setembro de 1276, e adota o nome de João XXI.


 Brasão de armas do Papa João XXI
 
João XXI irá marcar o seu breve pontificado (de pouco mais de 8 meses) pela fidelidade ao XIV Concílio Ecuménico de Lião. Apressa-se a mandar castigar, em tribunal criado para o efeito, os que haviam molestado os cardeais presentes no conclave que o elegera.
Embora sem grande sucesso, leva por diante a missão encetada por Gregório X de reunir a Igreja Grega à Igreja do Ocidente. Esforça-se por libertar a Terra Santa em poder dos turcos.
Tenta reconciliar grandes nações europeias, como França, Alemanha e Castela, dentro do espírito da unidade cristã. Neste sentido, envia legados a Rodolfo de Habsburgo e a Carlos de Anjou, sem sucesso.
Pontífice dotado de rara simplicidade, recebe em audiência tanto os ricos como os pobres. Dante Alighieri, poeta italiano (1265-1321), na sua famosa ‘Divina Comédia’, coloca a alma de João XXI no Paraíso, entre as almas que rodeiam a alma de São Boaventura, apelidando-o de "aquele que brilha em doze livros", menção clara a doze tratados escritos pelo erudito pontífice português. O rei aragonês Afonso X de Leão e Castela, o Sábio, avô de D. Dinis de Portugal, elogia-o em forma de canção no "Paraíso", canto XII. Mecenas de artistas e estudantes, é tido na sua época por 'egrégio varão de letras', 'grande filósofo', 'clérigo universal' e 'completo cientista físico e naturalista'.
Mais dado ao estudo que às tarefas pontifícias, João XXI delega no Cardeal Orsini, o futuro Papa Nicolau III, os assuntos correntes da Sé Apostólica. Ao sentir-se doente, retira-se para a cidade de Viterbo, onde morre a 20 de maio de 1277, com 51 anos, vitimado pelo desmoronamento das paredes do seu aposento, estando o palácio apostólico em obras. É sepultado junto do altar-mor da Catedral de São Lourenço, naquela cidade. No século XVI, durante os trabalhos de reconstrução do templo, os seus restos mortais são trasladados para modesto e ignorado túmulo, mas nem aqui encontraram repouso definitivo. Através do contributo da Câmara Municipal de Lisboa, por João Soares, então seu presidente, o mausoléu é colocado, a título definitivo, ao lado do Evangelho de Catedral de Viterbo, a 28 de março de 2000.

Alexandre Herculano morreu há 135 anos

Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo (Lisboa, 28 de março de 1810 - Quinta de Vale de Lobos, Azoia de Baixo, Santarém, 13 de setembro de 1877) foi um escritor, historiador, jornalista e poeta português da era do romantismo.

