quinta-feira, maio 08, 2014

Paul Gauguin morreu há 111 anos

Autorretrato com halo, 1889

Eugène-Henri-Paul Gauguin (Paris, 7 de junho de 1848 - Ilhas Marquesas, 8 de maio de 1903) foi um pintor francês do pós-impressionismo.

Apesar de nascido em Paris, Gauguin viveu os primeiros sete anos da sua vida em Lima, no Peru, para onde seus pais foram após a chegada de Napoleão III ao poder. O seu pai pretendia trabalhar num jornal da capital peruana e foi o idealizador da viagem. Porém, durante a longa e terrível viagem de navio acabou por adoecer e faleceu no mar alto. Assim, o futuro pintor desembarcou em Lima apenas com sua a mãe e a irmã.
Quando voltou para o seu país natal, em 1855, Gauguin estudou em Orléans e, aos 17 anos, ingressou na marinha mercante e correu o mundo. Trabalhou de seguida numa corretora de valores parisiense e, em 1873, casou-se com a dinamarquesa Mette Sophie Gad, de quem teve cinco filhos.
Aos 35 anos, após a queda da Bolsa de Paris, tomou a decisão mais importante de sua vida: dedicar-se totalmente à pintura. Começou assim uma vida de viagens e boémia, que resultou numa produção artística singular e determinante das vanguardas do século XX. Ao contrário de muitos pintores, não se incorporou ao movimento impressionista da época. Expôs pela primeira vez em 1876, mas não seria uma vida fácil, tendo atravessado dificuldades económicas, problemas conjugais, privações e doenças.
Foi então para Copenhaga, onde acabou ocorrendo o rompimento do seu casamento.
A sua obra, longe de poder ser enquadrada em algum movimento, foi tão singular como as de Van Gogh ou Paul Cézanne. Apesar disso, teve seguidores e pode ser considerado o fundador do grupo Les Nabis, que, mais do que um conceito artístico, representava uma forma de pensar a pintura como filosofia de vida.
As suas primeiras obras tentavam captar a simplicidade da vida no campo, algo que ele consegue com a aplicação arbitrária das cores, em oposição a qualquer naturalismo, como demonstra o seu famoso Cristo Amarelo,em que as cores se estendem planas e puras sobre a superfície, quase decorativamente.
O pintor parte para o Taiti em busca de novos temas e para se libertar dos condicionamentos da Europa. Então as suas telas surgem carregadas da iconografia exótica do lugar, e não faltam cenas que mostram um erotismo natural, fruto, segundo conhecidos do pintor, de sua paixão pelas nativas. A cor adquire mais preponderância representada pelos vermelhos intensos, amarelos, verdes e violetas.
Morou durante algum tempo em Pont-Aven, na Bretanha, onde a sua arte amadureceu. Posteriormente, morou no sul da França, onde conviveu com Vincent Van Gogh. Numa viagem à Martinica, em 1887, Gauguin passou a renegar o impressionismo e a empreender o "retorno ao princípio", ou seja, à arte primitivista.
Decidiu então voltar ao Taiti, porém não dispunha de recursos financeiros. Com o auxílio de amigos, também artistas, organizou um grande leilão das suas obras.
Colocou à venda cerca de 40 peças. A maioria foi comprada pelos próprios amigos de Gauguin, como por exemplo Theo Van Gogh, irmão de Vincent van Gogh, que trabalhava para a Casa Goupil (importante estabelecimento que trabalhava com obras de arte).
Mesmo conseguindo menos de 3 mil francos, em meados de 1891 regressou ao Taiti, onde pintou cerca de uma centena de quadros sobre temas indígenas, como "Vahiné no te tiare" ("A rapariga com a flor") e "Mulheres de Taiti", além de executar inúmeras esculturas e escrever um livro, Noa noa.
Quando voltou a Paris, realizou uma exposição individual na galeria de Durand-Ruel, voltou ao Taiti, mas fixou-se definitivamente na ilha Dominica. Nessa fase, criou algumas de suas obras mais importantes, como "De onde viemos? O que somos? Para onde vamos?", uma tela enorme que sintetiza toda a sua pintura, realizada antes de uma frustrada tentativa de suicídio utilizando arsénio.
Em setembro de 1901, transferiu-se para a ilha Hiva Oa, uma das Ilhas Marquesas, onde veio a falecer de sífilis.
Encontra-se sepultado no Cemitério de Atuona, Atuona, Arquipélago das Marquesas na Polinésia Francesa.

Gauguin desenvolveu as técnicas do "sintetismo" e "cloisonnisme" (alveolismo), estilos de representação simbólica da natureza onde são utilizadas formas simplificadas e grandes campos de cores vivas chapadas, que ele fechava com uma linha negra, e que mostravam uma forte influência das gravuras japonesas.
A sua pintura é caracterizada por:
  • Natureza alegórica, decorativa e sugestiva;
  • Formas dimensionais, estilizadas, sintéticas e estáticas.
Duas taitianas com flores de manga, 1899

E a Escola (Pública) que pague a Crise...

Austeridade nas escolas teve o triplo da dose prevista
Samuel Silva
06.05.2014

O aumento dos contratos de autonomia é apresentado por Crato como um dos grandes triunfos do seu mandato

Cortes na Educação atingiram os 1100 milhões nos últimos três anos. Número de professores e funcionários também desceu e há hoje mais alunos por turma e uma burocracia “brutal” para os directores.

A única operação de adição que se faz na Secundária Alberto Sampaio é a do número total de alunos. Nos últimos três anos, todas as restantes contas são de subtrair. Hoje há menos funcionários, menos professores e menos dinheiro disponível. O retrato da escola de Braga é exemplar das consequências que a aplicação do memorando de entendimento teve sobre a educação, com uma dose de austeridade que foi o triplo da prevista no documento. Agora, a ginástica na gestão dos estabelecimentos de ensino começa a dar sinais de se estar a tornar impossível. “Que não haja a ilusão de que se pode continuar a fazer sempre mais com menos”, avisa o director, José Pinto de Matos.

Esta escola de Braga é hoje a sede um dos vários mega-agrupamentos constituídos nos últimos anos no país. À volta da Alberto Sampaio reúnem-se outras nove escolas de todos os ciclos de ensino, numa área geográfica de influência que vai desde o centro de Braga aos limites do concelho vizinho de Guimarães. No ano lectivo 2011/2012, estavam ali inscritos 3309 alunos. Hoje são 3510. O aumento de 200 alunos no agrupamento não foi compensado com a entrada de novos professores.

Pelo contrário, em três anos, saíram nove docentes – hoje são 96. Foi assim um pouco por todo o país. No mesmo período, o orçamento para funcionamento do Agrupamento Alberto Sampaio, excluindo os vencimentos, sofreu uma redução de cerca de 480 mil euros. “Isto sente-se claramente no dia-a-dia”, conta Pinto de Matos. A escola foi obrigada a lançar uma campanha de redução de água e energia – da qual os alunos são “fiscais” e tem levado o consumo para recordes históricos – ou a reduzir ao mínimo possível as actividades extracurriculares, como as viagens de estudo, que impliquem um esforço financeiro das famílias, para não as onerar. De resto, “só não ficam por fazer muitas coisas dada a capacidade inventiva que vamos conseguindo ter”.

