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terça-feira, dezembro 01, 2020

A Conferência de Teerão terminou há 77 anos

   
A Conferência de Teerão foi o primeiro dos acordos firmados entre as superpotências durante a Segunda Guerra Mundial. A ocasião reuniu pela primeira vez os três grandes estadistas do mundo da época: Estaline, da União Soviética, Winston Churchill, do Reino Unido, e Franklin Delano Roosevelt, dos Estados Unidos. Esta conferência teve lugar em Teerão, entre 28 de novembro e 1 de dezembro de 1943.
Além de lançarem bases de definições de partilhas, decidiu-se que as forças anglo-americanas interviriam na França, completando o cerco de pressão à Alemanha, juntamente com as forças orientais soviéticas, o que concretizou-se com o desembarque dos Aliados na Normandia no Dia D. Deliberou-se ainda sobre a divisão da Alemanha e as fronteiras da Polónia ao terminar a guerra, além de se formularem propostas de paz com a colaboração de todas as nações. Os Estados Unidos e o Reino Unido reconheceram, ainda, a fronteira soviética no Ocidente, com a anexação da Estónia, da Letónia, da Lituânia e do leste da Polónia.
   

O Eurotúnel uniu o Reino Unido à Europa continental há trinta anos

Mapa indicando o trajeto do Eurotúnel sob o Canal da Mancha
   
O Eurotúnel (em inglês: Channel Tunnel; em francês: Tunnel sous la Manche) é um túnel ferroviário de 50,5 quilómetros de extensão que liga Folkestone, Kent, no Reino Unido, com Coquelles, em Pas-de-Calais, perto de Calais, no norte da França, sob o Canal da Mancha, no Estreito de Dover. No seu ponto mais baixo, atinge 75 metros de profundidade. Com um trecho submerso de 37,9 km, o túnel tem a parte submarina mais longa do que a de qualquer outro túnel do mundo, embora o Túnel Seikan, no Japão, seja mais longo (53,85 km) e mais profundo (240 metros).
O túnel leva os comboios de passageiros Eurostar, de alta velocidade, o veículo de transporte de cargas roll-on/roll-off Eurotunnel Shuttle, o maior do mundo, e comboios de transporte ferroviário internacional.
As primeiras ideias de uma ligação fixa através do canal apareceram em 1802, mas a pressão da política e da imprensa britânicas sobre a questão da segurança nacional paralisou as tentativas de construção de um túnel. O eventual sucesso do projeto, organizado pela Eurotunnel, começou com construção em 1988 e com a inauguração, em maio de 1994. Com o custo de 4,650 mil milhões de libras esterlinas, o projeto superou em 80% o orçamento previsto inicialmente. Desde a sua construção, o túnel tem enfrentado vários problemas: incêndios e tempo frio já chegaram a interromper a operação do túnel. Os imigrantes ilegais e requerentes de asilo têm tentado usar o túnel para entrar no Reino Unido, havendo, inclusive, mortes nessas travessias.
Secção-tipo do Túnel da Mancha
   
O encontro dos dois túneis, 40 metros abaixo do solo do Canal da Mancha, em 1 de dezembro de 1990, num crossover (passagens que permitem passar de um túnel para outro), tornou possível caminhar em terra seca da Inglaterra à Europa pela primeira vez desde o fim da última glaciação. Os britânicos e franceses, usando métodos de cálculo e pesquisa a laser, encontraram-se com menos de 2 cm de erro.
O túnel foi oficialmente inaugurado pela rainha britânica Isabel II e pelo presidente francês François Mitterrand, a 4 de maio de 1994.
  
Mapa geológico do túnel
     

segunda-feira, novembro 09, 2020

Jean Monnet nasceu há 132 anos

  
Jean Omer Marie Gabriel Monnet
(Cognac, 9 de novembro de 1888Bazoches-sur-Guyonne, 16 de março de 1979) foi um político francês, visto por muitos como o arquiteto da unidade europeia (CEE). Nunca eleito para cargos públicos, Monnet atuou nos bastidores de governos europeus e americanos como um internacionalista pragmático bem relacionado. Foi o inspirador do Plano Schuman

  

Biografia

Jean Monnet nasceu em Cognac, Charente, no seio de uma família de comerciantes de conhaque.

Aos 16 anos, quando terminou o liceu, viajou para muitos países, como comerciante de conhaque e, mais tarde, tornou-se banqueiro.

Durante a Primeira Guerra Mundial e Segunda Guerra Mundial exerceu alguns cargos importantes na produção industrial na França e no Reino Unido. Como consultor do governo francês, foi um dos principais inspiradores da famosa Declaração Schuman, que ajudou na criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço. Entre 1952 e 1955, foi o primeiro presidente do órgão executivo da referida comunidade. 

  

   

