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terça-feira, novembro 22, 2022

Charles de Gaulle nasceu há 132 anos

           
Charles André Joseph Marie de Gaulle (Lille, 22 de novembro de 1890Colombey-les-Deux-Églises, 9 de novembro de 1970) foi um general , político e estadista francês que liderou as Forças Francesas Livres durante a Segunda Guerra Mundial. Mais tarde fundou a Quinta República Francesa em 1958 e foi seu primeiro Presidente, de 1959 a 1969
  

sexta-feira, novembro 11, 2022

Hoje é dia de recordar as papoilas dos campos da Flandres...

A I Grande Guerra terminou há 104 anos

Foto após a assinatura do armistício: em primeiro plano, o marechal Foch, ladeado pelos almirantes britânicos Hope e Rosslyn Wemyss
   
O Armistício de Compiègne foi um tratado assinado a 11 de novembro de 1918 entre os Aliados e a Alemanha, dentro de um vagão-restaurante, na floresta de Compiègne, com o objetivo de encerrar as hostilidades na frente ocidental da Primeira Guerra Mundial. Os principais signatários foram o Marechal Ferdinand Foch, comandante-em-chefe das forças da Tríplice Entente, e Matthias Erzberger, representante alemão.
Seguiu-se ao armistício o tratado de paz de Versalhes, celebrado em 1919, segundo o qual, a Alemanha, derrotada, era obrigada a:
  • reduzir as suas tropas a metade;
  • pagar pesadas indemnizações aos países vencedores;
  • ceder todas as suas colónias;
  • restituir a Alsácia-Lorena à França.
  

Hoje é o Dia da Papoila...

(imagem daqui

Recordemos que se celebram hoje os cento e quatro anos do final da I Grande Guerra e que  há uma tradição anglo-saxónica (no Reino Unido, Austrália e no Canadá, entre outros, onde este é um dia muito especial, conhecido como o Remembrance Day) de celebrar-se tal facto recorrendo a papoilas de papel (que são vendidas para apoiar os antigos combatentes - desta e de outras guerras).

Isto deve-se a um poema do ex-combatente canadiano John McCrae (1872-1918), médico e tenente-coronel que, depois de enterrar um amigo, em 1915, escreveu o seguinte texto:
  
 
In Flanders’ Fields


In Flanders’ Fields the poppies blow
Between the crosses, row on row,
That mark our place; and in the sky
The larks, still bravely singing, fly
Scarce heard amid the guns below.

We are the dead. Short days ago
We lived, felt dawn, saw sunset glow,
Loved, and were loved, and now we lie
In Flanders’ Fields.

Take up our quarrel with the foe:
To you from failing hands we throw
The torch; be yours to hold it high.
If ye break faith with us who die
We shall not sleep, though poppies grow
In Flanders’ Fields.




NOS CAMPOS DE FLANDRES - Tradução livre

Nos campos de Flandres crescem as papoilas
E florescem entre as cruzes que, fila a fila,
Marcam o nosso lugar; e, no céu,
Voam as cotovias, que continuam corajosamente a cantar,
Embora mal se ouça seu canto, por causa dos canhões.

Estamos mortos... Ainda há poucos dias, vivos,
sim, nós amávamos, nós éramos amados;
sentíamos a aurora e víamos o poente
a rebrilhar, e agora eis-nos, todos deitados
nos campos de Flandres.

Continuai a nossa luta contra o inimigo;
A nossa mão vacilante atira-vos o facho:
mantende-o bem alto. Que, se a nossa vontade trairdes,
nós, que morremos, não poderemos dormir,
ainda mesmo que floresçam as papoilas
nos campos de Flandres.

 

Tradução/adaptação de Pedro Luna

quarta-feira, outubro 26, 2022

O Brasil entrou na I Guerra Mundial há 105 anos

O presidente da República Venceslau Brás declara guerra contra o Império Alemão e seus aliados

O Brasil na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) tinha uma posição respaldada pela Convenção de Haia, mantendo-se inicialmente neutro, buscando não restringir os seus produtos exportados na época, principalmente o café. O Brasil foi o único país latino-americano que participou efetivamente na Primeira Guerra Mundial (sem contar com declarações de guerra sem efeitos práticos).

Fase inicial
O Brasil declarou a sua neutralidade em 4 de agosto de 1914. Desta forma, somente um navio brasileiro, o Rio Branco, foi afundado por um submarino alemão nos primeiros anos da guerra em 1916, mas este estava em águas restritas, operando a serviço inglês e com a maior parte de sua tripulação sendo composta por noruegueses, de forma que, apesar da comoção nacional que o fato gerou, não poderia ser considerado como um ataque ilegal dos alemães.
No início da guerra, apesar de neutro, o Brasil enfrentava uma situação social e económica complicada. A sua economia era basicamente fundamentada na exportação de apenas um produto agrícola, o café. Como este não era essencial, suas exportações (e as rendas alfandegárias, a principal fonte de recursos do governo) diminuíram com o conflito. Isto se acentuou mais com o bloqueio alemão e, depois, com a proibição à importação de café feita pela Inglaterra em 1917, que passou a considerar o espaço de carga nos navios necessário para produtos mais vitais, haja vista as grandes perdas causadas pelos afundamentos de navios mercantes pelos alemães.
As relações entre Brasil e o Império Alemão foram abaladas pela decisão alemã de autorizar seus submarinos a afundar qualquer navio que entrasse nas zonas de bloqueio. No dia 5 de abril de 1917 o vapor brasileiro Paraná, um dos maiores navios da marinha mercante (4.466 toneladas), carregado de café, navegando de acordo com as exigências feitas a países neutros, foi atacado por um submarino alemão a milhas do cabo Barfleur, na França, e três brasileiros foram mortos.

Manifestações populares
Quando a notícia do afundamento do vapor Paraná chegou ao Brasil poucos dias depois, eclodiram diversas manifestações populares nas capitais. O ministro de relações exteriores, Lauro Müller, de origem alemã e favorável à neutralidade na guerra, foi obrigado a renunciar. Em Porto Alegre, passeatas foram organizadas com milhares de pessoas. Inicialmente pacíficas, as manifestações passaram a atacar estabelecimentos comerciais de propriedades de alemães ou descendentes - o Hotel Schmidt , a Sociedade Germânia, o clube Turnebund e o jornal Deutsche Zeitung foram invadidos, pilhados e queimados.
Em 1 de novembro uma multidão danificou casas, clubes e fábricas em Petrópolis, entre eles o restaurante Brahma (completamente destruído), a Gesellschaft Germania, a escola alemã, a empresa Arp, o Diário Alemão, entre outros.
Ao mesmo tempo, em outras capitais houve pequenos distúrbios. Novos episódios com violência só ocorreriam quando da declaração de guerra do Brasil à Alemanha em outubro.
Por outro lado, sindicalistas, pacifistas, anarquistas e comunistas se colocavam contra a guerra e acusavam o governo de estar desviando a atenção dos problemas internos, entrando em choque por vezes com os grupos nacionalistas favoráveis a entrada do país no conflito. À greve geral de 1917, seguiu-se acentuada de uma violenta repressão, usando a "Declaração de Guerra" em outubro do mesmo ano para declarar estado de sítio e perseguir opositores, o que provocou por exemplo uma tentativa de insurreição anarquista em 1918.
  
Consequências diplomáticas
No dia 11 de abril de 1917 o Brasil rompeu relações diplomáticas com o bloco germânico, e, em 20 de maio, o navio Tijuca foi torpedeado perto da costa francesa por submarino alemão. Nos meses seguintes, o governo brasileiro confiscou 42 navios alemães que estavam em portos brasileiros, como uma indemnização de guerra, essa quantidade considerável de navios passou a corresponder a um quarto da frota brasileira.
No dia 26 de maio de 1917, o vapor brasileiro Lapa foi atingido por três tiros do canhão de um submarino alemão.
Em 18 de outubro de 1917, um outro navio mercante, Macau, foi torpedeado por submarino alemão U-93.
No dia 23 de outubro de 1917 o cargueiro nacional Macau, um dos navios arrestados, foi torpedeado por um submarino alemão U-93, perto da costa da Espanha, e seu comandante feito prisioneiro.
Com a pressão popular contra a Alemanha, no dia 26 de outubro de 1917, o país declarou guerra à aliança germânica.
Nos dias 1 e 3 de novembro de 1917 os navios Acari e Guaíba, respectivamente, foram torpedeados, próximo do cabo de São Vicente, em Portugal, por um submarino alemão U-151.

domingo, agosto 07, 2022

Mata Hari nasceu há 146 anos...

