Novas provas sugerem que os primeiros animais do planeta sobreviviam sem água
A descoberta pode alterar a forma como concebemos o período Câmbrico e as espécies que viveram há cerca de 500 milhões de anos.
Uma equipa de investigadores analisou fósseis do período Câmbrico, que teve lugar há cerca de 500 milhões de anos, e chegou a uma conclusão surpreendente: foram descobertas finas camadas de xisto com fissuras reveladoras - o que indica que as rochas se formaram a partir de lama que secou ao sol.
“Devem ter tido mecanismos para lidar com alguns dos factores de stress deste ambiente”, afirma à New Scientist o investigador Giovanni Mussini. “Já havia um conjunto de ferramentas genéticas e fisiológicas para fazer estas breves excursões a ambientes muito terrestres”.
O estudo, publicado na Palaeontology, centrou-se em análises a rochas sedimentares da Formação Pika no Parque Nacional de Jasper, no Canadá, que já tinham sido recolhidas há mais de duas décadas, mas nunca as haviam estudado.
“Tudo o que podemos dizer, pelo menos a partir das provas que vi, é que por vezes estavam expostos”, diz Mussini. “Algumas vezes, se não a maior parte do tempo, diria que estava debaixo de água”.
“Os animais, nesta altura, não estavam confinados a estes ambientes de águas profundas”, explica ainda. “Alguns deles já tinham tolerâncias fisiológicas e ambientais que lhes permitiam aproximar-se de ambientes expostos”.
Até agora, acreditava-se que as plantas e os animais só começaram a viver permanentemente em terra nos períodos Silúrico e Devónico, dezenas de milhões de anos mais tarde.
No entanto, novos estudos têm sugerido que isso pode não ser verdade - e este aponta nessa direção.
“Não sabemos realmente o que se passava perto da costa”, conclui Mussini, mas estas descobertas podem estar a mudar a forma como concebemos o período Cambriano e as espécies que aí viveram.
in ZAP