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segunda-feira, fevereiro 20, 2023

O vulcão Paricutín surgiu, ex nihilo, no México, há oitenta anos...!

    
O Paricutín é um vulcão muito recente situado no estado de Michoacán, no México, (19°29'35.70"N, 102°15'3.93"O), entre as povoações de San Juan Parangaricutiro (El nuevo) e Angahuan. Está incluído em algumas listas das sete maravilhas naturais do mundo. A cidade mais próxima deste vulcão é Uruapan.
A maior parte do desenvolvimento deste vulcão ocorreu durante o seu primeiro ano de existência (1943), enquanto se encontrava na sua fase piroclástica explosiva. Durante diversas semanas desse ano, um grande número de ruídos estranhos foram ouvidos pelos habitantes em torno da pequena aldeia de Paricutín, apesar das condições meteorológicas serem normais.
   
O vulcão Paricutín no início da sua atividade
    
O primeiro ano do vulcão
A atividade sísmica intensificou-se a 20 de fevereiro de 1943, quando o agricultor Dioniso Pulido testemunhou a abertura de uma fissura vulcânica no meio do seu campo de milho. De acordo com alguns testemunhos, os aldeões tentaram fechar as fissuras enchendo-as com as rochas e o solo, antes que pequenas explosões e tremores violentos começassem a agitar a área. Os residentes das aldeias próximas fugiram e, 24 horas após o aparecimento da fissura inicial, o vulcão já tinha construído um cone com 50 metros de altura. No espaço de uma semana esta altura tinha já duplicado.
No mês de março seguinte, a atividade do vulcão intensificou-se, ejetando a cinza no ar em colunas de vários quilómetros de altura e começando a avançar sobre as povoações de Paricutín e de San Juan (conhecida também como San Juan Parangaricutiro). Em 12 de junho, um grande fluxo de lava tinha começado a atingir Paricutín, que foi evacuada no dia seguinte. San Juan seria evacuada meses mais tarde, e por agosto desse ano, ambas as localidades tinham sido abandonadas, soterradas, em grande parte, por lava e cinza.
   
Vestígios da velha povoação de San Juan Parangaricutiro na atualidade
     
Diminuição de atividade
Muito do crescimento do vulcão ocorreu durante o primeiro ano, quando se encontrava ainda na fase piroclástica explosiva. No fim desta fase, após aproximadamente um ano, o vulcão tinha crescido até aos 336 metros de altura. Nos oito anos seguintes o vulcão continuaria em erupção, embora este período fosse dominado por erupções relativamente ligeiras de lava, que chamuscariam os 25 quilómetros quadrados em torno. A atividade do vulcão declinaria lentamente durante este período até os últimos seis meses da erupção, durante a qual a atividade violenta e explosiva foi frequente. Em 1952, a erupção terminou, e o Paricutín parou de crescer, alcançando uma altura final de 424 metros acima do terreno em que "nasceu" (elevação de 3170 metros acima do nível do mar, uma vez que se situa num plateau vulcânico elevado). Como a maioria dos cones de cinza, o Paricutín é um vulcão monogenético, o que significa que nunca voltará a ocorrer uma erupção.
O Paricutín é um dos dois vulcões que se sabe terem sido formados na história recente. O outro, cujo aparecimento ocorreu aproximadamente 183 anos antes, é conhecido como El Jorullo. O Paricutín e o El Jorullo são as formações vulcânicas mais recentes do campo vulcânico de Michoacán - Guanajuato, que é pontilhado com muitos cones de cinza, fluxos de lava, pequenos vulcões, abóbadas de lava e maars.
O vulcanismo é um aspeto comum na paisagem mexicana. O Paricutín é meramente o mais novo dos mais de 1.400 respiradouros vulcânicos que existem na cadeia vulcânica Trans-Mexicana, que se estende pela região que inclui Michoacán e Guanajuato. Este vulcão é original pelo facto de que a sua formação foi testemunhada desde o início. Surpreendentemente, nenhuma morte foi causada pela erupção, embora três pessoas tenham morrido em consequência de relâmpagos associados à erupção.
      

quinta-feira, fevereiro 16, 2023

Orlando Ribeiro nasceu há 112 anos

Orlando Ribeiro (à esquerda) no Pico do Fogo, na ilha do Fogo, Cabo Verde, durante a erupção de 1951

   
Orlando Ribeiro (Lisboa, 16 de fevereiro de 1911 - Lisboa, 17 de novembro de 1997) foi um geógrafo e historiador português.
   
(...)
     
Ribeiro dedicou toda a sua vida ao ensino e investigação em Geografia, e é a justo título considerado como o renovador desta ciência em Portugal. Foi também o geógrafo português do século XX com mais projecção ao nível internacional. A sua vasta obra inclui não só científicos na Geografia, mas revela também uma diversidade de interesses intelectuais invulgares. Orlando Ribeiro licenciou-se em Geografia e História em 1932, e veio a doutorar-se em 1935 pela Universidade de Lisboa com a tese A Arrábida, esboço geográfico. Entre 1937 e 1940 (durante a guerra) viveu em Paris, e trabalhou na Sorbonne, com Marc Bloch, Emmanuel de Martonne e A. Demangeon. Em 1940, foi nomeado professor da Universidade de Coimbra, mas rapidamente se instalou em Lisboa. Em 1943, já em Lisboa, fundou o Centro de Estudos Geográficos.
Da sua intensa atividade científico-académica destaca-se Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico. Em 1966, o Centro de Estudos Geográficos começou a publicar a revista Finisterra, que foi e continua a ser a principal publicação da Geografia portuguesa, com projeção internacional.
O interesse intelectual de Ribeiro pela História, Antropologia e Etnografia foi desenvolvido essencialmente enquanto discípulo de David de Melo Lopes e de Leite de Vasconcelos. Ribeiro lançou-se também na Geologia com Carlos Teixeira. Trabalhou ainda com Juvenal Esteves, Barahona Fernandes e Celestino da Costa.
Recebeu o grau de Grande Oficial da Ordem de Santiago da Espada, em 1987.
 

