sábado, março 08, 2014

Tom Chaplin, o vocalista dos Keane, faz hoje 35 anos!

Thomas Oliver Chaplin (8 de março de 1979, Hastings, East Sussex), conhecido pelo nome "Tom Chaplin" é o vocalista - e também o benjamin - da banda britânica Keane. Ele também toca guitarra, viola e piano e já compôs algumas letras para a banda, mas o letrista oficial do ex-trio, agora quarteto (Tom Chaplin, Tim Rice-Oxley, Richard Hughes e Jesse Quin) é Tim Rice-Oxley.
Dono de uma potência vocal incrível, esta contrasta com o timbre doce que entoa o hit-hino da banda 'Somewhere Only We Know' do álbum Hopes and Fears, de 2004. No entanto, a música «Somewhere Only We Know» não é a única que é alvo de sucesso. Músicas como This is The Las Time, It Is Any Wonder, Everybodys Changinge Silenced By The Night são igualmente músicas famosas.
Tom conheceu o pianista da Banda Keane dado que o irmão de Tim Rice-Oxley tinha nascido no mesmo dia de Tom, sendo que as mães se conheceram e Tom e Tim eram amigos.
Em 1997, com os Keane já formados: Dominic, Tim e Richard, o pianista Tim (amigo de Tom) conseguiu convencer os colegas a deixarem entrar Tom. Assim se formaram os Keane. No entanto, depois, e devido à falta de sucesso, Dominic saiu da banda.
Tom Chaplin, revelou no site oficial da banda no fim de 2007 que sente-se ainda o mesmo menino dos tempos iniciais da banda. "Sempre serei o mais novo, e por mais que fiquemos velhos, sempre sentirei que precisarei dos conselhos do Tim e do Richard", diz Chaplin. Também revelou que em 2008 estava muito animado com as gravações do terceiro CD, e que já têm uma canção favorita, Perfect Symmetry. "Foi a melhor música que Tim já compôs", disse Tom com exclusividade ao site oficial da banda.
Em 10 de maio de 2010 lançaram um novo EP ("Night Train"), que deve o seu nome ao meio de transporte favorito da banda durante as tours. Na primeira semana de vendas, conseguiu atingir o primeiro lugar no top de vendas britânico (facto transmitido pela banda no site oficial, com grande satisfação e entusiasmo).
Em 2012, a banda retoma o estilo que tinha antes de Perfect Symmetry, com o álbum Strangeland apostando em melodias bem produzidas e letras mais maduras. Muitos já o comparam com Hopes and Fears, pela harmonia do disco e distribuição dos instrumentos. "Hopes and Fears" primeiro e mais famoso álbum da banda britânica
Em 2012, num concerto em Lisboa (Portugal), Tom declarou que adorava estar de férias em Portugal. Em agosto de 2013, a banda fez isso mesmo, sendo que tinha concerto agendado em Cantanhede, Coimbra, dia 3, e dia 11 em Portimão.

Entrada nos Keane
Tom Chaplin sempre gostou de música e estudava com o seu amigo (e agora companheiro na banda Keane) Tim Rice-Oxley. Tim Rice-Oxley, Richard Hughes e Dominic Scott (saiu da banda) criaram a banda Keane. Passado algum tempo, Rice-Oxley conseguiu convencer os restantes membros de que Tom seria o vocalista perfeito e ele foi chamado para a banda. Devido ao insucesso, Scott saiu da banda e a partir daí, curiosamente, a banda ficou famosa com temas como Somewhere Only We Know; Everybodys Changing e This is The Last Time.

Presente
Já no quarto disco, Tom Chaplin continua a dar voz à banda dos Keane. Em 2014, Tom lançará um álbum como solista, projeto no qual trabalha desde 2007/2008. Tom anunciou na BBC Radio 2 que terá o seu primeiro filho, com sua esposa de longa data, Natalie Dive. O bebé está previsto nascer em março de 2014.


Há cem anos a literatura portuguesa sofreu um milagre multiplicador

Centenário: heterónimos chegaram a 8 de março de 1914
Aquele dia em que Pessoa passou a ser quatro pessoas

Um homem da cidade: Fernando Pessoa nasceu em Lisboa, em 1888, morrendo na mesma cidade, em 1935 - tinha 47 anos

Especialistas garantem que esse relato sobre o ‘aparecimento' de Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos é uma ficção.
O nascimento dos heterónimos, tal como Fernando Pessoa o relatou em 1935, ano que viria a ser o da sua morte, era demasiado bom para ser verdade. O ‘Dia Triunfal', que terá acontecido há 100 anos, a 8 de março de 1914, não sobrevive à análise do espólio do poeta. Além das dúvidas quanto às datas de alguns manuscritos, há cartas do amigo Mário de Sá-Carneiro que fazem referência a obras que supostamente ainda não existiriam.

No entanto, aquilo que ficou para a história da literatura de Portugal, graças à carta que Fernando Pessoa escreveu ao crítico literário e amigo Adolfo Casais Monteiro, a 13 de janeiro de 1935, é que a génese dos heterónimos - apresentada como "o fundo traço de histeria que existe em mim" - teve o seu quê de épico: "Acerquei me de uma cómoda alta, e, tomando um papel, comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta e tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza não conseguirei definir. Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim."

A acreditar no poeta, que tinha então 46 anos, Alberto Caeiro foi o primeiro heterónimo a aparecer nesse dia. Ele, "que escrevia mal o português", o que era natural em quem não fora à escola, escreveu todos os poemas de ‘O Guardador de Rebanhos'.

Depois de encontrar o mestre, voltou a si próprio, escrevendo os seis poemas de ‘Chuva Oblíqua', mas ainda faltavam os discípulos. Ricardo Reis já estava latente, mas Pessoa garante ter-lhe então descoberto o nome, "porque nessa altura já o via". Depois, "num jato, e à máquina de escrever, sem interrupção nem emenda, surgiu a ‘Ode Triunfal' de Álvaro de Campos".

