quinta-feira, março 28, 2013

Alain Oulman morreu há 23 anos

(imagem daqui)

Alain Oulman (Cruz Quebrada, 15 de junho de 1928 - Paris, 28 de março de 1990) foi o grande responsável por alguns dos maiores sucessos de Amália. Foi também o editor do livro "Le Portugal Baillonné - témoignage" ("Portugal Amordaçado") de Mário Soares.

Alain Oulman nasceu a 15 de junho de 1928, na Cruz Quebrada, distrito de Lisboa, no seio de uma família judaica tradicional. Era um apaixonado pelos livros, pela música e por Amália. Foi apresentado a Amália, em 1962, por Luís de Macedo, diplomata em Paris, durante umas férias na Praia do Lisandro, perto da Ericeira. Oulman mostrou a Amália uma música que tinha composto ao piano, sobre o poema Vagamundo de Luís de Macedo.
O álbum Busto, editado em 1962, marcou o início de colaboração de Alain Oulman com Amália. Foi ele quem levou os poetas portugueses, como Luís de Camões, David Mourão-Ferreira, Alexandre O'Neill ou Manuel Alegre, para dentro de casa de Amália. Alain Oulman é também considerado o principal responsável por uma profunda alteração na música que a acompanhava.
Foi também ele que compôs a música do conhecido fado A Minha terra é Viana do poeta Pedro Homem de Mello, do álbum Cantigas numa língua Antiga.
Oulman, pessoa de esquerda, é perseguido e preso pela PIDE. Amália tudo fez para o apoiar aquando da sua prisão. É deportado para França. "A sua activa solidariedade com a luta antifascista portuguesa levou-o a ser preso pela PIDE, sendo expulso de Portugal e fixando-se definitivamente em Paris", lê-se no 'site' oficial do Partido Comunista Português.
Oulman escreveu a música para Meu Amor é Marinheiro, com base em A Trova do Amor Lusíada, que Manuel Alegre escreveu quando esteve preso em Caxias.
No disco Com Que Voz, gravado em 1969 mas editado apenas no ano seguinte, Amália canta nomes como Cecília Meireles, Alexandre O'Neill, David Mourão-Ferreira, Manuel Alegre, Camões, Ary dos Santos e Pedro Homem de Mello. O disco receberá o IX Prémio da Crítica Discográfica Italiana (1971), o Grande Prémio da Cidade de Paris e o Grande Prémio do Disco de Paris (1975).
Após o 25 de Abril de 1974, Alain Oulman fez parte da minoria que defendeu Amália, quando esta foi acusada de estar ligada ao anterior regime, escrevendo cartas para os jornais "República" e "O Século".
Alain Oulman morreu, na cidade de Paris, a 29 de março de 1990, quando contava apenas 61 anos de idade.
A 9 de junho de 1993 foi feito Comendador da Ordem do Infante D. Henrique a título póstumo.

Cantei porque para mim era fado. A nobreza que está lá dentro é que conta. Se não tem fado para os outros, para mim tem.

Alain Oulman, que em sucessivos discos publicados nos anos 50 e 60 soube transformar a fadista Amália Rodrigues - cuja popularidade era incontestada desde o final da Segunda Guerra - na «Amalia», sem acento, que se tornou diva internacional. Oulman divulgou a voz, mas soube renovar-lhe a cada passo os atributos com desafios ousados: primeiro, já não apenas a guitarra e a viola, mas também os acompanhamentos orquestrais, depois as variações sobre estes, conduzindo-a ao extremo de um «jazz combo».

Eu tenho uma proximidade muito maior com a Amália dos anos 60, do período do Oulman. Cabe tudo ali - e é isso que lhe dá dimensão. Nós não podemos reduzi-la - como ela nunca se quis reduzir - a um qualquer sub-género do seu repertório.
Rui Vieira Nery, DN, 2002