segunda-feira, setembro 19, 2022

Há um ano começou uma erupção nas Canárias


La erupción volcánica de La Palma de 2021 se inició el 19 de septiembre en el paraje de Cabeza de Vaca, cercano a la localidad de El Paraíso del municipio de El Paso, en la isla de La Palma, perteneciente al archipiélagoatlántico de Canarias.​ Se trata de la primera erupción en la isla desde la del Teneguía en 1971 y la primera producida en Canarias desde la submarina de El Hierro de 2011.  La erupción se detuvo el 13 de diciembre tras 85 días de actividad, siendo la erupción histórica más larga registrada en la isla y tercera en el archipiélago, tras Timanfaya en Lanzarote y Tagoro en El Hierro.

 


Extensión de la colada de lava con resaltado de edificios destruidos, el 23 de noviembre de 2021


El origen de la erupción se produjo en una nueva boca en el accidente geográfico de la Dorsal de Cumbre Vieja, donde ya existen diferentes conos volcánicos. Aún tras la finalización de la erupción volcánica el 13 de diciembre de 2021, el nuevo respiradero todavía no tenía nombre oficialmente. Los respiraderos de los volcanes de La Palma han recibido tradicionalmente el nombre de la zona geográfica donde surgió, que normalmente procede de la topografía benahoarita, o el nombre del santo en cuya festividad comenzó la erupción.​ Una de las primeras propuestas de nombre para el nuevo respiradero fue Jedey, en honor a un pueblo cercano, pero esto no fue recibido con buenos ojos.​ Sin embargo, una propuesta más acorde a la zona geográfica fue Tajogaite,​ por el nombre aborigen de Montaña Rajada, el área del lugar de la erupción, en la Hoya de Tajogaite. Este nombre gano apoyo más amplio por la ciudadanía, la cual en un proceso participativo no vinculante seleccionó Volcán de Tajogaite como nombre para el volcán.

 

in Wikipédia

quarta-feira, agosto 24, 2022

Pompeia foi destruida pelo Vesúvio há 1943 anos

 
Pompeia foi outrora uma antiga cidade do Império Romano situada a 22 quilómetros da cidade de Nápoles, na Itália, no território do atual município de Pompeia. A antiga cidade foi destruída durante uma grande erupção do vulcão Vesúvio em 24 de agosto do ano 79 d.C.
     
    
A antiga cidade foi destruída durante uma grande erupção do vulcão Vesúvio no ano 79, que provocou uma intensa chuva de cinzas que sepultou completamente a cidade. Ela manteve-se oculta durante cerca de dezasseis séculos, até ser reencontrada, por acaso, em 1748. Cinzas e lama protegeram as construções e objetos dos efeitos do tempo, moldando também os corpos das vítimas, o que fez com que fossem encontradas do modo exato como foram atingidas pela erupção. Desde então, as escavações proporcionaram um sítio arqueológico extraordinário, que possibilita uma visão detalhada na vida de uma cidade dos tempos da Roma Antiga.
Classificada como Património Mundial pela UNESCO, juntamente com Herculano e Torre Annunziata, Pompeia é uma das atrações turísticas mais populares da Itália, com aproximadamente 2.500.000 visitantes por ano.
    
   
A erupção do Vesúvio em 79 foi uma das mais conhecidas e catastróficas erupções vulcânicas de todos os tempos. Nas cercanias as cidades romanas de Pompeia, Herculano, Estábia e Oplontis foram afetadas, com Pompeia e Herculano sendo completamente destruídas. O Vesúvio espalhou uma nuvem mortal de rochas, cinzas e gases que chegou a uma altura de mais de 30 quilómetros, cuspindo lava e pedra-pomes a uma proporção de 1.5 milhão de toneladas por segundo e libertando no total uma energia térmica centenas de milhares de vezes maior do que a do bombardeamento de Hiroshima.
Estima-se que 16.000 cidadãos de Pompeia e Herculano morreram devido ao fluxo piroclástico hidrotermal de temperaturas superiores a 700 °C. Desde 1860, quando escavações sistemáticas passaram a ser realizadas em Pompeia, os arqueólogos descobriram nos limites da cidade as cascas petrificadas dos corpos decompostos de 1.044 vítimas.
 

domingo, junho 12, 2022

A crise sísmico-vulcânica em S. Jorge - baixou o risco de erupção

Atividade Sísmica na ilha de S. Jorge - atualização

09.06.2022 - 13.20


O Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) informa que a crise sismovulcânica que se tem vindo a registar na ilha de S. Jorge desde as 16:05 (hora local = UTC-1) do dia 19 de março continua acima do normal, estendendo-se, grosso modo, ao longo de uma faixa com direção WNW-ESE, desde a Ponta dos Rosais até à zona do Norte Pequeno – Silveira.

Até ao momento (10:00 hora local = UTC), foram registados aproximadamente 37.411 eventos de baixa magnitude e de origem tectónica. O sismo mais energético desta crise ocorreu no dia 29 de março, às 21:56 (hora local = UTC), teve epicentro a cerca de 2 km a SSW de Velas e uma magnitude 3,8 (Richter). Até ao momento foram identificados cerca de 287 sismos sentidos pela população.
 
Globalmente, a atividade sísmica das últimas semanas apresenta uma ligeira tendência decrescente, por vezes interrompida por pequenos períodos de maior frequência e/ou energia libertada, situando-se presentemente os hipocentros, no geral, a profundidades superiores a 5 km.
 