in Wikipédia

sexta-feira, setembro 04, 2020

Robert Schuman morreu há 57 anos

   
Robert Schuman (Luxemburgo, 29 de junho de 1886 - Scy-Chazelles, 4 de setembro de 1963) foi um político democrata cristão e estadista luxemburguês radicado na França.
De mãe luxemburguesa, o jovem Robert Schuman frequentou a escola primária e secundária no Luxemburgo. Tendo realizado estudos superiores de Direito na Alemanha, em Berlim, Munique, Bona e Estrasburgo (cidade então ocupada pela Alemanha), abre um gabinete de advocacia em Metz, em junho de 1912. Dois anos mais tarde, a Primeira Guerra Mundial começa; Robert Schuman é reformado por problemas de saúde.
Em novembro de 1918, a Alsácia-Lorena torna a pertencer à França e Robert Schuman entra em 1919 no Parlamento, como deputado da Moselle.
Em 1939, uma nova guerra inicia-se, e em março de 1940 Robert Schuman é nomeado sub-secretário de Estado para os Refugiados. Em 10 de julho de 1940, ele atribui, com outros 568 parlamentares, os «plenos poderes» ao Marechal Pétain. De retorno à Lorena, ele é preso pela Gestapo e posto secretamente na prisão de Metz, sendo mais tarde transferido para Neustadt, no Rheinland-Pfalz, em 13 de abril de 1941. Ele consegue fugir e alcançar a zona livre em agosto de 1942, passando pela abadia de Ligugé.
Presidente do Conselho do Mouvement Républicain Populaire (MRP) (1947), depois Ministro de Relações Exteriores (1948-1952), ele foi o grande negociador de todos os grandes tratados do final da Segunda Guerra Mundial (Conselho da Europa, Pacto do Atlântico Norte, CECA, etc.).
Propôs, por meio da Declaração Schuman de 9 de maio de 1950, colocar a produção franco-alemã de carvão e de aço sob uma Alta Autoridade comum, em uma organização aberta à participação de outros países da Europa. Essa proposta levará à criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, que foi origem da atual União Europeia.
De 1958 a 1960, ele foi o primeiro presidente do Parlamento Europeu, que o condecora, no final de seu mandato, com o título de «Pai da Europa».
Um processo de beatificação de Robert Schuman foi aberto pela Igreja Católica, em 9 de junho de 1990, e nele foram ouvidas 200 testemunhas. O processo tinha, há pouco tempo, 50 mil páginas e pesava cerca de meia tonelada. Atualmente encontra-se na Congregação para as Causas dos Santos na Santa Sé, para exame. Foi entretanto declarado Servo de Deus, o primeiro passo para a eventual beatificação.

domingo, dezembro 01, 2019

A Conferência de Teerão terminou há 76 anos

A Conferência de Teerão foi o primeiro dos acordos firmados entre as superpotências durante a Segunda Guerra Mundial. A ocasião reuniu pela primeira vez os três grandes estadistas do mundo da época: Estaline, da União Soviética, Winston Churchill, do Reino Unido, e Franklin Delano Roosevelt, dos Estados Unidos. Esta conferência teve lugar em Teerão, entre 28 de novembro e 1 de dezembro de 1943.
Além de lançarem bases de definições de partilhas, decidiu-se que as forças anglo-americanas interviriam na França, completando o cerco de pressão à Alemanha, juntamente com as forças orientais soviéticas, o que concretizou-se com o desembarque dos Aliados na Normandia no Dia D. Deliberou-se ainda sobre a divisão da Alemanha e as fronteiras da Polónia ao terminar a guerra, além de se formularem propostas de paz com a colaboração de todas as nações. Os Estados Unidos e o Reino Unido reconheceram, ainda, a fronteira soviética no Ocidente, com a anexação da Estónia, da Letónia, da Lituânia e do leste da Polónia.

quinta-feira, maio 09, 2019

Porque hoje é o Dia da Europa...!

Enlèvement d'Europe de Nöel-Nicolas Coypel, circa 1726
      
Na mitologia grega, Europa era uma princesa fenícia que Zeus sequestrou, depois de assumir a forma de um touro branco deslumbrante. Ele levou-a para a ilha de Creta, onde ela deu à luz Minos, Radamanto e Sarpedão. Para Homero, Europa (em grego: Εὐρώπη, Eurṓpē) era uma rainha mitológica de Creta e não uma designação geográfica. Mais tarde, o termo Europa foi usado para se referir ao centro-norte da Grécia, e em 500 a.C., o seu significado foi estendido para as terras a norte.
  
in Wikipédia
  
   
  
O dia da Europa ou dia da União Europeia é uma data comemorativa celebrada anualmente na Europa (ou na União Europeia) no dia 9 de Maio. A data escolhida reflete o dia 9 de maio de 1950, em que o estadista francês Robert Schuman avançou com a proposta de uma entidade europeia supranacional. Essa proposta ficou conhecida como a Declaração Schuman e é considerada o embrião da atual União Europeia.
O Dia da Europa é, juntamente com a bandeira, o hino, a divisa ("Unida na Diversidade") e o euro, um dos símbolos da identidade comum da União Europeia.
   
in Wikipédia
   

quarta-feira, maio 09, 2018

Querida Europa...

Enlèvement d'Europe de Nöel-Nicolas Coypel, circa 1726
  
Na mitologia grega, Europa era uma princesa fenícia que Zeus sequestrou, depois de assumir a forma de um touro branco deslumbrante. Ele levou-a para a ilha de Creta, onde ela deu à luz Minos, Radamanto e Sarpedão. Para Homero, Europa (em grego: Εὐρώπη, Eurṓpē) era uma rainha mitológica de Creta e não uma designação geográfica. Mais tarde, o termo Europa foi usado para se referir ao centro-norte da Grécia, e em 500 a.C., o seu significado foi estendido para as terras a norte.
O dia da Europa ou dia da União Europeia é uma data comemorativa celebrada anualmente na Europa (ou na União Europeia) no dia 9 de Maio. A data escolhida reflete o dia 9 de maio de 1950, em que o estadista francês Robert Schuman avançou com a proposta de uma entidade europeia supranacional. Essa proposta ficou conhecida como a Declaração Schuman e é considerada o embrião da atual União Europeia.
O Dia da Europa é, juntamente com a bandeira, o hino, a divisa ("Unida Na Diversidade") e o euro, um dos símbolos da identidade comum da União Europeia.
 