Teresa Rita Lopes contrapõe a realidade dos factos a essa narrativa. "Nesse dia só escreveu dois poemas enquanto Alberto Caeiro, e a ‘Chuva Oblíqua'", garante a especialista na obra de Fernando Pessoa, que vai estar hoje, às 16h30, a falar sobre o ‘Dia Triunfal', na livraria Culsete, em Setúbal. De igual forma, Álvaro de Campos só nasceria meses depois, em junho de 1914, seguindo-se Ricardo Reis. 
 
Música, astrologia, colóquios e poemas
O centenário vai ser hoje assinalado na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa. O programa arranca às 18h30, com um recital do Trio do Desassossego, que interpretará o trio para piano, violino e violoncelo op. 15, de Smetana. Às 21.30 será ouvida a conferência ‘O dia 8 de março na vida de Alberto Caeiro', do astrólogo Paulo Cardoso, e às 23.00 a atriz Natália Luiza vai dizer os poemas de ‘O Guardador de Rebanhos'. 
Na Fundação Gulbenkian decorre até hoje o colóquio ‘O Dia Triunfal de Fernando Pessoa'.
Segue-se, no domingo, um passeio pedonal, com a duração de duas horas e meia, com partida marcada para as 15.00 horas, junto ao café Brasileira do Chiado.
  
BIOGRAFIAS BEM DISTINTAS
Escritor criou vidas e estilos para os heterónimos:
  
Ricardo Reis
"Quando o rei de marfim está em perigo,/ Que importa a carne e o osso/ Das irmãs e das mães e das crianças?/ Quando a torre não cobre/ A retirada da rainha branca,/ O saque pouco importa" Jogadores de Xadrez
O médico pagão e moreno nasceu no Porto, em 1887. Foi para o Brasil, no ano de 1919, por ser monárquico.
  
Alberto Caeiro
"Pelo Tejo vai-se para o Mundo./ Para além do Tejo há a América/ E a fortuna daqueles que a encontram./ Ninguém nunca pensou no que há para além/ Do rio da minha aldeia." O Tejo é mais Belo
O mestre nasceu em 1889, em Lisboa. Louro e de olhos azuis, vivia no campo. Morreu em 1915.
  
Álvaro de Campos
"Como eu vos amo a todos, porque sois assim,/ Nem imorais de tão baixos que sois, nem bons nem maus,/ Inatingíveis por todos os progressos,/ Fauna maravilhosa do fundo do mar da vida!" Ode Triunfal
O futurista veio ao Mundo em Tavira, em 1890. Fez-se engenheiro naval em Glasgow. Era alto e magro.

in CM - ler notícia

O Guardador de Rebanhos

I

Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.
 
Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.
 
Como um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
 
Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.
 
Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.
 
E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita coisa feliz ao mesmo tempo),
É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.
 
Quando me sento a escrever versos
Ou, passeando pelos caminhos ou pelos atalhos,
Escrevo versos num papel que está no meu pensamento,
Sinto um cajado nas mãos
E vejo um recorte de mim
No cimo dum outeiro,
Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas ideias,
Ou olhando para as minhas ideias e vendo o meu rebanho,
E sorrindo vagamente como quem não compreende o que se diz
E quer fingir que compreende.
 
Saúdo todos os que me lerem,
Tirando-lhes o chapéu largo
Quando me vêem à minha porta
Mal a diligência levanta no cimo do outeiro.
Saúdo-os e desejo-lhes sol,
E chuva, quando a chuva é precisa,
E que as suas casas tenham
Ao pé duma janela aberta
Uma cadeira predileta
Onde se sentem, lendo os meus versos.
E ao lerem os meus versos pensem
Que sou qualquer cousa natural -
Por exemplo, a árvore antiga
À sombra da qual quando crianças
Se sentavam com um baque, cansados de brincar,
E limpavam o suor da testa quente
Com a manga do bibe riscado.


Alberto Caeiro

sexta-feira, março 07, 2014

Danilo Caymmi - 66 anos

(imagem daqui)

Danilo Candido Tostes Caymmi (Rio de Janeiro, 7 de março de 1948) é um músico, cantor, compositor e arranjador brasileiro.
É filho de Dorival Caymmi e Stella Maris, e irmão de Dori e Nana Caymmi. Começou a tocar flauta e violão na adolescência. Abandonou o curso de arquitetura no fim do curso.

Iniciou a carreira artística, participando como flautista, na gravação do disco "Caymmi Visita Tom", de 1964. O seu primeiro trabalho como compositor a ser registado foi com a música "De Brincadeira", feita em parceria com Edmundo Souto, interpretada por Mário Castro Neves, em 1967. Atuou como flautista e compositor, obtendo o terceiro lugar no III Festival Internacional da Canção, na fase nacional, transmitido pela Rede Globo, em 1968, com a canção Andança, sendo os seus parceiros na composição da canção Edmundo Souto e Paulinho Tapajós, lançando a cantora Beth Carvalho, contando com a participação do grupo vocal Golden Boys.
Fez sucesso com a canção Casaco Marrom, composta juntamente com Guarabyra, na voz da cantora Evinha. Danilo trabalhou com os seus irmãos e fez espetáculos em 1973 com Edu Lobo. No mesmo ano, participou da gravação do disco "Matança do Porco", do grupo Som Imaginário. Em 1983 entra para o conjunto musical Banda Nova de Tom Jobim. Foi convidado pela TV Globo (Rede Globo) a escrever bandas musicais para alguns séries e novelas como Riacho Doce, Teresa Batista, Corpo e Alma e Mulheres de Areia, sendo lançado o longplay Trilhas.
Em 2001 participou com Roberto Menescal, Marcos Valle e Wanda Sá do Fare Festival, realizado em Pavia, na Itália pela Società dell'Academia.
Fez turnê nas seguintes cidades: Estocolmo, na Suécia, Helsinki, na Finlândia e em Moscovo, na Rússia.
Na comemoração dos noventa anos do pai, lançou, em 2004, conjuntamente com os seus irmãos Nana e Dori, o CD Para Caymmi de Nana, Dori e Danilo, com os maiores sucessos de Dorival Caymmi.
Em 2009, foi lançado pela Rob Digital, em parceria com o Canal Brasil (TV por Assinatura), o CD e DVD "Danilo Caymmi e Amigos", cujo registo teve a participação de Roberto Menescal, Fafá de Belém, Zé Renato, Claudio Nucci, Dori Caymmi e sua filha Alice Caymmi.


