O Curso de Geologia de 85/90 da Universidade de Coimbra escolheu o nome de Geopedrados quando participou na Queima das Fitas.
Ficou a designação, ficaram muitas pessoas com e sobre a capa intemporal deste nome, agora com oportunidade de partilhar as suas ideias, informações e materiais sobre Geologia, Paleontologia, Mineralogia, Vulcanologia/Sismologia, Ambiente, Energia, Biologia, Astronomia, Ensino, Fotografia, Humor, Música, Cultura, Coimbra e AAC, para fins de ensino e educação.
Fez uma viagem de exploração no Alasca, em 1908, em 1911-1912 explorou o norte da Coreia. Especializou-se no estudo das baleias e outros animais aquáticos, mas foi a descoberta dos primeiros ovos e fósseis de dinossáurios na Ásia que lhe trouxeram maior fama.
Obras
Across Mongolian Plains (Atravessando as Planícies da Mongólia), 1921
On the Trail of Ancient Man (Nas Pegadas do Homem Primitivo), 1926
The New Conquest of Central Asia (A Nova Conquista da Ásia Central), 1932
This Business of Exploring (Este Comércio da Exploração), 1935
Nova espécie de dinossauro descoberta no cabo Espichel
O paleontólogo Silvério Figueiredo
Foram descobertos novos fósseis de dinossauros perto do cabo
Espichel. Um deles pensa-se que é uma nova espécie de dinossauro
saurópode.
Novos fósseis de dinossauros herbívoros foram descobertos a cerca de dois quilómetros a norte do cabo Espichel.
Entre os fósseis encontrados, inclui-se um que poderá ser de uma nova espécie de dinossauro saurópode, informou o Centro Português de Geo-História e Pré-História (CPGP), esta sexta-feira.
Num comunicado, a instituição explica que foi encontrado um conjunto de
fósseis de dinossauros saurópodes, datados do Cretácico Inferior – cerca
de 129 milhões de anos atrás – em diferentes camadas na base de uma formação geológica.
Os restos pertencem a diferentes indivíduos de dinossauros saurópodes e a maioria deles ao grupo do titanossauros, que era muito diversificado durante o Cretácico.
Os saurópodes foram gigantescos dinossauros de pescoço e cauda compridos. Um estudo de maio, publicado na Current Biology, relata como foi a evolução dos saurópodes – os maiores animais terrestres a alguma vez existir na Terra.
Em 2019, Paleontólogos portugueses e espanhóis também tinham descoberto uma nova espécie de dinossauro saurópode, na Lourinhã.
O CPGP destaca no comunicado de hoje o achado de “duas vértebras em
conexão anatómica de um pequeno indivíduo”, que poderão “pertencer a uma
nova espécie destes dinossauros, um novo dinossauro de dimensões pequenas, comparadas com os seus parentes gigantescos”.
Os dinossauros terão vivido nas proximidades de um ambiente de litoral (lagunar), frequentado por diferentes espécies de vertebrados (crocodilos, pterossauros, tartarugas e outros dinossauros), que usavam a região como habitat ou zona de passagem entre área de alimentação, considera o CPGP no comunicado.
Os resultados agora divulgados resultam do trabalho de uma equipa de
paleontólogos e geólogos portugueses e brasileiros, liderada pelo
paleontólogo Silvério Figueiredo.
Após completar a sua educação universitária em Copenhaga, a sua cidade natal, viajou pela Europa; de facto, manter-se-ia em viagem durante o resto da sua vida. Na França, Itália e Países Baixos
entrou em contacto com vários cientistas e médicos proeminentes, e
graças à sua grande capacidade de observação, em breve fez importantes
descobertas. Numa altura em que os estudos científicos consistiam na
leitura dos autores antigos, Steno foi suficientemente audaz como para
confiar nas suas observações, mesmo quando estas diferiam das doutrinas
tradicionalmente aceites.
Inicialmente dedicou-se ao estudo da anatomia, focando o seu trabalho sobre o sistema muscular e na natureza da contração muscular. Utilizou a geometria para mostrar que um músculo em contração altera a sua forma mas não o seu volume.
Steno e a Geologia
No entanto, em Outubro de 1666, dois pescadores capturaram um enorme tubarão, próximo da cidade de Livorno e o grão-duque Fernando
mandou enviar a cabeça do animal a Steno. Este dissecou-a e publicou as
suas descobertas em 1667. O exame dos dentes do tubarão mostrou que
estes eram muito semelhantes a certos objetos chamados glossopetrae, ou pedras língua, encontrados em algumas rochas. Os autores antigos, como Plínio, o Velho, haviam sugerido que estas pedras haviam caído do céu ou da Lua. Outros eram da opinião, também ela antiga, de que os fósseis cresciam naturalmente nas rochas. Um contemporâneo de Steno, Athanasius Kircher, por exemplo, atribuía a existência de fósseis a uma virtude lapidificante dispersa por todo o corpo do geocosmo.
Por seu lado, Steno argumentou que os glossopetrae pareciam-se
com dentes de tubarão, porque eram dentes de tubarão, provenientes das
bocas de antigos tubarões, que haviam sido enterrados em lodo e areia
que eram agora terra seca. Existiam diferenças de composição entre os glossopetrae
e os dentes dos tubarões atuais, mas Steno argumentou que os fósseis
podiam ter a sua composição química alterada sem que a sua forma se
alterasse, através da teoria corpuscular da matéria.