sábado, janeiro 20, 2018

O astrónomo Simon Marius nasceu há 445 anos

Simon Marius, latinizado, do nome alemão, Simon Mayr, (Gunzenhausen, 20 de janeiro de 1573 - Ansbach, 5 de janeiro de 1625) foi um astrónomo alemão.
Em 1614 Marius publicou a obra Mundus Iovalis, descrevendo o planeta Jupiter e as suas luas. Na obra afirmou ter descoberto as quatro maiores luas de Júpiter dias antes de Galileu e tal afirmação deu início a uma disputa com Galileu. Considera-se possível que Marius tenha descoberto as luas de Júpiter independentemente, mas pelo menos alguns dias depois que Galileu; se tal afirmação for verdadeira, Marius seria a única pessoa que observou as luas no período anterior à publicação das observações de Galileu. Independente desta questão, os nomes mitológicos pelos quais estas luas são conhecidas atualmente (Io, Europa, Ganímedes e Calisto) foram dados por Marius.
Simon Marius também afirmava ser o descobridor da Nebulosa de Andrómeda, que na realidade já era conhecida desde a Idade Média por astrónomos árabes.

sábado, março 25, 2017

O Tratado que criou a Comunidade Económica Europeia faz hoje 60 anos

O Tratado de Roma é o nome dado a dois tratados:
Foram assinados em 25 de março de 1957 em Roma pela Alemanha Ocidental, França, Itália, Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo. Entrou em vigor em 1 de janeiro de 1958.
A assinatura deste tratado é o culminar de um processo que surge após a Segunda Guerra Mundial, que deixou a Europa económica e politicamente destruída e fragilizada face às duas superpotências: Estados Unidos e União Soviética.
  
Tratado Constitutivo da CEE
Atualmente em vigor com o nome de Tratado Constitutivo da Comunidade Europeia, é, juntamente com o Tratado da União Europeia um dos dois textos fundamentais das instituições europeias.
O tratado estabelecia:
  • União aduaneira: a CEE foi conhecida popularmente como o "Mercado comum". Acordou-se um período transitório de 12 anos, no que deveriam desaparecer totalmente as barreiras alfandegárias entre os Estados membros.
  • Política Agrícola Comum (PAC): esta medida estabeleceu a livre circulação dos produtos agrícolas dentro da CEE, assim como a adoção de políticas protecionistas, que permitiram aos agricultores europeus evitar a concorrência de produtos procedentes de outros países não pertencente a CEE. Isto se conseguiu mediante a subvenção aos preços agrícolas. Desde então a PAC tem concentrado boa parte dos pressupostos comunitários.
Este tratado estabeleceu a proibição de monopólios, a concessão de alguns privilégios comerciais às regiões ultraperiféricas da União Europeia, assim como algumas políticas comuns em transportes.
Ante o êxito impulsionado pela maior fluidez dos intercâmbios comerciais, em 1 de julho de 1968 suprimiram-se todos os entraves internos entre os Estados membros, ao tempo que se adoptou uma política aduaneiro comum para todos os produtos procedentes de países não pertencentes a CEE.
Este mercado comum afetava somente a livre circulação de bens. O livre movimento de pessoas, capitais e serviços teve que esperar ao Ato Único Europeu (AUE) de 1986 para dar o impulso para em 1992 se estabelecer um mercado unificado.


terça-feira, março 21, 2017

Bento de Núrsia, o patrono da Europa, morreu há 1470 anos

São Bento de Núrsia, nascido Benedito da Nórcia, em italiano: Benedetto de Norcia; em latim: Benedictus, (Nórcia, Reino Ostrogótico, 24 de março de 480  - Abadia do Monte Cassino, 21 de março de 547) foi um monge, fundador da Ordem dos Beneditinos, uma das maiores ordens monásticas do mundo. Foi o criador da Regra de São Bento, um dos mais importantes e utilizados regulamentos de vida monástica, inspiração de muitas outras comunidades religiosas. Era irmão gémeo de Santa Escolástica. Foi designado patrono da Europa pelo Papa Paulo VI em 1964, sendo também patrono da Alemanha. É venerado não apenas por católicos, como também por ortodoxos. Foi o fundador da Abadia do Monte Cassino, na Itália,destruída durante a Segunda Guerra Mundial e posteriormente restaurada. É comemorado no calendário católico a 11 de julho, data em que suas relíquias foram trasladadas para a Abadia de Saint-Benoît-sur-Loire.

Biografia
A fonte de todos os acontecimentos da vida de São Bento são os Diálogos de São Gregório Magno, redigidos por volta de 593, que se baseou em factos narrados por monges que conheceram pessoalmente São Bento.
Segundo São Gregório, São Bento era filho de um nobre romano, tendo realizado os primeiros estudos na região de Núrsia (próximo da cidade italiana de Espoleto). Mais tarde, foi enviado a Roma para estudar retórica e filosofia, mas, tendo se decepcionado com a decadência moral da cidade, abandona logo a capital e retira-se para Enfide (atual Affile), no ano 500. Ajudado por um abade da região chamado Romano, instalou-se numa gruta de difícil acesso, a fim de viver como eremita. Depois de três anos nesse lugar, dedicando-se à oração e ao sacrifício, foi descoberto por alguns pastores, que divulgaram a sua fama de santidade. A partir de então, foi visitado constantemente por pessoas que buscavam conselhos e direção espiritual.
É então eleito abade de um mosteiro em Vicovaro, no centro da Itália. Por causa do regime de vida exigente, os monges tentaram envenená-lo, mas, no momento em que abençoava os alimentos, saiu da taça que continha o vinho envenenado uma serpente e o cálice desfez-se em pedaços. Com isso, São Bento resolveu deixar a comunidade, regressando à vida solitária, vivendo consigo mesmo: habitare secum.
Em 503 recebe grande quantidade de discípulos e funda doze pequenos mosteiros. Em 529, por causa da inveja do sacerdote Florêncio, tem de se mudar para o Monte Cassino, onde funda o mosteiro que viria a ser o fundamento na expansão da Ordem Beneditina. É nesse episódio que Florêncio lhe envia como presente um pão envenenado, mas Bento dá o pão a um corvo que todos os dias vinha comer das suas mãos e ordena à ave que o leve para longe, onde não pudesse ser encontrado. Durante a saída de Bento para o Monte Cassino, Florêncio, sentindo-se vitorioso, saiu ao terraço de sua casa para ver a partida do monge. Entretanto, o terraço ruiu e Florêncio morreu. Um dos discípulos de Bento, Mauro, foi pedir ao mestre que regressasse, pois o inimigo havia morrido, mas Bento chorou pela morte de seu inimigo e também pela alegria de seu discípulo, a quem impôs uma penitência por regozijar-se pela morte do sacerdote.
Em 534 começa a escrever a Regula Monasteriorum (Regra dos Mosteiros). Morre em 21 de março de 547, tendo antes anunciado a alguns monges que iria morrer e seis dias antes mandado abrir sua sepultura. A sua irmã gémea Escolástica havia falecido em 10 de fevereiro do mesmo ano.
As representações de São Bento geralmente mostram, junto com o santo, o livro da Regra, um cálice quebrado e um corvo com um pão na boca, em memória ao pão envenenado que recebeu do sacerdote invejoso.
As relíquias de São Bento estão conservadas na cripta da Abadia de Saint-Benoît-sur-Loire (Fleury), próximo a Orleáns e Germigny-des-Prés, no centro da França.