A redução no orçamento da Secundária Alberto Sampaio não permite perceber a escala dos cortes feitos a nível nacional. O memorando de entendimento com a troika previa uma redução de gastos na Educação de 370 milhões de euros para o conjunto dos dois primeiros anos de execução, através “da racionalização da rede escolar, criando agrupamentos”, da “diminuição da necessidade de contratação de recursos humanos” e da “redução e racionalização das transferências para escolas privadas com contratos de associação” (ver caixa), por exemplo. Mas logo no primeiro Orçamento do Estado deste Governo esse impacto foi ultrapassado – menos 404 milhões de euros no total.

Em 2014, a tutela inscreveu uma verba de 7956 milhões de euros no orçamento para o sector, menos 1100 milhões do que em 2011, ou seja, praticamente o triplo do corte que estava previsto. “A educação é a área social mais afectada pela austeridade”, avalia Isabel Gregório, presidente da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (Cnipe), acusando o Governo de ter ido “mais longe do que aquilo que a troika pediu”.

Os efeitos destas opções são sentidos pelos estudantes e pelas famílias no dia-a-dia das escolas. “Há agrupamentos onde já não se tira fotocópias por falta de dinheiro. Os professores mandam os trabalhos por email, para os alunos imprimirem em casa, imputando mais um custo às famílias”, denuncia.

Para Jorge Ascensão, da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), a redução do financiamento público é mesmo a principal consequência da austeridade no sector: “O corte dificulta a ideia de uma educação global e inclusiva. Hoje, não existem recursos que permitam trabalhar o estímulo e a aprendizagem, sobretudo dos alunos que não têm grande apoio na retaguarda”.

Fecho contínuo de escolas

A diminuição de 1100 milhões fez-se também por via do encerramento de escolas. Nos últimos três anos lectivos, fecharam 612 estabelecimentos de ensino, o que significa, porém, uma desaceleração face à tendência dos anos anterior. Só em 2010/11 tinham deixado de funcionar praticamente 600 escolas e desde 2002 foram mais de 6500 as antigas escolas primárias que desapareceram.

Outra redução verificada foi ao nível do pessoal. O número de funcionários não-docentes foi reduzido em mais de 5000 neste período, substituído na sua maioria por beneficiários do subsídio de desemprego, colocados nas escolas ao abrigo dos contratos emprego-inserção. O Governo não divulga números de contratações feitas ao abrigo deste modelo, mas os dirigentes escolares dizem que a prática está “generalizada”.

É assim na Secundária Alberto Sampaio, em Braga, onde o número (nove) de funcionários com contratos permanentes com o Estado que abandonaram funções nos últimos três anos é o mesmo do que aqueles que hoje têm contratos de emprego-inserção. “Estes deveriam ser lugares de contrato fixo, quer para a estabilidade do contratado, mas sobretudo da escola. São pessoas que chegam aqui sem estar preparadas e só se salva a boa vontade”, conta o director do agrupamento, José Pinto de Matos. Quando muitos destes funcionários começam a estar adaptados às novas funções, acaba o ano lectivo e são substituídos por outras pessoas nas mesmas condições. “Isso é muito sensível no ensino básico, porque os miúdos tendem a criar uma relação afectiva com os funcionários”, acrescenta o dirigente.

Também o número de professores sofreu uma diminuição acentuada ao longo do tempo de aplicação do memorando de entendimento. Em apenas dois anos – os últimos dados oficiais dizem respeito ao ano lectivo 2011/12 – saíram 11 mil professores do sector público (o total fixou-se em 151 mil), consequência do fim de isenções de horário e da diminuição do número de disciplinas, por exemplo, e resultando num aumento do número de alunos por turma.

Os professores queixam-se de estar a perder “dignidade profissional”. “Neste momento, os professores só têm tempo para dar aulas, não têm tempo para mais nada”, conta Manuel Pereira, da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE). Aos directores das escolas sobram dois papéis: o primeiro é “trabalhar constantemente” para motivar professores e alunos, o segundo é responder à burocracia.

O retrato feito pelos dirigentes dos últimos três anos é o de um aumento das obrigações em termos de prestação de contas e pedidos de autorização à tutela. “A pressão burocrática é brutal”, diz Manuel Pereira. “Cada vez mais nos sentimos assoberbados de papelada”, concorda José Pinto de Matos, corrigindo rapidamente: “De papelada não, mas de cliques. Estamos sistematicamente a preencher, muitas vezes repetindo dados, formulários para as entidades diferentes da administração central”.

Hoje é preciso pedir autorização à Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares para coisas que antes eram competências dos directores, como autorizar uma transferência de alunos ou uma visita de estudo que ultrapasse os três dias. A mensagem de Filinto Lima, dirigente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), também aponta para uma maior centralização. Os últimos anos foram marcados pelas agregações de escolas – em 2010 existiam 1300 unidades organizacionais, hoje são 811. Este processo criou “uma nova estrutura muito complexa, recheada de ineficiências, mas que são difíceis de corrigir”, avalia.

Esta realidade contrasta com aquele que é apresentado pelo Governo como um dos grandes triunfos do mantado, o aumento dos contratos de autonomia, um objectivo que era referido no memorando. Dos 22 existentes até maio de 2011, o ensino público passou para um total de 212.

As escolas têm também aprendido a lidar com as consequências generalizadas da crise. As dificuldades das famílias reflectem-se numa “instabilidade emocional” e no aproveitamento, entende Jorge Ascensão, da Confap. “Há um aumento exponencial de alunos a solicitarem escalão da Acção Social Escolar”, avança Filinto Lima, aumentando os casos de alunos com carências alimentares. Esta realidade poderá redundar num aumento do insucesso escolar, antevê Manuel Pereira. Este retrato não apanha de surpresa o director da Secundária Alberto Sampaio: “O que acontece na sociedade não fica à porta da escola”. 

in Público - ler notícia


NOTA: Crato, Crato, por que nos persegues...?!?