O trabalho de Steno sobre os dentes de tubarão levou-o a
questionar-se sobre a forma como um objeto sólido poderia ser
encontrado dentro de outro objeto sólido, como rocha ou uma camada
rochosa. Os "corpos sólidos dentro de sólidos" que atraíram o interesse
de Steno incluíam não apenas fósseis como hoje os definimos, mas também minerais, cristais, incrustações, veios, e mesmo camadas completas de rocha ou estratos. Os seus estudos geológicos foram publicados na obra Discurso prévio a uma dissertação sobre um corpo sólido contido naturalmente num sólido em 1669. Este trabalho seria aprofundado em 1772 por Jean-Baptiste Romé de l’Isle.
Steno não foi o primeiro a identificar os fósseis como sendo de organismos vivos. Os seus contemporâneos Robert Hooke e John Ray também defenderam este ponto de vista.
Outro princípio, conhecido simplesmente por lei de Steno, diz que os ângulos entre faces correspondentes em cristais da mesma substância são os mesmos para todos os exemplares desta.
Steno e a Religião
O seu modo de pensar era também importante no modo como via a religião. Criado na fé luterana, ainda assim não deixou de questionar os ensinamentos que recebeu, algo que se tornou importante quando contactou o catolicismo enquanto estudava em Florença. Após estudos teológicos, decidiu que a Igreja Católica e não a Igreja Luterana era a autêntica igreja e, como consequência, converteu-se ao catolicismo.
A sua conversão fez com que, gradualmente, Steno pusesse de lado os seus estudos científicos. Foi ordenado padre e, mais tarde, bispo e enviado em trabalho de missão para o norte da Alemanha, região luterana. Trabalhou inicialmente na cidade de Hanôver, onde conheceu Gottfried Leibniz, mudando-se mais tarde para Hamburgo. Após vários anos preenchidos com tarefas difíceis, morreu, após muito sofrimento, em Schwerin, em 1686.
A sua vida e trabalho têm sido intensamente estudados, em particular
desde finais do século XIX. Especialmente, a sua piedade e virtude foram avaliadas, com vista a uma eventual canonização. Em 1987, foi beatificado pelo papa João Paulo II.
Cientistas encontram fóssil do “Eduardo Mãos de Tesoura” do mundo animal
Representação artística do Venetorapter gassenae
Cientistas encontraram o fóssil de um predador pré-histórico semelhante à personagem do filme “Eduardo Mãos de Tesoura”.
Batizado pelos cientistas de Venetorapter gassenae,
este réptil tinha patas enormes e garras distintas, semelhantes a
lâminas, que poderiam ter sido usadas para caçar ou escalar árvores.
O paleontólogo Rodrigo Müller e a sua equipa descobriram os restos mortais do Venetorapter gassenae
numa fazenda de arroz no estado do Rio Grande do Sul. A criatura viveu
há cerca de 230 milhões de anos, durante o período Triássico, detalha o
site LiveScience.
Com um bico proeminente, este réptil provavelmente alimentava-se de
insetos, frutos e pequenos animais. Através da análise de fragmentos de
esqueleto, os investigadores estimam que a criatura tinha cerca de 70 centímetros de altura e aproximadamente um metro de comprimento, o que significa que o fóssil pertencia a um adulto.
Com pelo emplumado e uma cauda alongada, o Venetorapter gassenae pertence ao grupo dos lagerpetídeos – um precursor dos pterossauros, os répteis voadores que dominavam os céus durante a era dos dinossauros.
Uma caraterística única da mão direita fossilizada do Venetorapter gassenae
é um quarto dedo alongado que não era visto anteriormente nos
lagerpetídeos. Isto sugere uma relação particularmente próxima entre o Venetorapter gassenae e os pterossauros, apontando para uma transição entre as duas espécies.
Partes do fóssil encontrado pelos investigadores
Embora se acreditasse anteriormente que os lagerpetídeos apresentavam
menos diversidade anatómica em comparação com os pterossauros e os
dinossauros, a análise recente da equipa de Müller desafia esta noção.
Ao estudar fósseis de várias espécies, incluindo Venetorapter gassenae,
os investigadores propõem que os lagerpetídeos poderiam ter sido tão
diversos como os pterossauros e até mais diversos do que os dinossauros
do período Triássico.
Outras escavações e descobertas de fósseis desta criatura poderão
esclarecer melhor os seus hábitos alimentares, aparência e habitat.
Descubra que dinossauros foram seus vizinhos através deste mapa 3D
Como era o planeta Terra há milhões de anos? É possível
pesquisar qualquer cidade do mundo e visualizar a sua evolução
geográfica ao longo de diferentes períodos de tempo. Conheça os seus
antigos vizinhos.
Já alguma vez deu por si a pensar: “mmm… que dinossauros é que andavam pelo que é agora a minha casa?”
Agora pode visualizar facilmente as paisagens antigas que existiam há milhões de anos, utilizando um mapa interativo online.
Desenvolvido por Ian Webster, gestor de engenharia sénior do Discord, o Ancient Earth
(em português, Terra Antiga), permite aos utilizadores explorar a
história da Terra em 3D - desde há 750 milhões de anos até ao presente.
Os continentes e oceanos que hoje conhecemos sofreram transformações
significativas ao longo de milhões de anos devido aos movimentos das
placas tectónicas.
Embora estas alterações sejam impercetíveis durante a vida humana, este mapa permite-lhe testemunhar a evolução do planeta ao longo de vastas escalas temporais.
O globo interativo permite aos utilizadores inserir qualquer cidade
do mundo e visualizar a sua evolução geográfica ao longo de diferentes
períodos de tempo.
Mas o website não se fica pelos dinossauros: destaca também, nas proximidades, quais os primeiros répteis e plantas da área.