Naufrágio - Amália Rodrigues
Poema de Cecília Meireles e música de Alain Oulman

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Chagall morreu há 28 anos

 Em Paris, 1921


Nascido Mojša Zacharavič Šahałaŭ', no seio de uma família judaica, na sua juventude entrou para o ateliê de um retratista famoso da sua cidade natal. Lá aprendeu não só as técnicas de pintura, como a gostar e a exprimir-se nessa arte. Ingressou, posteriormente, na Academia de Arte de São Petersburgo, de onde rumou para a próspera cidade-luz, Paris.
Ali entrou em contacto com as vanguardas modernistas que enchiam de cor, alegria e vivacidade a capital francesa. Conheceu também artistas como Amedeo Modigliani e La Fresnay. Todavia, quem mais o marcou, deste próspero e pródigo período, foi o modernista Guillaume Apollinaire, de quem se tornou grande amigo.
É também neste período que Chagall pinta dois dos seus mais conhecidos quadros: Eu e a aldeia e O Soldado bebé, pintados em 1911 e 1912, respectivamente.
Os títulos dos quadros foram dados por Blaise Cendrars. Coube a Guillaume Apollinaire selecionar as obras que seriam posteriormente expostas em Berlim, no ano em que a Primeira Guerra Mundial rebentou, em 1914.
Neste ano, após a explosão da guerra, Marc Chagall volta ao seu país natal, sendo, portanto, mobilizado para as trincheiras. Todavia, permaneceu em São Petersburgo, onde casou um ano mais tarde com Bella, uma mulher que conheceu na sua aldeia.
Depois da grande revolução socialista na Rússia, que pôs fim ao regime autoritário czarista, foi nomeado comissário para as belas-artes, tendo inaugurado uma escola de arte, aberta a quaisquer tendências modernistas. Foi neste período que entrou em confronto com Kasimir Malevich, acabando por se demitir do cargo.
Retornou então a Paris, onde iniciou mais um pródigo período de produção artística, tendo mesmo ilustrado uma Bíblia. Em 1927, ilustrou também as Fábulas de La Fontaine, tendo feito cem gravuras, somente publicadas em 1952. São também deste ano conhecidas as suas primeiras paisagens.
Visitou em 1931 a Palestina e, depois, a Síria, tendo publicado, em memória destas duas viagens o livro de carácter autobiográfico Ma vie (em português: "Minha vida").
Desde 1935, com a perseguição dos judeus e com a Alemanha prestes a entrar em mais uma guerra, Chagall começa a retratar as tensões e depressões sociais e religiosas que sentia na pele, já que também era judeu convicto.
Anos mais tarde, parte para os Estados Unidos, onde se refugia dos alemães. Lá, em 1944, com o fim da guerra a emergir, Bella, a sua mulher, falece, facto que lhe causa uma enorme depressão, mergulhando novamente no mundo das evocações, dos chamamentos, dos sonhos. Conclui este período com um quadro que já havia iniciado em 1931: Em torno dela.
Dois anos depois do fim da guerra, regressa definitivamente à França, onde pintou os vitrais da Universidade Hebraica de Jerusalém.
Na França e nos Estados Unidos pintou, para além de diversos quadros, vitrais e mosaicos. Explorou também os campos da cerâmica, tema pelo qual teve especial interesse.
Em sua homenagem, em 1973 foi inaugurado o Museu da Mensagem Bíblica de Marc Chagall, na famosa cidade do sul da França, Nice. Em 1977 o governo francês condecorou-o com a Grã-Cruz da Legião de Honra.
Tendo sido um dos melhores pintores do século XX, Marc Chagall faleceu em Saint-Paul-de-Vence, no sul da França, em 1985.

O Violinista (1912)

Zizi Possi - 57 anos

(imagem daqui)

Maria Izildinha Possi (São Paulo, 28 de março de 1956), mais conhecida como Zizi Possi, é uma cantora de música popular brasileira.

Batizada Maria Izildinha, em homenagem à Santa Menina Izildinha, descende de italianos de Nápoles, é paulistana do bairro do Brás, típico reduto de imigrantes italianos. De formação musical erudita, dos 5 aos 17 anos de idade, estudou piano e canto; em 1973 mudou-se para a Salvador (Bahia) com o irmão, José Possi Neto, prestou vestibular para a Faculdade de composição e regência (UFBA). Após dois anos de curso, abandonou a faculdade e iniciou-se num curso de teatro, na mesma época em que participou da montagem do musical Marilyn Miranda. Em um projeto para a prefeitura soteropolitana, trabalhou como professora de música para crianças - filhos de prostitutas no Pelourinho - gravou jingles comerciais e participou de especiais da televisão local. O irmão deixou o Brasil quando ganhou uma bolsa de trabalho para Nova York, e Zizi agora sozinha na Bahia, rumava para o Rio de Janeiro: "Quando vi o avião sumindo no ar, entendi que minha vida estava por minha conta. Me deu uma solidão… E percebi que a Bahia já não fazia mais esse sentido todo para mim. Meu irmão já não estava mais lá e, profissionalmente, eu já tinha feito tudo que podia”.

Em 1978, já morando no Rio de Janeiro, sobrevivia fazendo tradução do italiano para o português; até que Roberto Menescal (então produtor da gravadora Philips) deixou um recado debaixo da porta, onde morava com mais sete meninas: “Olhei o bilhete e pensei: ‘Esse cara não é da bossa nova? Será que ele quer que eu também faça coros para ele? Quando atenderam o telefone era "da Phillips"....e eu pensei: ué, será que o R. Menescal trabalha numa loja de Departamentos?". Zizi assinou contrato com a gravadora Philips, mais tarde Polygram (atualmente Universal Music), que lançaria quase todos os discos. Aos 22 anos, gravou o primeiro LP, Flor do Mal (1978), e o primeiro grande sucesso foi a canção Pedaço de Mim, faixa de um disco de Chico Buarque, autor da canção interpretada num dueto, que também daria título ao segundo álbum da carreira, datado de 1979, no qual outras duas canções se destacariam: "Nunca" e "Luz e mistério".

Paralelamente ao lançamento do disco e espetáculo Um Minuto Além (1981), ganhou o primeiro prémio, de cantora-revelação pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), Dê um Rolê (1984) e Amor e Música (1987). Os discos nesta época tinham uma linha comercial e as canções para bandas sonoras de telenovelas atendiam a tendências de mercado, o que caracterizava de uma maneira geral a produção musical dos anos 80.