Stanley Kubrick morreu há 15 anos

Stanley Kubrick (Nova Iorque, 26 de julho de 1928 - St Albans, 7 de março de 1999) foi um cineasta, roteirista, produtor de cinema e fotógrafo americano. Considerado um dos mais importantes cineastas de todos os tempos, foi autor de grandes clássicos do cinema, como Spartacus (1960), Dr. Stangelove (1964), 2001 - Odisseia no Espaço (1968), Laranja Mecânica (1971) e Shining (1980), entre outros.

Infância e adolescência
Em sua infância, o jovem do Bronx não era o que se podia chamar de "aluno exemplar". Raramente fazia os trabalhos de casa e as suas notas não eram das melhores. Mas apesar disso, tinha reconhecimento do pai em sua mente criativa. Foi este quem o encorajou a aprender xadrez (tornou-se um especialista no desporto) e deu-lhe a sua primeira máquina fotográfica. Ainda na adolescência, visando a carreira como fotógrafo, conseguiu emprego na conceituada revista Look, mas logo Kubrick descobriu que o seu futuro estava ligado a outro tipo de câmara.

Auto retrato na década de 50 para a revista Look

Primeiros trabalhos
Estreou como cineasta de curta-metragens aos 22 anos. Aos 25, obteve uma grande ajuda financeira do pai, que penhorou a casa para a produção de Fear and Desire, de 1953, sua primeira longa-metragem. Considerou o trabalho amador e, mesmo com algumas boas críticas, logo tratou de retirá-lo de circulação. Até hoje, o filme permanece fora de catálogo, tendo sido exibido poucas vezes em festivais ou distribuído ilegalmente. Logo após, Kubrick realizaria outro longa, Killer's Kiss, de 1955, outro filme pouco divulgado e de difícil acesso. Mas é a partir de The Killing, de 1956, que a sua carreira começa a funcionar. O trama sobre um plano de assalto ganhou a atenção de alguns produtores. Apesar disso, teve dificuldades com a adaptação da novela Paths of Glory. O filme homónimo foi estrelado pelo astro Kirk Douglas, que ajudou a levantar o projeto após ele ter sido rejeitado pelos estúdios. Kubrick fez um dos filmes antiguerra mais poderosos que o mundo do cinema já viu. Focado não em heróis, mas sim em cobardes. Apesar das excelentes críticas, Paths of Glory (Horizontes de Glória), de 1957, foi proibido em alguns países, incluindo a França.