Por exemplo, introduzindo a cidade do Lisboa,
ficamos a saber que se os lisboetas tivessem vivido no Mesozoico teriam
como vizinhos cinco espécies de gigantes: o Erectopus, Iguanodon,
Suchosaurus, Dracopelta e Allosaurus.
Já pela cidade do Porto, vagueavam o Dacentrurus, Torvosaurus, Lourinhasaurus, Duriatitan e Stegosaurus.
Nesta viagem pelos pontos-chave do Planeta Azul, é possível ver não
só o surgimento das primeiras algas verdes, insetos ou dinossauros, como
as mudanças das placas tectónicas do planeta através de várias eras geológicas.
Este mapa oferece-lhe assim a possibilidade de fazer uma viagem
através do tempo, com início há 240 milhões de anos, quando o
supercontinente Pangeia dominava a Terra.
Venceslau
de Sousa Pereira de Lima, filho de José Joaquim Pereira de Lima,
capitalista e comendador, e de D. Isabel Amália Tallone de Sousa
Guimarães, nasceu no Porto a 15 de novembro de 1858. Oriundo de uma
abastada família portuense, foi enviado muito jovem para o estrangeiro,
tendo aí feito os seus estudos preparatórios e secundários. Terminados
esses estudos, regressou a Portugal com uma formação voltada para as
ciências naturais, bem distinta da formação que as escolas portuguesas
então propiciavam. Matriculou-se em Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, completando o curso com elevada classificação. Requereu exame de licenciatura, defendendo com brilhantismo uma tese sobre carvões vegetais. Logo de seguida, a 26 de novembro de 1882, doutorou-se pelas mesmas Faculdade e Universidade.
Em 1883 concorreu para uma vaga de lente da Academia Politécnica do Porto, tendo apresentado no respetivo concurso de provas públicas uma dissertação sobre a função clorofilina. Tendo a prova sido considerada brilhante e distinta,
foi nomeado para o lugar, iniciando uma carreira que duraria perto de
30 anos. Durante esse período regeu, com pequenas intermitências
causadas pela sua atividade política, a cadeira de Geologia
daquele estabelecimento de ensino superior. Paralelamente, desenvolveu
ali um conjunto de trabalhos de investigação pioneiros no domínio da paleontologia vegetal.
À época, a paleontologia era uma ciência nova e o estudo dos fósseis
encontrados em território português era muito incipiente, devendo-se
essencialmente ao trabalho de alguns investigadores estrangeiros que
tinha coletado amostras em Portugal. Os únicos trabalhos publicados por
investigadores portugueses resumiam-se aos estudos sobre a flora fóssil
do Carbonífero feitos por Bernardino António Gomes.
Venceslau de Sousa Pereira de Lima teve o mérito de reunir os
trabalhos anteriormente publicados por estrangeiros, nomeadamente por Daniel Sharpe, Charles Bunbury e Oswald Heer,
e a partir dessa base incipiente desenvolver um profícuo estudo da
geologia e paleontologia vegetal de Portugal, com destaque para a
referente aos terrenos carboníferos.
A sua dedicação a estes estudos levaram, em 1886,
à sua nomeação como engenheiro da Secção dos Trabalhos Geológicos,
encarregado do estudo da flora fóssil portuguesa. Foi, nessas funções,
um dos colaboradores de Carlos Ribeiro, um dos pioneiros da geologia portuguesa.
Sendo uma personalidade multifacetada e com grande capacidade de
intervenção na vida social, Venceslau de Sousa Pereira de Lima não se
limitou à sua carreira científica: pouco depois de iniciar funções
docentes filiou-se no Partido Regenerador, tendo de seguida desempenhado o cargo de governador civil dos distritos de Vila Real, Coimbra e Porto. Foi também eleito deputado pelos círculos do norte de Portugal em diversas legislaturas. Em 1901 foi elevado a Par do Reino, tendo tomado assente na respetiva Câmara na sessão de 17 de março daquele ano.
As suas intervenções nas Cortes centraram-se nos temas relacionados com a instrução pública, pugnando pela reforma do Conselho Superior de Instrução Pública, órgão de que era membro.
Quando em 1903 coube a Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro assumir a presidência do Conselho de Ministros, convidou Venceslau para assumir o cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros, a que ele acedeu. Durante o seu mandato conseguiram-se notáveis progressos no relacionamento com o Reino Unido e celebrou-se um tratado comercial com a Alemanha. Voltou à pasta dos Negócios Estrangeiros em 1905.
Em 1909, já em pleno período de implosão da monarquia constitucional
portuguesa, foi nomeado para formar governo, presidindo a um dos últimos
executivos do regime. Durante a sua efémera passagem pela presidência,
acumulou as funções de Ministro do Reino. Sendo Conselheiro de Sua Majestade Fidelíssima, Par do Reino, Presidente do Conselho de Ministros, Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Reino foi, também, nomeado Conselheiro de Estado a 22 de dezembro de 1909 (Diário do Governo, n.º 292, 24 de dezembro de 1909). Ao longo da sua carreira política, foi também membro do Conselho de Estado, presidente da Câmara Municipal do Porto, diretor da Escola Médico-Cirúrgica do Porto e provedor da Santa Casa da Misericórdia da mesma cidade. Foi ainda vice-presidente da comissão executiva da Assistência Nacional aos Tuberculosos e vogal da comissão do Patronato Portuense.