Em 1982 gravou a canção que seria um dos maiores sucessos da carreira, Asa Morena, do disco homónimo. O grande sucesso de Asa Morena trouxe-lhe o primeiro disco de ouro. Do disco homónimo lançado em 1982, foi um sucesso radiofónico e comercial e considerada uma das 100 canções mais populares do século XX. O cantor e compositor Gonzaguinha compôs especialmente para a sua voz a canção "Viver, amar, valeu", gravada no mesmo disco.
Originalmente idealizado para a montagem do ballet teatro do Balé Teatro Guaíra (Curitiba, 1982), o espetáculo O Grande Circo Místico foi lançado em 1983. Zizi integrou o grupo seleto de intérpretes que viajaram o país apresentando a peça, um dos maiores e mais completos espetáculos teatrais já apresentados, para uma plateia de mais de duzentas mil pessoas. Zizi interpretou a canção-tema O Grande Circo Místico, composta pela dupla Chico Buarque e Edu Lobo. O espetáculo conta a história de amor entre um aristocrata e uma acrobata e a saga da família austríaca proprietária do Grande Circo Knie, que vagava pelo mundo nas primeiras décadas do século. Edu Lobo é um dos compositores com quem Zizi tem grande afinidade, com uma presença frequente nas obras, a exemplo das trilhas dos musicais Ópera do Malandro e Cambaio e dos balés A dança da meia lua e O grande circo Místico: "Ela faz disparar o coração das pessoas. Qualquer ideia que a Zizi tiver na vida eu vou sempre querer fazer com ela" (Edu Lobo).
Valendo-se ainda do filão engajado da pós-ditadura e feminismo, cantou no coro da versão brasileira de We Are the World, o hit americano que juntou vozes e levantou fundos para a África com o projeto USA for Africa. O projeto Nordeste Já (1985), abraçou a causa da seca nordestina, unindo 155 vozes num compacto, de criação coletiva, com as canções Chega de mágoa e Seca d´água. Elogiado pela competência das interpretações individuais, foi no entanto criticado pela incapacidade de harmonizar as vozes e o enquadramento de cada uma delas no coro.
A época foi marcada também por larga exposição da vida pessoal ao lado da cantora e compositora Ângela Ro Ro; os media sensacionalistas exploraram o seu relacionamento até à exaustão e a canção "Escândalo" (Caetano Veloso) foi gravada por Ro Ro sobre o episódio e lançada como faixa-título do disco (1981).
Em 1986 lançou aquele que foi um dos grandes sucessos, Perigo, que integrou a banda sonora da novela Selva de Pedra (Rede Globo), que a torna extremamente popular em todo o país. Em 1989 lançou aquele que é considerado por muitos, inclusive pela própria cantora, um dos melhores discos: Estrebucha Baby - trabalho que marcou o afastamento do padrão comercial radiofónico da época, recebido com frieza e que foi um fracasso comercial. A época também definiu a saída da gravadora, o fim do casamento de 6 anos com o produtor musical Líber Gadelha (fundador, em 1997, da gravadora independente Indie Records) e pai da filha, Luíza Possi, e o retorno à cidade natal, São Paulo.

O espetáculo temático Sobre Todas as Coisas permaneceu em cartaz por dois anos e o reportório deste reunia canções consagradas entre outras do repertório do disco anterior. O grande sucesso deste acabou por originar o álbum homónimo, lançado em 1991 pela pequena gravadora Eldorado, em formato acústico; os músicos que a acompanham são Marcos Suzano (percussão), o multi-instrumentista Lui Coimbra (violoncelo, alternando-se com violão e charango), Jether Garotti Júnior e as participações especiais de Alex Meireles e Pier Francesco Maestrini (piano). Esta ideia soou como inusitada, surpreendente e inovadora à época.
O CD, relançado em 2006, com uma tiragem limitada de mil cópias, foi um sucesso instantâneo - apesar de não veiculado pela imprensa, pois representou, esteticamente, uma mudança radical e vendeu mais que os discos até então. Concorrendo com Marisa Monte e Leny Andrade, por esse álbum ganhou dois prémios: o extinto Prémio Sharp (atual Prémio Tim de Música) e pela APCA, de melhor cantora e melhor CD de MPB em 1991. Sobre Todas as Coisas foi reconhecido posteriormente como um divisor de águas na carreira. Devido ao afastamento da linha comercial e a transferência para essa gravadora independente onde conquistou maior liberdade na escolha do repertório, os trabalhos estavam desacreditados e com baixa expectativa de venda, mas a vendagem surpreendeu e o disco foi muito elogiado pela crítica especializada, onde explorou influências mais densas e teatrais, enquanto o subsequente era mais leve e jazzístico.

O segundo trabalho nesse caminho foi Valsa Brasileira (1993), lançado desta vez pela independente Velas, fundada por Ivan Lins e o parceiro Vítor Martins. O reportório trouxe regravações de canções pouco conhecidas de compositores consagrados, com destaque para a faixa-título, de autoria da dupla Chico Buarque e Edu Lobo, tal como fizera com a faixa-título do trabalho anterior, também da dupla de compositores. A partir de então, ambas as canções seriam regravadas em voga por toda a MPB. Com este álbum, que simulou uma incursão pelos arranjos eletrónicos, conquistou novamente o Prémio Sharp de melhor disco de MPB, entrando no rol das grandes cantoras deste género. Valsa Brasileira também foi muito elogiado pela crítica especializada, devido ao repertório seletivo, cuidados técnicos e arranjos apurados. O espetáculo originado deste disco também obteve relevante sucesso, com uma marca personalista e desviando-se do padrão do mercado vigente.

A última obra da trilogia acústica intitula-se Mais Simples (1996), que marca o retorno à mesma gravadora multinacional da qual havia saído sete anos antes e o reportório apresentava canções consagradas e pouco conhecidas da MPB e do samba entre outras canções inéditas de compositores novatos e pouco conhecidos. O sucesso de vendagem voltaria quando do lançamento da primeira produção feita totalmente numa língua estrangeira, Per Amore (1997), no qual interpretou clássicos da música italiana e garantiu à cantora um disco de ouro, um de platina e um duplo de platina. O maior sucesso do disco foi a faixa-título, originalmente gravada pelo tenor italiano Andrea Bocelli, que fez parte da trilha sonora da novela Por Amor, de Manoel Carlos (Rede Globo), impulsionando o repertório e as vendas, composto basicamente de canções napolitanas pouco comerciais. A ideia da gravação surgiu da comemoração das bodas de ouro dos pais, naquele mesmo ano - e também por ser neta de italianos.
Nessa época, apostou numa maior diversificação de presenças nos espetáculos, percorrendo gerações variadas - e conquistou o Troféu Imprensa de melhor cantora do ano. Devido ao sucesso do primeiro álbum, lançou o segundo álbum em italiano, Passione (1998), considerado a continuação do anterior, cuja vendagem garantiu novamente um disco de ouro e de platina. A retomada do reportório brasileiro ocorre no álbum seguinte: Puro Prazer (1999), no qual concretizou um antigo projeto de gravar voz e piano. Tendo como destaque a gravação de Disparada e concorrendo pelo prémio Grammy Latino com a cantora argentina Mercedes Sosa, uma das cantoras que maior influência exerceu na carreira; no entanto, a colombiana Shakira venceu nas três categorias. O repertório apresentou regravações dos antigos sucessos entre outras canções consagradas e outras inéditas na voz, comemorando os dez anos de parceria entre a cantora e o pianista e maestro Jetther Garotti Júnior.
Encerrava a década de 90 conquistando o Troféu Imprensa de melhor cantora (1999).

