Da etnia
kakwa, sua ditadura foi caracterizada por
genocídios e requintes de crueldade utilizados nas execuções, daí as alcunhas de "o carniceiro de
Kampala"
e "senhor do horror", atribuídas a ele pelo povo ugandense. Idi Amin
assumiu o governo de Uganda quando era comandante-chefe das Forças
Armadas, destituindo o antigo governo civil. Era defensor de
Adolf Hitler e favorável à extinção do Estado de
Israel. O seu governo terminou em
1979, quando as tropas da
Tanzânia, que nunca reconheceram o seu governo, o destituíram sob o apoio dos
ugandenses.
Idi Amin Dada nasceu numa pequena tribo de camponeses muçulmanos de
Kakwa nas margens do
rio Nilo, num dos distritos mais remotos de
Uganda.
Alistado no
Exército britânico,
foi inicialmente ajudante de cozinha do regimento britânico King's
African Rifles. Impressionou com seu 1,90 metro de altura, e os seus 110
quilos bem como a sua habilidade pugilística, que o converteram num
campeão de
boxe na categoria de pesos-pesados do seu país, de
1951 a
1960. Após a independência do país, em
1962, tornou-se chefe do Exército do presidente
Milton Obote.
Após o golpe de estado, depois de alguns meses de moderação, iniciou
rapidamente a arbitrariedade como estilo de seu governo, que durou oito
anos, sendo um regime brutal que deixou um país arruinado e 300 mil
pessoas assassinadas. Demonstrando um temperamento megalómano, vingativo
e violento, expulsou, em
1972, cerca de 40 mil asiáticos, descendentes de imigrantes do império britânico na
Índia, dizendo que
Deus
lhe havia dito para transformar Uganda num país de homens negros. Uma
figura grande e imponente, o seu comportamento excêntrico criou a imagem
de um homem dado a explosões irregulares e foi chamado de "Big Daddy".
Uma vez declarou-se "rei da
Escócia", proibiu os
hippies e as
minissaias, e chegou a um funeral da realeza saudita usando um
kilt. Certa vez (
1999) disse a um jornal ugandês que gostava de tocar acordeão e de recitar o
Alcorão. Ficou conhecido também por debochar de vários líderes internacionais: afirmava dar conselhos ao presidente americano
Richard Nixon, criou o "Fundo Ugandense para a Salvação da
Inglaterra" e cogitou a transferência da sede da
ONU
de Nova York para a capital de Uganda. Depois de assumir o poder
(1971), tornou-se um ditador que violava os direitos humanos
fundamentais durante um "reinado de horror", segundo a Comissão
Internacional de Juristas. Foi um dos déspotas mais sanguinários da
África tendo tomado o poder num golpe militar, derrubando o presidente
Milton Obote.
Foi denunciado dentro e fora do continente africano por matar dezenas
de milhares de pessoas durante seu governo. Algumas estimativas dizem
que o número ultrapassa as cem mil pessoas. Muitos ugandeses acusavam o
ex-campeão de boxe de manter cabeças decepadas no frigorífico, de
alimentar crocodilos com cadáveres e de ter desmembrado uma de suas
esposas. Alguns diziam que praticava
canibalismo.
Rompeu relações diplomáticas com
Israel, ordenou a expulsão de 90 mil asiáticos, a maioria comerciantes
indianos e
paquistaneses, e de vários judeus. Foi recebido, em
1975, pelo
Papa Paulo VI como chefe em exercício da
Organização da Unidade Africana. Foi notícia internacional em
1976 quando, depois do sequestro de um avião da
Air France por terroristas palestinianos e da intervenção das
Forças de Defesa de Israel (FDI) na operação militar conhecida como
Operação Entebbe (ocorrida no aeroporto de
Entebbe
- nome do aeroporto onde se sucederam os fatos, que fica nos arredores
de Kampala, a 37 km do centro da cidade), foram libertados todos os
reféns. O ataque deixou 31 mortos, entre eles 20 ugandeses, uma
intervenção que foi encarada como uma humilhação pessoal, pois Idi Amin
na ocasião declarava-se neutro para a imprensa internacional, quando na
verdade apoiava os sequestradores palestinianos.
Rompeu em
1976 relações diplomáticas com o
Reino Unido e, dois anos depois, fracassa um atentado contra ele nos subúrbios de Kampala. Exilado na
Tanzânia, o líder por ele derrubado Milton Obote convocou um ataque e, no dia
11 de abril de
1979, o ditador foi derrubado pela
Frente Nacional de Libertação do Uganda (FNLU), pelas forças do presidente da Tanzânia,
Julius Nyerere, e de exilados ugandeses, e um novo regime, dirigido por
Yusuf Lule, chefe do FNLU, também seria destituído no dia
20 de Junho por
Godfrey Binaisa.
Abandonou então o país e fugiu para a
Líbia, mas teve de procurar um novo refúgio quando o presidente líbio
Muammar al-Gaddafi o expulsou do país. Recebeu asilo da
Arábia Saudita
em nome da caridade islâmica, onde passou a viver até o fim de sua
vida, acompanhado pelas suas quatro esposas e seus mais de 50 filhos.
Quando o seu estado de saúde se agravou, em Julho, uma de suas quatro
mulheres pediu para voltar a Uganda para morrer, mas o actual governo
negou o pedido, sob o argumento que se retornasse ao país seria julgado
pelas suas atrocidades.