No âmbito da monitorização geodésica, os dados existentes desde o início de abril não evidenciam deformação significativa na zona epicentral.
 
As campanhas de medição de gases e temperatura no solo que se vêm desenvolvendo desde o início desta crise na área epicentral não resultaram, até à data, na identificação de anomalias resultantes da atividade sismovulcânica, mantendo-se os levantamentos de campo.
 
As campanhas de hidrogeoquímica nas águas subterrâneas dos dois furos de captação monitorizados (Queimada II e Ribeira do Nabo - IROA) não têm revelado variações significativas que possam ser associadas à crise sismovulcânica em curso.
 
A integração da informação disponível permite concluir que as estruturas tectónicas onde se desenvolveram as erupções históricas de 1580 e 1808, e a crise sismovulcânica de 1964, no Sistema Vulcânico Fissural de Manadas, foram reativadas, sendo de admitir que no início do fenómeno ocorreu uma intrusão magmática em profundidade. 
 
A diminuição da atividade sísmica, ainda que de forma lenta, e a observação de tal padrão ao longo das últimas semanas, assim como a ausência de outros sinais anómalos ao nível da deformação, dos gases e das águas, levaram o CIVISA a determinar a descida do Nível de Alerta Científico de V4 para V3 na ilha de S. Jorge. A atividade sísmica continua, no entanto, muito acima dos valores de referência para a região, pelo que se mantém a possibilidade de se registarem eventos sentidos e não se pode excluir a eventual ocorrência de sismos de magnitude mais elevada.
 
O CIVISA mantém os níveis de monitorização na ilha de S. Jorge e está a providenciar o reforço da rede de observação sismovulcânica permanente, no sentido de, caso o padrão de atividade se inverta, poder detetar sinais precursores de uma nova situação pré-eruptiva.

Alertas anteriores:
Alerta V4 – Dia 23 de março às 15h30;
Alerta V3 – Dia 20 de março às 02h40;
Alerta V2 – Dia 20 de março às 00h40.


O CIVISA retirou igualmente o alerta para o Centro de Controlo Aéreo de Santa Maria (ACC Santa Maria), para o Volcanic Ash Advisory Centre (VAAC) de Toulouse e para o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

 

in CIVISA

sexta-feira, junho 03, 2022

O geólogo Harry Glicken, especialista em nuvens ardentes, morreu numa há 31 anos...

   
Harry Glicken (March 7, 1958 – June 3, 1991) was an American volcanologist. He researched Mount St. Helens in the United States before and after its famous 1980 eruption, and blamed himself for the death of fellow volcanologist David A. Johnston, who had switched shifts with Glicken so that the latter could attend an interview. In 1991, while conducting avalanche research on Mount Unzen in Japan, Glicken and fellow volcanologists Katia and Maurice Krafft were killed by a pyroclastic flow. His remains were found four days later, and were cremated in accordance with his parents' request. Glicken and Johnston remain the only American volcanologists known to have died in volcanic eruptions.
Despite a long-term interest in working for the United States Geological Survey, Glicken never received a permanent post there because employees found him eccentric. Conducting independent research from sponsorships granted by the National Science Foundation and other organizations, Glicken accrued expertise in the field of volcanic debris avalanches. He also wrote several major publications on the topic, including his doctoral dissertation based on his research at St. Helens titled "Rockslide-debris Avalanche of May 18, 1980, Mount St. Helens Volcano, Washington" that initiated widespread interest in the phenomenon. Since being published posthumously by Glicken's colleagues in 1996, the report has been acknowledged by many other publications on debris avalanches. Following his death, Glicken was praised by associates for his love of volcanoes and commitment to his field.
    

Os Kraft, vulcanólogos alsacianos, morreram na erupção do vulcão Unzen há 31 anos...

   
Katia Krafft (Mulhouse, 17 April 19423 June 1991) and her husband, Maurice Krafft (Guebwiller, 25 March 19463 June 1991) were French volcanologists who died in a pyroclastic flow on Mount Unzen, in Japan, on June 3, 1991. Their obituary appeared in the Bulletin of Volcanology, (vol. 54, pp 613–614).
Maurice and Katia were known for being pioneers in filming, photographing and recording volcanoes, often getting within feet of lava flows. They met at Strasbourg University, and their career as volcano observers began soon after. With little money, they saved up for a trip to Stromboli and photographed the eruption. Finding that people were interested in this documentation of eruptions, they soon made a career out of this, which afforded them the ability to travel the globe.
The Kraffts were often the first to arrive at an active volcano, and were respected and envied by many volcanologists. Their footage of the effects of volcanic eruptions was a considerable factor in gaining the cooperation of local authorities faced with volcanic threats. One notable example of this was after the onset of activity at Mount Pinatubo in 1991, where their video of the effects of the eruption of Nevado del Ruiz in Colombia was shown to large numbers of people, including Philippine President Cory Aquino, and convinced many skeptics that evacuation of the area would be necessary.
In June 1991, while filming eruptions at Mount Unzen, they were caught in a pyroclastic flow which unexpectedly swept out of a channel others had been flowing down and onto the ridge they were standing on. They were killed instantly, along with 40 journalists also covering the eruptions.
The work of the Kraffts was highlighted in a video issue of National Geographic, which contained a large amount of their film footage and photographs as well as interviews with both. Maurice is famous for saying in the video that "I am never afraid because I have seen so much eruptions in 23 years that even if I die tomorrow, I don't care," coincidentally on the day before his death. Volcano: Nature's Inferno. [videorecording]. Washington, DC: National Geographic Society. 2003.



PS - um casal unido em vida (e na morte...) pelo amor aos vulcões...