Foi também um esclarecido viticultor, introduzindo nas suas
importantes propriedades vários melhoramentos técnicos, alguns pioneiros
em Portugal. Nesta área de atividade foi presidente da Comissão AntiFiloxérica do Norte, introduzindo nessas funções diversas inovações técnicas na luta contra aquela praga das vinhas.
Intransigente nas suas ideias políticas, com a implantação da República Portuguesa,
não querendo de forma alguma colaborar com um regime com que não
concordava, demitiu-se de todos os cargos públicos que desempenhava.
Afastado da atividade política, durante os últimos anos da sua
vida, a sua atividade intelectual orientou-se para os trabalhos de
investigação científica, preparando um estudo sobre os terrenos
carboníferos portugueses, que não pôde terminar por ter entretanto
falecido. Teve colaboração na revista A semana de Lisboa (1893-1895).
Casado desde 1879 com D. Antónia Adelaide Ferreira, filha de António Bernardo Ferreira (III) e neta da sua homónima D. Antónia Adelaide Ferreira (1811-1896), a famosa "D. Antónia" ou simplesmente "Ferreirinha",
Venceslau de Lima viveu os últimos anos de vida no exílio, na cidade de
Pau, em França, e morreu em Lisboa, a 24 de dezembro de 1919. Está
sepultado no Porto, no Cemitério da Lapa.
Obras publicadas
Durante
perto de 30 anos o Doutor Wenceslau de Lima publicou um conjunto vasto
de trabalhos sobre paleontologia e geologia dos depósitos carboníferos,
sendo dignos menção os seguintes:
Notícia sôbre os vegetais fósseis da flora neocomiana do solo português;
Monografia do gênero Dicranophillum (Sistema Carbónico);
Notice sur une algue palèozoique;
Notícia sôbre as camadas da série permo-carbónica do Bussaco;
Acreditava-se que os celacantos se teriam extinguido no Cretácico Superior, porém, foram redescobertos em 1938 no litoral da África do Sul. Latimeria chalumnae e Latimeria menadoensis são as duas únicas espécies vivas do celacanto, encontradas ao longo da costa do Oceano Índico. Foi apelidado de "fóssil vivo",
porque os fósseis destas espécies haviam sido encontrados muito antes
da descoberta de um espécime vivo. Acredita-se que o celacanto tenha
evoluído para o seu estado atual há aproximadamente 400 milhões de anos.
A sua característica mais importante é a presença de barbatanas pares (peitorais e pélvicas) cujas bases são pedúnculosmusculados que se assemelham aos membros dos vertebrados terrestres e se movem da mesma maneira. São os únicos representantes vivos da ordem Coelacanthiformes.
Quando o primeiro espécime vivo foi encontrado, em 23 de dezembro de 1938, já se conheciam cerca de 120 espécies de celacantiformes (Coelacanthiformes) que eram considerados fósseis indicadores, ou seja, indicando a idade da rocha onde tinham sido encontrados. Todos esses peixes encontravam-se extintos desde o período Cretáceo.
São conhecidas populações destes peixes na costa oriental da África do Sul, ilhas Comores (no Canal de Moçambique, também no Oceano Índico ocidental) e na Indonésia e decorre um programa de investigação internacional com o objetivo de aumentar o conhecimento sobre os celacantos, o South African Coelacanth Conservation and Genome Resource Programme (Programa Sul-Africano para a Conservação e Conhecimento do Genoma do Celacanto).
Antes da descoberta de um exemplar vivo, acreditava-se que o
celacanto era um parente próximo do primeiro vertebrado a sair das
águas, dando origem a um novo grupo de vertebrados conhecidos como tetrápodes, que inclui os humanos.
Novas descobertas apontam que o genoma do Celacanto possui
informações que podem ajudar a entender melhor a evolução dos
tetrápodes.
On December 23, 1938, Hendrik Goosen, the captain of the trawlerNerine, returned to the harbour at East London, South Africa, after a trawl between the Chalumna and Ncera Rivers. As he frequently did, he telephoned his friend, Marjorie Courtenay-Latimer,
curator at East London's small museum, to see if she wanted to look
over the contents of the catch for anything interesting, and told her of
the strange fish he has set aside for her.
Correspondence in the archives of the South African Institute for
Aquatic Biodiversity (SAIAB, formerly the JLB Smith Institute of
Ichthyology) show that Goosen went to great lengths to avoid any damage
to this fish and ordered his crew to set it aside for the East London
Museum. Goosen later told how the fish was steely blue when first seen,
but by the time the 'Nerine' entered East London harbour many hours
later, the fish had become dark grey.
Failing to find a description of the creature in any of her books, she attempted to contact her friend, Professor James Leonard Brierley Smith, but he was away for Christmas. Unable to preserve the fish, she reluctantly sent it to a taxidermist.
When Smith returned, he immediately recognized it as a type of
coelacanth, a group of fish previously known only from fossils. Smith
named the new coelacanth Latimeria chalumnae in honor of Marjorie Courtenay-Latimer and the waters in which it was found. The two discoverers received immediate recognition, and the fish became known as a "living fossil". The 1938 coelacanth is still on display in the East London, South Africa, museum.
Leakey co-founded the "Turkana Basin Institute" in an academic partnership with Stony Brook University, where he was an anthropology professor. He served as the chair of the Turkana Basin Institute until his death.
(...)
Leakey spoke fluent Kiswahili and moved effortlessly between white
and black communities. While he rarely talked about race in public,
racism and gender inequality infuriated him.
Leakey came from a family of renowned archeologists. His mother,
Mary Leakey, discovered evidence in 1978 that man walked upright much
earlier than had been thought. She and her husband, Louis Leakey,
unearthed skulls of ape-like early humans, shedding fresh light on our
ancestors.