Há 220 anos a Revolução Francesa cortou uma das cabeças mais brilhantes de sempre de França

Antoine Laurent de Lavoisier (Paris, 26 de agosto de 1743 - Paris, 8 de maio de 1794) foi um químico francês, considerado o pai da química moderna.
É reconhecido por ter enunciado o princípio da conservação da matéria, apesar de o russo Mikhail Lomonossov tê-lo feito 14 anos antes. Além disso identificou e batizou o oxigénio, refutou a teoria flogística e participou na reforma da nomenclatura química. Célebre por seus estudos sobre a conservação da matéria, mais tarde imortalizado pela frase popular, lema das cantinas da Universidade de Coimbra:
Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.
Biografia
Nascido em uma família rica em Paris, Antoine-Laurent Lavoisier herdou uma grande fortuna com a idade de cinco anos com o falecimento de sua mãe. Ele foi educado no Collège des Quatre-Nations (também conhecido como Collège Mazarin) de 1754 a 1761, estudando química, botânica, astronomia e matemática. Ele era esperado para seguir os passos de seu pai e ainda obteve sua licença para praticar a lei em 1764 antes de voltar a uma vida de ciência.
Lavoisier é considerado o pai da química. Foi ele quem descobriu que a água é uma substância composta, formada por dois átomos de hidrogénio e um de oxigénio: o H2O. Essa descoberta foi muito importante para a época, pois, segundo a teoria de Tales de Mileto, que ainda era aceita, a água era um dos quatro elementos terrestres primordiais, a partir da qual outros materiais eram formados.
Em 16 de dezembro de 1771 Lavoisier casou com uma jovem aristocrata, de nome Marie-Anne Pierrette Paulze. A sua mulher tornou-se num dos seus mais importantes colaboradores, não só devido ao seu conhecimento de línguas (em particular o inglês e o latim), mas também pela sua capacidade de ilustradora. Marie-Anne foi responsável pela tradução, para francês, de obras científicas escritas em inglês e em latim, fazendo ilustrações de algumas das experiências mais significativas feitas por Lavoisier. Ele viveu na época em que começava a Revolução Francesa, quando o terceiro estado (camponeses, burgueses e comerciantes) disputava o poder na França.
Lavoisier foi guilhotinado em 8 de maio de 1794, após um julgamento sumário no dia anterior. Joseph-Louis de Lagrange, um importante matemático, contemporâneo de Lavoisier disse:
Não bastará um século para produzir uma cabeça igual à que se fez cair num segundo.
Participação na Academia de Ciências
Lavoisier foi pela primeira vez proposto como membro da Académie des Sciences em 1766, mas só foi eleito em 1768. Como membro de pleno direito, Lavoisier participou em comissões de investigação de novas teorias e/ou fenómenos, de forma a avaliar a sua legitimidade científica.

Avaliação do mesmerismo
O mesmerismo é uma teoria desenvolvida por Franz Anton Mesmer, com grande destaque na Europa durante a década de 1780. Segundo essa teoria, existe um único fluido no Universo, que une e relaciona todos os corpos. Este fluido se manifestaria de diferentes formas incluindo: gravidade, eletricidade, magnetismo e magnetismo animal (nos seres vivos).
(...)
Como a comissão suspeitou que as curas se deviam mais ao poder de sugestão (devido à forma como as sessões de cura eram conduzidas), decidiu realizar duas séries de experiências: uma em que as pessoas eram sujeitas ao poder de sugestão, mas não à ação sobre o fluxo magnético animal; outra em que as pessoas eram sujeitas à ação do fluxo magnético animal, mas sem serem informados deste facto. Essas experiências foram desenvolvidas, principalmente, por Lavoisier.
Rapidamente a comissão concluiu pela análise das experiências realizadas que, não existe fluxo magnético animal e que as curas resultavam simplesmente da ação do poder de sugestão. A comissão elaborou um relatório com o título de Rapport des commissaire changés par le roi de l'examen du magnétism animal, incluindo os objetivos do estudo, a descrição das experiências realizadas e as conclusões tiradas. Mais uma vez pensa-se que Lavoisier teria exercido um papel importante na elaboração desse relatório.
  
Estudo do oxigénio
Lavoisier não descobriu o oxigénio: este gás foi descoberto independentemente por dois químicos: Carl Wilhelm Scheele em 1772 e Joseph Priestley em 1774. Em outubro de 1774, Priestley visitou Paris e conversou com Lavoisier sobre as suas experiências. Este facto permitiu a Lavoisier refazer as experiências de Priestley e reformulá-las. Dessa forma, Lavoisier compreendeu melhor as características do novo gás e ainda confirmou que a combustão e a calcinação correspondem à combinação do oxigénio com outros materiais (materiais orgânicos na combustão e metais na calcinação).
Lavoisier deu ao novo gás o nome de oxigénio ("produtor de ácidos" em grego), porque considerava (erroneamente) que todas as substâncias originadas de uma calcinação originavam ácidos, em que o oxigénio se encontrava obrigatoriamente presente. Em 1789, ele formulou o princípio da conservação da matéria (Lei de Lavoisier).

Participação na Ferme Général
Em 1768 Lavoisier adquiriu uma participação na Ferme Général, o sistema utilizado naquele tempo na França para a taxação de impostos (em que, essencialmente, a Coroa concessionava essa tarefa a privados). A Ferme Général era um sistema muito impopular na época, principalmente entre os que pagavam impostos (o povo). Embora Lavoisier tivesse se retirado desse sistema, a sua ligação à Ferme Général foi causa da sua condenação à morte.
Em 17 de Setembro de 1793 foi instituída a Lei dos Suspeitos, que permitiu a criação de tribunais revolucionários para julgar possíveis traidores e punir os culpados com a pena de morte. Três dias depois, Lavoisier recebeu um mandado que permitiu o confisco e a selagem dos seus documentos. Mais tarde, os documentos foram devolvidos a Lavoisier, dando-lhe um falso sentimento de segurança.

quarta-feira, maio 07, 2014

Evita nasceu há 95 anos...

María Eva Duarte de Perón, conhecida como Evita, (província de Buenos Aires, 7 de maio de 1919 - Buenos Aires, 26 de julho de 1952) foi uma atriz e líder política argentina. Tornou-se primeira-dama da Argentina quando o general Juan Domingo Perón foi eleito presidente.

Existem dúvidas sobre o local de nascimento de Eva. No registo de nascimento consta ter sido na cidade de Junín na província de Buenos Aires. Todavia, existem indícios de que na realidade nasceu em uma estância, sessenta quilómetros a sul de Junín, próximo do povoado de Los Toldos (no município de General Viamonte).
A infância em Los Toldos e depois em Junin foi pobre. A mãe, Juana Ibarguren, era uma costureira obsessiva com limpeza, extremamente organizada e amante do estancieiro Juan Duarte, que tinha outra família, legítima, em Chivilcoy, com outros 6 filhos. Depois da morte de Juan num acidente de automóvel, Juana mudou-se com os filhos, todos dele, para Junin, para fugir das humilhações da condição de amante. O estancieiro registrou todos os filhos bastardos que teve com a costureira. Curiosamente não registou Eva e muitos historiadores relacionam este facto, tido como uma frustração para Evita, aos condicionantes psicológicos que a levariam a buscar afirmação e sucesso na vida.
Talvez por isto, já no poder, foi marcante o traço de valorização dos laços familiares dos pobres argentinos. Quando Juan Duarte morreu, Juana e os filhos com ele, Eva, Juancito, Elisa, Blanca e Erminda, todos ainda muito pequenos, saíram da zona rural onde moravam para visitar o pai morto e dar-lhe o último beijo. Foram escorraçados do velório pela viúva e pelos filhos legítimos dele. Juana bateu o pé e insistiu que os filhos tinham o direito de beijar o pai morto. Depois de negociações e para evitar bate-boca numa cerimónia fúnebre, foi-lhes permitido que o fizessem, na condição de em seguida sumirem dali. E foi o que fizeram. Depois disso Juana partiu e se mudou com os filhos com Juan para Junin, na província de Buenos Aires. Nessa época Eva, como toda adolescente provinciana, sonhava em ser artista, ser uma estrela do teatro, do cinema. Eva tinha verdadeira paixão pela atriz norte-americana Norma Shearer, o modelo de mulher e de artista desde a infância. Assistia dezenas de vezes os filmes no cineminha de Junin e jurava para si mesma que ainda teria uma casa com telefones brancos e lençóis de cetim, como Norma nos filmes, sem se permitir, é claro, um mínimo de visão crítica que lhe desse conta de que aquilo tudo era apenas de celulóide e nada mais.
Saía das sessões com as as mãos suadas e com os olhos revirados. Mas foi imbuída desta vontade de vencer, de ser Norma, de rolar com meias longas de seda com costura atrás, cabelos louros cacheados, sobre altos colchões de mola e lençóis de cetim rosa e principalmente de ter uma identidade que a bastardia lhe roubou, que a estimulou a deixar Junin e partir para tentar a carreira de atriz em Buenos Aires.