ADENDA: o vulcanólogo Harry Glicken morreu também neste mesmo dia - curiosamente era quem estava escalado para observar a erupção do Monte de Santa Helena, em 18 de Maio de 1980, data em que se libertou a nuvem ardente que matou o seu substituto, o vulcanólogo David A. Johnston. A morte adiou-lhe a sentença por 11 anos e 16 dias...

sábado, maio 21, 2022

Mercalli nasceu há 172 anos

      
Giuseppe Mercalli (Milão, 21 de maio de 1850 - Nápoles, 19 de março de 1914) foi um sacerdote, vulcanólogo e sismólogo italiano.
Foi professor de mineralogia na Universidade de Catânia e de vulcanologia na Universidade de Nápoles. Em 1911 sucedeu a Raffaele Vittorio Matteucci no cargo de director do Observatório do Vesúvio. Os seus estudos na área da sismologia e da vulcanologia granjearam-lhe reputação internacional. Notabilizou-se pelo desenvolvimento da Escala de Mercalli, para avaliação da intensidade dos sismos, uma das escalas sísmicas com maior aceitação durante quase todo o século XX, e pela publicação de um sistema de classificação das erupções vulcânicas.
  
Biografia
Nascido em Milão no seio de uma família de meios modestos, Giuseppe Mercalli ingressou no Seminário de Milão imediatamente após os estudos elementares e ali fez os seus estudos secundários e preparatórios. Foi ordenado, em 1871, sacerdote católico.
Entre 1871 e 1874 foi aluno da Escola Normal anexa ao Instituto Técnico Superior de Milão, frequentando o curso destinado à formação de professores de Ciências Naturais. Nesse curso estudou Geologia com Antonio Stoppani, obtendo a laurea em Ciências Naturais no ano de 1874. Pouco depois foi nomeado professor de Ciências Naturais no Seminário de Monza e no Liceo católico de Domodossola, mas em 1888 foi obrigado a abandonar o ensino em estabelecimentos católicos depois de ter apoiado a construção de um monumento nacional em homenagem ao sacerdote e filósofo Antonio Rosmini-Serbati, o que fez dele suspeito de aderente ao ideário do liberalismo. Dedicou-se ao estudos geológicos, iniciando-se com o estudo dos glaciares alpinos da Lombardia, publicando várias notícias sobre as suas características e os depósitos associados.
Depois de ter feitos exames pedagógicos em Monza, obtendo habilitação para o ensino liceal, foi nomeado em concurso feito pelo governo italiano para um lugar em Reggio di Calabria como professor liceal. Primeiro no concurso, a escolha de Reggio di Calabria deveu-se ao desejo de Mercalli de estar presente na região da Calábria, ao tempo atingida por uma crise sísmica e onde se esperava um terramoto. Manteve ativa investigação no campo da geologia, dedicando-se progressivamente à sismologia e à vulcanologia.
Concorreu a professor de mineralogia e geologia da Universidade de Catânia, mas ficou em terceiro lugar, concorrendo então para um lugar de professor liceal em Nápoles, o que conseguiu em 1892. No período de 1892 a 1911 foi professor no Reggio Liceo Vittorio Emanuele de Nápoles, onde contou entre os seus alunos Giuseppe Moscati. Entre os colegas e colaboradores estava Achille Ratti, que posteriormente seria o papa Pio XI, que fora seu aluno no Seminário de Milão e com quem manteve uma sólida amizade. A partir do ano seguinte (1893) passou a acumular com aulas de vulcanologia na Universidade de Nápoles.
Em 1911 foi escolhido para o lugar de diretor do Observatório Vesuviano, cargo em que sucedeu a Raffaele Vittorio Matteucci e que manteve até falecer. Passa então a dedicar-se em exclusivo ao estudo da vulcanologia e projeta uma reforma do Observatório, com base num programa de investigação que previa o estudo do vulcão e das suas erupções, o registo da atividade sísmica e pré-sísmica (precursores), para além das observações e das análise dos resultados do trabalho de campo que deveria ser feito no vulcão e suas proximidades.
Giuseppe Mercalli notabilizou-se pelo desenvolvimento, em 1902 da escala de Mercalli, uma escala destinada à avaliação da intensidade sísmica, que, com algumas modificações, ainda se mantém em uso, mais de um século após a sua publicação. Aquela escala, apesar de não medir a magnitude dos sismos, mas apenas os seus efeitos sobre as pessoas, terrenos e edifícios, sendo por isso pouco adequado para uso em áreas pouco povoadas, mostrou-se ideal para comparar os danos produzidos pelos terramotos e para fins de engenharia sísmica e de proteção civil.
Mercalli faleceu em 1914, vítima de um incêndio que deflagrou na sua casa na Via Sapienza (Nápoles), alegadamente por ter entornado uma lâmpada de parafina que utilizava para trabalhar durante a noite. Pensa-se que teria estado a trabalhar durante a noite, algo que fazia rotineiramente, contando-se que uma vez foi encontrado a trabalhar às onze horas da manhã e sendo informada da hora terá exclamado: Seguramente que ainda não é dia!. O seu cadáver foi encontrado carbonizado, próximo da sua cama, agarrando um cobertor que utilizara para tentar apagar o fogo. Apesar disso parecer indicar um acidente, as autoridades policiais informaram, alguns dias mais tarde, que Mercalli fora provavelmente assassinado, por estrangulamento, e o seu cadáver regado com petróleo e queimado, para esconder o crime. Teria desaparecido da casa uma importante quantia em dinheiro.
Giuseppe Mercalli observou a erupção vulcânica das ilhas Eólias, do vulcão de Stromboli e do Vulcano, publicando descrições que continuam a ser importante material de estudo para os vulcanólogos. Para além da investigação no campo de vulcanologia, também estudou os glaciares da Lombardia.
Foi autor de mais de uma centena de publicações científicas (pelo menos 115), com destaque para a obra I vulcani attivi della Terra (Os vulcões ativos da Terra), publicada em 1889, considerada um clássico da vulcanologia e que se mantém atual. Em 1903 publicou uma escala destinada à categorização das erupções vulcânicas. Realizou a primeira carta sísmica do território italiano. Estudou o comportamento dos animais antes e durante os sismos, detetando reações de nervosismo e de tremor que apelidou de síndrome cinestéstica inexplicável, depois conhecido como Síndrome de Mercalli. Também publicou informação pioneira sobre os bradissismos.
Foi membro de importantes sociedades científicas e foi cavaleiro da Ordine della Corona d'Italia por mérito científico. No Cemitério Monumental de Milão, onde está sepultado, foi-lhe erigido um busto em bronze da autoria de Michele Vedani. Em Nápoles existe em sua homenagem o Liceo Scientifico Statale "Giuseppe Mercalli".
      