terça-feira, dezembro 08, 2015

A bandeira europeia faz hoje 60 anos!

A bandeira europeia consiste num círculo com doze estrelas douradas num fundo azul. Apesar de a bandeira estar normalmente associada à União Europeia (UE), foi inicialmente usada pelo Conselho da Europa, e pensada para representar a Europa como um todo.
  
Concurso
A eleição da bandeira ocorreu mediante um concurso promovido em 1950 pelo Conselho da Europa com a intenção de utilizar-la como veículo de integração e promoção de uma unidade europeia.
O autor, Arsene Heitz, católico, francês natural de Estransburgo, inspirou-se na coroa de estrelas citada no texto bíblico de Ap 12,1 que os católicos costumam ler nas festas dedicada à Maria. A Mãe de Jesus é tradicionalmente ornada pela iconografia cristã com a coroa de doze estrelas.

Oficialização
A sua adoção oficial pelo Conselho da Europa realizou-se a 8 de dezembro de 1955, dia que coincide com a solenidade da Imaculada Conceição na liturgia católica. Apesar da rejeição formal de referências bíblicas, em 21 de outubro de 1956, o Conselho da Europa presenteou a cidade de Estrasburgo, a sua sede oficial, com um vitral para Catedral de Estrasburgo pelo mestre parisiense Max Ingrand. Ele mostra uma Virgem Imaculada coroada de um círculo de 12 estrelas sobre fundo azul escuro.
A Comunidade Europeia (CEE) adoptou-a a 26 de maio de 1986. A UE, que se estabeleceu pelo Tratado de Maastricht na década de 90 e que veio a substituir a CEE e as suas funções, também escolheu esta bandeira. Desde então, o uso da bandeira tem sido conjuntamente controlado quer pelo Conselho da Europa quer pela União Europeia.

terça-feira, dezembro 01, 2015

Há 25 anos um túnel uniu o Reino Unido com a Europa continental

Mapa indicando o trajeto do Eurotúnel sob o Canal da Mancha

O Eurotúnel (em inglês: Channel Tunnel; em francês: Tunnel sous la Manche) é um túnel ferroviário de 50,5 quilómetros de extensão que liga Folkestone, Kent, no Reino Unido, com Coquelles, em Pas-de-Calais, perto de Calais, no norte da França, sob o Canal da Mancha, no Estreito de Dover. No seu ponto mais baixo, atinge 75 metros de profundidade. Com um trecho submerso de 37,9 km, o túnel tem a parte submarina mais longa do que a de qualquer outro túnel do mundo, embora o Túnel Seikan, no Japão, seja mais longo (53,85 km) e mais profundo (240 metros).
O túnel leva os comboios de passageiros Eurostar, de alta velocidade, o veículo de transporte de cargas roll-on/roll-off Eurotunnel Shuttle, o maior do mundo, e comboios de transporte ferroviário internacional.
As primeiras ideias de uma ligação fixa através do canal apareceram em 1802, mas a pressão da política e da imprensa britânicas sobre a questão da segurança nacional paralisou as tentativas de construção de um túnel. O eventual sucesso do projeto, organizado pela Eurotunnel, começou com construção em 1988 e com a inauguração, em maio de 1994. Com o custo de 4,650 mil milhões de libras esterlinas, o projeto superou em 80% o orçamento previsto inicialmente. Desde a sua construção, o túnel tem enfrentado vários problemas: incêndios e tempo frio já chegaram a interromper a operação do túnel. Os imigrantes ilegais e requerentes de asilo têm tentado usar o túnel para entrar no Reino Unido, havendo, inclusive, mortes nessas travessias.
Secção-tipo do Túnel da Mancha
O encontro dos dois túneis, 40 metros abaixo do solo do Canal da Mancha, em 1 de dezembro de 1990, num crossover (passagens que permitem passar de um túnel para outro), tornou possível caminhar em terra seca da Inglaterra à Europa pela primeira vez desde o fim da última glaciação. Os britânicos e franceses, usando métodos de cálculo e pesquisa a laser, encontraram-se com menos de 2 cm de erro.
O túnel foi oficialmente inaugurado pela rainha britânica Isabel II e pelo presidente francês François Mitterrand, a 4 de maio de 1994.
Mapa geológico do túnel

segunda-feira, dezembro 01, 2014

A Conferência de Teerão terminou há 71 anos

A Conferência de Teerão foi o primeiro dos acordos firmados entre as superpotências durante a Segunda Guerra Mundial. A ocasião reuniu pela primeira vez os três grandes estadistas do mundo da época: Estaline, da União Soviética, Winston Churchill, do Reino Unido, e Franklin Delano Roosevelt, dos Estados Unidos. Esta conferência teve lugar em Teerão, entre 28 de novembro e 1 de dezembro de 1943.
Além de lançarem bases de definições de partilhas, decidiu-se que as forças anglo-americanas interviriam na França, completando o cerco de pressão à Alemanha, juntamente com as forças orientais soviéticas, o que concretizou-se com o desembarque dos Aliados na Normandia no Dia D. Deliberou-se ainda sobre a divisão da Alemanha e as fronteiras da Polónia ao terminar a guerra, além de se formularem propostas de paz com a colaboração de todas as nações. Os Estados Unidos e o Reino Unido reconheceram, ainda, a fronteira soviética no Ocidente, com a anexação da Estónia, da Letónia, da Lituânia e do leste da Polónia.

sábado, novembro 09, 2013

Como é póssivel, 75 anos depois da Noite de Cristal?

Anti-semitismo está a crescer na Europa


A Internet é onde 76% dos judeus europeus mais esperam encontrar agressões, revela novo inquérito. Conflito do Médio Oriente faz crescer anti-semitismo.

O anti-semitismo cresceu na União Europeia nos últimos cinco anos, sobretudo através da Internet, dizem 76% dos cerca de 6000 judeus que participaram num inquérito da Agência Europeia dos Direitos Fundamentais, divulgado esta sexta-feira. E o conflito israelo-árabe está a alimentar o sentimento antijudaico.
O inquérito foi realizado em 2012, através da Internet, em oito países que reúnem cerca de 90% da actual população europeia que partilha esta fé religiosa: Alemanha, Bélgica, França, Hungria, Itália, Letónia, Suécia e Reino Unido. Foi divulgado nesta altura para coincidir com os 75 anos da Noite de Cristal, o dia 9 de Novembro de 1938, em que o regime nazi enviou as suas forças especiais – vestidas à civil – para as ruas para destruir as casas, lojas e sinagogas dos judeus na Alemanha e também na Áustria recém-anexada. Os homens jovens e saudáveis foram enviados para campos de concentração.
Duas em cada quatro pessoas inquiridas consideram o anti-semitismo como um verdadeiro problema. Esse sentimento é mais forte na Hungria (91%), em França e na Bélgica (ambas com 88%). Quase metade dos inquiridos teme ser alvo de uma agressão verbal por ser judeu num lugar público, e um terço receia um ataque físico.
Em França, 78% dos participantes relatam que o anti-semitismo se expressa frequentemente em actos de vandalismo contra edifícios, cemitérios, locais de culto. “Dizem-nos para nos dispersarmos rapidamente à saída da sinagoga, que tem um serviço de segurança imponente, que não é necessário à saída das igrejas, nem das mesquitas”, lamentou uma participante francesa, citada pela AFP.
Mas é ao navegar pela Internet que mais esperam encontrar ataques à sua religião ou à sua identidade. Os fóruns de discussão na Internet, os comentários no YouTube “estão cheios de mensagens anti-semitas”, diz outra participante francesa no inquérito, citada também pela AFP. Uma britânica de 50 anos, que a BBC cita, afirmou que tinha visto mais comentários anti-semitas desde que está no Facebook “do que em toda a [sua] vida”.
  
O discurso dos políticos
Nos media, 59% estão também habituados a verem-se confrontados com afirmações que os agridem. Na Hungria, 84% dos inquiridos reconhecem a presença do discurso anti-semita no discurso político – é um dos cavalos-de-batalha do partido de extrema-direita Jobbik, que dispõe de 43 deputados no Parlamento de 386 eleitos e é abertamente antijudaico.
A média europeia da constatação do anti-semitismo no discurso político europeu é de 44%, abaixo dos valores da Hungria.
Mas há um cambiante no que é o discurso anti-semita entre a Europa de Leste e a Europa Ocidental, marcado pela percepção do conflito israelo-árabe.
Na Letónia, apenas 8% da população judaica disse que a disputa pela Palestina tinha um grande impacto na forma como a comunidade em que estavam inseridos a via. Mas na Alemanha, 28% disseram que o conflito entre Israel e a Palestina influía na sua própria segurança, e em França 78% disseram o mesmo.
No Reino Unido, os comentários mais frequentes feitos por pessoas não judias, segundo o inquérito, são: “Os israelitas comportam-se ‘como nazis’ com os palestinianos” e “os judeus exploram a vitimização do Holocausto para os seus próprios fins”. Isto dá uma ideia de como velhos preconceitos se misturam com a política actual, para dar novo fôlego a uma intolerância muito antiga.
“Em toda a Europa há uma forma tradicional de anti-semitismo que remonta há muito tempo”, comentou Morten Kjaerum, director da Agência Europeia dos Direitos Fundamentais, citado pela BBC. “Mas estamos também a ver uma forma específica de anti-semitismo, que está a ser relatada pelos participantes no inquérito, que resulta do conflito no Médio Oriente. E aqui temos de ser muito cuidadosos: onde é que pára uma crítica legítima que se pode ter sobre sobre esse conflito e começa uma afirmação anti-semita?”