Adolescência
"Só me casarei com um príncipe ou um presidente", dizia Maria Eva Duarte quando vivia em Los Toldos, sua cidade natal no meio do pampa. Desprezada por todos como filha ilegítima, a criança almejava um futuro radiante como ouvia nas novelas de rádio, lia nas revistas de cinema e via nos filmes de Hollywood. O pai, Don Juan Duarte, proprietário de terras, havia literalmente comprado a sua mãe, a bela Juana Ibarguren, em troca de um burro e uma carroça. Da união nasceram quatro meninas e um menino. Evita, a mais nova, a 7 de maio de 1919. Ela mal conheceu o pai, que em seguida regressou ao católico lar onde o esperavam a esposa e os filhos legítimos. Dona Juana enfrentou sozinha as vicissitudes e, quando a filha mais nova,  Evita, estava com onze anos, mudou-se com os filhos para Junín, uma vila na mesma província de Buenos Aires. O preconceito, porém, era igual. Os colegas de escola, por exemplo, não tinham permissão de cortejar Evita, em razão da origem. Não obstante, suas três irmãs mais velhas progrediram socialmente. Encontraram trabalho e fizeram bons casamentos.Restaram os rebeldes: Juancito e Eva, a sonhadora decidida a tentar a vida no mundo do espetáculo. Humilhações demais lhe renderam um caráter duplamente genioso e uma vontade indomável. Aos 15 anos, no dia 2 de janeiro de 1935, ela partiu para a capital, Buenos Aires. Apelidada de "Paris da América do Sul", a cidade fora arruinada pela crise mundial de 1929-30 e dependia das exportações de carne e de trigo, Eva, pálida e morena, batia incansavelmente às portas dos teatros. O seu único trunfo, a obstinação. Fora a teimosia, que se tornou lendária, ela não tinha grande coisa a oferecer. Sem real talento artístico nem extraordinária beleza, ela era ignorante, arredia. Às humilhações vividas, somaram-se outras. Histórias bastante banais: diretores que exerciam a sedução, amantes de algumas horas. À mãe e às irmãs, que lhe suplicavam a volta para Junín, respondia sempre: "Primeiro, a celebridade".
Em janeiro de 1935, com apenas quinze anos de idade e acompanhada de Agustín Magaldi, cantor de tangos e amigo da família, considerado o Gardel do interior argentino, Eva partiu para a capital com uma malinha contendo suas poucas roupas, talvez apenas com um vestido "de sair" e mais uns trapinhos cuidadosamente lavados e engomados por Dona Juana. Com dezasseis anos, decidiu seguir a carreira artística em Buenos Aires. Em 1937 estreou no cinema no filme Segundos Afuera e, em seguida, foi contratada para fazer radionovelas.

Casamento
Em 1944 conheceu Juan Domingo Perón, então vice-presidente da Argentina e ministro do Trabalho e da Guerra. No ano seguinte, Perón foi preso por militares descontentes com sua política, voltada para a obtenção de benefícios para os trabalhadores. Evita, então apenas a atriz Eva Duarte, organizou comícios populares que forçaram as autoridades a libertá-lo. Pouco depois casou com Perón, que foi eleito presidente em 1946.
Famosa pela sua elegância e seu carisma, Evita conquista para o peronismo o apoio da população pobre, na maioria migrantes de origem rural a quem ela chamava de "descamisados".
"Ligando a figura mundialmente conhecida, de “Evita”, uma glória ‘hollywoodiana’ de proporções desmedidas, com a moça simples, a criança ultrajada, podemos chegar à conclusão de que Eva foi, possivelmente, uma personalidade dividida. De um lado, repleto de altruísmo e generosidade, há a moça simples, ‘revoltada com a injustiça’, de outro, no entanto, a mulher seduzida pelo poder. No âmago de suas preocupações sociais mais profundas, como o salário e as seguranças empregatícias para a dona de casa, encontra-se uma infância pobre e uma mãe humilhada pelas circunstâncias. Promovida pelo peronismo, e sendo principal fator de legitimação deste, a figura de Eva irá se confundir com a de uma grande estadista. Eva torna-se mais importante do que a própria imagem da Argentina real, uma vez que esta imagem é representada revestida de um aparato e de uma glória que não correspondem à realidade social da época."
Eva e Juan Perón casaram a 22 de outubro de 1945

Carreira política
O mais impressionante na história da vida de Eva foi o caminho meteórico que ela percorreu na vida pública. Entre a total obscuridade ao mais absoluto resplendor pessoal e político da vida e em seguida a morte, tudo ocorreu em apenas 7 anos. Nesse curto período ela saiu do anonimato para se tornar uma das mulheres mais importantes e poderosas do mundo. Na breve existência (morreu aos 33 anos de idade) há muitos mistérios, muitos factos obscuros, mas há principalmente uma personalidade tragicamente marcante.
"Figura chave de um regime ancorado no paternalismo e na demagogia, Evita resiste, no entanto, como uma imagem ao mesmo tempo alheia e superior ao mesmo. Mais do que uma estadista, mais do que um pivô ou um esteio sobre o qual o governo de Perón se apoia, Evita ganha voz própria porque ela encarnou em si uma série de ambições e de pretensões sociais. A sua transcendência está consubstanciada na sua fantástica ascensão sócio-política. Uma bela mulher, que venceu na vida através dos mecanismos próprios a uma mulher, só poderia espelhar um sistema de poder centrado na sedução. É só através da sedução coletiva das massas, e do fascínio, da ascese que esta sedução acarreta, que pode firmar-se um regime deste tipo."
Em Buenos Aires foi morar com Juancito, o seu irmão que servia o exército na capital e já trabalhava como vendedor numa fábrica de sabão. Levavam uma vida difícil, simples, entre as obrigações da sobrevivência e fins de semana em bares. Quando sobrava algum dinheiro desfrutavam o prazer de um puchero regado a cerveja Quilmes com os amigos da cidade grande. Eva passava o dia a procura de trabalho em rádios, revistas e, principalmente, tentando obter uma chance de trabalhar no teatro e no cinema. Depois de passar fome, se submeter aos assédios de homens importantes do mundo artístico, que lhe prometiam chances condicionadas a algumas horas nas camas vagabundas de pensões portenhas, Eva acabou por ter a primeira chance concreta no cinema, no filme Segundos Afuera. Nesse filme, no qual teve um pequeno papel secundário, obtido graças à intervenção de Emilio Kartulowicz, dono da revista Sintonía, ela teve chance de mostrar ao mundo artístico argentino a total falta de talento para a carreira de atriz. Mas como o destino sempre se impõe, foi na relação com este mundo que ela teve a grande chance: conhecer um coronel chamado Juan, o mesmo nome do seu pai, do seu irmão, da mãe, da sogra, da parteira e e da cidade que motivou o encontro do casal: San Juan. Era o Coronel Juan Domingo Perón. San Juan havia sido atingida por um terrível terramoto.
O Coronel Perón, vice-presidente da República e Ministro da Guerra e Chefe da Secretaria de Trabalho e Previdência, organizou, no ginásio do Luna Park, em Buenos Aires, um evento artístico para angariar fundos para as vítimas do terramoto. Eva, que nessa época já tinha um programa de rádio onde declamava versos, participava de rádio-novelas e falava sobre a biografia de mulheres famosas, foi ao evento acompanhada de uma amiga com quem dividia um quarto de pensão. No evento Eva se aproveitou de um ligeiro descuido de uma outra atriz principiante que se sentava ao lado do Coronel na primeira fila de cadeiras. Ela precisou se levantar e Eva sentou-se nesta poltrona, ao lado do vice-presidente. Encantada e embevecida por ter ao seu lado aquele homem de 1,90 de altura, porte atlético, sorriso irresistível e envergando um uniforme militar branco impecavelmente passado, ficou com as mãos suando, trémula, mas segura o bastante para dizer a ele a frase que provavelmente tenha servido para mudar a história da Argentina pelos futuros 40 anos:"- Coronel, obrigada por existir." Era 22 de janeiro de 1944.
O escritor argentino Tomás Eloy Martínez, autor de Santa Evita (1995) garante que a frase "Voltarei e serei milhões", atribuída a Evita e inscrita em bronze em seu túmulo, nunca foi pronunciada. Embora defenda esse ponto de vista, o escritor acha que isso pouco importa pois escrever a História difere pouco de inventar história e que a realidade e a ficção, principalmente na América Latina, se confundem.
Em 1945, durante a festa de comemoração de seus 50 anos, Perón, em companhia de Eva, Juancito, Domingo Mercante, além de alguns poucos casais e amigos ouviu soar a campainha da porta de entrada de seu apartamento. Já sem gravata e em mangas de camisa branca o coronel foi atender a porta. Nesse momento o apartamento foi invadido pelo Coronel Ávalos que, em marcha, informou ao aniversariante, fria e formalmente, que não havia mais como o exército dar-lhe apoio político e que a indicação do amigo Nicolini para os Correios fora a gota de água. No bolso da camisa branca de Perón, que tinha as mangas arregaçadas até o cotovelo, se via o alfinete da caneta de pena de ouro há pouco recebida como presente de aniversário de Juan Ramón Duarte, o Juancito.
Depois da saída do coronel Ávalos, Perón disse a Juan, com um sorriso enigmático: "Parece que seu presente veio em boa hora. Pelo jeito vou precisar usá-la para assinar minha renúncia." Embora Juancito não conseguisse naquele momento entender como poderia alguém dizer uma frase dessas com um sorriso nos lábios, seu sangue gelou e sentiu que iria desmaiar. Juancito ainda não havia descoberto como decifrar essa carta enigmática, a juntar as peças desse quebra-cabeças que atendia pelo nome de Juan Domingo Perón.
Poucos dias depois Perón foi preso por ordem de Edelmiro Farrel, então presidente provisório da República. A revolta popular foi incontrolável e o presidente viu-se com uma batata quente nas mãos. Fraco e adoentado, Farrel, vendo a temperatura política subir rapidamente resolveu trasladar Perón da prisão para o hospital militar em Buenos Aires onde ficou custodiado. Dali Perón negociou e impôs condições para a própria libertação. Político habilíssimo usou a prisão como fórmula de vitimização e de mobilização popular a seu favor. Eva, desesperada, mergulhou de cabeça numa campanha furiosa, desenfreada e descabelada pela libertação de Perón. Dois dias depois e onze dias após a prisão, era possível ver de novo, na sacada do Palácio do Governo um vulto acenando para a multidão de dezenas de milhares de simpatizantes, sorriso nos lábios, os dois braços ao alto. Era Perón.
Perón, um homem das planícies da Patagônia, um solitário que nunca deixava saber exatamente o que sentia, tinha uma personalidade peculiar e ambígua. Era uma pessoa externamente e outra, que nem ele conhecia bem, internamente. Sempre sorria, conquistava pelo sorriso, mas o que lhe marcava a complexa e ao mesmo tempo tosca personalidade era o olhar, o olhar do caçador de guanacos. Animal típico da Patagónia, o guanaco exigia do seu caçador extrema habilidade em dissimular. Para fugir do cuspo venenoso o caçador precisava distrair o animal, fazer algum gesto ou movimento para desviar o seu olhar. Só assim seria possível abatê-lo. Como hábil caçador de guanacos, o coronel Perón ouviu a declaração encantada de Eva no Luna Park. Só não sabia que também ela era uma caçadora proverbial de guanacos e naquele momento pactuou-se ali uma sociedade de ideias e interesses que os levou aos limites do poder, da glória, da riqueza e por fim, da ruína, da desmoralização mas jamais do esquecimento e da indiferença. Os nomes de Eva Perón, a Evita, e Juan Domingo Perón impregnaram-se de forma definitiva no imaginário do povo argentino, como ocorre com nossas imagos mais primitivas, lembranças arquetípicas indeléveis como os registos do DNA nas nossas células.
“Mas nem Mussolini nem Hitler levaram a sua loucura auto-induzida ao ponto de tentarem publicamente usurpar o lugar de Deus. Perón tentou.(...)Foi nesse ponto que começou a divinização de Perón. Evita deu o tom: ‘Só há um Perón... Ele é um Deus para nós...Nosso sol, nosso ar, nossa vida.’ Um ministro de governo equiparou Perón a Cristo, Maomé e Buda, como fundador de uma grande doutrina religiosa! A máquina de propaganda começou a espalhar folhetos e alusões dessa espécie. Ao mesmo tempo, empreendia-se uma campanha para canonizar Evita. Em outubro de 1951, ela foi apresentada a uma multidão peronista como ‘Nossa Senhora da Esperança’ e o próprio Perón rematou a reunião, proclamando um novo feriado, o ‘Dia de Santa Evita’. Depois da morte de Evita, em 1952, a neurose deliberada se agravou. Um porta-voz peronista, falando da sacada do palácio do governo, dirigiu-se a ela como ‘mãe nossa que estais no céu’. Exibiu-se um filme intitulado Evita imortal e a revista Mundo Peronista divulgou na capa uma Evita santificada, a quem não faltava a auréola.”
Por causa da personalidade arrebatada e por ser uma defensora incansável dos pobres, miseráveis e explorados Eva muitas vezes foi confundida como sendo uma militante de esquerda, embora nunca o tenha sido. Ela rejeitava ferrenhamente este rótulo, tendo inclusive muitas vezes estado indisposta com os comunistas ortodoxos da Argentina, que viam na ação assistencialista até mesmo um fator de atraso nas conquistas da classe operária. O voto feminino, por exemplo, reivindicação histórica das mulheres comunistas argentinas, foi implantado por um golpe de voluntarismo de Evita. Isso irritou profundamente a militância comunista, como Julieta Lanteri, Carolina Musill, Victoria Ocampo, Alicia Moreau, que defendiam a tese de que a conquista deveria ser historicamente conduzida. Quando a lei do voto feminino foi sancionada por Perón elas disseram: "agora não queremos mais votar".
 
Evita
Em determinado momento, fruto de criação da atriz Eva Duarte, surgiu a personagem "Evita". A própria Eva tinha consciência da existência autónoma da sua personagem, que ela transformou quase numa segunda personalidade. Assim, Eva Péron se referia a Evita:
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Quando escolhi ser "Evita" sei que escolhi o caminho do meu povo. Agora, a quatro anos daquela eleição, fica fácil demonstrar que efetivamente foi assim. Ninguém senão o povo chama-me de "Evita". Somente aprenderam a me chamar assim os "descamisados". Os homens do governo, os dirigentes políticos, os embaixadores, os homens de empresa, profissionais, intelectuais, etc., que me visitam costumam me chamar de "Senhora"; e alguns inclusive me chamam publicamente de "Excelentíssima ou Digníssima Senhora" e ainda, às vezes, "Senhora Presidenta". Eles não vêem em mim mais do que a Eva Perón. Os descamisados, no entanto, só me conhecem como "Evita". Eu me apresentei assim para eles, por outra parte, no dia em que saí ao encontro dos humildes da minha terra dizendo-lhes que preferia ser a "Evita" a ser a esposa do Presidente se esse "Evita" servia para mitigar alguma dor ou enxugar uma lágrima. E, coisa estranha, se os homens do governo, os dirigentes, os políticos, os embaixadores, os que me chamam de "Senhora" me chamassem de "Evita" eu acharia talvez tão estranho e fora de lugar como que se um garoto, um operário ou uma pessoa humilde do povo me chamasse de "Senhora". Mas creio que eles próprios achariam ainda mais estranho e ineficaz. Agora se me perguntassem o que é que eu prefiro, minha resposta não demoraria em sair de mim: gosto mais do meu nome de povo. Quando um garoto me chama de "Evita" me sinto mãe de todos os garotos e de todos os fracos e humildes da minha terra. Quando um operário me chama de "Evita" me sinto com orgulho "companheira" de todos os homens.
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As divergências ideológicas não impediram, depois da sua morte, que as bandeiras que ela defendia de ódio aos ricos e poderosos, que ela chamava de oligarcas e da mais absoluta e intransigente defesa dos pobres e oprimidos fossem violentamente disputadas pela direita, pelo centro e até pela extrema esquerda, personificada no grupo guerrilheiro Tupamaro. No entanto, para esses pobres que ela carinhosamente chamava de grasitas, Evita nunca foi uma líder ideológica. Para eles ela era muito mais. Era mais que a mulher do grande Perón, mais que uma benfeitora, mas a líder espiritual da nação argentina, quase uma santa. Essa ambiguidade conceptual foi sabiamente usada por todas as correntes ideológicas argentinas que usaram o justicialismo peronista para chegar ou tentar chegar ao poder depois da chamada Revolução Libertadora, o golpe de Estado que depôs Perón em 1955.
 
Às 20.25 horas de 26 de julho de 1952, morre aos 33 anos, de cancro do útero. Embalsamado, o seu corpo ficou exposto à visitação pública até que, durante o golpe de Estado que derrubou Perón em 1955, o seu cadáver foi roubado e enterrado no Cemitério Monumental de Milão, Itália. Dezasseis anos mais tarde, em 1971, o corpo foi exumado e transladado para a Espanha. Ali foi entregue ao ex-presidente Perón, que vivia exilado em Madrid. O médico argentino que embalsamou Evita revelou que fora um trabalho perfeito, uma vez que, Evita parecia "uma boneca" devido a sua baixa estatura, pele alva e vestido de cetim branco. Após a vinda do esquife da Espanha numa caixa de vidro... Evita parecia adormecida.
"Evita havia se diluído, estava em todos os lugares! A sua identificação à sua pátria fora tão completa e consumada que agora, morta enquanto integridade física coesa, ela vivia, enquanto mito, em todos os recantos da Argentina."
Perón voltou à Argentina em 1973 e foi reeleito presidente, tendo a terceira mulher, Isabelita Perón, como vice. Após sua morte, em 1974, Isabelita Perón trouxe o corpo de Evita para a Argentina onde foi exposto novamente por um breve período. Foi então enterrada novamente no mausoléu da família Duarte no cemitério da Recoleta, na cidade de Buenos Aires.
 

O afundamento do navio Lusitania foi há 99 anos

O RMS Lusitania foi um navio da companhia Cunard Line, lançado em 1907. O seu nome era uma homenagem à província romana da Lusitânia, que hoje é parte do território de Portugal.
Foi construído, juntamente com o RMS Mauretania, para competir com outros navios transatlânticos alemães. O Lusitania e o Mauretania foram, durante alguns anos após o final de sua construção, os maiores navios do mundo. Superados apenas depois em 1912 pelo RMS Titanic navio da White Star Line, o Titanic fazia parte dos navios da Classe Olympic ou seja, era igual a seus irmãos RMS Olympic e HMHS Britannic. A sua viagem inaugural, partindo do porto de Liverpool com destino a cidade de Nova Iorque, teve início em 7 de setembro de 1907.
O Lusitania foi torpedeado por um submarino alemão, a 7 de maio de 1915 durante a Primeira Guerra Mundial, afundou e deixando quase 2.102 mortos. Este acontecimento provocou grande consternação na opinião pública dos Estados Unidos, que era à data uma nação neutral no conflito, e de onde era originária a maior parte dos passageiros, o que desencadeou um processo que veio a culminar, dois anos mais tarde, na entrada dos Estados Unidos na guerra, após a descodificação do Telegrama Zimmermann.