A pedido de Marcelo Castelo Branco, presidente da Universal Music, lançou Bossa, no qual regravou canções nacionais e internacionais, de outros géneros neste estilo. O disco, na contramão do que a gravadora havia proposto, não teve nenhum lançamento oficial nem qualquer trabalho por parte da empresa para divulgação ou distribuição. As apresentações de lançamento, em São Paulo e Rio de Janeiro, foram financiadas pela própria cantora. Isso causou uma crise com a gravadora Universal e a cantora solicitou veementemente a saída da empresa, o que ocorreu ao final da temporada na casa de espetáculos Canecão (RJ, 2002). Esta crise de credibilidade da palavra entre a empresa e a cantora a levou a desistir definitivamente de longos contratos com gravadoras. Por causa de problemas familiares e de um processo de depressão, afasta-se dos palcos, durante aproximadamente três anos.
Em 2000 a Universal Music lançou a caixa tripla Três vezes Zizi, dos discos em italiano e ainda Puro Prazer, devido ao total de um milhão de cópias que os três venderam em conjunto. Nesse mesmo ano, a gravadora relançou os discos gravados na primeira fase, pela série Tudo e foi premiada na Itália em 2003 no Prêmio Carosone Internazionale. O retorno aos palcos ocorreu com o lançamento: Para Inglês ver e Ouvir (2005) com clássicos da música internacional, norte-americana e inglesa. O projeto, surgido com o repertório selecionado pela cantora para atender ao convite da casa paulistana de espetáculos noturnos Bourbon Street, foi gravado no Teatro Frei Caneca (São Paulo). Entre os méritos este conta ser o primeiro disco ao vivo lançado em 27 anos de carreira, o primeiro em inglês e o segundo DVD lançado, após Per Amore (originalmente lançado em VHS em 1998).
Em 2007 cantou na abertura dos Jogos Mundiais Militares, ao lado de Toquinho, Jorge Aragão, Alcione e a banda Paralamas do Sucesso.

Em 2008 lançou Cantos e Contos na casa paulista Tom Jazz, comemorando os 30 anos de carreira. As apresentações foram realizadas ao lado de colegas com quem mantém afinidade musical: Alcione, Alceu Valença, João Bosco, Eduardo Dusek, entre outros; da nova geração a cantora Luíza Possi e Ana Carolina. Dois anos depois, em 2010 foram lançados pela gravadora Biscoito Fino, dois DVDs de forma avulsa, que apresentam os 39 números captados em 12 apresentações entre março e maio de 2008.
Participou do álbum Elas Cantam Roberto Carlos; gravado ao vivo, lançado em CD e DVD em 2009, no qual vinte cantoras brasileiras homenageiam os 50 anos de carreira do cantor Roberto Carlos.
Em 2011 a Parada Gay do Rio de Janeiro teve como canção-tema um dos sucessos da carreira, "A Paz".

Carreira - sucessos e influências
Ao longo da carreira consagrou-se como cantora popular com sucessos como: Pedação de mim (Chico Buarque), Nunca, Luz e mistério, Meu amigo meu herói (Gilberto Gil), Caminhos do sol (Herman Torres/Salgado Maranhão), Engraçadinha, Eu velejava em você, O amor vem pra cada um (George Harrison/versão Beto Fae), Dê um rolê, Per amor, Perigo (Nico Rezende/Paulinho Lima), Esquece e vem, Noite, A paz, Toda uma história (Zizi Possi/Luiz Avelar) e principalmente Asa morena (Zé Caradípia).
Entre as vozes que mais admira cantando pode referir-se Ella Fitzgerald, e Caetano Veloso; apreciadora da música erudita, ouve as sopranos Renée Fleming, Angela Gheorghiu, música instrumental clássica e moderna, Luiza Possi, Paulinho Moska, Rolando Boldrin, Jethro Tull e Eric Clapton.


Alexandre Herculano nasceu há 203 anos

Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo (Lisboa, 28 de março de 1810 - Quinta de Vale de Lobos, Azoia de Baixo, Santarém, 13 de setembro de 1877) foi um escritor, historiador, jornalista e poeta português da era do romantismo.

Biografia
Alexandre Herculano nasceu no Pátio do Gil, à Rua de São Bento, em 28 de março de 1810; a mãe, Maria do Carmo Carvalho de São Boaventura, filha e neta de pedreiros da Casa Real; o pai, Teodoro Cândido de Araújo, era funcionário da Junta dos Juros (Junta do Crédito Público). Na sua infância e adolescência não pode ter deixado de ser profundamente marcado pelos dramáticos acontecimentos da sua época: as invasões francesas, o domínio inglês e o influxo das ideias liberais, vindas sobretudo da França, que conduziriam à Revolução de 1820. Até aos 15 anos frequentou o Colégio dos Padres Oratorianos de S. Filipe de Néry, então instalados no Convento das Necessidades em Lisboa, onde recebeu uma formação de índole essencialmente clássica, mas aberta às novas ideias científicas. Impedido de prosseguir estudos universitários (o pai cegou em 1827, ficando impossibilitado de prover ao sustento da família) ficou disponível para adquirir uma sólida formação literária que passou pelo estudo de inglês, francês, italiano e alemão, línguas que foram decisivas para a sua obra literária.
Estudou Latim, Lógica e Retórica no Palácio das Necessidades e, mais tarde, na Academia da Marinha Real, estudou matemática com a intenção de seguir uma carreira comercial.

