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domingo, dezembro 03, 2023

Trilobites, datação absoluta e tectónica de placas com descobertas interessantes num só achado na Tailândia...!


Trilobites com 490 milhões de anos podem resolver um quebra-cabeças geográfico antigo

 

 

Esta descoberta pode ajudar a descobrir mais dados sobre a história geográfica das outras áreas onde as trilobites foram encontradas que tenham rochas difíceis de datar.

As humildes trilobites, embora extintas há muito tempo, ainda têm muito para nos ensinar sobre a história do nosso planeta.

De facto, estes artrópodes antigos – incluindo 10 espécies recém-descobertas - que viveram há quase 500 milhões de anos - podem conter as peças que faltam no quebra-cabeça sobre como a Tailândia se encaixava no antigo supercontinente de Gondwana.

Um novo estudo publicado na Papers in Palaeontology revela que foram descobertos fósseis de trilobites em rochas vulcânicas numa região pouco estudada da Tailândia, Ko Tarutao, numa camada de rocha verde, designada tufo, que é formada quando as cinzas de erupções se depositam no fundo do mar e são gradualmente comprimidas em rocha sólida.

Dentro do tufo, foram encontrados cristais de zircão, um mineral quimicamente estável e resiliente, que contêm átomos de urânio, que gradualmente se decompõem e se transformam em átomos de chumbo.

Como resultado, os investigadores puderam usar técnicas de isótopos radioativos para datar o zircão e, assim, a idade da erupção que levou à formação do tufo e dos fósseis de trilobites nela contidos.

 

As humildes trilobites podem conter as peças que faltam no quebra-cabeça sobre como a Tailândia se encaixava no antigo supercontinente de Gondwana

 

Descobriu-se que as trilobites datam de há cerca de 490 milhões de anos, durante o período Câmbrico tardio, tornando o tufo um achado raro. “Não há muitos lugares no mundo com isso. É um dos intervalos de tempo menos datados na história da Terra”, disse o coautor Nigel Hughes em um comunicado.

Além de descobrirem 10 novas espécies de trilobites no tufo, os cientistas encontraram 12 tipos de trilobites que nunca tinham sido descobertos na Tailândia, mas foram encontrados em outros lugares.

Juntamente com a datação do tufo, isso pode fornecer pistas sobre onde a região estaria em relação a outros países quando todos faziam parte de Gondwana, o antigo supercontinente.

“Agora podemos conectar a Tailândia a partes da Austrália, uma descoberta realmente empolgante”, explicou a autora principal do estudo, Shelly Wernette. Isso sugere que a região que se tornou a Tailândia moderna estava nas margens externas de Gondwana.

Espera-se que esta descoberta possa ajudar a fornecer mais informações sobre a história geográfica das outras áreas onde as trilobites foram encontradas, mas onde as rochas têm sido difíceis de datar, revela o IFLScience.

“Os tufos permitirão não apenas determinar a idade dos fósseis que encontramos na Tailândia, mas entender melhor partes do mundo como a China, Austrália e até a América do Norte, onde fósseis semelhantes foram encontrados em rochas que não podem ser datadas”, explica Wernette.

 

in ZAP

quinta-feira, novembro 02, 2023

Notícia interessante sobre a idade das primeiras placas tectónicas terrestres

 Placas tectónicas podem ter surgido há 3,6 mil milhões de anos

 

Visão microscópica de um pedaço de uma rocha das Jack Hills, na Austrália Ocidental

 

As placas tectónicas podem ter surgido há 3,6 mil milhões de anos, de acordo com um novo estudo sobre alguns dos cristais mais antigos da Terra.

Em comunicado, os cientistas responsáveis por esta nova investigação explicam que foi possível descobrir a data de formação das placas tectónicas ao analisar cristais de zircão provenientes de Jack Hills, uma série de colinas na Austrália Ocidental.

Alguns dos zircões têm 4,3 mil milhões de anos, o que significa que existiam quando a Terra tinha apenas 200 milhões de anos. Os investigadores usaram estes minerais, bem como uns mais jovens (com três mil milhões de anos), para explorar o passado do planeta.

A equipa explica que testou mais de 3500 zircões, medindo a sua composição química com um espectrómetro de massa, o que revelou a idade de cada um. Destes milhares, apenas 200 encaixavam nos objetivos do estudo, ou seja, foram os que mantiveram as suas propriedades químicas de há muitos milhões de anos.

Na mesma nota, os cientistas referem que a idade de um zircão pode ser determinada com um alto grau de precisão porque contém urânio. É a sua natureza radioativa e a sua taxa de decomposição que lhes permite quantificar a idade de cada mineral.

Depois da análise, a equipa descobriu também um aumento acentuado nas concentrações de alumínio, há cerca de 3,6 mil milhões de anos.

“Esta mudança de composição provavelmente marca o início das placas tectónicas modernas e pode potencialmente sinalizar o aparecimento de vida na Terra”, declara Michael Ackerson, geólogo do Museu Nacional de História Natural, em Washington, e líder da investigação.

“Mas ainda temos de fazer muitas mais pesquisas para determinar as conexões dessa mudança geológica com as origens da vida”, acrescenta o investigador, cujo estudo foi publicado, a 14 de maio, na revista científica Geochemical Perspective Letters.

Os investigadores associaram os zircões com alto teor de alumínio ao início das placas tectónicas porque uma das formas como esses zircões únicos se formam é quando as rochas nas profundezas derretem.

“É realmente difícil transformar alumínio em zircões por causa das suas ligações químicas”, explica Ackerson, acrescentando que “é preciso haver condições geológicas bastante extremas”.

O investigador defende que este sinal de que as rochas estavam a ser derretidas mais profundamente, abaixo da superfície da Terra, significa que a crosta do planeta estava a ficar mais espessa e a começar a arrefecer, sendo um sinal de que estava a fazer-se a transição para as placas tectónicas modernas.

Agora, a equipa espera poder estudar outras formações rochosas tão antigas como esta para ver se também mostram estes sinais de espessamento da crosta terrestre, há cerca de 3,6 mil milhões de anos.

 

in ZAP