in Público - ler notícia

quarta-feira, setembro 04, 2013

O pai do conceito da moderna Europa faleceu há 50 anos

Robert Schuman (Luxemburgo, 29 de junho de 1886 - Scy-Chazelles, 4 de setembro de 1963) foi um político democrata cristão e estadista luxemburguês radicado na França.
De mãe luxemburguesa, o jovem Robert Schuman frequentou a escola primária e secundária no Luxemburgo. Tendo realizado estudos superiores de Direito na Alemanha, em Berlim, Munique, Bona e Estrasburgo (cidade então ocupada pela Alemanha), abre um gabinete de advocacia em Metz, em junho de 1912. Dois anos mais tarde, a Primeira Guerra Mundial começa; Robert Schuman é reformado por problemas de saúde.
Em novembro de 1918, a Alsácia-Lorena torna a pertencer à França e Robert Schuman entra em 1919 no Parlamento, como deputado da Moselle.
Em 1939, uma nova guerra inicia-se, e em março de 1940 Robert Schuman é nomeado sub-secretário de Estado para os Refugiados. Em 10 de julho de 1940, ele atribui, com outros 568 parlamentares, os «plenos poderes» ao Marechal Pétain. De retorno à Lorena, ele é preso pela Gestapo e posto secretamente na prisão de Metz, sendo mais tarde transferido para Neustadt, no Rheinland-Pfalz, em 13 de abril de 1941. Ele consegue fugir e alcançar a zona livre em agosto de 1942, passando pela abadia de Ligugé.
Presidente do Conselho do Mouvement Républicain Populaire (MRP) (1947), depois Ministro de Relações Exteriores (1948-1952), ele foi o grande negociador de todos os grandes tratados do final da Segunda Guerra Mundial (Conselho da Europa, Pacto do Atlântico Norte, CECA, etc.).
Propôs, por meio da Declaração Schuman de 9 de maio de 1950, colocar a produção franco-alemã de carvão e de aço sob uma Alta Autoridade comum, em uma organização aberta à participação de outros países da Europa. Essa proposta levará à criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, que foi origem da atual União Europeia.
De 1958 a 1960, ele foi o primeiro presidente do Parlamento Europeu, que o condecora, no final de seu mandato, com o título de «Pai da Europa».
Um processo de beatificação de Robert Schuman foi aberto pela Igreja Católica, em 9 de junho de 1990, e nele foram ouvidas 200 testemunhas. O processo tinha, há pouco tempo, 50 mil páginas e pesava cerca de meia tonelada. Atualmente encontra-se na Congregação para as Causas dos Santos na Santa Sé, para exame. Foi entretanto declarado Servo de Deus, o primeiro passo para a eventual beatificação.

terça-feira, junho 05, 2012

O Plano Marshall foi lançado há 65 anos

Mapa da Europa mostrando os países que receberam ajuda do Plano Marshall - as colunas azuis mostram a quantidade total relativa de ajuda por país

O Plano Marshall, um aprofundamento da Doutrina Truman, conhecido oficialmente como Programa de Recuperação Europeia, foi o principal plano dos Estados Unidos para a reconstrução dos países aliados da Europa nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial. A iniciativa recebeu o nome do Secretário do Estado dos Estados Unidos, George Marshall.
O plano de reconstrução foi desenvolvido em um encontro dos Estados europeus participantes em julho de 1947. A União Soviética e os países da Europa Oriental foram convidados, mas Josef Stalin viu o plano como uma ameaça e não permitiu a participação de nenhum país sob o controle soviético. O plano permaneceu em operação por quatro anos fiscais a partir de julho de 1947. Durante esse período, algo em torno de US$ 13 mil milhões de assistência técnica e económica - equivalente a cerca de US$ 132 mil milhões em 2006, ajustado pela inflação - foram entregues para ajudar na recuperação dos países europeus que juntaram-se à Organização Europeia para a Cooperação e Desenvolvimento Económico.
Quando o plano foi completado, a economia de cada país participante, com a exceção da Alemanha, tinha crescido consideravelmente acima dos níveis pré-guerra. Pelas próximas duas décadas a Europa Ocidental iria gozar de prosperidade e crescimento. O Plano Marshall também é visto como um dos primeiros elementos da integração europeia, já que anulou barreiras comerciais e criou instituições para coordenar a economia em nível continental. Uma consequência intencionada foi a adoção sistemática de técnicas administrativas norte-americanas.
Recentemente os historiadores vêm questionando tanto os verdadeiros motivos e os efeitos gerais do Plano Marshall. Alguns historiadores acreditam que os benefícios do plano foram na verdade o resultado de políticas de laissez faire que permitiram a estabilização de mercados através do crescimento económico. Além disso, alguns criticam o plano por estabelecer uma tendência dos EUA a ajudar economias estrangeiras em dificuldades, valendo-se do dinheiro dos impostos dos cidadãos norte-americanos.
Com a devastação provocada pela guerra, a Europa enfrentava cada vez mais manifestações de contestação aos governos constituídos. Os Estados Unidos analisaram a crise europeia e, concluíram que ela punha em risco o futuro do capitalismo, o que poderia prejudicar sua própria economia, dando espaço para a expansão do comunismo.
Com isso, os norte-americanos optaram por ajudar na recuperação dos países europeus. Com esse objetivo criaram o Plano Marshall. No início os recursos foram utilizados para comprar alimentos, fertilizantes e rações. Logo depois, foram adquirindo matérias-primas, produtos semi-industrializados, combustíveis, veículos e máquinas. Aproximadamente, 70% desses bens eram de procedência norte-americana. Além de se beneficiar com o plano Marshall, a França elaborou seu próprio plano de recuperação económica, o Plano Monnet.
A Inglaterra também se recuperou, porém perdeu a importância económica e política. A Alemanha e a Itália também entraram em ritmo de recuperação. Com a criação da OTAN/NATO, os Estados Unidos visavam garantir a exportação de excedentes e concretizar a hegemonia económica sobre o velho continente.