Carreira
Com apenas 21 anos, participará, em circunstâncias nunca inteiramente esclarecidas, na revolta de 21 de agosto de 1831 do Regimento n.° 4 de Infantaria de Lisboa contra o governo ditatorial de D. Miguel I, o que o obrigará, após o fracasso daquela revolta militar, a refugiar-se num navio francês fundeado no Tejo, nele passando à Inglaterra e, posteriormente, à França (Rennes), indo depois juntar-se ao exército Liberal de D. Pedro IV, na Ilha Terceira (Açores). Alistado como soldado no Regimento dos Voluntários da Rainha, como Garrett, é um dos 7.500 "Bravos do Mindelo", assim designados por terem integrado a expedição militar comandada por D. Pedro IV que desembarcou, em 8 de julho de 1832, na praia do Mindelo (na verdade, um pouco mais a sul, na praia de Arnosa de Pampelido, um pouco a Norte do Porto - hoje "praia da Memória"), a fim de cercar e tomar a cidade do Porto (ver Desembarque do Mindelo e Cerco do Porto). Como soldado, participou em acções de elevado risco e mérito militar.
Iniciado na maçonaria em data e local desconhecidos, porventura durante o exílio em Inglaterra, ou antes, cedo a abandonou.
Nomeado por D. Pedro IV como segundo bibliotecário da Biblioteca do Porto, aí permaneceu até ter sido convidado a dirigir a Revista Panorama, de Lisboa, revista de caráter artístico e científico de que era proprietária a Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Úteis, patrocinada pela própria rainha D. Maria II, de que foi redactor principal de 1837 a 1839. Em 1842 retomou o papel de redactor principal e publicou o Eurico o Presbítero, obra maior do romance histórico em Portugal no século XIX.
Mas a obra que vai transformar Alexandre Herculano no maior português do século XIX é a sua História de Portugal, cujo primeiro volume é publicado em 1846. Obra que introduz a historiografia científica em Portugal, não podia deixar de levantar enorme polémica, sobretudo com os sectores mais conservadores, encabeçados pelo clero. Atacado pelo clero por não ter admitido como verdade histórica o célebre Milagre de Ourique – segundo o qual Cristo aparecera ao rei Afonso Henriques naquela batalha -, Herculano acaba por vir a terreiro em defesa da verdade científica da sua obra, desferindo implacáveis golpes sobre o clero ultramontano, sobretudo nos opúsculos Eu e o Clero e Solemnia Verba. O prestígio que a História de Portugal lhe granjeara leva a Academia das Ciências de Lisboa a nomeá-lo seu sócio efectivo (1852) e a encarregá-lo do projecto de recolha dos Portugaliae Monumenta Historica (recolha de documentos valiosos dispersos pelos cartórios conventuais do país), projecto que empreende em 1853 e 1854.
Herculano permanecerá fiel aos seus ideais políticos e à Carta Constitucional, que o impedira de aderir ao Setembrismo. Apesar de estreitamente ligado aos círculos do novo poder Liberal (foi deputado às Cortes e preceptor do futuro Rei D. Pedro V), recusou fazer parte do primeiro Governo da Regeneração, chefiado pelo Duque de Saldanha. Recusou honrarias e condecorações e, a par da sua obra literária e científica, de que nunca se afastou inteiramente, preferiu retirar-se progressivamente para um exílio que tinha tanto de vocação como de desilusão. Numa carta a Almeida Garrett confessara ser seu mais íntimo desejo ver-se entre quatro serras, dispondo de algumas leiras próprias, umas botas grosseiras e um chapéu de Braga. Ainda desempenhando o cargo de Presidente da Câmara de Belém (1854 a 1855), cargo que abandona rapidamente.
Quando se começou a fazer muito eco na imprensa e política portuguesa para promover o iberismo, em 1861, foi criada a Comissão Central 1.º de Dezembro de 1640 contra essa vontade e, entre outros nomes, que constam dela é o nosso Herculano que imediatamente a ela se uniu nesse ideal de raiz patriótica.
Em 1867, após o seu casamento com D. Mariana Meira, retira-se definitivamente para a sua quinta de Vale de Lobos (Azoia de Baixo, Santarém) para se dedicar (quase) inteiramente à agricultura e a uma vida de recolhimento espiritual - ancorado no porto tranquilo e feliz do silêncio e da tranquilidade, como escreverá na advertência prévia ao primeiro volume dos Opúsculos. Em Vale de Lobos, Herculano exerce um autêntico magistério moral sobre o País. Na verdade, este homem frágil e pequeno, mas dono de uma energia e de um carácter inquebrantáveis era um exemplo de fidelidade a ideais e a valores que contrastavam com o pântano da vida pública portuguesa. Isto dá vontade de morrer!, exclamara ele, decepcionado pelo espectáculo torpe da vida pública portuguesa, que todos os seus ideais vilipendiara. Aquando da segunda viagem do Imperador do Brasil, D. Pedro II, a Portugal, em 1867, Herculano entendeu retribuir, em Lisboa, a visita que o monarca lhe fizera em Vale de Lobos, mas devido à sua débil saúde contraiu uma pneumonia de que viria a falecer, em Vale de Lobos, em 13 de setembro de 1877.
Herculano foi o responsável pela introdução e pelo desenvolvimento da narrativa histórica em Portugal.
Juntamente com Almeida Garrett, é considerado o introdutor do Romantismo em Portugal, desenvolvendo os temas da incompatibilidade do homem com o meio social.
Alexandre Herculano casou, em 1 de maio de 1867, com Mariana Hermínia de Meira. Morreu na sua quinta de Vale de Lobos, Azoia de Baixo, (Santarém) em 13 de setembro de 1877. Encontra-se sepultado no Mosteiro dos Jerónimos.