Alexandre Herculano nasceu no Pátio do Gil, à Rua de São Bento, em 28 de março de 1810; a mãe, Maria do Carmo Carvalho de São Boaventura, filha e neta de pedreiros da Casa Real; o pai, Teodoro Cândido de Araújo, era funcionário da Junta dos Juros (Junta do Crédito Público). Na sua infância e adolescência não pode ter deixado de ser profundamente marcado pelos dramáticos acontecimentos da sua época: as invasões francesas, o domínio inglês e o influxo das ideias liberais, vindas sobretudo da França, que conduziriam à Revolução de 1820. Até aos 15 anos frequentou o Colégio dos Padres Oratorianos de S. Filipe de Néry, então instalados no Convento das Necessidades em Lisboa, onde recebeu uma formação de índole essencialmente clássica, mas aberta às novas ideias científicas. Impedido de prosseguir estudos universitários (o pai cegou em 1827, ficando impossibilitado de prover ao sustento da família) ficou disponível para adquirir uma sólida formação literária que passou pelo estudo de inglês, francês, italiano e alemão, línguas que foram decisivas para a sua obra literária.
Estudou Latim, Lógica e Retórica no Palácio das Necessidades e, mais tarde, na Academia da Marinha Real, estudou matemática com a intenção de seguir uma carreira comercial.
Com apenas 21 anos, participará, em circunstâncias nunca inteiramente esclarecidas, na revolta de 21 de agosto de 1831 do Regimento n.° 4 de Infantaria de Lisboa contra o governo ditatorial de D. Miguel I, o que o obrigará, após o fracasso daquela revolta militar, a refugiar-se num navio francês fundeado no Tejo, nele passando à Inglaterra e, posteriormente, à França (Rennes), indo depois juntar-se ao exército Liberal de D. Pedro IV, na Ilha Terceira (Açores). Alistado como soldado no Regimento dos Voluntários da Rainha, como Garrett, é um dos 7.500 "Bravos do Mindelo", assim designados por terem integrado a expedição militar comandada por D. Pedro IV que desembarcou, em 8 de julho de 1832, na praia do Mindelo (na verdade, um pouco mais a sul, na praia de Arnosa de Pampelido, um pouco a norte do Porto - hoje "praia da Memória"), a fim de cercar e tomar a cidade do Porto (ver Desembarque do Mindelo e Cerco do Porto). Como soldado, participou em acções de elevado risco e mérito militar.
Iniciado na maçonaria em data e local desconhecidos, porventura durante o exílio em Inglaterra, ou antes, cedo a abandonou.
Nomeado por D. Pedro IV como segundo bibliotecário da Biblioteca do Porto, aí permaneceu até ter sido convidado a dirigir a Revista Panorama, de Lisboa, revista de caráter artístico e científico de que era proprietária a Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Úteis, patrocinada pela própria rainha D. Maria II, de que foi redactor principal de 1837 a 1839. Em 1842 retomou o papel de redactor principal e publicou o Eurico o Presbítero, obra maior do romance histórico em Portugal no século XIX.
Mas a obra que vai transformar Alexandre Herculano no maior português do século XIX é a sua História de Portugal, cujo primeiro volume é publicado em 1846. Obra que introduz a historiografia científica em Portugal, não podia deixar de levantar enorme polémica, sobretudo com os sectores mais conservadores, encabeçados pelo clero. Atacado pelo clero por não ter admitido como verdade histórica o célebre Milagre de Ourique – segundo o qual Cristo aparecera ao rei Afonso Henriques naquela batalha -, Herculano acaba por vir a terreiro em defesa da verdade científica da sua obra, desferindo implacáveis golpes sobre o clero ultramontano, sobretudo nos opúsculos Eu e o Clero e Solemnia Verba. O prestígio que a História de Portugal lhe granjeara leva a Academia das Ciências de Lisboa a nomeá-lo seu sócio efectivo (1852) e a encarregá-lo do projecto de recolha dos Portugaliae Monumenta Historica (recolha de documentos valiosos dispersos pelos cartórios conventuais do país), projecto que empreende em 1853 e 1854.
Herculano permanecerá fiel aos seus ideais políticos e à Carta Constitucional, que o impedira de aderir ao Setembrismo. Apesar de estreitamente ligado aos círculos do novo poder Liberal (foi deputado às Cortes e preceptor do futuro Rei D. Pedro V), recusou fazer parte do primeiro Governo da Regeneração, chefiado pelo Duque de Saldanha. Recusou honrarias e condecorações e, a par da sua obra literária e científica, de que nunca se afastou inteiramente, preferiu retirar-se progressivamente para um exílio que tinha tanto de vocação como de desilusão. Numa carta a Almeida Garrett confessara ser seu mais íntimo desejo ver-se entre quatro serras, dispondo de algumas leiras próprias, umas botas grosseiras e um chapéu de Braga. Ainda desempenhando o cargo de Presidente da Câmara de Belém (1854 a 1855), cargo que abandona rapidamente.
Quando se começou a fazer muito eco na imprensa e política portuguesa para promover o iberismo, em 1861, foi criada a Comissão Central 1.º de Dezembro de 1640 contra essa vontade e, entre outros nomes, que constam dela é o nosso Herculano que imediatamente a ela se uniu nesse ideal de raiz patriótica.
Em 1867, após o seu casamento com D. Mariana Meira, retira-se definitivamente para a sua quinta de Vale de Lobos (Azoia de Baixo, Santarém) para se dedicar (quase) inteiramente à agricultura e a uma vida de recolhimento espiritual - ancorado no porto tranquilo e feliz do silêncio e da tranquilidade, como escreverá na advertência prévia ao primeiro volume dos Opúsculos. Em Vale de Lobos, Herculano exerce um autêntico magistério moral sobre o País. Na verdade, este homem frágil e pequeno, mas dono de uma energia e de um carácter inquebrantáveis era um exemplo de fidelidade a ideais e a valores que contrastavam com o pântano da vida pública portuguesa. Isto dá vontade de morrer!, exclamara ele, decepcionado pelo espectáculo torpe da vida pública portuguesa, que todos os seus ideais vilipendiara. Aquando da segunda viagem do Imperador do Brasil a Portugal, em 1867, Herculano entendeu retribuir, em Lisboa, a visita que o monarca lhe fizera em Vale de Lobos, mas devido à sua débil saúde contraiu uma pneumonia de que viria a falecer, em Vale de Lobos, em 13 de setembro de 1877.
Herculano foi o responsável pela introdução e pelo desenvolvimento da narrativa histórica em Portugal.
Juntamente com Almeida Garrett, é considerado o introdutor do Romantismo em Portugal, desenvolvendo os temas da incompatibilidade do homem com o meio social.
Alexandre Herculano casou, em 1 de maio de 1867, com Mariana Hermínia de Meira. Morreu na sua quinta de Vale de Lobos, Azoia de Baixo, (Santarém) em 13 de setembro de 1877. Encontra-se sepultado no Mosteiro dos Jerónimos.