      
Margaretha Gertruida Zelle (Leeuwarden, 7 de agosto de 1876 - Vincennes, 15 de outubro de 1917), conhecida mundialmente como Mata Hari, foi uma dançarina exótica dos Países Baixos acusada de espionagem e que foi condenada à morte, por fuzilamento, durante a Primeira Guerra Mundial. Em diferentes ocasiões sua vida foi alvo da curiosidade de biógrafos, romancistas e cineastas. Ao longo do tempo, Mata Hari transformou-se em uma espécie de símbolo da ousadia feminina.
    

quinta-feira, julho 28, 2022

A I Grande Guerra começou há 108 anos...

De cima para baixo, da esquerda para a direita: Trincheiras na Frente Ocidental; o avião bi-planador Albatros D.III; um tanque britânico Mark I cruzando uma trincheira; uma metralhadora automática usada por um soldado com uma máscara de gás; o afundamento do navio de guerra Real HMS Irresistible após embater numa mina
      
A Primeira Guerra Mundial foi uma guerra global centrada na Europa, que começou a 28 de julho de 1914 e durou até 11 de novembro de 1918. O conflito envolveu as grandes potências de todo o mundo, que organizaram-se em duas alianças opostas: os Aliados (com base na Tríplice Entente entre Reino Unido, França e Império Russo) e os Impérios Centrais (originalmente Tríplice Aliança entre Império Alemão, Áustria-Hungria e Itália; mas como a Áustria-Hungria tinha tomado a ofensiva contra o acordo, a Itália não entrou em guerra). Estas alianças reorganizaram-se (a Itália lutou pelos Aliados) e expandiram-se em mais nações que entraram na guerra. Em última análise, mais de 70 milhões de militares, incluindo 60 milhões de europeus, foram mobilizados em uma das maiores guerras da história. Mais de 9 milhões de combatentes foram mortos, em grande parte por causa de avanços tecnológicos que determinaram um crescimento enorme na letalidade de armas, mas sem melhorias correspondentes em proteção ou mobilidade. Foi o sexto conflito mais mortal na história da humanidade e que posteriormente abriu caminho para várias mudanças políticas, como revoluções em muitas das nações envolvidas.
Entre as causas da guerra inclui-se as políticas imperialistas estrangeiras das grandes potências da Europa, como o Império Alemão, o Império Austro-Húngaro, o Império Otomano, o Império Russo, o Império Britânico, a Terceira República Francesa e a Itália. Em 28 de junho de 1914, o assassinato do arquiduque Francisco Fernando da Áustria, o herdeiro do trono da Áustria-Hungria, pelo nacionalista sérvio Gavrilo Princip, em Sarajevo, na Bósnia, foi o gatilho imediato da guerra, o que resultou em um ultimato dos Habsburgos contra o Reino da Sérvia. Diversas alianças formadas ao longo das décadas anteriores foram invocadas, assim, dentro de algumas semanas, as grandes potências estavam em guerra; através de suas colónias, o conflito logo se espalhou ao redor do planeta.
Em 28 de julho, o conflito iniciou-se com a invasão Austro-Húngara da Sérvia, seguida pela invasão alemã da Bélgica, Luxemburgo e França, e um ataque russo contra a Alemanha. Depois da marcha alemã em Paris ter levado a um impasse, a Frente Ocidental estabeleceu-se em uma batalha de atrito estático com uma linha de trincheiras que pouco mudou até 1917. Na Frente Oriental, o exército russo lutou com sucesso contra as forças austro-húngaras, mas foi forçado a recuar da Prússia Oriental e da Polónia pelo exército alemão. Frentes de batalha adicionais abriram-se depois que o Império Otomano entrou na guerra em 1914, Itália e Bulgária em 1915 e a Roménia em 1916. O Império Russo entrou em colapso em março de 1917 e a Rússia deixou a guerra após a Revolução de Outubro, mais tarde naquele ano. Depois de uma ofensiva alemã em 1918 ao longo da Frente Ocidental, os Aliados forçaram o recuo dos exércitos alemães em uma série de ofensivas de sucesso e as forças dos Estados Unidos começaram a entrar nas trincheiras. A Alemanha, que teve o seu próprio problema com os revolucionários, neste ponto, concordou com um cessar-fogo em 11 de novembro de 1918, episódio mais tarde conhecido como Dia do Armistício. A guerra terminou com a vitória dos Aliados.
Eventos nos conflitos locais eram tão tumultuosos quanto nas grandes frentes de batalha, e os participantes tentaram mobilizar a sua mão de obra e recursos económicos para lutar uma guerra total. Até o final da guerra, quatro grandes potências imperiais - os impérios Alemão, Russo, Austro-Húngaro e Otomano - deixaram de existir. Os Estados sucessores dos dois primeiros perderam uma grande quantidade de seu território, enquanto os dois últimos foram completamente desmontados. O mapa da Europa Central foi totalmente redesenhado em vários países menores. A Liga das Nações (organização precursora das Nações Unidas) foi formada, na esperança de evitar outro conflito dessa magnitude. Há hoje o consenso de que o nacionalismo europeu provocado pela guerra, a separação dos impérios, as repercussões da derrota da Alemanha e os problemas com o Tratado de Versalhes foram fatores que contribuíram para o início da Segunda Guerra Mundial.
   