Obra
Herculano deixou ensaios sobre diversas questões polémicas da época, que se somam à sua intensa actividade jornalística.
Como historiador, publicou História de Portugal de Alexandre Herculano, em quatro volumes, e História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal, e organizou Portugaliae Monumenta Historica (coleção de documentos valiosos recolhidos de cartórios conventuais do país).
A parte mais significativa da obra literária de Herculano concentra-se em seis textos em prosa, dedicados principalmente ao género conhecido como narrativa histórica. Esse tipo de narrativa combina a erudição do historiador, necessária para a minuciosa reconstituição de ambientes e costumes de épocas passadas, com a imaginação do literato, que cria ou amplia tramas para compor seus enredos. Dessa forma, o autor situa ação num tempo passado, procurando reconstituir uma época. Para isso, contribuem descrições pormenorizadas de quadros antigos, como festas religiosas, indumentárias, ambientes e aposentos, topografias de cidades. São frequentes as intervenções do narrador, que tece comentários filosóficos, sociais ou políticos, muitas vezes relacionando o passado narrado com o quotidiano do século XIX.
A narrativa de caráter histórico foi desenvolvida inicialmente por Walter Scott (1771-1832), poeta e novelista escocês que escreveu A Balada do Último Menestrel e Ivanhoé, entre outros trabalhos. Também o francês Vitor Hugo (1802-1885) serviu de modelo a Herculano: Hugo escreveu o romance histórico Nossa Senhora de Paris, em que surge Quasimodo, o famoso “Corcunda de Notre-Dame”. A partir desses modelos, desenvolveu-se a narrativa histórica de Herculano, que pode ser considerada o ponto inicial para o desenvolvimento da prosa de ficção moderna em Portugal.
As Lendas e Narrativas são formadas por textos mais ou menos curtos, que se podem considerar contos e novelas. Herculano abordou vários períodos da historia da Península Ibérica. É evidente a preferência do autor pela Idade Média, época em que, segundo ele, se encontravam as raízes da nacionalidade portuguesa.
O trabalho literário de Herculano foi, juntamente com as Viagens na Minha Terra, de Garrett, o ponto inicial para o desenvolvimento da prosa de ficção moderna em Portugal. A partir disto, as narrativas históricas foram focando épocas cada vez mais próximas do século XIX.
Deixou ainda alguma poesia, romances não históricos e peças de teatro.


A Semana Santa

XXIV
  
Minha Pátria onde existe?
..................................É lá somente!
Oh lembrança da Pátria acabrunhada
Um suspiro também tu me hás pedido;
Um suspiro arrancado aos seios d'alma
Pela ofuscada glória, e pelos crimes
Dos homens que ora são, e pelo opróbrio
Da mais ilustre das nações da terra!

A minha triste Pátria era tão bela,
E forte, e virtuosa! e ora o guerreiro
E o sábio e o homem bom acolá dormem,
Acolá, nos sepulcros esquecidos,
Que a seus netos infames nada contam
Da antiga honra e pudor e eternos feitos.
O escravo português agrilhoado
Carcomir-se lhes deixa junto às lousas
Os decepados troncos desse arbusto,
Por mãos deles plantado à liberdade,
E por tiranos derribado em breve,
Quando pátrias virtudes se acabaram,
Como um sonho da infância!...
.................................Oh vil escravo,
Imerso em vícios, em bruteza e infâmia,
Não erguerá os macerados olhos
Para esses troncos, que destroem vermes
Sobre as cinzas de heróis, e, aceso em pejo,
Não surgirá jamais? - Não há na terra
Coração português, que mande um brado
De maldição atroz, que vá cravar-se
Na vigília e no sono dos tiranos,
E envenenar-lhes o prazer por noites
De vil prostituição, e em seus banquetes
De embriaguez lançar fel e amarguras?

Não! - Bem como um cadáver já corrupto,
A nação se dissolve: e em seu letargo
O povo, involto na miséria, dorme.


XXV

Oh, talvez, como o vate, ainda algum dia
Terei de erguer à Pátria hino de morte,
Sobre seus mudos restos vagueando!
Sobre seus restos? - Nunca! Eterno, escuta
Minhas preces e lágrimas: - se em breve,
Qual jaz Sião, jazer deve Ulisseia;
Se o anjo do extermínio há-de riscá-la
Do meio das nações, que d'entre os vivos
Risque também meu nome, e não me deixe
Na terra vaguear, órfão de Pátria. 