Leakey stated that he was an atheist and a humanist. He died at his home outside Nairobi, on 2 January 2022, less than a month after his 77th birthday. In accordance with his wishes, he was buried on a hill along the Rift Valley.
25 anos depois, o “Menino do Lapedo” vai ou não ser mostrado ao público?
Menino de Lapedo (conceito artístico)
Vinte e cinco anos depois da sua descoberta, o esqueleto do
“Menino do Lapedo”, a criança neandertal portuguesa descoberta em 1998,
permanece depositado no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa — e
está por decidir se algum dia será exposto ao público.
No Lagar Velho, no vale do Lapedo, a cerca de 150 km de Lisboa, foi descoberto em 1998 o esqueleto conhecido como Menino do Lapedo - o esqueleto português que sugere que neandertais e humanos se cruzaram.
Com cerca de 4 anos, a criança foi enterrada neste local há cerca de 29 mil anos.
Na altura da descoberta, algo diferente no seu corpo chamou a atenção
dos arqueólogos que começaram a escavar o sítio arqueológico.
“Havia algo estranho na anatomia da criança. Quando
encontramos a mandíbula, sabíamos que seria um humano moderno, mas
quando expusemos o esqueleto completo […] vimos que tinha as proporções corporais de um Neandertal”, explica João Zilhão, arqueólogo e líder da equipa que trabalhou na descoberta.
“A única coisa que poderia explicar essa combinação
de características é que a criança era, de facto, evidência de que os
neandertais e os humanos modernos se cruzaram”.
Mas a teoria do cientista português provocou então uma revolução
nos estudos evolutivos, e imortalizou o Menino de Lapedo — que está
depositado, desde então, nas reservas do Museu Nacional de Arqueologia
(MNA).
Agora, no âmbito das comemorações dos 25 anos da descoberta, o MNA organizou uma visita ao esqueleto.
O MNA está encerrado ao público há mais de um ano,
para remodelação no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR),
mas algumas das obras e coleções, como o esqueleto do “Menino do
Lapedo”, e laboratórios estão depositados em oito contentores
climatizados, numa área ao ar livre do edifício.
Na visita conduzida pelo diretor do MNA, António Carvalho, foi possível ver as caixas onde estão colocadas as dezenas de fragmentos e ossos da “Criança do Lapedo”, com cerca de 29.000 anos, classificados como tesouro nacional.
A descoberta marcou a paleoantropologia internacional, por se tratar
do primeiro enterramento Paleolítico escavado na Península Ibérica e
porque a criança apresenta traços de ‘Neandertal’ e de ‘homo sapiens‘.
Questionado pela Lusa, António Carvalho disse que ainda está a ser debatido, e não há uma decisão tomada,
sobre o futuro deste achado arqueológico: se permanecerá nas reservas
do museu nacional, se poderá integrar a exposição permanente quando
reabrir, ou se regressará ao sítio arqueológico, classificado como monumento nacional.
“No quadro da intervenção do museu certamente que esta questão e
outras vão ser debatidas, porque é normal. Um museu que depois se
oferece com todas as condições de conservação e de alguma projeção das suas reservas que vá ser objeto de reflexão, se se vão juntar determinados bens arqueológicos”, disse.
“Até para respeitar um princípio legal que é a da não-dispersão dos bens arqueológicos. Vamos ver”, detalhou António Carvalho.
Presente na visita, a antropóloga Cidália Duarte,
que em 1998 fez parte da equipa de escavações, e que atualmente ainda
trabalha no projeto de conservação, falou na “enorme responsabilidade”
em lidar com este tesouro nacional.
“É uma descoberta tão importante que é uma responsabilidade
que recai em cima de nós se isto se deteriora por alguma ação que
queiramos fazer. Já o imaginei exposto de várias maneiras, mas eu tenho receio, todos nós temos de tratar dessa memória para o futuro”, acrescentou a antropóloga.
A antropóloga recordou que o esqueleto só esteve uma vez exposto
ao público, numa exposição temporária, na Alemanha, no âmbito da
exposição de 2011 que assinalou os 150 anos da descoberta do Homem de
Neandertal nesse país.
A visita realizada esta quinta-feira é uma das várias iniciativas que
assinalam os 25 anos da descoberta do Menino do Lapedo — agora também
conhecido como a “Criança do Lapedo”.
O programa prolongar-se-á até ao final de 2024 e
“inclui conferências, conversas, mesas-redondas, exposições, residências
artísticas, publicações, em vários formatos, percursos pedestres e
atividades performativas e educativas, de distintas naturezas”, anunciou
a Câmara de Leiria.
“Os fósseis mais antigos de Portugal” foram descobertos. Têm mais de 560 milhões de anos
Foram descobertos em Penha Garcia, no concelho de
Idanha-a-Nova, os fósseis de animais mais antigos encontrados em
Portugal – têm idade superior a 560 milhões de anos.
Fósseis de animais com mais de 560 milhões de anos foram descobertos em Idanha-a-Nova, no distrito de Castelo Branco.
Em comunicado enviado à agência Lusa, o município de Idanha-a-Nova,
revelou que a descoberta foi feita por uma equipa de cientistas a
trabalhar com o apoio da autarquia e coordenada por Carlos Neto de Carvalho, paleontólogo do Geopark Naturtejo.
“Os fósseis de animais mais antigos encontrados em Portugal
foram agora descobertos nas proximidades de Penha Garcia. Idades
obtidas nas proximidades do local onde foram encontrados os fósseis
apontam para valores superiores a 560 milhões de anos”, pode ler-se.