A ROSA

Pura em sua innocencia.
Entre a sarça espinhosa,
Purpurea esplende, inda botão intacto,
Na madrugada a rosa.

É da campina a virgem
A pudibunda flor;
Em seus efluvios matutina brisa
Bebe o primeiro amor.

O sol inunda as veigas:
Calou-se o rouxinol;
E a flor, ebria de gloria, á luz fervente,
Desabrochou-a o sol.

O sôpro matutino
No seio seu pousára:
Prostituida á luz, fugiu-lhe a brisa,
Que a linda rosa amára.

Bella se ostenta um dia;
Saúdam-na as pastoras;
Dão-lhe mil beijos, gorgeando, as aves;
Voam do goso as horas.

Lá vem chegando a noite,
E ella empallideceu:
Incessante prazer mirrou-lhe a seiva;
A rosa emmurcheceu.

Desce o tufão dos montes,
Os matos sacudindo;
Desfallecida a flor desprende as folhas,
Que o vento vai sumindo.

Onde estará a rosa,
Do prado a bella filha?
O tufão, que espalhou seus frageis restos,
Passou: não deixou trilha.

Da sarça a flor virente
Nasceu, gosou, e é morta:
E a qual desses amantes de um momento
Seu fado escuro importa?

Nenhum, nenhum por ella
Gemeu saudoso á tarde;
Não ha quem juncte as derramadas folhas,
Quem amoroso as guarde.

Só da manhan o sôpro,
Passando no outro dia,
Da rosa, que adorou, quando a innocencia
Em seu botão sorria,

Juncto do tronco humilde
O curso demorando,
Veio depositar perdão, saudade,
Queixoso sussurrando.

De quantas és a imagem,
Oh desgraçada flor!
Quantos perdões sobre um sepulchro abjecto
Tem murmurado o amor!

quarta-feira, setembro 12, 2012

Johnny Cash morreu há 9 anos

 Johnny Cash e June Carter, que foi sua segunda esposa

John R. Cash, mais conhecido como Johnny Cash, (Kingsland, 26 de fevereiro de 1932 - Nashville, 12 de setembro de 2003) foi um cantor e compositor norteamericano de música country, conhecido por seus fãs como "O Homem de Preto". Em uma carreira que durou quase cinco décadas ele foi para muitas pessoas a personificação do country. Sua voz sepulcral e o distintivo som "boom chicka boom" de sua banda de apoio "Tennessee Two" são algumas de suas "marcas registadas".

(...)

Em 1999 Cash foi diagnosticado com Síndrome de Shy-Drager, uma doença neuro-degenerativa - diagnóstico que mais tarde seria alterado para problemas no sistema nervoso associados à diabetes. O seu estado de saúde forçou-o a encurtar uma turnê; ele foi hospitalizado em 1998 com grave pneumonia, que prejudicou seus pulmões. O álbum American III: Solitary Man, lançado em 2000, apresentava sua resposta à doença, representada por uma versão de "I Won't Back Down" de Tom Petty assim como uma releitura poderosa de "One", do U2.
Cash lançou American IV: The Man Comes Around em 2002, que consistia em metade de material original e metade de covers, alguns bem surpreendentes. O videoclipe de "Hurt", canção composta por Trent Reznor do Nine Inch Nails, foi indicada em sete categorias do Video Music Awards da MTV, ganhando o prémio de "Melhor Fotografia". Em 2004 "Hurt" também venceu o Grammy de "Melhor Videoclipe".
A esposa de Johnny, June Carter, faleceu de complicações decorrentes de uma cirurgia ao coração em 15 de maio de 2003, aos 73 anos de idade.
Menos de quatro meses depois Johnny Cash morreu, devido a diabetes, aos 71 anos de idade, enquanto estava hospitalizado no Baptist Hospital em Nashville, Tennessee. Ele foi enterrado ao lado de sua esposa, no Hendersonville Memory Gardens, perto de sua terra natal, Hendersonville, Tennessee.




You Are My Sunshine - Johnny Cash

The other night, dear, as I lay sleeping
I dreamed I held you in my arms
When I awoke, dear, I was mistaken
So I hung my head and cried

You are my sunshine, my only sunshine
You make me happy when skies are grey
You'll never know, dear, how much I love you
Please don't take my sunshine away

I'll always love you and make you happy
If you will only say the same
But if you leave me to love another
You'll regret it all someday

You are my sunshine, my only sunshine
You make me happy when skies are grey
You'll never know, dear, how much I love you
Please don't take my sunshine away

You told me once, dear, you really loved me
And no one else could come between.
But now you've left me and love another,
You have shattered all my dreams.

You are my sunshine, my only sunshine
You make me happy when skies are grey
You'll never know, dear, how much I love you
Please don't take my sunshine away

El-Rei D. Afonso VI, o Vitorioso, morreu há 329 anos

D. Afonso VI de Portugal (Lisboa, 21 de agosto de 1643 - Sintra, 12 de setembro de 1683) foi o 2.º Rei de Portugal da Dinastia de Bragança.

Nascido apenas como infante de Portugal, D. Afonso não estava destinado a reinar nem foi preparado para tal, em virtude do herdeiro da coroa ser o seu irmão mais velho, o brilhante príncipe D. Teodósio de Bragança. A sua formação foi pouco cuidada, à semelhança dos restantes irmãos, o que se confirma quando D. Catarina parte para a Inglaterra, em virtude do seu casamento com o rei Carlos II, quase sem saber falar inglês.
Ao contrário dos seus irmãos, Afonso passou a sua infância e juventude em Lisboa, num ambiente tenso e mergulhado em preocupações políticas, governativas, militares, entre outras. Com 3 ou 4 anos de idade, atinge-o uma «febre maligna» que lhe afecta o lado direito do corpo e que se repercutirá na sua vida em variados aspectos, desde políticos a familiares e sexuais. Uma doença do sistema nervoso central, pensa-se hoje, talvez uma meningoencefalite, uma doença de foro nervoso, como propõe Montalvão Machado.
A morte do irmão, D. Teodósio, sucede-se a 13 de maio de 1653 e, a 17 de novembro do mesmo ano, falece D. Joana. Passa D. Afonso para a ribalta como novo herdeiro do trono de Portugal.