 in A Harpa do Crente - Alexandre Herculano

Lady Gaga faz hoje 27 anos

Stefani Joanne Angelina Germanotta (Nova Iorque, 28 de março de 1986), mais conhecida pelo nome artístico Lady Gaga, é uma cantora, compositora e produtora musical nascida nos Estados Unidos. Ela começou a apresentar-se no cenário musical de rock no Lower East Side em 2003, e mais tarde matriculou-se na Tisch School of Arts da Universidade de Nova Iorque. No fim de 2007, assinou um contrato com a Streamline Records, um selo da editora discográfica Interscope Records. Durante o seu início na Interscope, trabalhou como compositora para artistas e capturou a atenção do produtor Akon, que reconheceu as suas habilidades vocais e contratou-a para a sua própria gravadora, a Kon Live Distribution.
Gaga ganhou proeminência como uma artista após o lançamento do seu álbum de estúdio de estreia, intitulado The Fame, em 2008. O disco foi um sucesso a nível crítico e comercial, tendo atingido o número um no Reino Unido, Canadá, Áustria, Alemanha e Irlanda, enquanto nos Estados Unidos alcançou a posição máxima de número dois na Billboard 200. As canções "Just Dance" e "Poker Face", co-escritas e produzidas por RedOne, tornaram-se sucessos internacionais de número um, atingindo o topo da Billboard Hot 100 nos EUA, bem como em vários outros países. O álbum, mais tarde, conseguiu um total de sete nomeações e dois prémios nos Grammy Awards. No início de 2009, ela embarcou em sua primeira turnê, a The Fame Ball Tour. No quarto trimestre do ano, lançou o extended play (EP) The Fame Monster, que contém os êxitos internacionais "Bad Romance", "Telephone" e "Alejandro", e embarcou em sua segunda turnê, a The Monster Ball Tour. The Fame Monster vendeu 6 milhões de cópias e foi o álbum mais vendido de 2010. O seu segundo álbum de estúdio, Born This Way, foi lançado em 23 de maio de 2011 e vendeu 2,2 milhões de cópias nos EUA e 8 milhões mundialmente. Além disso, produziu os singles "Born This Way", "Judas" e "The Edge of Glory", que se tornaram sucessos mundiais.
Influenciada por artistas como David Bowie, Michael Jackson, Madonna e Queen, Gaga é reconhecida pelas suas contribuições extravagantes, diferentes e exageradas para a indústria musical através da sua moda, actuações e vídeos musicais. Ela vendeu um número estimado de 23 milhões de álbuns e 64 milhões de singles no mundo, o que fez dela uma das atuais recordistas de vendas de discos no mundo. As suas conquistas incluem cinco Grammy Awards e 13 MTV Video Music Awards. A artista apareceu consecutivamente na lista dos "Artistas do Ano" da revista Billboard (conseguindo o título definitivo em 2010), posicionou-se no número quatro na lista das "100 Maiores Mulheres na Música" do VH1, e é regularmente destacada em listas elaboradas pela revista Forbes e foi nomeada uma das pessoas mais influentes do mundo pela revista Time. Em 2012, Gaga ficou posicionada no número quatro na lista das "15 Mulheres Mais Bem Sucedidas do Entretenimento " da Billboard, ganhando mais de 25 milhões de dólares.

Rachmaninoff morreu há 70 anos

Sergei Vasilievich Rachmaninoff (Semyonovo, 1 de abril de 1873 - Beverly Hills, 28 de março de 1943) foi um compositor, pianista e maestro russo, um dos últimos grandes expoentes do estilo Romântico na música clássica europeia. "Sergei Rachmaninoff" foi como o próprio compositor grafou seu nome quando viveu no ocidente, durante a última metade de sua vida. Entretanto, transliterações alternativas de seu nome incluem Sergey ou Sergej, e Rachmaninov, Rachmaninow, Rakhmaninov ou Rakhmaninoff.
Rachmaninoff é tido como um dos pianistas mais influentes do Século XX. Seus trejeitos técnicos e rítmicos são lendários, e suas mãos largas eram capazes de cobrir um intervalo de uma 13ª no teclado (um palmo esticado de cerca de 30 centímetros). Especula-se se ele era ou não portador da Síndrome de Marfan, já que se pode dizer que o tamanho de suas mãos correspondia à sua estatura, algo entre 1,91 e 1,98 m. Ele também possuía a habilidade de executar composições complexas à primeira audição. Muitas gravações foram feitas pela Victor Talking Machine Company, com Rachmaninoff executando composições próprias ou de repertórios populares.
A sua reputação como compositor, por outro lado, tem gerado controvérsia desde a sua morte. A edição de 1954 do Grove Dictionary of Music and Musicians notoriamente desprezou a sua música, descrevendo-a como "monótona em textura… consistindo principalmente de melodias artificiais e feias" e previu seu sucesso como "não duradouro". A isto, Harold C. Schonberg em seu Vidas dos Grandes Compositores, respondeu, "é uma das colocações mais vergonhosamente snobes e mesmo estúpidas a ser encontrada num trabalho que se propõe a ser uma referência objetiva". De facto, não apenas os trabalhos de Rachmaninoff se tornaram parte do reportório padrão, mas a sua popularidade tanto entre músicos quanto entre ouvintes vem, no mínimo, crescendo desde a segunda metade do século XX, com algumas de suas sinfonias e trabalhos orquestrais, canções e músicas de coral sendo reconhecidas como obras-primas ao lado dos trabalhos para piano, mais populares.
As suas composições incluem, entre várias outras: quatro concertos para piano; a famosa Rapsódia sobre um tema de Paganini; três sinfonias; duas sonatas para piano; três óperas; uma sinfonia para coral (The Bells, ou Os Sinos, baseado no poema de Edgar Allan Poe); vinte e quatro prelúdios (incluindo o famoso Prelúdio em Dó Sustenido Menor); dezassete études; muitas canções, sendo as mais famosas a V molchanyi nochi taynoi (No Silêncio da Noite), Lilacs e a sem-letra Vocalise; e o último de seus trabalhos, as Danças Sinfónicas. A maioria de suas peças parece carregada de melancolia, num estilo romântico tardio lembrando a música de Tchaikovsky, embora apareçam fortes influências de Chopin e Liszt. Inspirações posteriores incluem a música de Balakirev, Mussorgsky, Medtner (o qual ele considerou o maior compositor contemporâneo e que, de acordo com o Lives de Schonberg, retornou ao complemento por imitá-lo) e Henselt.

(...)

