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domingo, abril 03, 2022

A crise sísmico-vulcânica em S. Jorge - notícia interessante com erro grave no título

São Jorge já registou quase 25 mil sismos. Geólogos apanharam susto e recearam a “destruição total”

   

 

Foram registados quase 25 mil sismos na ilha de São Jorge, nos Açores, desde o início da crise sismo-vulcânica. 221 destes foram sentidos pela população que continua a preparar-se para o pior. Nos últimos dias, os geólogos apanharam um susto e temeram a “destruição total” nas Velas.

O presidente do Centro de Informação e Vigilância Sismo-vulcânica dos Açores (CIVISA), Rui Marques, revela aos jornalistas que “foram registados 24.919 sismos até às 10:30″ horas desta sexta-feira desde 19 de março passado, quando começou a crise sismo-vulcânica.

Rui Marques diz que a população sentiu 221 desse total de sismos e que, desde a meia-noite até às 10 horas de sexta-feira, mais nenhum foi sentido pelos residentes.

Este responsável refere que a média é agora de “800 sismos por dia”, o que “ainda é uma frequência diária muitíssimo acima do que é normal nos Açores”.

A maior parte da sismicidade na ilha de São Jorge situa-se “no sistema fissural vulcânico de Manadas”, entre a vila de Velas e a Fajã do Ouvidor, explica ainda Rui Marques.

Na Ponta dos Rosais foram registados sete eventos, “com menor profundidade”, diz também.

O presidente do CIVISA repara que, para já, “é difícil perceber” a ligação entre a zona das Velas onde a crise sísmica tem tido maior frequência e os “sete eventos da Ponta dos Rosais”.

“De forma preventiva”, foi determinada a interdição do Farol dos Rosais, como explica à Lusa o presidente da Proteção Civil açoriana, Eduardo Faria. Os agricultores que usam os terrenos para a pastagem de animais “já foram avisados” de que não é aconselhável passar ou permanecer naquela zona, nota este responsável.

Eduardo Faria também frisa que, na quinta-feira, houve uma “significativa redução da quantidade de sismos”, numa “alteração de padrão” para a qual não “há, para já, nenhuma explicação”.

 

Erupção terrestre pode “causar a destruição total”

Na quarta-feira, os geólogos que têm observado os sismos que estão a ocorrer em São Jorge apanharam um susto, mas “foi falso alarme”, como assume o professor de Geologia na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), José Madeira, em declarações ao Nascer do Sol.

Houve receios de uma erupção depois de se ter sentido o sismo mais forte desde o início da crise, de magnitude 3.8 na escala de Richter.

“Parecia que a coisa ia começar a propagar-se para a superfície, mas foi falso alarme”, destaca José Moreira.

Esse sismo “causou uma perturbação do sistema”, “mas entretanto houve uma certa diminuição da frequência dos sismos, que já voltaram à profundidade inicial, entre os 10 e os 13 km”, salienta o também investigador do Instituto D. Luiz.

Continuam em cima da mesa três hipóteses: a crise sísmica passar simplesmente, haver um sismo mais forte e que cause danos ou ocorrer uma erupção vulcânica.

No caso de haver erupção, pode ser terrestre ou marítima, a maior ou menor profundidade. Se surgir a menos de 200 metros de profundidade, “aí o principal perigo é a grande produção de cinzas vulcânicas“, explica José Moreira ao Nascer do Sol.

Essa situação pode “justificar uma evacuação da zona mais próxima do centro eruptivo”, diz.

Em caso de erupção terrestre, se “houver derrame lávico nas vertentes sobranceiras” a Velas, “aí pode mesmo causar a destruição total desta”, aponta ainda o professor de Geologia.

 

Já foi concluído o plano de retirada da população

Mais de 2500 pessoas já saíram de Velas e já está concluído o plano de retirada da população para o caso de haver um episódio de maior magnitude – sismo ou erupção vulcânica, como explica o presidente da Proteção Civil açoriana.

“Estão definidos todos os caminhos de evacuação“, aponta Eduardo Faria.

Este responsável também nota que estão a ser feitos “refrescamentos de ações de formação” aos operacionais no terreno para atuação em situações de catástrofe.

Por outro lado, o “campo militar está completamente autónomo, com capacidade total”, acrescenta Eduardo Faria.

Foi ainda feita uma reunião com as forças de segurança sobre as zonas de triagem e acolhimento de população, caso seja necessário fazer uma evacuação.

São Jorge continua com um nível de alerta vulcânico V4 (ameaça de erupção) de um total de sete, em que V0 significa “estado de repouso” e V6 “erupção em curso”.

Segundo os dados provisórios dos Censos 2021, a ilha de São Jorge tem 8.373 habitantes, dos quais 4.936 no concelho das Velas e 3.437 no concelho da Calheta.

 

Missas retomadas apesar do perigo

Apesar dos receios, verifica-se “alguma acalmia” e a população deve “voltar à normalidade”, mantendo-se “vigilante”. Por isso, as celebrações religiosas estão a ser retomadas no concelho das Velas, como explica o padre António Azevedo.

“Passado o susto inicial, é o voltar à normalidade, porque não se sabe o tempo que isto vai levar. O objectivo é transmitir calma e apoio à população e voltarmos à nossa vida e tentarmos celebrar a Semana Santa dentro dos possíveis”, sublinhou o pároco em declarações à agência Lusa.

No fim de semana, as celebrações estiveram interditadas nas fajãs e foram desaconselhadas em todas as igrejas do concelho das Velas por precaução.

As imagens das igrejas foram removidas dos seus locais habituais e foi cancelada a procissão que deveria ter ocorrido na tarde de domingo, na freguesia da Urzelina.

“No sábado e no domingo, não se sabia o que iria acontecer e não houve missa, porque houve um êxodo da população e também não era aconselhável juntar pessoas. Nas Velas, nem pessoas tinha para as celebrações. Mas mantiveram-se as missas noutras zonas da ilha onde era possível”, explica ainda o padre António Azevedo.

Agora, as missas são retomadas após uma reunião do Administrador Diocesano com o clero da ilha de São Jorge esta semana.

“Sabemos que as igrejas são edifícios antigos e há o caso da igreja da Urzelina, cujo teto está a precisar de obras. Torna-se perigoso, mas não vou impedir“, salienta o pároco, aconselhando a população a “manter o distanciamento para que, em caso de sismo, se possam proteger”.

 

in ZAP

 

NOTA: há uma certa diferença entre  a destruição total de UMA ILHA ou da destruição total de uma VILA (Velas)...