Luiz Pacheco nasceu há 89 anos

(imagem daqui)

Luiz José Gomes Machado Guerreiro Pacheco (Lisboa, 7 de maio de 1925 - Montijo, 5 de janeiro de 2008) foi um escritor, editor, polemista, epistológrafo e crítico de literatura português.
Nasceu em 1925, na freguesia de São Sebastião da Pedreira, numa velha casa da Rua da Estefânia, filho único, no seio de uma família da classe média, de origem alentejana, com alguns antepassados militares. O pai era funcionário público e músico amador. Na juventude, Luiz Pacheco teve alguns envolvimentos amorosos com raparigas menores como ele, que haveriam de o levar por duas vezes à prisão.
Desde cedo teve a biblioteca do seu pai à sua inteira disposição e depressa manifestou enorme talento para a escrita. Estudou no Liceu Camões e chegou a frequentar o primeiro ano do curso de Filologia Românica da Faculdade de Letras de Lisboa, onde foi óptimo aluno, mas optou por abandonar os estudos. A partir de 1946 trabalhou como agente fiscal da Inspecção Geral dos Espectáculos, acabando um dia por se demitir dessas funções, por se ter fartado do emprego. Desde então teve uma vida atribulada, sem meio de subsistência regular e seguro para sustentar a família crescente (oito filhos, de três mães adolescentes), chegando por vezes a viver na maior das misérias, à custa de esmolas e donativos, hospedando-se em quartos alugados e albergues, indo à Sopa dos Pobres. Esse período difícil da vida inspirou-lhe o conto Comunidade, considerado por muitos a sua obra-prima. Nos anos 1960 e 70, por vezes viveu fora de Lisboa, nas Caldas da Rainha e em Setúbal.
Começa a publicar a partir de 1945 diversos artigos em vários jornais e revistas, como O Globo, Bloco, Afinidades, O Volante, Diário Ilustrado, Diário Popular e Seara Nova. Em 1950, funda a editora Contraponto, onde publica escritores como Raul Leal, Vergílio Ferreira, José Cardoso Pires, Mário Cesariny, António Maria Lisboa, Natália Correia, Herberto Hélder, etc., tendo sido amigo de muitos deles. Dedicou-se à crítica literária e cultural, tornando-se famoso (e temido) pelas suas críticas sarcásticas, irreverentes e polémicas. Denunciou a desonestidade intelectual e a censura imposta pelo regime salazarista. Denunciou, de igual modo, plágios, entre os quais o cometido por Fernando Namora, em Domingo à Tarde, sobre o romance Aparição de Vergílio Ferreira - "O caso do sonâmbulo chupista" (Contraponto).
A sua obra literária, constituída por pequenas narrativas e relatos (nunca se dedicou ao romance ou ao conto) tem um forte pendor autobiográfico e libertino, inserindo-se naquilo a que ele próprio chamou de corrente "neo-abjeccionista". Em O Libertino Passeia por Braga, a Idolátrica, o Seu Esplendor (escrito em 1961), texto emblemático dessa corrente e que muito escândalo causou na época da sua publicação (1970), narra um dia passado numa Braga fantasmática e lúbrica, e a sua libertinagem mais imaginária do que carnal, que termina de modo frustrantemente solitário.
Alto, magro e escanzelado, calvo, usando óculos com lentes muito grossas devido a uma forte miopia, vestindo roupas usadas (por vezes andrajosas e abaixo do seu tamanho), hipersensível ao álcool (gostava de vinho tinto e de cerveja), hipocondríaco sempre à beira da morte (devido à asma e a um coração fraco), impenitentemente cínico e honesto, paradoxal e desconcertante, é sem dúvida, como pícaro personagem literário, um digno herdeiro de Luís de Camões, Bocage, Gomes Leal ou Fernando Pessoa.
Debilitado fisicamente e quase cego devido às cataratas, mas ainda a dar entrevistas aos jornais, nos últimos anos passou por três lares de idosos, tendo mudado em 2006 para casa do seu filho João Miguel Pacheco, no Montijo e daí para um lar, na mesma cidade.
Um ano após a morte de Mário Cesariny, a 26 de novembro de 2007, em jeito de homenagem ao poeta, Comunidade foi editada em serigrafia/texto com pinturas de Artur do Cruzeiro Seixas pela Galeria Perve. Nessa efeméride, Luiz Pacheco foi entrevistado pela RTP, no seu quarto e último lar de idosos.
Morreria algumas semanas depois, a 5 de janeiro de 2008, de doença súbita, a caminho do Hospital do Montijo, onde declararam o óbito às 22.17 horas.


A Nona Sinfonia foi tocada (e cantada...) pela primeira vez há 190 anos!

A Sinfonia n.º 9 em ré menor, op. 125, "Coral", é a última sinfonia completa composta por Ludwig van Beethoven. Completada em 1824, a sinfonia coral mais conhecida como Nona Sinfonia é uma das obras mais conhecidas do repertório ocidental, considerada tanto ícone quanto predecessora da música romântica, e uma das grandes obras-primas de Beethoven.
A nona sinfonia de Beethoven incorpora parte do poema An die Freude ("À Alegria"), uma ode escrita por Friedrich Schiller, com o texto cantado por solistas e um coro em seu último movimento. Foi o primeiro exemplo de um compositor importante que tenha utilizado a voz humana com o mesmo destaque que a dos instrumentos, numa sinfonia, criando assim uma obra de grande alcance, que deu o tom para a forma sinfônica que viria a ser adotada pelos compositores românticos.
A sinfonia n.º 9 tem um papel cultural de extrema relevância no mundo atual. Em especial, a música do último movimento, chamado informalmente de "Ode à Alegria", foi rearranjada por Herbert von Karajan para se tornar o hino da União Europeia. Outra prova de sua importância na cultura atual foi o valor de 3,3 milhões de dólares atingido pela venda de um dos seus manuscritos originais, feita em 2003 pela Sotheby's, de Londres. Segundo o chefe do departamento de manuscritos da Sotheby's à época, Stephen Roe, a sinfonia "é um dos maiores feitos do homem, ao lado do Hamlet e do Rei Lear de Shakespeare".
Foi apresentada pela primeira vez a 7 de maio de 1824, no Kärntnertortheater, em Viena, na Áustria. O regente foi Michael Umlauf, diretor musical do teatro, e Beethoven - dissuadido da regência pelo estágio avançado de sua surdez - teve direito a um lugar especial no palco, junto ao maestro.


Johannes Brahms nasceu há 181 anos

Johannes Brahms (Hamburgo, 7 de maio de 1833 - Viena, 3 de abril de 1897) foi um compositor alemão, uma das mais importantes figuras do romantismo musical europeu do século XIX.
Hans von Bülow faz referência de Brahms como um dos "três Bs da música", apelidando sua primeira sinfonia como décima, fazendo referência à sua sucessão a Beethoven.