Rachmaninoff fez as suas primeiras apresentações nos Estados Unidos como pianista em 1909, um evento para o qual ele compôs o Concerto para Piano Nº 3 (Op. 30, 1909). Estas apresentações bem-sucedidas fizeram dele uma figura popular na América.
Após a Revolução Russa de 1917, que significou o fim da velha Rússia, Rachmaninoff, juntamente com a sua esposa e as duas filhas, deixou São Petersburgo e foi para Estocolmo, em 22 de dezembro de 1917. Eles nunca retornariam a casa novamente. Rachmaninoff então se estabeleceu na Dinamarca e passou um ano fazendo concertos pela Escandinávia. Ele saiu de Oslo (então Kristiania) para Nova Iorque em 1 de novembro de 1918, o que marcou o início do período americano da vida do compositor. Após a partida de Rachmaninoff, a sua música foi banida na União Soviética por muitos anos. A sua produção musical diminuiu, em parte porque ele teve que passar parte de seu tempo com sua família, mas principalmente por causa da saudade da sua terra natal; ele sentiu que deixar a Rússia foi como deixar para trás a sua inspiração.
O declínio nas composições de Rachmaninoff foi dramático. Entre 1892 e 1917 (vivendo principalmente na Rússia), ele escreveu trinta e nove composições com números opus. Entre 1918 e sua morte em 1943, enquanto vivia nos Estados Unidos, ele completou apenas seis.
Instalando-se nos Estados Unidos, Rachmaninoff começou a fazer gravações para Thomas Edison em 1919, usando um piano vertical, o qual o inventor admitiu ser de qualidade inferior; entretanto, os discos renderam fama ao compositor. No ano seguinte ele assinou um contrato exclusivo com a Victor Talking Machine Company e continuou a fazer gravações com a Victor até fevereiro de 1942.
Em 1931, com outros exilados russos, ele ajudou a fundar uma escola de música em Paris que posteriormente teria o seu nome, o Conservatoire Rachmaninoff. A sua Rapsódia Sobre um Tema de Paganini, um de seus trabalhos mais conhecidos hoje em dia, foi escrito na Suíça em 1934. Ele voltou a compor na Sinfonia No. 3 (Op. 44, 1935-36) e as Danças Sinfónicas (Op. 45, 1940), o seu último trabalho completo. O maestro Eugene Ormandy e a Philadelphia Orchestra estrearam as Danças Sinfónicas em 1941 na Academy of Music. Rachmaninoff caiu doente durante uma turnê de concertos em 1942, e foi subseqüentemente diagnosticado com um melanoma maligno.
Rachmaninoff e a sua esposa tornaram-se cidadãos americanos em 1 de fevereiro de 1943. O seu último recital, em 17 de fevereiro de 1943 no Alumni Gymnasium da Universidade de Tennessee em Knoxville, profeticamente performando a Sonata No. 2 em Si Bemol Menor de Chopin, que contém a famosa marcha fúnebre. Uma estátua comemorativa do último concerto de Rachmaninov existe no Parque de World's Fair, em Knoxville.
À medida que Rachmaninoff tinha a certeza de que não voltaria à sua terra natal, ele foi sendo tomado pela melancolia. Muitas pessoas que chegaram a conhecê-lo somente nesta época o descreveram como o homem mais triste que eles já haviam visto. Numa entrevista em 1961, o maestro Ormandy declarou:
Rachmaninoff foi, na realidade, duas pessoas. Ele odiava a sua própria música e estava geralmente infeliz ao executá-la ou conduzi-la para o público, então é este lado triste que o público conhece. Entretanto, entre seus amigos mais próximos, ele tinha um sentido de humor muito bom e tinha um bom espírito.
Eugene Ormandy
Rachmaninov morreu em 28 de março de 1943, em Beverly Hills, na Califórnia, apenas alguns dias antes de seu 70º aniversário, e foi enterrado em 1 de junho no cemitério de Kensico, em Valhalla. Nas horas finais de sua vida, ele insistia que podia ouvir música tocando nalgum lugar por perto. Após lhe ser repetidamente assegurado que não era o caso, ele disse: "então a música está na minha cabeça".

Mussorgsky morreu há 132 anos

Túmulo de Modest Mussorgsky no Cemitério Tikhvin do Mosteiro Aleksandr Nevsky em São Petersburgo

Modest Petrovich Mussorgsky (Karevo, Pskov, 21 de março de 1839São Petersburgo, 28 de março de 1881), compositor e militar russo conhecido por suas composições sobre a história da Rússia medieval. Foi membro do nacionalista Grupo dos Cinco, ao lado dos músicos Mily Balakirev, Aleksandr Borodin, César Cui e Nikolai Rimsky-Korsakov.



John Evan, teclista dos Jethro Tull, nasceu há 65 anos

John Evan, nascido John Spencer Evans (Blackpool, 28 de março de 1948) foi teclista da banda britânica Jethro Tull, de abril de 1970 a junho de 1980. Foi convidado por Ian Anderson para participar do álbum Benefit. Até então, a banda nunca tinha utilizado teclados nos seus trabalhos. O convite era apenas para oito meses, mas John Evan acabou ficando mais de dez anos. Frequentemente era visto usando um casaco branco por cima de uma camisa amarela e uma gravata cor-de-rosa, como nas fotos das capas de War Child e Bursting Out, e em uma pintura na capa interna do álbum Aqualung. Durante os shows, os seus gestos descontrolados lembravam pantomimas de Harpo Marx ou do Chapeleiro Maluco do livro Alice no País das Maravilhas. Deixou o grupo, juntamente com David Palmer, para formar a banda Tallis. Atualmente, John Evan é um empresário do ramo da construção civil.

Discografia com os Jethro Tull: