quinta-feira, março 31, 2022

Notícia sobre a crise sísmico-vulcânica em S. Jorge...


Dimensão, profundidade, velocidade do fenómeno? O que aproxima e separa as crises sismo-vulcânicas de São Jorge e de La Palma


Fenómeno que atinge a ilha açoriana faz lembrar o vulcão que há alguns meses nasceu em La Palma, mas há diferenças relevantes

A ocorrência de milhares de sismos em poucos dias é uma das semelhanças entre a crise sismo-vulcânica que em setembro de 2021 atingiu as Canárias, em La Palma, e a crise sismo-vulcânica que está a atingir São Jorge, nos Açores.

Os dois fenómenos têm pontos em comum, mas também têm diferenças relevantes, como explica Luca D'Auria à CNN Portugal.

Começando pelas semelhanças, o diretor da Área de Vigilância Vulcânica do Instituto Vulcanológico das Canárias explica que pelas estimativas que fazem - limitadas por não terem um conhecimento dos Açores tão próximo como têm de La Palma - o volume de magma debaixo das duas ilhas será parecido: cerca de 20 milhões de metros cúbicos de magma.

Contudo, a partir daí são várias as diferenças que separam os dois fenómenos, nomeadamente na distância do magma para a superfície.

Em La Palma o magma estava muito próximo da superfície no momento em que começaram os sismos, enquanto que em São Jorge o magma que se move nas fissuras e pode provocar um vulcão estará a alguns quilómetros de profundidade.

Em São Jorge, na semana passada, foram detetados sinais, através de imagens de radar, que indicam que o terreno se pode ter deformado alguns centímetros, algo que também ocorreu em La Palma antes da erupção vulcânica, mas a diferença é que na ilha do arquipélago espanhol das Canárias tudo foi muito rápido: "A deformação começou cinco dias antes da erupção e em São Jorge tudo parece estar a ocorrer de forma muito mais lenta", detalha o especialista, que admite que a diferença estará, exatamente, na profundidade a que se move o magma.

Por outro lado, aquilo que pode ocorrer em São Jorge ainda é completamente incerto, mas Luca D'Auria admite que na maioria dos casos, ao contrário do que aconteceu em La Palma, os enxames de sismos provocados pelos movimentos de magma no subsolo não causam erupções vulcânicas.

A crise sismo-vulcânica começou nos Açores a 19 de março e em cerca de dez dias registaram-se mais de 8.000 sismos de pequena e média intensidade.

Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a tendência até ao inicio da noite do dia 29 apontava no sentido de um ligeiro decréscimo nos valores de magnitude e também numa redução do ritmo de libertação de energia sísmica, mas pelas 21.56 horas de dia 29 ocorreu o sismo com maior magnitude (4.0 na escala de Richter), num abalo que ocorreu a uma profundidade de 12 quilómetros e que foi registado a um quilómetro a sul da vila de Velas.

 

in CNN Portugal

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