 
  Tríplice Entente e os Aliados (alguns entraram na guerra e abandonaram-na mais tarde)

  Colónias, domínios ou territórios ocupados pelos Aliados


  Colónias ou territórios ocupados pelos Impérios Centrais

  Países neutros
     

terça-feira, junho 28, 2022

Franz Ferdinand foi assassinado há 108 anos...

Francisco Fernando e Sofia, momentos antes do atentado que os matou
    
Francisco Fernando Carlos Luís José Maria de Áustria-Este, em alemão: Franz Ferdinand Karl Ludwig Joseph Maria von Österreich-Este; em húngaro: Habsburg–Lotaringiai Ferenc Ferdinánd Károly Lajos József Mária; em italiano: Francesco Ferdinando Carlo Luigi Giuseppe Maria d'Austria-Este (Graz, 18 de dezembro de 1863 - Sarajevo, 28 de junho de 1914) foi um arquiduque da Áustria, chefe do ramo cadete de Áustria-Este e herdeiro presuntivo do trono do Império Austro-Húngaro.
Filho mais velho do arquiduque Carlos Luís (irmão dos imperadores Francisco José I da Áustria e Maximiliano do México) e da princesa Maria Anunciata de Bourbon-Duas Sicílias, ele herdou de seu primo, o duque Francisco V de Módena, a chefia da Casa de Áustria-Este, tornando-se pretendente ao trono do extinto ducado, quando tinha apenas 12 anos de idade. Em 1889, com a morte do arquiduque Rodolfo, único filho varão de Francisco José I, no chamado Incidente de Mayerling, o seu pai tornou-se o primeiro na linha de sucessão ao trono austro-húngaro, mas renunciou aos seus direitos em seu favor.
A sua morte, num atentado em Sarajevo, em 28 de junho de 1914, foi um dos fatores desencadeadores da Primeira Guerra Mundial.
   
Assassinato
Em 28 de junho de 1914, um domingo, por volta de 10.45 horas, Francisco Fernando e a sua esposa foram mortos em Sarajevo, capital da província austro-húngara da Bósnia e Herzegovina, por Gavrilo Princip, na época com apenas 19 anos, membro da Jovem Bósnia e do grupo terrorista Mão Negra. O evento foi um dos fatores que desencadearam a Primeira Guerra Mundial.
O casal já havia sido atacado um pouco antes, quando uma granada foi atirada em direção ao seu carro. Fernando desviou-se do artefacto e a granada explodiu atrás deles. Encolerizado, ele teria gritado às autoridades locais: "Então vocês recebem os convidados com bombas?" Fernando e Sofia insistiram em visitar o hospital onde os feridos no atentado estavam sendo atendidos. Ao saírem de lá, o seu motorista perdeu-se no caminho para o palácio onde estavam hospedados e, ao entrar numa rua secundária, os ocupantes foram avistados por Princip. Quando o motorista fazia uma manobra, o jovem aproximou-se e disparou contra o casal, atingindo Sofia no abdómen e Francisco Fernando na jugular. O arquiduque ainda estava vivo quando testemunhas chegaram para socorrê-lo, mas expirou pouco depois, dirigindo as suas últimas palavras à esposa: "Não morra, querida, viva para nossos filhos." Assessores ainda tentaram abrir a sua farda, mas perceberam que teriam que cortá-la com uma tesoura. Sofia morreu a caminho do hospital. Princip usou uma 7.65 x 17 mm Browning, de potência relativamente baixa, e  uma pistola FN Model 1910 para cometer os assassinatos.
Um relato detalhado do atentado foi descrito por Joachim Remak, no livro Sarajevo:
Uma bala perfurou o pescoço de Francisco Fernando, enquanto a outra perfurou o abdómen de Sofia (...) Como o carro estava manobrando (para retornar à residência do governador), um filete de sangue escorreu da boca do arquiduque sobre a face direita do Conde Harrach (que estava no estribo do carro). Harrach usou um lenço para tentar conter o sangue. Vendo isso, a duquesa exclamou: "Pelo amor de Deus, o que lhe aconteceu?" e afundou-se no assento, caindo com o rosto entre os joelhos de seu marido.
Harrach e Potoriek (...) acharam que ela havia desmaiado (...) só o marido parecia ter uma ideia do que estava acontecendo. Virando-se para a esposa, apesar da bala no seu pescoço, Francisco Fernando implorou: "Sopherl! Sopherl! Sterbe nicht! Bleibe am Leben für unsere Kinder!" ("Querida Sofia! Não morra! Fique viva para os nossos filhos!!!"). Dito isto, ele curvou-se para a frente. O seu chapéu de plumas (...) caiu e muitas de suas penas verdes foram encontradas em todo o chão do carro. O conde Harrach puxou o colarinho do uniforme do arquiduque para segurá-lo. Ele perguntou: "Leiden Eure Kaiserliche Hoheit sehr?" ("Vossa Alteza Imperial está sentindo muita dor?") "Es ist nichts..." ("Não é nada..."), disse o arquiduque com voz fraca, mas audível. Ele parecia estar a perder a consciência durante seus últimos minutos mas, com voz crescente embora fraca, repetiu esta frase, talvez, seis ou sete vezes mais.
Um ronco começou a brotar de sua garganta, diminuindo quando o carro parou em frente ao Konak Bersibin (Câmara Municipal). Apesar dos esforços médicos, o arquiduque morreu pouco depois de ser levado para dentro do prédio, enquanto a sua amada esposa morreu, de hemorragia interna, antes da comitiva chegar ao Konak.
Os assassinatos, juntamente com a corrida armamentista, o imperialismo, o nacionalismo, o militarismo e o sistema de alianças contribuíram para a eclosão da Primeira Guerra Mundial, que começou menos de dois meses após a morte de Francisco Fernando, com a declaração de guerra da Áustria-Hungria à Sérvia. O assassinato do arquiduque é considerado a causa mais imediata da Primeira Guerra Mundial.
    