sábado, maio 14, 2022

E a crise sísmico-vulcânica em S. Jorge continua...


Sismos sentidos na ilha de São Jorge (ponto de situação, 13-05-2022, 22:00) 
 

O Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) informa que atividade sísmica que se tem vindo a registar desde as 16:05 (hora local = UTC-1) do dia 19 de março na ilha de São Jorge, mais concretamente ao longo de uma faixa com direção WNW-ESE, desde a Ponta dos Rosais até à zona do Norte Pequeno - Silveira, continua acima do normal.


O sismo mais energético ocorreu no dia 29 de março, às 21:56 (hora local = UTC) e teve magnitude 3,8 (Richter).

Até ao momento foram identificados cerca de 273 sismos sentidos pela população. Desde as 10:00 às 22:00 do dia 13 de maio não foi sentido nenhum sismo.

O CIVISA continua a acompanhar o evoluir da situação

 

in CIVISA

quinta-feira, abril 14, 2022

O vulcão Eyjafjallajökull começou a chatear os viajantes de avião há doze anos

Pluma vulcânica durante a segunda erupção, em 18 de abril de 2010.

 

As erupções ocorridas em 2010 no glaciar Eyjafjallajökull foram uma série de grandes eventos vulcânicos que ocorreram em Eyjafjallajökull na Islândia. A atividade sísmica, que se iniciou no final de 2009, deu lugar a uma erupção vulcânica que começou a 20 de março de 2010, colocando seu Índice de Explosividade Vulcânica em 1. Uma fase da erupção, a 14 de abril de 2010, causou uma paralisação generalizada do transporte aéreo europeu, afetando milhares de voos e causando uma espécie de efeito dominó em todo o mundo.

   

   
Em outubro de 2010 as erupções cessaram, segundo declarações de Ármann Höskuldsson, cientista do Instituto de Ciências Terrestres da Islândia, embora a área ainda esteja geotermicamente ativa e ainda haja uma possibilidade de uma nova erupção no futuro.
 
Mapa com a nuvem de cinza vulcânica abrangendo nos dias de 14 a 25 de abril de 2010

 

in Wikipédia

quarta-feira, abril 13, 2022

A crise sísmico-vulcânica em S. Jorge continua...


São Jorge 

Sismos sentidos na ilha de São Jorge - ponto de situação, 13.04.2022, 10.00 horas 

  

 
O Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) informa que atividade sísmica que se tem vindo a registar desde as 16:05 (hora local = UTC-1) do dia 19 de março na ilha de São Jorge, mais concretamente ao longo de uma faixa com direção WNW-ESE, desde a Ponta dos Rosais até à zona do Norte Pequeno - Silveira, continua acima do normal.


O sismo mais energético ocorreu no dia 29 de março, às 21.56 (hora local) e teve magnitude 3,8 (Richter).

Até ao momento foram identificados cerca de 244 sismos sentidos pela população. Desde as 20.00 do dia 12 de abril às 10.00 horas do dia 13 de abril, foram sentidos 2 sismos:
 
 
Dia Hora local Mag. Epicentro Int. (EMM) Freguesia
12.04 20.41 2,3 8 km WSW Velas III Urzelina (Velas, S. Jorge)
13.04 08.15 2,3 7 km WSW Velas III/IV Santo Amaro (Velas, S. Jorge)
III Rosais (Velas, S. Jorge)
 
O CIVISA continua a acompanhar o evoluir da situação.

 

in CIVISA

domingo, abril 03, 2022

A crise sísmico-vulcânica em S. Jorge - notícia interessante com erro grave no título

São Jorge já registou quase 25 mil sismos. Geólogos apanharam susto e recearam a “destruição total”

   

 

Foram registados quase 25 mil sismos na ilha de São Jorge, nos Açores, desde o início da crise sismo-vulcânica. 221 destes foram sentidos pela população que continua a preparar-se para o pior. Nos últimos dias, os geólogos apanharam um susto e temeram a “destruição total” nas Velas.

O presidente do Centro de Informação e Vigilância Sismo-vulcânica dos Açores (CIVISA), Rui Marques, revela aos jornalistas que “foram registados 24.919 sismos até às 10:30″ horas desta sexta-feira desde 19 de março passado, quando começou a crise sismo-vulcânica.

Rui Marques diz que a população sentiu 221 desse total de sismos e que, desde a meia-noite até às 10 horas de sexta-feira, mais nenhum foi sentido pelos residentes.

Este responsável refere que a média é agora de “800 sismos por dia”, o que “ainda é uma frequência diária muitíssimo acima do que é normal nos Açores”.

A maior parte da sismicidade na ilha de São Jorge situa-se “no sistema fissural vulcânico de Manadas”, entre a vila de Velas e a Fajã do Ouvidor, explica ainda Rui Marques.