Reconhecimento e clássicos
Kirk Douglas gostou de trabalhar com Kubrick. Foi ele quem o chamou para dirigir o épico Spartacus (1960), após a tensa demissão do veterano diretor Anthony Mann. Mann já havia filmado boa parte da produção quando Kubrick, com apenas 29 anos, assumiu o seu lugar. A boa relação com Douglas viria por água a baixo quando as diferenças criativas os fizeram confrontar. Kubrick perdeu a batalha e viu obrigado-se a filmar sem poder colocar algumas das suas ideias em prática. Mesmo com o sucesso do filme, ele decidiu que dali por diante só iria aceitar projetos que pudesse ter total liberdade criativa. E foi com esse pensamento que se muda para a Inglaterra em 1962. No mesmo ano começa as filmagens de Lolita (1962), clássico da literatura escrita por Vladimir Nabokov. A curiosidade sobre a adaptação da obra de Nabokov dá grande visibilidade ao filme, que mesmo imerso em polémicas (a relação entre um homem de meia-idade e uma adolescente era a principal delas) se torna outro grande sucesso de crítica. Dois anos depois, o diretor lança outro clássico absoluto: Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb (1964) (Doutor Fantástico no Brasil; Doutor Estranhoamor em Portugal). Tendo como tema a ameaça nuclear, o filme é uma comédia de humor negro com atuações e roteiro primorosos. Para atuar, Kubrick chamou o comediante inglês Peter Sellers, que se desdobra em três papéis, incluindo o de presidente dos Estados Unidos e George C. Scott (que alguns anos mais tarde se destacaria em Patton, Rebelde ou Herói?). Entre os vários momentos clássicos, está o final, com direito a um major cowboy montado sobre uma bomba atómica no ar. Esse trabalho rendeu a Kubrick a sua primeira nomeação para o Óscar de melhor diretor.
Cinco anos de produção foram necessários para o desenvolvimento de 2001: A Space Odyssey (2001: Odisseia no Espaço), de 1968, para muitos a melhor ficção científica já filmada. Foi escrito ao mesmo tempo em que o livro homónimo de Arthur C. Clarke estava a se escrito. Clarke, inclusive, deu assistência na criação do roteiro. 2001 teve uma recepção fria da crítica, mas obteve um enorme sucesso junto do público. Até hoje, possui na sua força maior, as músicas de Richard Strauss, Assim falou Zaratustra e Johann Strauss II, Danúbio Azul. Os efeitos especiais, inovadores para a época, garantiram ao filme um Óscar da categoria.
Novamente indicado para melhor diretor, Kubrick vê o seu prémio escapar. Logo após, chateado com o cancelamento do filme sobre Napoleão Bonaparte, ele segue para mais uma adaptação. Dessa vez o livro é A Clockwork Orange (Laranja Mecânica), de 1971, de Anthony Burgess, focado na violência humana e, principalmente, na da juventude. Causou grande polémica na época de seu lançamento e foi acusado de incitar a barbárie. Na história, quatro jovens de classe trabalhadoras passam as noites cometendo as maiores atrocidades: lutar, roubar, violar… são apenas algumas delas. A vida de um deles, Alex, (Malcolm McDowell) toma um rumo diferente quando o mesmo vai para a cadeia. Disparado o trabalho mais controverso do diretor, que deu-lhe outra nomeação para o prémio da Academia e outra derrota.
Nos anos seguintes, três filmes totalmente diferentes: um longuíssimo filme de época, um terror de gelar a espinha e a sua visão da Guerra do Vietname. O primeiro é Barry Lyndon (1975). Linda obra saída de uma novela de William Makepeace Thackeray. Apesar de ser pouco conhecido, o filme é considerado por muito dos fãs de Kubrick, entre eles Martin Scorsese, como seu melhor trabalho. Pois nele é perfeitamente visível o seu perfecionismo, característica marcante em sua carreira. Barry Lyndon, interpretado magistralmente por Ryan O'Neal, é uma espécie de "talentosa fraude" que inevitavelmente é expulso de onde quer que se meta. A fotografia do filme, dirigida por John Alcott - trabalhando sob a orientação técnica de Kubrick - e vencedora do Óscar, é outro momento inesquecível. Kubrick usou lentes criadas pela NASA para poder filmar alguns interiores. Detalhe: iluminados apenas com velas. Mesmo com todo o cuidado da produção, Barry Lyndon fracassou nos Estados Unidos, mas fez relativo sucesso na Europa. Levou quatro estatuetas douradas, mas de novo o admirável trabalho de Stanley como diretor não foi reconhecido pela maioria votante. Ele voltaria a ter um novo sucesso mundial com o clássico Shining (1980) (The Shining), adaptação da obra de Stephen King. A história de uma família que passa uma época num hotel nas montanhas até hoje faz sucesso onde quer que seja exibida. Quase no final dos anos 1980, Kubrick resurgiria dando ênfase a guerra. Dessa vez a do Vietname. Saída do livro de Gustav Hasford, Full Metal Jacket (Nascido Para Matar), de 1987, quase que uma versão "kubrickiana" de Apocalypse Now. O filme é praticamente dividido em duas partes: a preparação para a guerra e o ambiente de combate. Kubrick disse que ficou frustrado com o facto de que antes da estreia do filme dois outros longas sobre o tema já tinham sido lançados com sucesso: The Killing Fields (Terra sangrenta), de 1984, e Platoon (Platoon - Os Bravos do Pelotão), de 1986. Ainda como destaque da produção está o imenso set erguido em Londres, para a batalha final.

Final de carreira
Do seu último longa-metragem até Eyes Wide Shut (De Olhos Bem Fechados), de 1999, passou-se um longo período sem nada assinado por Stanley. Lançado em 1999, o filme protagonizado pelo (até então) casal número um dos Estados Unidos, causou uma grande comoção entre os amantes da sétima arte. Tom Cruise e Nicole Kidman interpretam um casal em crise e foi adaptada de romance escrito por Arthur Schnitzler, chamado Traumnovelle. Dois anos foi o período de filmagem, tempo que o perfecionismo de Kubrick achou necessário para a conclusão do filme, mas não o necessário para agradar à crítica e público. Kubrick faleceu enquanto dormia, devido a um ataque cardíaco, no dia 7 de março de 1999, não testemunhando a fria recepção que seu último trabalho obteve. O último projeto cinematográfico em que esteve envolvido, mas que por questões de saúde não dirigiu, foi AI: Inteligência Artificial, de Steven Spielberg. Encontra-se sepultado em Childwickbury Manor, Hertfordshire na Inglaterra.


São Tomás de Aquino morreu há 740 anos

Tomás de Aquino (Roccasecca, 1225 - Fossanova, 7 de março de 1274) foi um padre dominicano, filósofo, teólogo, distinto expoente da escolástica, proclamado santo e Doutor da Igreja Católica, cognominado Doctor Communis ou Doctor Angelicus pela Igreja Católica.

O seu maior mérito foi a síntese do cristianismo com a visão aristotélica do mundo, introduzindo o aristotelismo, sendo redescoberto na Idade Média, na Escolástica anterior, compaginou um e outro, de forma a obter uma sólida base filosófica para a teologia e retificando o materialismo de Aristóteles. Nas suas duas summae, sistematizou o conhecimento teológico e filosófico de sua época: a Summa theologiae e a Summa contra gentiles. A partir dele, a Igreja tem uma Teologia (fundada na revelação) e uma Filosofia (baseada no exercício da razão humana) que se fundem numa síntese definitiva: e razão, unidas em sua orientação comum rumo a Deus. Sustentou que a filosofia não pode ser substituída pela teologia e que ambas não se opõem. Afirmou que não pode haver contradição entre fé e razão. Explica que toda a criação é boa, tudo o que existe é bom, por participar do ser de Deus, o mal é a ausência de uma perfeição devida e a essência do mal é a privação ou ausência do bem. Além da sua Teologia e da Filosofia, desenvolveu também uma teoria do conhecimento e uma Antropologia, deixou também escrito conselhos políticos: Do governo do Príncipe, ao rei de Chipre, que se contrapõe, do ponto de vista da ética, ao O Príncipe, de Nicolau Maquiavel.
 