Tchaikovsky nasceu há 174 anos

Piotr Ilitch Tchaikovsky (Kamsko-Wotkinski Sawod, actual Tchaikovsky, 7 de maio de 1840 - São Petersburgo, 6 de novembro de 1893) foi um compositor romântico russo que compôs géneros como sinfonias, concertos, óperas, ballets, para música de câmara e obras para coro para liturgias da Igreja Ortodoxa Russa. Algumas das suas obras encontram-se entre as mais populares do repertório erudito. Este foi o primeiro compositor russo a conquistar fama internacional, tendo sido maestro convidado no final da sua carreira pelos Estados Unidos e Europa. Como exemplo pode considerar-se o concerto inaugural do Carnegie Hall de Nova Iorque, em 1891. Tchaikovsky foi honrado em 1884 com uma pensão vitalícia pelo Imperador Alexandre III.
Tchaikovsky foi educado para ter uma carreira como funcionário público. Na sua época as oportunidades para se ter uma carreira musical (na Rússia) eram escassas e não existia um sistema público de educação musical. Quando surgiu a oportunidade, ingressou no Conservatório de São Petersburgo, onde se graduou em 1865.
A sua vida foi preenchida por crises pessoais e depressões. Estas crises advém do facto de a sua mãe ter falecido prematuramente e do colapso da sua relação com a viúva Nadezhda von Meck. A sua homossexualidade foi sempre mantida em segredo. A sua morte prematura aos 53 anos de idade é atribuída à Cólera, mas especula-se um possível suicídio.
Embora não faça parte do chamado Grupo dos Cinco (Mussorgsky, César Cui, Rimsky-Korsakov, Balakirev e Borodin) composto por compositores nacionalistas russos, a sua música tornou-se conhecida e admirada pelo seu carácter distintamente russo, bem como pelas suas ricas harmonias e vivas melodias. As suas obras, no entanto, foram muito mais ocidentalizadas que as de seus compatriotas, uma vez que utilizava elementos internacionais em simultâneo com melodias populares nacionalistas russas. Tchaikovsky, assim como Mozart, é um dos poucos compositores aclamados que se sentia igualmente confortável escrevendo óperas, sinfonias, concertos e obras para piano.


D. Vicente da Câmara faz hoje 86 anos!

(imagem daqui)

D. Vicente Maria do Carmo de Noronha da Câmara (Lisboa, 7 de maio de 1928) é um fadista português.

Vicente da Câmara nasceu em berço aristocrata, único filho de D. João Luís Seabra da Câmara, notável radialista e locutor Emissora Nacional portuguesa, e de sua primeira mulher D. Maria Edite do Carmo de Noronha, e cresce sob influência de uma educação marcadamente ligada ao fado, em particular da sua tia, D. Maria Teresa de Noronha e de D. João do Carmo de Noronha, seu tio-avô. Mais tarde viria a dizer:
Cquote1.svg O que é a aristocracia? A aristocracia tanto pode estar no povo como noutra coisa qualquer. (...) O aristocrata é aquele que sobressaiu. Cquote2.svg
Vicente da Câmara
É portanto naturalmente que entra nos meandros do fado, e tendo ganho um concurso, abre as portas da Emissora Nacional com 20 anos, em 1948. Dois anos mais tarde assina o primeiro contrato discográfico com a editora Valentim de Carvalho e, a partir daí, grava êxitos como Fado das Caldas e Varina.
Progressista do fado castiço, o mais tradicional de Lisboa, era dado ao improviso e destacou-se pela sua voz timbrada, naturalidade com que interpreta as suas músicas e utilização de melismas, raridade no fado.
Durante uma entrevista, insurge-se contra as convenções políticas e afirma ser o fado uma música pobre, e que é na pobreza que reside a riqueza, grandeza, liberdade e valor.
Afincadamente contra os mais conservadores que apenas recriavam os clássicos, ficou para a posteridade o seu maior sucesso, A moda das tranças pretas, que constituiu entre os outros fados do seu repertório, um ex-libris do fado castiço. Segundo a história, tê-lo-á composto entre 1955 e 1956 num quarto de hotel em Santarém. Em 1967 surge o contrato com a Rádio Triunfo.
Na década de 1980, já com algumas digressões internacionais na carreira, as atenções do oriente prenderam-se no fado, e tal entre uma vaga de fadistas como Amália Rodrigues, Maria Amélia Proença e outros, fez digressões no Extremo Oriente. Em 1989 assinala o quadragésimo aniversário da sua carreira no Cinema Tivoli.
Casado em Lisboa a 23 de abril de 1955 com Maria Augusta de Melo Novais e Ataíde (Évora, 30 de junho de 1929 - 28 de setembro de 2011), é pai do também fadista José da Câmara, é um dos poucos fadistas restantes da geração do fado aristocrata. Em 2007 o seu trabalho ficou imortalizado no filme Fados, de Carlos Saura.


terça-feira, maio 06, 2014

António Pinto Basto faz hoje 62 anos

(imagem daqui)

António João Ferreira Pinto Basto (Évora, 6 de maio de 1952) é um fadista português.

Filho do engenheiro António Ferreira Pinto Basto (Aveiro, Glória, 12 de maio de 1913 - ?) e de sua mulher Maria Luísa de Matos Fernandes de Vasconcelos e Sá (Lisboa, São Mamede, 17 de agosto de 1920 - ?), sobrinha-bisneta do 1.º Barão de Albufeira, casados em Estremoz, Evoramonte, na Casa da Juceira, Capela do Coração de Jesus, a 20 de abril de 1941,
Engenheiro mecânico de formação, António Pinto Basto licenciou-se no Instituto Superior Técnico, em 1974. Cedo demonstrou o gosto pela música, tendo iniciado a sua carreira ainda na década de 70.
Casou em Lisboa, , na Igreja de Santo António da Sé, com Amélia Maria Esparteiro Lopes da Costa (Lisboa, São Sebastião da Pedreira, 1 de agosto de 1957, irmã de Luís Esparteiro), de quem tem 3 filhos - Egas Lopes da Costa Pinto Basto, Gustavo Lopes da Costa Pinto Basto e Maria Amélia Lopes da Costa Pinto Basto. Tem também dois filhos de Mariana Tavares de Magalhães de Oliveira (Lisboa, Alfama, 23 de novembro de 1981), a saber: Carlota do Carmo Tavares Ferreira Pinto Basto e António Maria Tavares Ferreira Pinto Basto.
Em 1988 consagra-se junto do grande público com o álbum Rosa Branca, um êxito apresentado em mais de 120 concertos. Seguiu-se Maria (1989) que repetiu o sucesso de vendas.
Confidências à Guitarra foi editado em 1991). Segue-se a colectânea Os Grandes Sucessos de António Pinto Basto (1993) e Desde o Berço (1996).
Em 1997 realizou uma digressão na Turquia, numa iniciativa da Comissão Europeia. Em 2000 conduziu o programa Fados de Portugal, na RTP1.
Sobre várias letras de fado publicadas em volume (letras do fado vulgar, Quetzal, 1998), José Campos e Sousa compôs as peças que em 2003 são gravadas na voz de António Pinto Basto.
Faz parte do grupo Quatro Cantos, onde recuperam grandes nomes do fado. Tem-se apresentado em países como África do Sul, Brasil, Índia, EUA, Canadá ou Macau. Foi vereador na Câmara Municipal de Estremoz, eleito pelo Partido Social Democrata. É ainda conhecido por ser monárquico.