 Labeling used on aid packages

To clarify the U.S.'s position, a major address by Secretary of State George Marshall was planned. Marshall gave the address to the graduating class of Harvard University on June 5, 1947. Standing on the steps of Memorial Church in Harvard Yard, he offered American aid to promote European recovery and reconstruction. The speech described the dysfunction of the European economy and presented a rationale for U.S. aid.
The modern system of the division of labor upon which the exchange of products is based is in danger of breaking down. . . . Aside from the demoralizing effect on the world at large and the possibilities of disturbances arising as a result of the desperation of the people concerned, the consequences to the economy of the United States should be apparent to all. It is logical that the United States should do whatever it is able to do to assist in the return of normal economic health to the world, without which there can be no political stability and no assured peace. Our policy is not directed against any country, but against hunger, poverty, desperation and chaos. Any government that is willing to assist in recovery will find full co-operation on the part of the U.S.A. Its purpose should be the revival of a working economy in the world so as to permit the emergence of political and social conditions in which free institutions can exist.
Marshall was convinced that economic stability would provide political stability in Europe. He offered aid, but the European countries had to organize the program themselves.
The speech, written by Charles Bohlen, contained virtually no details and no numbers. More a proposal than a plan, it was presented vaguely and made little impact in America. Eight weeks after the Harvard speech, the State Department wrote in a confidential memorandum that "The Marshall Plan has been compared to a flying saucer — nobody knows what it looks like, how big it is, in what direction it is moving, or whether it really exists." The most important element of the speech was the call for the Europeans to meet and create their own plan for rebuilding Europe, and that the United States would then fund this plan. The administration felt that the plan would likely be unpopular among many Americans, and the speech was mainly directed at a European audience. In an attempt to keep the speech out of American papers journalists were not contacted, and on the same day Truman called a press conference to take away headlines. In contrast, Dean Acheson, an Under Secretary of State, was dispatched to contact the European media, especially the British media, and the speech was read in its entirety on the BBC.

quarta-feira, maio 09, 2012

Hoje é o Dia da Europa

(imagem daqui)





Europa

I

Europa, sonho futuro!
Europa, manhã por vir,
fronteiras sem cães de guarda
nações com seu riso franco
abertas de par em par!

Europa sem misérias arrastando seus
andrajos, virás um dia? virá o dia
em que renasças purificada?
Serás um dia o lar comum dos que nasceram
no teu solo devastado?
Saberás renascer, Fénix, das cinzas
em que arda enfim, falsa grandeza,
a glória que teus povos se sonharam
- cada um para si te querendo toda?

Europa, sonho futuro,
se algum dia há-de ser!
Europa que não soubeste
ouvir do fundo dos tempos
a voz na treva clamando
que tua grandeza não era
só do espírito seres pródiga
se do pão eras avara!
Tua grandeza a fizeram
os que nunca perguntaram
a raça por quem serviam.
Tua glória a ganharam
mãos que livre modelaram
teu corpo livre de algemas
num sonho sempre a alcançar!


Europa, ó mundo a criar!

Europa, ó sonho por vir
enquanto à terra não desçam
as vozes que já moldaram
tua figura ideal!
Europa, sonho incriado,
até ao dia em que desça
teu espírito sobre as águas!

Europa sem misérias arrastando seus
andrajos, virás um dia? Virá o dia
em que renasças purificada?

Serás um dia o lar comum dos que nasceram
no teu solo devastado?
Renascerás, Fénix, das cinzas
do teu corpo dividido?

Europa, tu virás só quando entre nações
o ódio não tiver a última palavra,
ao ódio não guiar a mão avara.
à mão não der alento o cavo som de enterro
dos cofres digerindo o sangue do rebanho
- e do rebanho morto, enfim, à luz do dia,
o homem que sonhaste, Europa, seja vida!

II

Ó morta civilização!
Teu sangue podre, nunca mais!
Cadáver hirto, ressequido,
à cova, à cova!

Teu canto novo, esse sim!
Purificado,
teu nome, Europa,
o mal que foste, redimido,
o bem que deste,
repartido!

Aí vai o cadáver enfeitado de discursos,
florindo em chaga, em pus, em nojo…
Cadáver enfeitado de guerras de fronteiras,
ficções para servir o sonho de violência,
máscaras de ideal cobrindo velhas raivas…
Vai, cadáver de crimes enfeitado,
que os coveiros, sem descanso,
acham pouca toda a terra,
nenhum sangue já lhes chega!

Sobre o cadáver dançam
teus coveiros sua dança.
Corvos de negro augúrio
chupam teu sangue de desgraça.
Haja mais sangue, mais dançam!
E tu levada, tu dançando,
os passos do teu bailando
funerário!

Mas do sangue nascerás,
Ou nunca mais, Europa do porvir!

E mão que te detenha
à beira do abismo?
Do sangue nascerá!

E braços que defendam
Teu dia de amanhã?
Do sangue nascerão!

O sangue ensinará
- ou nova escravidão
maior há-de enlutar
teus campos semeados
de forcas e tiranos.

De sangue banharás
teu corpo atormentado
e, Fénix, viverás!


III

Na erma solidão glacial da treva
os que não morreram vela.

Em vagas sucessivas de descargas
a morte ceifou os nossos irmãos.
O medo ronda,
o ódio espreita.
Todos os homens estão sozinhos.
A madrugada ainda virá?

Vão caindo um a um na luta sem trincheiras,
e a noite parece que não terá nunca madrugada,
mas cada gota de sangue é agora semente de revolta,
da revolta que varrerá da face da terra,
os sacerdotes sinistros do terror.
A revolta a florir em esperança
dos braços e das bocas que ficaram…

A traição ronda,
a morte espreita.

Uma comoção de bandeiras ao vento…
Clarins de aurora, ao longe…

Os que não morreram velam.