      

O Tratado de Versalhes foi assinado pela Alemanha há 103 anos

    
O Tratado de Versalhes (1919) foi um tratado de paz assinado pelas potências europeias que encerrou oficialmente a Primeira Guerra Mundial. Após seis meses de negociações, em Paris, o tratado foi assinado como uma continuação do armistício de novembro de 1918, em Compiègne, que tinha posto um fim aos confrontos. O principal ponto do tratado determinava que a Alemanha aceitasse todas as responsabilidades por causar a guerra e que, sob os termos dos artigos 231-247, fizesse reparações a um certo número de nações da Tríplice Entente.
Os termos impostos à Alemanha incluíam a perda de uma parte de seu território para um número de nações fronteiriças, de todas as colónias na Oceânia e no continente africano, uma restrição ao tamanho do exército e uma indemnização pelos prejuízos causados durante a guerra. A República de Weimar também aceitou reconhecer a independência da Áustria. O ministro alemão do exterior, Hermann Müller, assinou o tratado em 28 de junho de 1919. O tratado foi ratificado pela Liga das Nações em 10 de janeiro de 1920. Na Alemanha o tratado causou choque e humilhação na população, o que contribuiu para a queda da República de Weimar em 1933 e a ascensão dos nazis.
No tratado foi criada uma comissão para determinar a dimensão precisa das reparações que a Alemanha tinha de pagar. Em 1921, este valor foi oficialmente fixado em 33 milhões de dólares. Os encargos a comportar com este pagamento são frequentemente citados como a principal causa do fim da República de Weimar e a subida ao poder de Adolf Hitler, o que inevitavelmente levou à eclosão da Segunda Guerra Mundial apenas 20 anos depois da assinatura do Tratado de Versalhes.
O tratado tinha criado a Liga das Nações, um dos objetivos maiores do presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson. A Liga das Nações pretendia arbitrar disputas internacionais para evitar futuras guerras. Só quatro dos chamados Quatorze Pontos de Wilson foram concretizados, já que Wilson era obrigado a negociar com Clemenceau, Lloyd George e Orlando alguns pontos para conseguir a aprovação para criação da Liga das Nações. A visão mais comum era que a França de Clemenceau era a mais vigorosa na luta por uma represália contra a Alemanha, já que grande parte da guerra tinha sido no solo francês.
Outras cláusulas incluíam a perda das colónias alemãs e dos territórios que o país tinha anexado ou invadido num passado recente:
O artigo 156 do tratado transferiu as concessões de Shandong, da China para o Japão ao invés de retornar a região à soberania chinesa. O país considerou tal decisão ultrajante, o que levou a movimentos como o Movimento de Quatro de Maio, que influenciou a decisão final chinesa de não aderir ao Tratado de Versalhes. A República da China declarou o fim da guerra contra a Alemanha em setembro de 1919 e assinou um tratado em separado com a mesma, em 1921.
O artigo 231 do Tratado (a cláusula da 'culpa de guerra') responsabilizou unicamente a Alemanha por todas as 'perdas e danos' sofridas pela Tríplice Entente durante a guerra obrigando-a a pagar uma reparação por tais atos. O montante total foi decidido entre a Tríplice Entente na Comissão de Reparação. Em janeiro de 1921 esse número foi oficializado em 269 mil milhões de marcos, dos quais 226 mil milhões como principal, e mais 12% do valor das exportações anuais alemãs - um valor que muitos economistas consideraram ser excessivo. Mais tarde, naquele ano, a dívida foi reduzida para 132 mil milhões, o que ainda era considerado uma soma astronómica para os observadores germânicos.
Os problemas económicos que tal pagamento trouxe, e a indignação alemã pela sua imposição são normalmente citados como um dos mais significantes fatores que levaram ao fim da República de Weimar e ao início da ditadura de Adolf Hitler, que levou à II Guerra Mundial. Alguns historiadores, como Margaret Olwen MacMillan discordam desta afirmação, popularizada por John Maynard Keynes.
  