Volvidos três anos, falece D. João IV, deixando como sucessor Afonso, cuja idade ainda não lhe permitia governar e com capacidade mental duvidosa para assumir a função. Foi aclamado e jurado rei a 15 de novembro de 1656. O boato de que sofria de alguma doença mental levou a que se levantasse a questão do adiamento da cerimónia. No entanto, a data manteve-se por entendimento da rainha. O discurso de praxe coube ao doutor António de Sousa Macedo, jurisconsulto e diplomata, o qual destacou não a figura de D. Afonso mas a de seu pai, a quem definiu como «hum sugeito quasi divino». Não deixou de invocar os feitos dos reis anteriores, provavelmente com o propósito de despertar o brio do jovem monarca, cuja nação se preparava para o recomeço da ofensiva espanhola, que já se fazia anunciar, e ao qual incumbia o dever de juntar todas as forças para, ao fim de dezasseis anos de guerra, não comprometer a independência face ao país vizinho e todo o processo de restauração.

«Depois de Afonso VI tomar posse da governação de Estado, D. João de Áustria, filho bastardo do rei de Castela, invadiu o Alentejo, tomou Évora, e chegou quase às portas de Lisboa. O conde de Castelo Melhor tratou de organizar importantes forças para repelirem esta invasão, colocando à frente dessas forças D. Sancho Manuel, conde de Vila Flor, e o conde de Schomberg. Seguiu-se uma série de combates a de vitórias; a reconquista de Évora, a tomada de Assumar, Ouguela, Veiros, Monforte, Crato e Borba; Figueira de Castelo Rodrigo, Ameixial, batalha que se deu em 1663, em que muito se distinguiram os generais marquês de Marialva, e conde de Schomberg. A decadência de Portugal era inevitável, com um rei tão fraco que tudo sacrificava à quietação do espírito e às suas comodidades. Nas colónias ainda essa decadência mais se pronunciava. As complicações da Índia, a aliança da Inglaterra, com o casamento da infanta D. Catarina de Bragança, filha de D. João IV, com o rei de Inglaterra, Carlos II, que levou em dote duas praças, Bombaim e Tânger, a tomada, pelos holandeses, de Ceilão, Cranganor, Negapatam, Cochim, Coulam, e Cananor, as negociações a que foi indispensável entrar com eles e a traição do duque de Aveiro e de D. Fernando Teles de Faro. A campanha contra os espanhóis, terminou por assim dizer, com a batalha de Montes Claros, ganha pelo marquês de Marialva e o conde de Schomberg. Depois desta batalha, só houve escaramuças a guerras de fronteira. Os espanhóis, já cansados de tanto lutar, começaram a tratar da paz, que o conde de Castelo Melhor só queria aceitar com as condições a que nos dava direito a nossa constante supremacia militar. Assim o conde exigia que a Espanha nos cedesse uma porção do seu próprio território, queria a Galiza, e com certeza o conseguiria, se as intrigas da corte o não houvessem precipitado do poder.»

Grupos palacianos se aproveitaram da situação. Um grupo de nobres que incluía também o marquês de Marialva, o conde de Sarzedas, o conde de Vila Flor, conseguiu derrubar o conde de Castelo Melhor. A 27 de Outubro a Câmara de Lisboa pediu a convocação imediata das Cortes, enquanto Castelo Melhor se exilava num mosteiro de arrábidos perto de Torres Vedras, exilando-se depois nas cortes de Sabóia, França e da Inglaterra (sua situação só se desanuviou depois da morte da Rainha em 1683). A Rainha deixou o Paço em 21 de novembro, recolhendo-se ao convento da Esperança em clausura com suas damas e oficiais, no que se considerou grande escândalo.
Após seu afastamento em 1667 D. Afonso foi compelido por sua mulher, Maria Francisca, e irmão, Pedro, a abdicar do trono no dia 22 de novembro. O infante D. Pedro justificou a tomada do governo pela exigência do «Senado lisboeta». Guardou apenas o título de «curador» e governador do Reino. Desde 26 de novembro de 1667 os documentos vêm assinados pelo «Infante» e só depois de Cortes em 1668 passaram a sê-lo pelo «Príncipe». Fez membros do Conselho de Estado o duque de Cadaval, D. Nuno Álvares Pereira de Melo, D. Vasco Luís da Gama, marquês de Nisa. escolheu como Presidente da Mesa do Desembargo do Paço o marquês de Gouveia, D. João da Silva, e como vedor da Fazenda o velho general D. António Luís de Meneses, marquês de Marialva. Eram todos elementos ligados ao «partido francês», vitoriosos sobre a facção «inglesa» comandada por Castelo Melhor.
D. Afonso foi banido para a ilha Terceira, nos Açores. Tais actos foram sancionados pelas Cortes de Lisboa de 1668. O rei morreu em Sintra, em 1683 depois de preso durante 9 anos no quarto com seu nome no Palácio Real de Sintra.