IV

Eu falo das casas e dos homens,
dos vivos e dos mortos:
do que passa e não volta nunca mais…
Não me venham dizer que estava matematicamente previsto,
ah, não me venham com teorias!
Eu vejo a desolação e a fome,
as angústias sem nome,
os pavores marcados para sempre nas faces trágicas das vítimas.
E sei que vejo, sei que imagino apenas uma ínfima,
uma insignificante parcela da tragédia.
Eu, se visse, não acreditava.
Eu se visse, dava em louco ou em profeta,
Dava em chefe de bandidos, em salteador de estradas,
- mas não acreditava!

Olho os homens, as casas e os bichos.
Olho num pasmo sem limites,
e fico sem palavras,
na dor de serem homens que fizeram tudo isto:
esta pasta ensanguentada a que reduziram a terra inteira,
esta lama de sangue e alma,
de coisa e ser,
e pergunto numa angústia se ainda haverá alguma esperança,
se o ódio sequer servirá para alguma coisa…

Deixai-me chorar - e chorai!
As lágrimas lavarão ao menos a vergonha de estarmos vivos,
de termos sancionado com o nosso silêncio o crime feito instituição,
e quando chorarmos talvez julguemos nosso o drama,
por momentos será nosso um pouco do sofrimento alheio,
por um segundo seremos os mortos e os torturados,
os aleijados para toda a vida, os loucos e os encarcerados,
seremos a terra podre de tanto cadáver,
seremos o sangue das árvores,
o ventre doloroso das casas saqueadas,
- sim, por um momento seremos a dor de tudo isto…


Eu não sei porque me caem as lágrimas,
porque tremo e que arrepio corre dentro de mim,
eu que não tenho parentes nem amigos na guerra,
eu que sou estrangeiro diante de tudo isto,
eu que estou na minha casa sossegada,
eu que não tenho guerra à porta,
- eu porque tremo e soluço?

Quem chora em mim, dizei - quem chora em nós?

Tudo aqui vai como um rio farto de conhecer os seus meandros:
as ruas são ruas com gente e automóveis,
não há sereias a gritar pavores irreprimíveis,
e a miséria é a mesma miséria que já havia…
E se tudo é igual aos dias antigos,
apesar da Europa à nossa volta, exangue e mártir,
eu pergunto se não estaremos a sonhar que somos gente,
sem irmãos nem consciência, aqui enterrados vivos,
sem nada senão lágrimas que vêem tarde, e uma noite à volta,
uma noite em que nunca chega o alvor da madrugada…


V

A música era linda…
vinha do rádio, meiga, mansa,
macia como um corpo quente de mulher…
era doce, cariciosa e lânguida…

Mas eu tinha ainda nos ouvidos,
como um clamor de milhões de bocas:
“No campo de concentração hoje ocupado pelas nossas tropas
os alemães queimaram milhares de vivos num forno crematório…
Nas cubatas, os mortos misturavam-se com os moribundos…
O sargento S. S. não pôde recordar quantos homens tinha morto…
Os mortos apodrecem aos montes, e os vivos arrancam-lhes as roupas
para as fogueiras em que ao lado se aquecem…
EM MUITOS CADÁVERES ENCONTROU-SE UM CORTE LONGITUDINAL:
ERAM OS VIVOS QUE TINHAM TIRADO AOS MORTOS O FÍGADO E OS RINS PARA COMER ― A ÚNICA CARNE QUE AINDA RESTAVA NOS CADÁVERES…”

E lembro-me de repente dum filme muito antigo
em que o criminoso perguntava:
«De quoi est fait un homme, monsieur le comissaire?»
e nos seus olhos lia-se o pavor
de quem viu um abismo e não lhe sabe o fundo…
De quoi est fait un homme? De que são feitos os homens
Que queimaram vivos outros homens? Que tinham centos de crianças
a morrer de fome e pavor, escravos como os pais?
Que matavam ou deixavam morrer homens aos milhões,
que os faziam descer ao mais fundo da degradação,
torturados, esfomeados, feitos chaga e esqueleto?

Eram esses mesmos homens
que faziam pouco da liberdade,
que vinham salvar o mundo da desordem,
que vinham ensinar a ORDEM ao planeta!
Sim, que traziam a paz com as grades das prisões,
A ordem com as câmaras de tortura…

E depois a música vem, cariciosa e lenta,
a julgar que apaga a ignomínia que lançaram sobre a terra!
A julgar que esqueceremos a abjecção dos que souberam
apagar da terra a insubmissão do homem livre!
Não - nem cárceres, nem deportações, nem represálias,
nem torturas
acabarão jamais com a insubmissão do homem livre,
do homem livre nas cadeias, cantando nas torturas,
porque vê diante de si os irmãos que estão lutando,
que hão-de cair, para outros sempre se erguerem,
clamando em vozes sempre novas
QUE O HOMEM NÃO SE HÁ-DE SUBMETER À
VIOLÊNCIA!
Homens sem partido e de todos os partidos,
que nasceram com a revolta porque não lhes vale de
nada viver para ser escravos,
homens sem partido e de todos os partidos - menos todos quantos
só sabem dizer ORDEM! e reclamar VIOLÊNCIA!
Os que pedem sangue porque não são sanguinários, sim,
mas também todos os que nunca souberam querer nada,
os que dizem «Não é possível que se torturem os presos políticos»,
os que não podem acreditar
porque não querem ser incomodados pela pestilência dos crimes cometidos para eles
- para eles continuarem a acreditar que a ORDEM não é apenas a mordaça
sobre as bocas livres que hão-de gritar até ao fim do mundo
QUE SÓ O HOMEM LIVRE É DIGNO DE SER HOMEM!

in
Europa (1945) - Adolfo Casais Monteiro