sábado, junho 04, 2022

O último Kaiser do II Reich morreu há 81 anos


Guilherme II da Prússia, nascido Frederico Guilherme Victor Alberto de Hohenzollern (em alemão Friedrich Wilhelm Viktor Albrecht von Hohenzollern) (Berlim, 27 de janeiro de 1859 - Huis Doorn, Doorn, Utrecht, Países Baixos, 4 de junho de 1941), foi o último imperador alemão (Kaiser) e o último Rei da Prússia, detendo os títulos entre 1888 e 1918.
Guilherme era filho do Príncipe-Herdeiro Frederico da Prússia, depois Frederico III, e de sua esposa, a Princesa Real da Grã-Bretanha, Vitória (filha da Rainha Vitória de Inglaterra). A sua mãe era tia da Imperatriz Alexandra (a mulher do Czar Nicolau II da Rússia) e irmã do Rei Eduardo VII de Inglaterra. A Rainha Vitória de Inglaterra era a sua avó materna.
 

quinta-feira, maio 19, 2022

Lawrence da Arábia morreu há 87 anos

Lawrence na Arábia Saudita, em 1919
       
Thomas Edward Lawrence (Tremadog, 16 de agosto de 1888 - Dorset, 19 de maio de 1935), também conhecido como Lawrence da Arábia, e (aparentemente entre os seus aliados árabes) Aurens ou El Aurens, foi um arqueólogo, militar, agente secreto, diplomata e escritor britânico.
Tornou-se famoso pelo seu papel como oficial britânico de ligação durante a Revolta Árabe de 1916-1918. A sua fama como herói militar foi largamente promovida pela reportagem da revolta feita pelo viajante e jornalista norte-americano Lowell Thomas, e ainda devido ao livro autobiográfico de Lawrence, Os Sete Pilares da Sabedoria.
   
      
(...) 
  
Depois da passagem à reserva, Lawrence planeava levar uma vida tranquila e solitária em Clouds Hill, rejeitando mais uma vez convites para posições importantes. Contudo, em 13 de maio de 1935, quando Lawrence foi de moto até aos correios de Bovington, para enviar uma encomenda de livros a um amigo e um telegrama a Henry Williamson, sucedeu o imprevisto. De regresso a Clouds Hill, ao desviar-se abruptamente, para evitar o embate com dois jovens ciclistas, foi projetado violentamente da moto, fraturando gravemente o crânio. Permaneceu em coma durante seis dias, morrendo a 19 de maio, aos 46 anos e 9 meses de idade, sem nunca ter recuperado a consciência (se tivesse sobrevivido teria ficado em estado vegetativo). Foi enterrado a 21 de maio, na Igreja de São Nicolau, em Moreton, Dorset. Assistiram ao enterro Winston Churchill e Lady Astor, entre outros notáveis.
As circunstâncias do acidente levaram Hugh Cairns, neurologista que atendeu Lawrence, a realizar um estudo sobre a adoção de capacete motociclístico por civis e militares, concluindo que a prática poderia diminuir drasticamente o número de fatalidades causadas por traumatismo craniano. A morte de Lawrence e o subsequente trabalho de Cairns contribuiu largamente para a adoção de capacetes entre motociclistas, trabalhadores e desportistas em todo o mundo.
   

sexta-feira, maio 13, 2022

Foi há 105 anos, em Fátima...