A sonda Mars Global Surveyor começou a trabalhar à 15 anos

A sonda norte-americana Mars Global Surveyor foi lançada em 7 de novembro de 1996 num foguete lançador Delta a partir da Estação da Força Aérea de Cabo Canaveral. A sonda foi gerida pela NASA e pelo Jet Propulsion Laboratory e foi construída pela Lockheed.

Missão
A Mars Global Surveyor representou o regresso ao planeta Marte após quase duas décadas de ausência (as sondas Viking foram lançadas em 1975 e 1976 e a sonda Mars Observer tinha falhado o objetivo) e constitui-se hoje um dos maiores sucessos na exploração espacial. A sua missão primária era a observação e cartografia da superfície marciana em preparação às missões seguintes e teria uma duração de um ano marciano (equivalente a cerca de 2 anos terrestres). Em 2005 e perto de atingir uma década em orbita de Marte, a missão já enviou para a Terra mais informação do que todas as outras missões juntas, excetuando-se a sonda Magellan, enviada a Vénus.
A sonda entrou em órbita de Marte a 12 de setembro de 1997 não sem encontrar problemas. Assim, e logo após o seu lançamento, os engenheiros da missão descobriram que um dos dois painéis solares que alimentam de energia a sonda, não abriu completamente devido a uma quebra de uma junta. A não abertura na totalidade do painel não colocava em perigo a sonda mas dificultava a sua inserção na órbita de Marte devido ao fato de os painéis serem utilizados numa manobra de travagem atmosférica para o seu posicionamento final na órbita pretendida. Após uma análise da situação, verificou-se que a sonda podia continuar com a sua missão. Desde então, a sonda nunca mais apresentou qualquer tipo de problema e tem cumprido a sua agenda na sua capacidade máxima.
Em 22 de novembro de 2006, a NASA, em comunicado, informa que a sonda deverá estar inoperante para qualquer projeto científico. Após duas semanas de esforços para recuperar a sonda através de tentativas de envio de comandos (diretos via Terra e indiretos via rovers Opportunity e Spirit na superfície marciana) e visualização direta (através da Mars Reconaissance Orbiter) a NASA conclui que após 10 anos em órbita de Marte e mais de 240.000 imagens enviadas, a sonda Mars Global Surveyor terá deixado de estar operacional.

Sonda
Na sua forma geral, a Mars Global Surveyor é um retângulo com dois painéis tipo asa em posições opostas. A sua massa vazia é de cerca de 770 Kg, sendo que na altura do seu lançamento e com o combustível necessário à missão a sonda pesava cerca de 1.050 Kg. O corpo da sonda é constituído por duas partes distintas: uma seção de instrumentos e outra de propulsão, onde estão alojados os foguetes e os tanques de combustível. A sonda está equipada com seis instrumentos científicos distintos: Uma câmara de alta resolução, um espectrômetro de emissão térmica, um altímetro laser, um reflectrômetro de eléctrons, um oscilador ultra-estável e um sistema de retransmissão rádio.

Levantamento topográfico de Marte realizado pela sonda norte-americana Mars Global Surveyor (NASA)

Resultados
A sonda encontra-se hoje na sua missão secundária que se iniciou em 2001, tendo entretanto realizado um levantamento topográfico global da superfície marciana e descoberto evidências de que a superfície marciana possuiu, em tempos remotos, massas de água que deixaram a sua marca sob a forma de erosão de estruturas geológicas, como por exemplo na criação de canais.
Em 2005 encontrava-se em órbita do planeta Marte simultaneamente com outras missões três da NASA e da ESA (Mars Exploration Rovers, Mars Odyssey e Mars Express) e em breve verá chegar outra missão (a Mars Reconnaissance Orbiter). Marte terá então, uma autêntica flotilha de sondas em órbita e na superfície.
Participou e participa em missões de esclarecimento e acompanhamento de outras sondas (realizou levantamentos fotográficos intensos na procura das missões falhadas do Europeu Beagle que acompanhava a Mars Express e da Mars Polar Lander). Obteve, pela primeira vez, imagens de outras sondas em órbita do mesmo planeta quando em Abril de 2005 fotografou a Mars Express e mais tarde a Mars Odyssey.