Penha Garcia já era reconhecida pela comunidade científica
internacional pela existência de fósseis de organismos marinhos que ali
viveram há quase 480 milhões de anos.
O novo sítio paleontológico foi descoberto nas proximidades da Capela de Nossa Senhora de Guadalupe.
Os fósseis foram encontrados pelo paleontólogo italiano Andrea Baucon, no âmbito de uma investigação ainda em curso.
“A descoberta foi uma emoção incrível. Procuramos esses fósseis há mais de 15 anos, mas só agora os encontrámos”, afirmou Andrea Baucon.
Até hoje, nunca tinham sido encontrados restos fossilizados de animais em rochas tão antigas.
Não longe de Penha Garcia, já tinham sido descritos os fósseis mais
antigos de Portugal, bactérias com dimensões de milésimas de milímetro,
pelo geólogo António Sequeira.
Os fósseis agora encontrados ocorrem em rochas ainda mais antigas do que aquelas e serão, portanto, ainda mais antigos.
“Isso implica que os fósseis recém-descobertos enfrentaram um vertiginoso abismo de tempo”, referiu o paleontólogo italiano.
O animal teria pouco menos de 10 milímetros de largura e deixou preservado nas rochas o seu trajeto, algo sinuoso, enquanto se alimentava de restos orgânicos contidos nos sedimentos.
Esta marca de atividade biológica conhecida como icnofóssil permite entender o modo como este animal se alimentava.
“Sabemos que o organismo responsável pelo icnofóssil possuía um esqueleto rígido,
algo que nos é indicado pela forma como penetrou e revolveu os
sedimentos à medida que se deslocava com a intenção de procurar
alimento, movendo-se para cima e para baixo, para o lado e para o outro –
mobilidade, evidências de reação a estímulos nervosos e presença de
esqueleto são critérios que melhor definem atividade animal”, referiu
Carlos Neto de Carvalho.
O Geopark Naturtejo organiza uma nova campanha de
investigação em Penha Garcia, enquanto cientistas do Museu de História
Natural de Piacenza e da Universidade de Génova analisam a curiosa forma
das estruturas já encontradas.
Trilobites com 490 milhões de anos podem resolver um quebra-cabeças geográfico antigo
Esta descoberta pode ajudar a descobrir mais dados sobre a
história geográfica das outras áreas onde as trilobites foram
encontradas que tenham rochas difíceis de datar.
As humildes trilobites, embora extintas há muito tempo, ainda têm muito para nos ensinar sobre a história do nosso planeta.
De facto, estes artrópodes antigos – incluindo 10 espécies recém-descobertas - que viveram há quase 500 milhões de anos - podem conter as peças que faltam no quebra-cabeça sobre como a Tailândia se encaixava no antigo supercontinente de Gondwana.
Um novo estudo publicado na Papers in Palaeontology revela que foram descobertos fósseis de trilobites em rochas vulcânicas
numa região pouco estudada da Tailândia, Ko Tarutao, numa camada de
rocha verde, designada tufo, que é formada quando as cinzas de erupções
se depositam no fundo do mar e são gradualmente comprimidas em rocha
sólida.
Dentro do tufo, foram encontrados cristais de zircão, um mineral
quimicamente estável e resiliente, que contêm átomos de urânio, que
gradualmente se decompõem e se transformam em átomos de chumbo.
Como resultado, os investigadores puderam usar técnicas de isótopos radioativos para datar o zircão e, assim, a idade da erupção que levou à formação do tufo e dos fósseis de trilobites nela contidos.
As
humildes trilobites podem conter as peças que faltam no quebra-cabeça
sobre como a Tailândia se encaixava no antigo supercontinente de
Gondwana
Descobriu-se que as trilobites datam de há cerca de 490 milhões de
anos, durante o período Câmbrico tardio, tornando o tufo um achado
raro. “Não há muitos lugares no mundo com isso. É um dos intervalos de tempo menos datados na história da Terra”, disse o coautor Nigel Hughes em um comunicado.
Além de descobrirem 10 novas espécies de trilobites no tufo, os
cientistas encontraram 12 tipos de trilobites que nunca tinham sido
descobertos na Tailândia, mas foram encontrados em outros lugares.
Juntamente com a datação do tufo, isso pode fornecer pistas sobre
onde a região estaria em relação a outros países quando todos faziam
parte de Gondwana, o antigo supercontinente.
“Agora podemos conectar a Tailândia a partes da Austrália, uma descoberta realmente empolgante”, explicou a autora principal do estudo, Shelly Wernette. Isso sugere que a região que se tornou a Tailândia moderna estava nas margens externas de Gondwana.
Espera-se que esta descoberta possa ajudar a fornecer mais
informações sobre a história geográfica das outras áreas onde as
trilobites foram encontradas, mas onde as rochas têm sido difíceis de
datar, revela o IFLScience.
“Os tufos permitirão não apenas determinar a idade dos fósseis que
encontramos na Tailândia, mas entender melhor partes do mundo como a
China, Austrália e até a América do Norte, onde fósseis semelhantes foram
encontrados em rochas que não podem ser datadas”, explica Wernette.
Pegadas de dinossauro no Brasil revelam nova espécie
As pegadas de um dinossauro
aparentemente muito veloz tinham sido descobertas na cidade de
Araraquara, no estado de São Paulo, Brasil. Agora foram estudadas.
Ilustração de pequeno dinossauro terópode no paleodeserto de Botucatu, no Brasil
O Serviço Geológico do Brasil anunciou a descoberta de um novo dinossauro através do trilho deixado por um animal veloz que viveu no deserto durante o início do período do Cretácico. O início do período Cretáceo estendeu-se entre há 100 e 145 milhões de anos.
De acordo com os cientistas, o novo icnogénero e a nova nova icnoespécie, com a denominação Farlowichnus rapidus, era um animal carnívoro pequeno, com o tamanho aproximado de uma seriema atual, ou com cerca de 60 a 90 centímetros de altura. A descoberta foi publicada na revista científica Cretaceous Research.
“Pela grande distância entre as pegadas encontradas, é possível deduzir que se tratava de um réptil muito veloz que correu pelas dunas antigas”, revela o Serviço Geológico do Brasil em comunicado.
Estes trilhos fossilizados de dinossauros, como os cientistas lhes chamam, foram encontrados na década de 1980 pelo paleontólogo e padre italiano Giuseppe Leonardi naquela que é hoje a cidade Araraquara, no estado de São Paulo, Brasil. Giuseppe Leonardi doou uma amostra das pegadas, encontradas na formação geológica de Botucatu, um conjunto de rochas formado por um antigo deserto de dunas, ao Museu de Ciências da Terra do Brasil em 1984.
Estas pegadas, assinala agora Rafael Costa da Silva, paleontólogo do Museu de Ciências da Terra do Brasil e um dos autores do artigo científico, são diferentes das outras pegadas de dinossauros já conhecidas.
A vaca do Mesozoico - eis o dinossauro mais estranho do Mundo
Conceito artístico de um Nigersaurus
O Nigersaurus, um enigmático dinossauro saurópode
que percorreu a Terra há cerca de 115 a 105 milhões de anos, fascina os
cientistas e entusiastas de dinossauros desde a sua identificação
oficial, em 1999, pelo paleontólogo americano Paul Sereno.
É o dinossauro mais bizarro de sempre. Originário da região de Gadoufaoua, no Níger, o Nigersaurus apresenta características únicas que lhe valeram o apelido de “Vaca do Mesozóico”.
Um dos aspetos mais impressionantes deste saurópode, nota o Interesting Engineering, é a sua estrutura dentária.
A criatura tinha um conjunto extraordinário de dentes - cerca de 500 no total - equipados na sua ampla e plana focinheira, que se assemelha a pás gigantes. Estes dentes estavam organizados em 60 fileiras nas mandíbulas superiores e 68 nas inferiores.
Tal como os tubarões, o dinossauro substituía constantemente os seus dentes desgastados ou perdidos, tornando-se um polifiodonte. Segundo um estudo publicado na PLOS em 2013, o Nigersaurus trocava de dentes a cada 14 dias.
Nos últimos anos, diversos estudos analisaram a anatomia da criatura, revelando que provavelmente pastava perto do solo, à semelhança das vacas.
Análises biomecânicas sugeriram que a cabeça e o focinho do dinossauro
estavam orientadas 67° para baixo, otimizadas para o pasto ao nível do
solo.
Com uma morfologia peculiar, o Nigersaurus tinha uma
aparência mais próxima da de um bovino moderno do que da de um saurópode
típico - o que lhe valeu a alcunha de “Vaca do Mesozoico”.
Com um peso estimado entre 2 e 4 toneladas (o peso aproximado de um
elefante contemporâneo) e cerca de 9,1 metros de comprimento, o
Nigersaurus tinha uma estrutura óssea delicada, incluindo um crânio com ossos com menos de 2 milímetros de espessura.
Apesar de ter sido descoberta na década de 1950 por paleontólogos
franceses, devido à fragilidade dos seus restos esqueléticos a espécie
só foi oficialmente reconhecida em 1999, depois de a equipa do paleontólogo norte-americano americano Paul Sereno ter conseguido reconstruir 80% do seu esqueleto.
O dinossauro foi designado Nigersaurus taquetiem referência ao Níger, país onde os primeiros fósseis foram encontrados, e em honra do paleontólogo francês Philippe Taquet.
O Nigersaurus vivia no que é agora parte do deserto do Saara, num ambiente perigoso onde coexistia com grandes terópodes como os temíveis Kryptops, Suchomimus e Eocarcharia, bem como criaturas semelhantes a crocodilos, como o Sarcosuchus.
Curiosamente, o dinossauro tinha um sentido do olfato pouco desenvolvido, mas possivelmente desfrutava de um campo de visão quase de 360 graus, uma característica crucial para detetar predadores.
O Nigersaurus continua a ser um enigma,
particularmente devido à sua estrutura dentária única e à postura
debatida. As suas características fascinantes, desde a sua bateria de
dentes à sua delicada estrutura óssea, tornam-no um tema invulgar, mas
cativante, no mundo da paleontologia.
No outono de 1973 a equipe escavou em Hadar em busca de fósseis
e artefactos relacionados com a origem dos seres humanos. No mês de
novembro, perto do final da temporada do primeiro campo, Johanson
reconheceu um fóssil da extremidade superior da tíbia,
que tinha sido cortado ligeiramente na parte anterior. A extremidade
inferior do fémur foi encontrado próximo a ele, e a reunião das partes
junto ao ângulo da articulação do joelho mostrou claramente que este fóssil (referência "AL 129-1") fora um hominídeo
que andava ereto. Com mais de três milhões de anos, o fóssil era muito
mais velho do que qualquer outro então conhecido. O local ficava a
cerca de dois quilómetros e meio do local em que posteriormente seria
encontrada "Lucy".
No ano seguinte, a equipe voltou para a segunda temporada de campo, e encontrou mandíbulas de hominídeos. Na manhã de 24 de novembro de 1974, próximo ao rio Awash,
Johanson desistiu de atualizar as suas notas de campo e juntou-se ao
aluno de pós-graduação, Tom Gray do Texas, dirigindo-se de Land Rover para o local 162, para procurar fósseis.
Ambos passaram algumas horas explorando o terreno empoeirado, até que
Johanson teve a intuição de fazer um pequeno desvio no caminho de
regresso, para reexaminar o fundo de um pequeno barranco, que havia sido
verificado em pelo menos duas ocasiões anteriores por outros
trabalhadores. À primeira vista, não havia praticamente nenhum osso à
vista, mas quando se voltaram para sair, um fragmento de osso do braço à
mostra na encosta chamou a atenção de Johanson. Próximo dele havia um
fragmento da parte de trás de um crânio pequeno. Eles notaram uma parte
do fémur a cerca de um metro de distância. Procurando mais adiante,
encontraram mais ossos espalhados na encosta, incluindo vértebras, uma parte da pélvis (indicando que o fóssil era do sexo feminino), costelas
e pedaços de mandíbula. Marcaram o local e retornaram ao acampamento,
satisfeitos por encontrar tantas peças aparentemente de um único
hominídeo.
Na parte da tarde, todos os elementos da expedição estavam no local,
dividindo-o em quadrículas e preparando-se para uma recolha que
estimaram levar três semanas. Naquela primeira noite celebraram no
acampamento, acordados a noite toda, e em algum momento durante essa
noite, o fóssil "AL 288-1" foi apelidado de Lucy, por causa da canção
dos Beatles "Lucy in the Sky with Diamonds", que fora tocada alto e
repetidamente num gravador no acampamento.
Durante as semanas seguintes, várias centenas de fragmentos de ossos
foram encontrados, sem duplicações, confirmando a especulação original
de que eram de um único esqueleto. Conforme a equipe verificou, 40% do
esqueleto de um hominídeo foram recuperados, um feito surpreendente no
mundo da antropologia. Normalmente, apenas fragmentos fósseis são
descobertos, e apenas raramente crânios ou costelas são encontrados
intactos. Johanson considerou que o espécime era do sexo feminino
baseando-se nos osso pélvico e sacro completos indicando a largura da
abertura pélvica. Lucy tinha apenas 1,1 metros de altura, pesava 29 kg e
parecia-se, de certa forma, com um chimpanzé comum. Entretanto, embora
ela tivesse um cérebro
pequeno, a cintura pélvica e os ossos das pernas eram quase idênticos,
morfologicamente, com os dos humanos modernos, mostrando com certeza
que esses hominídeos tinham caminhado eretos. Com a permissão do
governo da Etiópia, Johanson trouxe o esqueleto para Cleveland, onde
foi reconstruido por Owen Lovejoy. Ele foi devolvido, de acordo com o acordo assinado, cerca de nove anos mais tarde.
Lucy exposta no Museu Nacional de Antropologia da Cidade do México
Um estudo realizado por uma equipa internacional de
investigadores na Gruta da Oliveira, em Portugal, está a desafiar a
visão de longa data de que os neandertais são uma espécie separada dos
humanos modernos.
Os neandertais sabiam controlar o fogo e usavam-no para cozinhar, revela
um estudo conduzido por uma equipa internacional de investigadores, da
qual fazem parte os arqueólogos portugueses Mariana Nabais e João Zilhão.
O estudo, liderado por Diego Angelucci, arqueólogo da Universidade de Trento, baseia-se em descobertas na Gruta da Oliveira, em Torres Novas.
Este sítio arqueológico, uma jazida do Paleolítico Médio descoberta em
1989, foi habitado pelos neandertais há mais de 71.000 anos.
De acordo com os autores do estudo, publicado na PLOS One, os neandertais faziam um uso sofisticado e controlado do fogo para cozinhar e aquecer-se, de forma semelhante aos humanos modernos.
A conclusão é evidenciada pelo posicionamento consistente de uma lareira e de ossos queimados encontrados no local.
Esta descoberta está em linha com a ideia de que os neandertais, que chegaram a ser considerados intelectualmente inferiores aos humanos contemporâneos, tinham uma cultura complexa, com práticas como o enterro intencional dos mortos, a elaboração de joias e, possivelmente, a criação de arte.
A visão tradicional dos neandertais como uma espécie distinta, designada Homo neanderthalensis, remonta à sua descoberta inicial em 1864 e subsequente classificação pelo geólogo William King.
No entanto, esta perspetiva tem mudado à medida que análises mais sofisticadas revelaram ligações genéticas e culturais que aproximam os neandertais do Homo sapiens.
Pesquisas genéticas mostram que os neandertais acasalaram com antepassados dos humanos modernos, tornando ainda mais ténue a linha que em teoria separa as duas espécies.
Escavações arqueológicas na Gruta da Oliveira, Torres Novas
O uso controlado do fogo, marca da civilização
humana agora identificada na Gruta da Oliveira, apoia a ideia de que as
capacidades e práticas culturais dos neandertais não eram afinal assim
tão diferentes das nossas.
“Os achados do local da Gruta da Oliveira sugerem que os neandertais talvez devam ser vistos como diferentes formas de humanos e não como uma espécie completamente separada”, diz Diego Angelucci numa nota de imprensa publicada no site da Universidade de Trento.
Assim, embora a classificação taxonómica formal possa não mudar a
curto prazo, devido à natureza conservadora da taxonomia, o estudo agora
publicado reflete a ideia de que os neandertais são afinal mais como nossos irmãos do que primos distantes na árvore genealógica humana.