Warrel Dane - 53 anos

Warrel Dane (Seattle, Washington, 7 de março de 1961) é o atual vocalista da banda de Thrash/Progressive Metal Nevermore. Ele já foi o vocalista das bandas Sanctuary e Serpent's Knight. Warrel Dane treinou por 5 anos como cantor de ópera e utiliza uma gama muito extensa de notas vocais, desde as notas baixas até as muito altas (entre 5 e 6 oitavas). O uso de notas muito altas era mais utilizado nos tempos do Sanctuary e do Serpent's Knight, porém, ainda são usadas hoje na banda Nevermore.
É conhecido que Dane é formado em filosofia, teologia e sociologia e usa várias referências dessa formação em letras (muitas vezes polémicas) do Nevermore e do Sanctuary. Dane Também é um chef graduado e no começo dos anos 90 teve, com o baixista Jim Sheppard (Sanctuary, Nevermore), um restaurante em Seatle.
Dane gravou um álbum a solo chamado Praises to the War Machine, lançado em 13 de maio de 2008 pela Century Media Records.


quinta-feira, março 06, 2014

Melina Mercouri morreu há 20 anos...

Melina Amalia Mercouri (Atenas, 18 de outubro de 1920Nova Iorque, 6 de março de 1994), mais conhecida como Melina Mercouri, foi uma atriz, cantora e ativista política grega. Fez parte do Parlamento Helénico e, em 1981, tornou-se a primeira mulher a ser Ministra da Cultura na Grécia.
O seu avô, Spyros Merkouris, foi presidente da Câmara de Atenas durante muitos anos. O seu pai era membro do Parlamento. O seu tio, George S. Mercouris, foi líder do Partido Socialista Nacional da Grécia e que foi presidente do Banco da Grécia durante a ocupação da Grécia pela Alemanha nazi, durante a Segunda Guerra Mundial.
O seu primeiro filme, Stella (1955), foi dirigido por Michael Cacoyannis, o diretor de Zorba, o grego. Foi ele que a levou para Cannes, onde o filme foi nomeado para obter a Palma de Ouro. Lá, Melina conheceu o diretor Jules Dassin, com quem viveria até morrer. O casal não teve filhos.
Melina tornou-se conhecida mundialmente quando estrelou, em 1960, o filme Never on Sunday, de Jules Dassin, que lhe rendeu o prémio de Melhor Atriz no Festival de Cannes e uma nomeação para o Óscar de melhor atriz. Em 1978, Melina encerrou sua carreira no cinema para se dedicar à política.
Durante o período da ditadura militar na Grécia, Melina morou na França. Quando a democracia voltou ao país, ela primeiro se tornou membro do Parlamento; depois, a primeira mulher a ser Ministra da Cultura no país durante dois mandatos consecutivos; depois trabalhou novamente no mesmo cargo em 1993 e 1994. Como Ministra da Cultura, lutou para que voltassem à Grécia os famosos Mármores de Elgin, que foram retirados do Partenon grego.
Morreu em Nova Iorque, de cancro do pulmão, aos 73 anos. O seu corpo foi trazido para Atenas, onde teve honras de funeral de primeiro-ministro.


David Gilmour - 68 anos

David Jon Gilmour (Cambridge, 6 de março de 1946) é um guitarrista e cantor britânico, vocalista da banda inglesa Pink Floyd, tendo também editado álbuns a solo, bem como colaborado com outros artistas. Depois da saída de Roger Waters, a meio da década de 80, tornou-se a principal figura da banda. Foi considerado o 14º melhor guitarrista do mundo pela revista norte-americana Rolling Stone.


A soprano neozelandesa Kiri Te Kanawa nasceu há 70 anos!

(imagem daqui)

Dame Kiri Te Kanawa (Gisborne, 6 de março de 1944) é uma aclamada soprano lírica neozelandesa. O seu reportório vai do século XVII ao século XX. É particularmente dedicada às obras de Mozart, Richard Strauss, Verdi, Handel e Puccini.
Atualmente, ela raramente atua em óperas, embora seja vista com frequência em recitais e concertos. Em agosto de 2009, o jornal The Daily Telegraph de Londres relatou que Te Kanawa iria deixar de cantar óperas, que requerem uma disciplina exaustiva. A sua última apresentação operística foi em abril de 2010, na Ópera de Colónia, onde ela cantou "Marschallin" de Der Rosenkavalier (Richard Strauss).