Biko's kindred lament

Júlio Dinis morreu há 141 anos

Monumento a Júlio Dinis, no Porto, sua cidade natal

Joaquim Guilherme Gomes Coelho (Porto, 14 de novembro de 1839Porto, 12 de setembro de 1871) foi um médico e escritor português.

Joaquim Guilherme Gomes Coelho, que no período mais brilhante da sua carreira literária usou o pseudónimo de Júlio Dinis, nasceu no Porto, na antiga Rua do Reguinho, a 14 de novembro de 1839, e faleceu na mesma cidade, na Rua Costa Cabral, numa casa que já não existe, a 12 de setembro de 1871.
Júlio Dinis era filho de José Joaquim Gomes Coelho, cirurgião, natural de Ovar, e de Ana Constança Potter Pereira Gomes Coelho, de ascendência anglo-irlandesa, e vitimada pela tuberculose quando Júlio Dinis contava apenas seis anos de idade. Frequentou a escola primária em Miragaia. Aos catorze anos de idade (1853), concluiu o curso preparatório do liceu. Matriculou-se na Escola Politécnica, tendo, em seguida, transitado para a Escola Médico-Cirúrgica do Porto, cujo curso completou a 27 de julho de 1861, com alta classificação. Posteriormente a sua saúde foi-se agravando, pelo que foi obrigado a recolher-se em Ovar e depois para a Madeira e a interromper a possibilidade de exercer a sua profissão.Durante esses tempos dedica-se à literatura. Mais tarde (1867), foi incluído como demonstrador e lente substituto no corpo docente desta mesma Escola.
Já então sofria da doença da tuberculose pelo que, esperançado em encontrar cura no ambiente mais salutar da província, se transferiu temporariamente para Ovar, para casa de uma sua tia, Rosa Zagalo Gomes Coelho, que vivia no Largo dos Campos. E foi ainda esperançado numa cura de ares, que esteve duas vezes na ilha da Madeira, além de outras peregrinações que terá feito através do país. Simplesmente, o mal de Júlio Dinis não tinha cura. E com quase trinta e dois anos apenas, morria aquele que foi o mais «suave e terno romancista português, cronista de afectos puros, paixões simples, prosa limpa». De resto, essa terrível doença, que já havia vitimado a mãe, em 1845, foi a causa da morte de todos os seus oito irmãos.
O romance «As Pupilas do Senhor Reitor» foi publicado em 1869, tendo sido representado, cinematizado e publicado em folhetins do Jornal do Porto. Um ano antes, tinha sido dado a público «Uma Família Inglesa» e, em 1870, veio a público «Serões da Província».
No ano do seu falecimento, 1871 (com apenas 32 anos de idade), publicou-se o romance «Os Fidalgos da Casa Mourisca». Só depois da sua morte se publicaram «Inéditos» e «Esparsos», em dois volumes, assim como as suas «Poesias», dadas à estampa entre 1873 e 1874. Encontra-se sepultado num jazigo de família com o n.º 58, no cemitério privado da Ordem Terceira de S. Francisco, em Agramonte.
Foi o criador do romance campesino e as suas personagens, tiradas, na sua maioria, de pessoas com quem viveu ou contactou na vida real, estão imbuídas de tanta naturalidade que muitas delas nos são ainda hoje familiares. É o caso da tia Doroteia, de «A Morgadinha dos Canaviais», inspirada por sua tia, em casa de quem viveu, quando se refugiou em Ovar, ou de Jenny, para a qual recebeu inspiração da sua prima e madrinha, Rita de Cássia Pinto Coelho.
Júlio Dinis viu sempre o mundo pelo prisma da fraternidade, do optimismo, dos sentimentos sadios do amor e da esperança. Quanto à forma, é considerado um escritor de transição entre o romantismo e o realismo.
Além deste pseudónimo, Júlio Dinis usou também o de Diana de Aveleda, com que assinou pequenas narrativas ingénuas como «Os Novelos da Tia Filomena» e o «Espólio do Senhor Cipriano», publicados em 1862 e 1863, respectivamente. Foi com este pseudónimo que se iniciou nas andanças das letras, tendo, com ele, assinado também pequenas crónicas no Diário do Porto.
A casa onde Júlio Dinis nasceu, foi demolida com a abertura da Rua Nova da Alfândega, e aquela onde morreu, deu lugar à construção de uma casa de espectáculos cinematográficos.