Aparições de Fátima
é a designação comum dada a um ciclo de aparições marianas que terá ocorrido durante o ano de 1917 na localidade de Fátima, em Portugal.
No dia 13 de maio de 1917, três crianças, Lúcia dos Santos (10 anos), Francisco Marto (9 anos) e Jacinta Marto (7 anos), afirmaram terem visto "...uma senhora mais brilhante do que o Sol" sobre uma azinheira de um metro ou pouco mais de altura, quando apascentavam um pequeno rebanho na Cova da Iria, próximo da aldeia de Aljustrel. Lúcia via, ouvia e falava com a aparição, Jacinta via e ouvia e Francisco apenas via-a, mas não a ouvia.
A aparição mariana repetiu-se nos cinco meses seguintes e seria portadora de uma importante mensagem ao mundo. A 13 de outubro de 1917, a aparição apresentou-se-lhes como sendo "a Senhora do Rosário".
   

segunda-feira, maio 02, 2022

O Barão Vermelho nasceu há cento e quarenta anos

  
Manfred Albrecht Freiherr von Richthofen (Breslau, 2 de maio de 1892Vaux-sur-Somme, 21 de abril de 1918) foi um piloto de caça alemão da Primeira Guerra Mundial que é considerado ainda hoje como o "ás dos ases". Servindo no braço aéreo do Exército Imperial Alemão (Luftstreitkräfte), foi um líder militar, e como piloto tornou-se um ás da aviação, obtendo o maior número de vitórias (oitenta) de um único piloto durante a Primeira Guerra.
Originalmente servindo na cavalaria, ele transferiu-se para o serviço aéreo em 1915, tornando-se um dos primeiros membros do esquadrão Jasta 2 em 1916. Obteve rápido sucesso na carreira de piloto de caça, e, em 1917, tornou-se líder do Jasta 11, e mais tarde de toda uma unidade de caça, a Jagdgeschwader 1. Em 1918 já era herói nacional da Alemanha e era bastante conhecido pelos adversários.
Richthofen foi abatido e morto perto de Amiens, em 21 de abril de 1918. A sua morte foi creditada ao artilheiro australiano Cedric Popkin, apesar da RAF atribuir esse crédito ao piloto canadiano Arthur Roy Brown.
  
Brasão da família von Richthofen
 
   
Réplica do triplano Fokker Dr.I de Manfred von Richthofen
     

domingo, maio 01, 2022

O Presidente-Rei Sidónio Pais nasceu há cento e cinquenta anos

 
Sidónio Bernardino Cardoso da Silva Pais (Caminha, 1 de maio de 1872 - Lisboa, 14 de dezembro de 1918) foi um militar e político que, entre outras funções, exerceu os cargos de deputado, de ministro do Fomento, de ministro das Finanças, de embaixador de Portugal em Berlim, de ministro da Guerra, de ministro dos Negócios Estrangeiros, de presidente da Junta Revolucionária de 1917, de presidente do Ministério e de presidente da República Portuguesa.
Enquanto presidente da República, exerceu o cargo de forma ditatorial, suspendendo e alterando por decreto normas essenciais da Constituição Portuguesa de 1911. Fernando Pessoa chamou-lhe Presidente-Rei.
Oficial de Artilharia, foi também professor na Universidade de Coimbra, onde leccionou Cálculo Diferencial e Integral. Protagonizou a primeira grande perversão ditatorial do republicanismo português, transformando-se numa das figuras mais fraturantes da política portuguesa do século XX. Em 1966, o seu corpo fora solenemente trasladado para o Panteão Nacional da Igreja de Santa Engrácia (Lisboa), aquando da sua inauguração. A cerimónia ocorreu no dia 5 de dezembro e homenageou igualmente com estas honras outros ilustres portugueses. Antes disso, o seu corpo encontrava-se na Sala do Capítulo do Mosteiro dos Jerónimos.
  
(...)
  
Assassinato
Entra-se então numa espiral de violência que não poupa o próprio presidente: a 5 de dezembro de 1918, durante a cerimónia da condecoração dos sobreviventes do NRP Augusto de Castilho, sofreu um primeiro atentado, do qual conseguiu escapar ileso; o mesmo não aconteceu dias depois, na Estação do Rossio, onde, a 14 de dezembro de 1918, foi morto a tiro por José Júlio da Costa, um militante republicano.
O assassinato de Sidónio Pais foi um momento traumático para a Primeira República, marcando o seu destino: a partir daí qualquer simulacro de estabilidade desapareceu, instalando-se uma crise permanente que apenas terminou quase oito anos depois com a Revolução Nacional de 28 de maio de 1926 que pôs termo ao regime.
Os funerais de Sidónio Pais foram momentosos, reunindo muitas dezenas de milhares de pessoas, num percurso longo e tumultuoso, interrompido por múltiplos e violentos incidentes. Com este fim, digno de um verdadeiro Presidente Rei, Sidónio Pais entrou no imaginário português, em particular dos sectores católicos mais conservadores, como um misto de salvador e de mártir, mantendo-se durante décadas como uma figura fraturante no sistema político.
A imagem de mártir levou ao surgimento de um culto popular, semelhante ao que existe em torno da figura de Sousa Martins, que fez de Sidónio Pais um santo, com honras de promessas e ex-votos, que ainda hoje se mantém, sendo comum a deposição de flores e outros elementos votivos junto ao seu túmulo.
  
     

 

Nota: sou neto de um Senhor que adorava o presidente-rei Sidónio, que o livrou de ir combater na França, na Grande Guerra. Tinha muitas vezes uma espécie de altar profano, com fotos do Sidónio (e da Família Real). E viva o presidente-rei - e o meu avô Joaquim Fernandes!

domingo, abril 24, 2022

O Marechal Pétain nasceu há 166 anos

  
Marechal Henri Philippe Benoni Omer Joseph Pétain (Cauchy-à-la-Tour, 24 de abril de 1856 - Île d'Yeu, 23 de julho de 1951), mais conhecido como Marechal Pétain, foi um militar francês e líder da França de Vichy instalado na França durante a Segunda Guerra Mundial.
Pétain é considerado um herói pelos seus feitos na Primeira Guerra Mundial, mas foi julgado traidor por seus atos na Segunda Guerra Mundial. Ele foi sentenciado à pena de morte, mas teve a pena comutada para prisão perpétua, que Pétain cumpriu na prisão em Île d'Yeu, uma ilha ao largo da costa do Atlântico. Acabou por morrer na prisão, em Fort-de Pierre de Levée. Foi enterrado num cemitério próximo da prisão.
  

 


A França de Vichy (em francês chamada hoje de Régime de Vichy ou Vichy; na altura autotitulava-se de État Français) foi o Estado francês entre os anos de  1940 e 1944, um governo fantoche de influência nazi, opondo-se às Forças Livres Francesas, sediadas inicialmente em Londres e depois em Argel. Foi estabelecido após o país se ter rendido à Alemanha nazi em 1940, na Segunda Guerra Mundial. Recebeu o seu nome da capital do governo, a cidade de Vichy, a sudeste de Paris, próximo de Clermont-Ferrand.

sexta-feira, abril 22, 2022

A guerra química começou há 107 anos...

Gaseados, pintura de John Singer Sargent (1918) 
        
Em 22 de abril de 1915, perto de Ypres, na Bélgica, milhares de cilindros de gás clorídrico produzidos por indústrias como a Bayer e a Hoechst foram usados pelos alemães contra o exército francês. De efeito asfixiante, o gás provoca queimaduras nos olhos, garganta e pulmões, cegueira, náusea e dor de cabeça. Cerca de 6 mil pessoas morreram dolorosamente. Em setembro desse ano os aliados passaram a usar o mesmo recurso contra as linhas alemãs, até que, em 1917, a fórmula foi superada pelo gás mostarda, ainda mais letal. Balanço de guerra: mais de 124 mil toneladas de 21 agentes tóxicos diferentes, que fizeram 1 milhão de baixas estimados, com 90 mil mortes.
O trauma da Primeira Guerra levou ao Protocolo de Genebra, de 1925, que proibiu o uso de arsenal químico no campo de batalha. O historiador americano Bruce N. Canfield, autor do livro Armas de Infantaria dos Estados Unidos na I Guerra, explica que os gases eram "temidos por todos os lados e também foram usados por todos". "Mas, devido ao vento e a outros fatores, eles poderiam causar mortes tanto para quem os usava quanto para o pelotão visto como alvo. Estrategicamente, não foi um fator determinante na I Guerra Mundial.