Na Ponta dos Rosais foram registados sete eventos, “com menor profundidade”, diz também.

O presidente do CIVISA repara que, para já, “é difícil perceber” a ligação entre a zona das Velas onde a crise sísmica tem tido maior frequência e os “sete eventos da Ponta dos Rosais”.

“De forma preventiva”, foi determinada a interdição do Farol dos Rosais, como explica à Lusa o presidente da Proteção Civil açoriana, Eduardo Faria. Os agricultores que usam os terrenos para a pastagem de animais “já foram avisados” de que não é aconselhável passar ou permanecer naquela zona, nota este responsável.

Eduardo Faria também frisa que, na quinta-feira, houve uma “significativa redução da quantidade de sismos”, numa “alteração de padrão” para a qual não “há, para já, nenhuma explicação”.

 

Erupção terrestre pode “causar a destruição total”

Na quarta-feira, os geólogos que têm observado os sismos que estão a ocorrer em São Jorge apanharam um susto, mas “foi falso alarme”, como assume o professor de Geologia na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), José Madeira, em declarações ao Nascer do Sol.

Houve receios de uma erupção depois de se ter sentido o sismo mais forte desde o início da crise, de magnitude 3.8 na escala de Richter.

“Parecia que a coisa ia começar a propagar-se para a superfície, mas foi falso alarme”, destaca José Moreira.

Esse sismo “causou uma perturbação do sistema”, “mas entretanto houve uma certa diminuição da frequência dos sismos, que já voltaram à profundidade inicial, entre os 10 e os 13 km”, salienta o também investigador do Instituto D. Luiz.

Continuam em cima da mesa três hipóteses: a crise sísmica passar simplesmente, haver um sismo mais forte e que cause danos ou ocorrer uma erupção vulcânica.

No caso de haver erupção, pode ser terrestre ou marítima, a maior ou menor profundidade. Se surgir a menos de 200 metros de profundidade, “aí o principal perigo é a grande produção de cinzas vulcânicas“, explica José Moreira ao Nascer do Sol.

Essa situação pode “justificar uma evacuação da zona mais próxima do centro eruptivo”, diz.

Em caso de erupção terrestre, se “houver derrame lávico nas vertentes sobranceiras” a Velas, “aí pode mesmo causar a destruição total desta”, aponta ainda o professor de Geologia.

 

Já foi concluído o plano de retirada da população

Mais de 2500 pessoas já saíram de Velas e já está concluído o plano de retirada da população para o caso de haver um episódio de maior magnitude – sismo ou erupção vulcânica, como explica o presidente da Proteção Civil açoriana.

“Estão definidos todos os caminhos de evacuação“, aponta Eduardo Faria.

Este responsável também nota que estão a ser feitos “refrescamentos de ações de formação” aos operacionais no terreno para atuação em situações de catástrofe.

Por outro lado, o “campo militar está completamente autónomo, com capacidade total”, acrescenta Eduardo Faria.

Foi ainda feita uma reunião com as forças de segurança sobre as zonas de triagem e acolhimento de população, caso seja necessário fazer uma evacuação.

São Jorge continua com um nível de alerta vulcânico V4 (ameaça de erupção) de um total de sete, em que V0 significa “estado de repouso” e V6 “erupção em curso”.

Segundo os dados provisórios dos Censos 2021, a ilha de São Jorge tem 8.373 habitantes, dos quais 4.936 no concelho das Velas e 3.437 no concelho da Calheta.

 

Missas retomadas apesar do perigo

Apesar dos receios, verifica-se “alguma acalmia” e a população deve “voltar à normalidade”, mantendo-se “vigilante”. Por isso, as celebrações religiosas estão a ser retomadas no concelho das Velas, como explica o padre António Azevedo.

“Passado o susto inicial, é o voltar à normalidade, porque não se sabe o tempo que isto vai levar. O objectivo é transmitir calma e apoio à população e voltarmos à nossa vida e tentarmos celebrar a Semana Santa dentro dos possíveis”, sublinhou o pároco em declarações à agência Lusa.

No fim de semana, as celebrações estiveram interditadas nas fajãs e foram desaconselhadas em todas as igrejas do concelho das Velas por precaução.

As imagens das igrejas foram removidas dos seus locais habituais e foi cancelada a procissão que deveria ter ocorrido na tarde de domingo, na freguesia da Urzelina.

“No sábado e no domingo, não se sabia o que iria acontecer e não houve missa, porque houve um êxodo da população e também não era aconselhável juntar pessoas. Nas Velas, nem pessoas tinha para as celebrações. Mas mantiveram-se as missas noutras zonas da ilha onde era possível”, explica ainda o padre António Azevedo.

Agora, as missas são retomadas após uma reunião do Administrador Diocesano com o clero da ilha de São Jorge esta semana.

“Sabemos que as igrejas são edifícios antigos e há o caso da igreja da Urzelina, cujo teto está a precisar de obras. Torna-se perigoso, mas não vou impedir“, salienta o pároco, aconselhando a população a “manter o distanciamento para que, em caso de sismo, se possam proteger”.

 

in ZAP

 

NOTA: há uma certa diferença entre  a destruição total de UMA ILHA ou da destruição total de uma VILA (Velas)...

A crise sísmico-vulcânica em S. Jorge - aparente acalmia


São Jorge

Sismos sentidos na ilha de São Jorge - ponto de situação, 03.04.2022, 10.00


O Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) informa que atividade sísmica que se tem vindo a registar desde as 16.05 (hora local = UTC-1) do dia 19 de março na parte central da ilha de São Jorge, mais concretamente ao longo de uma faixa com direção WNW-ESE, num setor compreendido entre Velas e Fajã do Ouvidor, continua acima do normal.

O sismo mais energético ocorreu no dia 29 de março, às 21:56 (hora local = UTC) e teve magnitude 3,8 (Richter).