MOMENTO DECISIVO

O Sol descia ao poente,
E florente estava o prado ;
Ouviam-se auras suaves
E das aves o trinado.

Tu sentada ao pé da fonte
O horizonte contemplavas
Vias o Sol declinando
E, corando, suspiravas.

E depois... seria acaso?
Do ocaso a vista ergueste,
E, ao olhar-me, mais coraste,
Suspiraste e emudeceste.

Foi bem rápido o momento
Dum alento repentino;
Porém nesse olhar de fogo
Eu li logo o meu destino.

Nesse olhar, no rubor vivo,
No furtivo respirar...
Diz, tu mesma nessas letras
Não soletras já: amar?

As fronteiras de Portugal foram estabelecidas há 715 anos

(imagem daqui)

O tratado de Alcanizes (em língua castelhana, Alcañices) foi assinado entre os soberanos de Leão e Castela, Fernando IV (1295-1312), e de Portugal, D. Dinis (1279-1325), a 12 de setembro de 1297, na povoação leonesa-castelhana de Alcanizes.
Por ele se restabelecia a paz, fixando-se os limites fronteiriços entre os dois reinos. Em troca de direitos portugueses nos termos raianos de Aroche e de Aracena, passavam para a posse definitiva de Portugal:
E em troca de direitos portugueses nos domínios de Aiamonte, Esparregal, Ferreira de Alcantara e Valença de Alcantara, e outros lugares nos 'Reinos de Leão e de Galiza', era reconhecida a posse portuguesa das chamadas terras de Riba-Côa, que compreendiam as seguintes povoações e respectivos castelos:
Uma versão do tratado, cujo exemplar em Castelhano hoje se encontra depositado no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, encontra-se transcrita por Rui de Pina na Crónica de El-Rei D. Dinis. No século XIX, o original foi publicado pelo Visconde de Santarém (1846).
Embora na fórmula de encerramento seja informada a datação como Era de mil trezentos trinta e cinco annos, recorde-se que a referida é a da Era de César, vigente à época daqueles soberanos, equivalente a 1297 no atual calendário gregoriano.

Steve Biko foi assassinado há 35 anos


Steve Bantu Biko (18 de dezembro de 1946 - 12 de setembro de 1977) foi um conhecido activista do movimento anti-apartheid na África do Sul, durante a década de 1960.
Insatisfeito com a União Nacional de Estudantes Sul-africanos (National Union of South African Students), da qual era membro, participou da fundação, em 1968, da Organização dos Estudantes Sul-africanos (South African Students' Organisation). Em 1972, tornou-se presidente honorário da Convenção dos Negros (Black People's Convention).
Em março de 1973, no ápice do regime de segregação racial (Apartheid), foi "banido", o que significava que Biko estava proibido de comunicar-se com mais de uma pessoa por vez e, portanto, de realizar discursos. Também foi proibida a citação a qualquer de suas declarações anteriores, tivessem sido feitas em discursos ou mesmo em simples conversas pessoais.
Em 6 de setembro de 1977 foi preso em bloqueio rodoviário organizado pela polícia. Levado sob custódia, foi acorrentado às grades de uma janela da penitenciária durante um dia inteiro e sofreu grave traumatismo craniano. Em 11 de setembro, foi embarcado em veículo policial para transporte para outra prisão. Biko morreu durante o trajecto e a polícia alegou que a morte se devera a "prolongada greve de fome empreendida pelo prisioneiro".