Filha mais nova de
Manuel Pedro Marto e de sua esposa
Olímpia de Jesus dos Santos, Jacinta foi baptizada na
Igreja Paroquial de Fátima no dia
19 de março de
1910 e era uma criança típica do
Portugal rural da época. Como de início não frequentava a
escola, Jacinta trabalhava como pastora em conjunto com o seu irmão
Francisco Marto e a sua prima
Lúcia dos Santos. Mais tarde, logo após as aparições na
Cova da Iria e segundo as mensagens recebidas, por recomendação de Nossa Senhora entrou na escola primária. De acordo com as memórias da Irmã Lúcia, Jacinta era uma criança afectiva e muito afável e emocionalmente frágil.
Na sequência das aparições, os dois irmãos foram influenciados porque terão visto o
inferno, durante a terceira aparição (em julho de 1917). Deslumbrada com a triste sorte dos pecadores, na sua simplicidade, decide responder ao apelo da
Virgem Maria e fazer penitência e sacrifício pela conversão dos pecadores.
As três crianças, mas particularmente Jacinta, praticavam mortificações e penitências. É possível que prolongados jejuns a tenham enfraquecido ao ponto de ter sucumbido à epidemia gerada pela
pneumónica que varreu a
Europa em
1918, em consequência da
Primeira Guerra Mundial. Jacinta, que sofria de
pleurisia e não podia ser
anestesiada devido à má condição do seu
coração, foi assistida em vários hospitais, esteve acolhida temporariamente no Orfanato de Nossa Senhora dos Milagres, na Rua da Estrela n.º 17, em
Lisboa (atual Mosteiro do Imaculado Coração de Maria, junto ao
Jardim da Estrela), o qual foi fundado e dirigido pela Madre Maria da Purificação Godinho, acabando por falecer a
20 de fevereiro de
1920, no
Hospital de Dona Estefânia da mesma cidade.
Jacinta Marto foi
beatificada, juntamente com o seu irmão
Francisco, pelo
Papa João Paulo II a
13 de maio de
2000; é a cristã mais nova não-mártir a ser beatificada. O seu dia festivo é
20 de fevereiro; no dia
11 de março de
2010 celebrou-se o
Centenário do nascimento da Beata Jacinta Marto, com a audiência do
Papa Bento XVI. A sua
canonização foi realizada pelo
Papa Francisco no dia
13 de maio de
2017, por ocasião das celebrações do Centenário das
Aparições de Fátima.
As aparições particulares a Jacinta
De acordo com
As Memórias da Irmã Lúcia, Jacinta Marto, posteriormente às
aparições de Fátima, terá recebido ainda algumas aparições particulares de Nossa Senhora. Dessas
aparições marianas particulares, a Irmã Lúcia destacou as seguintes:
- Jacinta vê o Santo Padre - Lúcia assim relata na sua Terceira Memória: "Um dia, fomos passar as horas da sesta para junto do poço de meus pais. A Jacinta sentou-se nas lajes do poço; o Francisco, comigo, foi procurar o mel silvestre nas silvas dum silvado duma ribanceira que aí havia. Passado um pouco de tempo, a Jacinta chama por mim: – Não viste o Santo Padre? – Não! – Não sei como foi! Eu vi o Santo Padre em uma casa muito grande, de joelhos, diante de uma mesa, com as mãos na cara, a chorar. Fora da casa estava muita gente e uns atiravam-Ihe pedras, outros rogavam-lhe pragas e diziam-lhe muitas palavras feias. Coitadinho do Santo Padre! Temos que pedir muito por Ele. Em outra ocasião, fomos para a Lapa do Cabeço. Chegados aí, prostrámo-nos por terra, a rezar as orações do Anjo. Passado algum tempo, a Jacinta ergue-se e chama por mim: – Não vês tanta estrada, tantos caminhos e campos cheios de gente, a chorar com fome, e não tem nada para comer? E o Santo Padre em uma Igreja, diante do Imaculado Coração de Maria, a rezar? E tanta gente a rezar com Ele?
- Visões da guerra - "Um dia fui a sua casa, para estar um pouco com ela. Encontrei-a sentada na cama, muito pensativa. – Jacinta, que estás a pensar? – Na guerra que há-de vir. Há-de morrer tanta gente! E vai quase toda para o inferno! Hão-de ser arrasadas muitas casas e mortos muitos Padres (tratava-se da Segunda Guerra Mundial). Olha: eu vou para o Céu. E tu, quando vires, de noite, essa luz que aquela Senhora disse que vem antes, foge para lá também! – Não vês que para o Céu não se pode fugir? – É verdade! Não podes. Mas não tenhas medo! Eu, no Céu, hei-de pedir muito por ti, por o Santo Padre, por Portugal, para que a guerra não venha para cá, e por todos os Sacerdotes.
- Visitas de Nossa Senhora - A 23 de dezembro de 1918, Francisco e Jacinta adoeceram ao mesmo tempo. Indo visitá-los, Lúcia encontrou Jacinta no auge da alegria. Na sua Primeira Memória, Lúcia conta: "Um dia mandou-me chamar: que fosse junto dela depressa. Lá fui, correndo. – Nossa Senhora veio-nos ver e diz que vem buscar o Francisco muito breve para o Céu. E a mim perguntou-me se queria ainda converter mais pecadores. Disse-Lhe que sim. Disse-me que ia para um hospital, que lá sofreria muito; que sofresse pela conversão dos pecadores, em reparação dos pecados contra o Imaculado Coração de Maria e por amor de Jesus. Perguntei se tu ias comigo. Disse que não. Isto é o que me custa mais. Disse que ia minha mãe levar-me e, depois, fico lá sozinha! Em fins de dezembro de 1919, de novo a Santíssima Virgem se dignou visitar a Jacinta, para Ihe anunciar novas cruzes e sacrifícios. Deu-me a notícia e dizia-me: – Disse-me que vou para Lisboa, para outro hospital; que não te torno a ver, nem os meus pais; que, depois de sofrer muito, morro sozinha, mas que não tenha medo; que me vai lá Ela buscar para o Céu. Durante a sua permanência de 18 dias no hospital em Lisboa, Jacinta foi favorecida com novas visitas de Nossa Senhora, que lhe anunciou o dia e a hora em que haveria de morrer. Quatro dias antes de a levar para o Céu, a Santíssima Virgem tirou-lhe todas as dores. Nas vésperas da sua morte, alguém lhe perguntou se queria ver a mãe, ao que ela respondeu: - A minha família durará pouco tempo e em breve se encontrarão no Céu… Nossa Senhora aparecerá outra vez, mas não a mim, porque com certeza morro, como Ela me disse".