Até ao momento foram identificados cerca de 225 sismos sentidos pela população. Desde as 22.00 do dia 2 de abril  às 10.00 horas do dia 3 de abril, não foi sentido nenhum sismo pela população.
O CIVISA continua a acompanhar o evoluir da situação.


Fontes: IVAR/CIVISA

sexta-feira, abril 01, 2022

A crise sísmico-vulcânica em S. Jorge - alteração, rumo à Ponta dos Rosais, da atividade sísmica...


 

Mapa dos epicentros de sismos em São Jorge nos últimos cinco dias - fonte CIVISA

A crise sísmico-vulcânica em S. Jorge - alterações interessantes...


Açores 

Crise sísmica em São Jorge: “situação nova” com alterações na localização dos sismos 

 Lusa 1 de abril de 2022, 0:52

 

Foram registados sismos na zona dos Rosais, na parte mais ocidental da ilha, e com focos mais próximos da superfície.

O presidente da Protecção Civil açoriana disse esta quinta-feira que os focos dos sismos registados na nova zona da crise sismo-vulcânica de São Jorge, nos Rosais, foram registados mais próximos da superfície, entre os cinco a sete quilómetros de profundidade.

Em declarações à agência Lusa, o brigadeiro-general Eduardo Faria disse que o registo de sismos na zona dos Rosais, na parte mais ocidental da ilha, é uma “situação nova”.

Desde o início da crise sísmica em São Jorge, no dia 19, que os sismos se têm vindo a registar na parte central da ilha, numa área que vai desde o centro de Velas até à Fajã do Ouvidor.

Já no briefing diário sobre a situação, o presidente do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores tinha revelado a existência de “uma alteração relativamente à localização dos epicentros” dos sismos. “Essas coisas não se podem prever onde vai ser, mas estar-se-ia mais à espera que continuasse na mesma linha que se tinha verificado nos últimos dias.”

Segundo disse, os sismos na zona dos Rosais têm ocorrido mais próximos da superfície, uma vez que o hipocentro tem sido registado entre os “cinco a sete quilómetros de profundidade”. 

Já os eventos ocorridos na zona central da ilha continuam com profundidade de “7,5 a 12 quilómetros”.

Eduardo Faria acrescentou que os técnicos do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) estão a “analisar a situação”, uma vez que ainda não se “conhece inteiramente” o “contexto dos sismos registados” desde quinta-feira à noite na zona dos Rosais.

Face a essa situação, a Protecção Civil está a “avaliar” a possibilidade de impedir o acesso à zona mais ocidental da ilha, nos Rosais.

“Está-se a avaliar as condições de segurança daquela zona mais ocidental da ilha, olhando para as condições de estabilidade e para a possibilidade de vedar aquela zona, sobretudo a zona próxima do farol, para salvaguardar qualquer dano pessoal”, acrescentou, referindo-se ao Farol da Ponta dos Rosais.

O Farol da Ponta dos Rosais entrou em funcionamento em 1958, mas está ao abandono desde 1980, depois de ter sido fustigado por vários eventos de natureza sísmica ao longo dos anos.

A ilha de São Jorge contabilizou mais de 14 mil sismos desde o início da crise sísmica a 19 de Março, segundo os dados oficiais mais recentes — um número que é mais do dobro do total contabilizado em toda a região autónoma dos Açores durante o ano 2021.

Cerca de 2.500 pessoas já saíram do concelho das Velas, centro da crise sísmica, das quais 1.500 por via aérea e marítima, e as restantes para o concelho vizinho da Calheta, considerado mais seguro pelos especialistas.

A ilha está com o nível de alerta vulcânico V4 (ameaça de erupção) de um total de sete, em que V0 significa “estado de repouso” e V6 “erupção em curso”.

 

in Público

quinta-feira, março 31, 2022

Notícia sobre a crise sísmico-vulcânica em S. Jorge...


Dimensão, profundidade, velocidade do fenómeno? O que aproxima e separa as crises sismo-vulcânicas de São Jorge e de La Palma


Fenómeno que atinge a ilha açoriana faz lembrar o vulcão que há alguns meses nasceu em La Palma, mas há diferenças relevantes

A ocorrência de milhares de sismos em poucos dias é uma das semelhanças entre a crise sismo-vulcânica que em setembro de 2021 atingiu as Canárias, em La Palma, e a crise sismo-vulcânica que está a atingir São Jorge, nos Açores.

Os dois fenómenos têm pontos em comum, mas também têm diferenças relevantes, como explica Luca D'Auria à CNN Portugal.

Começando pelas semelhanças, o diretor da Área de Vigilância Vulcânica do Instituto Vulcanológico das Canárias explica que pelas estimativas que fazem - limitadas por não terem um conhecimento dos Açores tão próximo como têm de La Palma - o volume de magma debaixo das duas ilhas será parecido: cerca de 20 milhões de metros cúbicos de magma.

Contudo, a partir daí são várias as diferenças que separam os dois fenómenos, nomeadamente na distância do magma para a superfície.

Em La Palma o magma estava muito próximo da superfície no momento em que começaram os sismos, enquanto que em São Jorge o magma que se move nas fissuras e pode provocar um vulcão estará a alguns quilómetros de profundidade.

Em São Jorge, na semana passada, foram detetados sinais, através de imagens de radar, que indicam que o terreno se pode ter deformado alguns centímetros, algo que também ocorreu em La Palma antes da erupção vulcânica, mas a diferença é que na ilha do arquipélago espanhol das Canárias tudo foi muito rápido: "A deformação começou cinco dias antes da erupção e em São Jorge tudo parece estar a ocorrer de forma muito mais lenta", detalha o especialista, que admite que a diferença estará, exatamente, na profundidade a que se move o magma.

Por outro lado, aquilo que pode ocorrer em São Jorge ainda é completamente incerto, mas Luca D'Auria admite que na maioria dos casos, ao contrário do que aconteceu em La Palma, os enxames de sismos provocados pelos movimentos de magma no subsolo não causam erupções vulcânicas.

A crise sismo-vulcânica começou nos Açores a 19 de março e em cerca de dez dias registaram-se mais de 8.000 sismos de pequena e média intensidade.

Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a tendência até ao inicio da noite do dia 29 apontava no sentido de um ligeiro decréscimo nos valores de magnitude e também numa redução do ritmo de libertação de energia sísmica, mas pelas 21.56 horas de dia 29 ocorreu o sismo com maior magnitude (4.0 na escala de Richter), num abalo que ocorreu a uma profundidade de 12 quilómetros e que foi registado a um quilómetro a sul da vila de Velas.

 

in CNN Portugal

quarta-feira, março 30, 2022

A crise sísmico-vulcânica em S. Jorge - breve resumo

Freguesia de Santo Amaro, na ilha açoriana de São Jorge, uma das mais afetadas pela crise sísmica

 

Crise sísmica em São Jorge. Especialistas alertam para sinais idênticos aos do vulcão de La Palma

 

O Instituto Vulcanológico das Canárias (Involcan) alerta que a crise sísmica em São Jorge, nos Açores, tem origem vulcânica e não tectónica como se supunha. Especialistas desta entidade detectaram sinais de magma semelhantes aos que antecederam a erupção do vulcão Cumbre Vieja em La Palma, em 2021.

 O alerta vulcânico mantém-se no nível V4 em São Jorge, de um total de sete, o que indicia que há uma possibilidade de erupção – V6 significa “erupção em curso”. Esse cenário é vincado por dados divulgados pelo Involcan, cujos vulcanologistas detetaram um volume de magma semelhante ao registado antes da erupção do vulcão Cumbre Vieja no ano passado.

“Através da análise de dados do radar de abertura sintética adquiridos pelo satélite Sentinel-1 da Agência Espacial Europeia, pôde observar-se que, durante as últimas semanas, esta ilha experimentou uma deformação do terreno compatível com uma fonte de natureza vulcânica“, aponta o Involcan.

Os especialistas espanhóis usaram uma técnica de “interferometria de satélite” que “compara as imagens de radar obtidas em duas datas diferentes para detetar variações de fase que poderiam estar associadas com as deformações no relevo da superfície terrestre”, como explica o Involcan.

Assim, foi detetada “uma intrusão magmática ao longo de uma fratura subvertical (dique)”, com um “volume estimado” de “cerca de 20 milhões de metros cúbicos, um valor comparável com o que se observou pela deformação do terreno antes da erupção do Cumbre Vieja em 2021″, aponta ainda o Instituto espanhol.

   

 

 “A situação pode mudar de forma repentina”

O investigador do Involcan Lucas Dauria explica ao Expresso que estamos perante uma deformação “bastante relevante”, com cerca de 13 centímetros e que “não é apenas um levantamento do terreno, mas também um deslocamento para norte e para sul”.

Lucas Dauria também nota que a situação em São Jorge está a ser mais lenta do que em La Palma, onde “a crise sísmica até à erupção durou uma semana e a deformação no terreno foi observada poucos dias antes da erupção”.

Contudo, o especialista repara que não é certo que a erupção venha de facto a acontecer na ilha açoriana. “A situação pode mudar de forma repentina”, nota Dauria.

“Neste momento, o número de sismos está a diminuir e se o magma não tiver energia suficiente para chegar à superfície pode estancar onde se encontra. Julgo que isso é o mais provável, mas não se pode descartar a possibilidade de uma erupção nos próximos dias ou semanas”, acrescenta o investigador.

Também o diretor do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), Rui Marques, salienta ao Expresso que há dois cenários possíveis: “um sismo de maior magnitude, que pode causar estragos, ou uma erupção, que pode ser em Terra, semelhante à de La Palma, ou submarina“, tal como ocorreu na ilha em 1964.

Rui Marques frisa que houve “uma ligeira diminuição” na actividade sísmica a partir do dia 24 de Março, mas continua-se “a registar uma sismicidade muito acima do normal para este sistema vulcânico (de São Jorge)”. “Estamos a registar uma média de mil sismos por dia, que continua a ser extremamente elevada”, aponta o responsável do CIVISA.

Perante este cenário, o presidente do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores, Eduardo Faria, sublinha, em declarações à RTP Açores, que esta acalmia pode levar a “uma falsa sensação de segurança”.

 

São Jorge sentiu o abalo maior desde início da crise

Nesta terça-feira à noite, São Jorge sentiu um sismo de magnitude 3.8 na escala de Richter. Foi o abalo mais forte desde 19 de Março, quando se iniciou a crise sismo-vulcânica, e também foi sentido nas ilhas do Pico, Faial, Terceira e Graciosa.

Fonte do Serviço Regional de Bombeiros e Proteção Civil dos Açores adianta à Lusa que “não há registo de danos”.

Segundo os dados do CIVISA, o sismo ocorreu às 21:56 (22:56 de Lisboa) e teve epicentro no mar, junto à vila das Velas.

A ilha de São Jorge contabilizou mais de 20 mil sismos, cerca de 200 dos quais sentidos pela população, desde o início da crise sísmica em 19 de março passado. Trata-se de mais do dobro do total contabilizado em toda a Região Autónoma dos Açores durante o ano de 2021.

Veja no vídeo que se segue, divulgado pelo Instituto Português de Meteorologia, os eventos sísmicos ocorridos em São Jorge entre 19 e 29 de março de 2022.

   

   

in ZAP