Biografia
Nascida Claire Mary Teresa Rawstron em Gisborne, Ilha do Norte, na Nova Zelândia, de origem māori e irlandesa, foi adotada, quando bebê, por Thomas Te Kanawa e sua mulher, Nell, que lhe deram o nome de Kiri. Thomas, assim como o pai biológico de Kiri era um māori, e Nell era de ascendência irlandesa, tal como a mãe biológica da cantora. 
Foi educada no Saint Mary's College de Auckland e preparada para o canto operístico pela Irmã Mary Leo, RSM. Começou a sua carreira como mezzo-soprano, passando posteriormente a soprano.
Conheceu Desmond Park, num encontro às cegas, em Londres, em agosto de 1967. Os dois se casaram, seis semanas depois, na Catedral de St Patrick, em Auckland. O casal adotou duas crianças - Antonia (nascida em 1976) e Thomas (nascido em 1979). O divórcio veio em 1997.
Na sua adolescência e no começo de sua juventude, foi uma estrela pop e de entretenimento popular nos clubes em Nova Zelândia. Em 1965, venceu o Mobil Song Quest cantando a ária "Vissi d'Arte" da Tosca, de Puccini. Em 1963 ela ganhou o segundo lugar, perdendo para Malvina Major. Como vencedora, ela recebeu uma bolsa de estudos em Londres. Em 1966 ela venceu o prestigioso Australian Melbourne Sun-Aria.
Em 1966, sem uma audição, ela entrou no Centro de Ópera de Londres para estudar com Vera Rózsa e James Robertson.
As suas primeiras aparições foram em A Flauta Mágica, de Mozart, e em Dido and Aeneas, de Henry Purcell, em dezembro de 1968, no Sadler's Wells Theatre. Ela também cantou o papel que dá o título à ópera Anna Bolenna, de Gaetano Donizetti. Em 1969, fez o papel de Elena de La Donna del Lago de Gioacchino Rossini, no Camden Festival e a Condessa em Le Nozze di Figaro. Após a apresentação, o maestro Colin Davis disse: "Não posso acreditar em meus ouvidos. Eu presenciei milhares de audições, mas esta tem uma voz fantasticamente linda". Orgulhoso por Idamante, em Idomeneo (Mozart), ele ofereceu-lhe três anos de contrato no Royal Opera House, Covent Garden, onde ela fez a sua estreia como Xenia, em Boris Godunov, e Flower Maiden, em Parsifal, no ano de 1970.
Carreira internacional
Kiri Te Kanawa apresentou-se como a Condessa, em Le Nozze di Figaro, na Ópera de Santa Fé, no Covent Garden, na Ópera Nacional de Lyon e na Ópera de São Francisco, entre 1971 e 1972. A sua estreia no Metropolitan Opera House foi em 1974, como Desdemona em Otello, apresentando-se no lugar de Teresa Stratas, no último momento. Ela cantou no Glyndebourne Festival em 1973. Outras estreias memoráveis foram em Paris (1975), Milão e Sidnei (1978), Salzburgo (1979) e Viena (1980).
Em outros anos, ela apresentou-se na Ópera Lírica de Chicago, na Ópera de Paris, na Casa de Ópera de Sydney, na Ópera Estatal de Viena, no La Scala e na Ópera de São Francisco, adicionando os papéis de Donna Elvira, Pamina e Fiordiligi ao seu reportório.
Te Kanawa foi vista e ouvida por aproximadamente 600 milhões de pessoas em 1981, quando cantou "Let the Bright Seraphim", de Handel, no casamento de Charles, Príncipe de Gales com Lady Diana Spencer.
Prémios e honrarias
Kiri Te Kanawa é Dame Commander da Ordem do Império Britânico desde 1982, como também é da Companhia de Honra da Ordem da Austrália (1990) e recebeu o prémio de Ordem da Nova Zelândia (1995). Também recebeu títulos honoris causa das Universidades de Cambridge, Dundee, Durhanm, Nottingham, Oxford, Sunderland, Warwick, Chicago, Auckland e Waikato.
Estabelecida na Inglaterra desde 1966, quando chegou ao país optou por continuar seus estudos de canto no famoso London Opera Centre. Após várias apresentações em teatros de menor projeção, estreou, com redundante sucesso, na Royal Opera House (Covent Garden), em 1971, no papel da Condessa Almaviva, na ópera As Bodas de Fígaro, de Mozart. É considerada uma das melhores intérpretes de Mozart.
Prima Donna da Royal Opera House, apresentou-se ao longo de três décadas no seu palco. Foi convidada pelo príncipe Charles de Windsor, seu admirador e amigo, para cantar no seu casamento com a então Lady Di. Todos os grandes teatros de ópera do mundo a tiveram em seus palcos, nomeadamente o Metropolitan Opera House, de Nova Iorque, que já a recebeu inúmeras vezes.
É divorciada e mãe de um casal de filhos. Ambos - tal como ela mesma o é - são adotados. Hoje, semi-aposentada, continua a morar na Inglaterra e dedica-se à Fundação Kiri Te Kanawa, que criou em Auckland, para ajudar os talentos da música erudita locais. A sua portentosa e aveludada voz, somada a uma técnica impecável e a uma presença cénica forte e carismática garantem seu nome na galeria das maiores cantoras líricas de todos os tempos.
A 28 de junho de 2008 apresentou-se no Casino Estoril, concerto no qual um dos pontos altos foi o dueto com Mariza, na canção Summertime.
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Miguel Ângelo nasceu há 539 anos

Retrato de Miguel Ângelo, de 1564, executado por Daniele da Volterra a partir da sua máscara mortuária

Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni (Caprese, 6 de março de 1475 - Roma, 18 de fevereiro de 1564), mais conhecido simplesmente como Miguel Ângelo, foi um pintor, escultor, poeta e arquiteto italiano, considerado um dos maiores criadores da história da arte do ocidente.
Ele desenvolveu o seu trabalho artístico durante mais de setenta anos, entre Florença e Roma, onde viveram os seus grandes mecenas, a família Medici de Florença, e vários papas romanos. Iniciou-se como aprendiz dos irmãos Davide e Domenico Ghirlandaio,  em Florença. Tendo o seu talento logo reconhecido, tornou-se um protegido dos Medici, para quem realizou várias obras. Depois fixou-se em Roma, onde deixou a maior parte de suas obras mais representativas. A sua carreira desenvolveu-se na transição do Renascimento para o Maneirismo, e o seu estilo sintetizou influências da arte da antiguidade clássica, do primeiro Renascimento, dos ideais do Humanismo e do Neoplatonismo, centrado na representação da figura humana e, em especial, no nu masculino, que retratou com enorme pujança. Várias de suas criações estão entre as mais célebres da arte do ocidente, destacando-se na escultura o Baco, a Pietà, o David, os dois túmulos Medici e o Moisés; na pintura o vasto ciclo do teto da Capela Sistina e o Juízo Final, no mesmo local, e dois afrescos na Capela Paulina; serviu como arquiteto da Basílica de São Pedro, implementando grandes reformas na sua estrutura e desenhando a cúpula, remodelou a praça do Capitólio romano e projetou diversos edifícios, e escreveu grande número de poesias.
Ainda em vida foi considerado o maior artista de seu tempo; chamavam-no de O Divino, e ao longo dos séculos, até os dias de hoje, vem sendo tido na mais alta conta, parte do reduzido grupo dos artistas de fama universal, de facto como um dos maiores que já viveram e como o protótipo do génio. Miguel Ângelo foi um dos primeiros artistas ocidentais a ter sua biografia publicada ainda em vida. A sua fama era tal que, como nenhum artista anterior ou contemporâneo seu, sobrevivem registos numerosos sobre a sua carreira e personalidade, e objetos que ele usara ou simples esboços para suas obras eram guardados como relíquias por uma legião de admiradores. Para a posteridade Miguel Ângelo permanece como um dos poucos artistas que foram capazes de expressar a experiência do belo, do trágico e do sublime numa dimensão cósmica e universal.

Miguel Ângelo: Moisés, 1513–1515. Igreja de São Pedro Acorrentado, Roma

O escritor e militar Cyrano de Bergerac nasceu há 395 anos

Hector Savinien de Cyrano de Bergerac (Saviniano Hércules Cyrano de Bergerac) (Paris, 6 de março de 1619 - Sannois, 26 de julho de 1655) foi um escritor e duelista que se tornou mais conhecido pelos muitos trabalhos de ficção que têm sido feitos sobre sua vida. Nessas histórias, ele é sempre retratado com um grande nariz, em especial na peça feita por Edmond Rostand sobre sua vida.

Biografia
Cyrano de Bergerac - nascido Savinien de Cyrano - nasceu em uma família parisiense, e passou a infância em Saint-Forget (atualmente Yvelines). Estudou e viveu em Paris, enquanto não estava em campanha militar. Ele não era, portanto, um gascão. Somente em 1638 adiciona “de Bergerac” a seu nome, inspirado nas terras que sua família teria possuído. Seu pai era o Senhor de Mauvières e de Saint-Laurent, e como o antigo nome de Mauvières era Bergerac, da antiga família gasconha, que havia sido proprietária da região nos séculos XV e XVI, quando deixou a casa paterna e foi para Paris, adotou o nome Bergerac. Muitos de seus soldados eram gascões, e ele adquiriu muitos de seus costumes, daí o mito de sua origem gasconha.
Contemporâneo de Boileau e Molière, poeta e livre-pensador, assinava as suas obras com pseudónimos criativos escolhidos aleatoriamente. Foi um escritor de sucesso em sua época, e a sua primeira obra foi “Le pedant Joué” (O pedante enganado), que foi escrita para ridicularizar Jean Grangier, então seu professor de retórica.
Aos 20 anos, perdeu a pensão que recebia de seu pai, ao envolver-se num duelo, entrando para o exército, junto ao Capitão Carbon de Casteljaloux. Supõe-se que Cyrano tenha duelado perto de mil vezes, em especial devido às brincadeiras que faziam com seu nariz, bastante grande. Teve dois ferimentos em combate, e um deles lhe deixou uma cicatriz, paralela ao nariz. Destacou-se não apenas como escritor, mas também como espadachim e soldado.
Em 1641 deixou o exército, e escreveu suas obras mais importantes: a peça A Morte de Agripina e dois livros de ficção científica: Histoire comique des Estats et empires de la Lune("História Cômica dos Estados e Impérios da Lua") (1657) e Histoire comique des Estats et empires du Soleil ("História Cômica dos Estados e Impérios do Sol"), entre 1642 e 1655. Tais livros foram publicados em 1657 e 1662, respectivamente, e descrevem jornadas ao sol e à lua. Os métodos do voo especial que Cyrano descreve são inventivos, e refletem o seu materialismo filosófico.
Há especulações atuais de que Cyrano era homossexual. Acredita-se que, por volta de 1640, ele começou um romance com Charles Coypeau d'Assoucy, um escritor e músico, relacionamento que parece ter se estendido até por volta de 1653, quando eles iniciaram uma amarga rivalidade. Bergerac começou a enviar ameaças de morte a d’Assoucy, levando-o a deixar Paris. A questão se estendeu a uma série de textos satíricos escritos por ambos. Bergerac escreveu Contre Soucidas (um anagrama com nome de seu inimigo), e Contre un ingrat, enquanto d’Assoucy contra-atacou com Le Combat de Cyrano de Bergerac avec le singe de Brioché au bout du Pont-Neuf (“A Batalha de Cyrano de Bergerac com o Macaco de Brioché sobre a Ponte Nove”).
A personagem Roxane que a peça de Rostand apresenta era uma prima de Bergerac, que viveu com sua tia, Catherine de Cyrano, em um Convento das “Daughter of the Cross”, onde Bergerac foi atendido após ter sido atingido por uma viga de construção. Na peça, Bergerac luta no cerco de Arras (1640), uma batalha dos 30 anos de guerra entre França e forças espanholas. Um dos companheiros de batalha foi o Barão de Neuvillette, que casou com a prima de Cyrano. Contudo, a história da peça envolvendo Roxane e Christian é ficcional.
Adoeceu, em 1654, após ser ferido na cabeça por uma viga que caiu acidentalmente de uma construção sob a qual passava, e nunca mais recuperou completamente. Doente e pobre, ficou sob a proteção do duque de Arpajon, e posteriormente ficou abrigado pela prima, a baronesa de Neuvillette, morrendo em Sannois, na casa de seu primo Pierre de Cyrano, em 1655.
Savinien de Cyrano está enterrado na mais célebre necrópole parisiense, o Cemitério do Père-Lachaise. A sua estátua é célebre num parque no município francês de Bergerac.

Obra
As suas obras História Cómica dos Estados e Impérios da Lua, e História Cómica dos Estados e Impérios do Sol inspiraram várias obras posteriores, tais como Micrómegas, de Voltaire, e Viagens de Gulliver, de Jonathan Swift.
Questionou os intelectuais da sua época, criando polémicas relacionadas com a religião e crenças tradicionais. A sua peça A Morte de Agripina foi considerada blasfema pela igreja.
Cyrano foi um livre-pensador e um aluno de Pierre Gassendi, um dignitário da Igreja Católica que tentou reconciliar o atomismo de Epicuro com o cristianismo. O pensamento racionalista apresentado por Cyrano foi algo raro na época, pois o iluminismo começou um século após a sua morte. Defendia ideias consideradas ousadas para a época, tais como a de que a matéria se compõe de átomos e de que os animais são dotados de inteligência.

Martin Niemoller morreu há 30 anos

Martin Niemöller (Lippstadt, 14 de janeiro de 1892 - Wiesbaden, 6 de março de 1984) foi um pastor luterano alemão. Em 1966 foi-lhe atribuído o Prémio Lenine da Paz. Desde a década de 80 tornou-se conhecido pela sua adaptação de um poema Vladimir Maiakovski, "Quando os nazis vieram atrás dos comunistas".

Biografia
Filho de um pastor luterano, foi educado na fidelidade ao Imperador e com sentimentos patrióticos alemães. Depois de concluir o curso secundário, ingressou na Marinha como soldado de carreira. Durante a Primeira Guerra Mundial, serviu como comandante de submarino, vindo a ser condecorado com a Cruz de Ferro. Após a guerra, viveu durante algum tempo em Freikorps e estudou Teologia. Em 1931, foi ordenado pastor da Igreja de Santa Ana em Dahlen, um subúrbio de Berlim.
Mesmo depois de formar-se em Teologia, ele permaneceu fiel à sua ideologia patriótica e conservadora. Porém, após a subida dos nazis ao poder, em 1933, Niemöller – então pároco em Berlim-Dahlem – entrou num conflito crescente com o novo governo. Inicialmente, ele concordava com o antagonismo dos Nazis ao Comunismo e à República de Weimar, mas ficou alarmado com a tentativa de Hitler em dominar a Igreja Evangélica (Luterana ou Reformada) impondo-lhe o movimento neopagão dos "Cristãos Germânicos" da Igreja do Reich e de seu bispo Ludwig Müller. Sendo ele nacionalista e não estando inteiramente livre de preconceitos anti-semitas, Niemöller protesta decididamente contra a aplicação do "parágrafo ariano" na Igreja e a falsificação da doutrina bíblica pelos cristãos alemães de ideologia nazista. Para impedir a segregação de cristãos de origem judaica, ele criou no outono de 1933, com Dietrich Bonhöffer, a Pfarrernotbund ("Liga Pastoral de Emergência") para apoiar os pastores não-arianos ou casados com não-arianas, que foi transformada na Bekennende Kirche (Igreja Confessante) em 1934. A Igreja Confessante recusou obediência à direção oficial da Igreja Evangélica, tornando-se um importante centro de resistência alemã protestante ao regime nazi.
Em 1934, Niemöller acreditava ainda que poderia discutir com os novos donos do poder. Numa recepção na Chancelaria em Berlim, ele contestou Hitler, que queria eximir a Igreja de toda responsabilidade pelas questões "terrenas" do povo alemão:
"Ele me estendeu a mão e eu aproveitei a oportunidade. Segurei a sua mão fortemente e disse: 'Sr. Chanceler, o senhor disse que devemos deixar em suas mãos o povo alemão, mas a responsabilidade pelo nosso povo foi posta na nossa consciência por alguém inteiramente diferente'. Então, ele puxou a sua mão, dirigindo-se ao próximo e não disse mais nenhuma palavra."
Perseguição nazi
A partir deste incidente, Niemöller fica cada vez mais na mira do regime. É observado pela Gestapo e proibido de fazer pregações, o que ele não aceita. Em 1935, é preso pela primeira vez e logo libertado. Martin Niemöller já era tido nessa época como o mais importante porta-voz da resistência protestante. No verão de 1937, ele pregava:
E quem como eu, que não viu nada a seu lado no ofício religioso vespertino de anteontem, a não ser três jovens policiais da Gestapo – três jovens que certamente foram batizados um dia em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo e que certamente juraram fidelidade ao seu Salvador na cerimónia de crisma, e agora são enviados para armar ciladas à comunidade de Jesus Cristo –, não esquece facilmente o ultraje à Igreja e deseja clamar 'Senhor, tende piedade' de forma bem profunda.
Em julho de 1937, Niemöller foi preso novamente. Passados cerca de sete meses, no dia 7 de fevereiro de 1938, começou então o seu processo diante do Tribunal Especial II em Berlim-Moabit. Segundo a acusação, Martin Niemöller teria criticado as medidas do governo nas suas pregações "de maneira ameaçadora para a paz pública", teria feito "declarações hostis e provocadores" sobre alguns ministros do Reich e, com isto, transgredido o "parágrafo do Chanceler" e a "lei da perfídia". A sentença: sete meses de prisão, bem como dois mil marcos de multa.
Os juízes consideraram a pena como cumprida, em função do longo tempo de prisão preventiva. Niemöller deveria, assim, ter deixado a sala do tribunal como homem livre. Para Hitler, no entanto, a sentença pareceu muito suave. Ele enviou o pastor como seu "prisioneiro pessoal" para um campo de concentração. Até o fim da guerra, durante mais de sete anos, Martin Niemöller permaneceu preso – inicialmente, no campo de concentração de Sachsenhausen, depois no de Dachau.

Frases célebres
Niemöller é o autor de uma adaptação de um célebre poema de Vladimir MaiakovskiE Não Sobrou Ninguém” tratando sobre o significado do regime nazi na Alemanha:

E Não Sobrou Ninguém
 
Quando os nazistas levaram os comunistas, 
eu calei-me, 
porque, afinal, 
eu não era comunista. 

Quando eles prenderam os sociais-democratas, 
eu calei-me, 
porque, afinal,
eu não era social-democrata. 

Quando eles levaram os sindicalistas, 
eu não protestei, 
porque, afinal, 
eu não era sindicalista. 

Quando levaram os judeus, 
eu não protestei, 
porque, afinal, 
eu não era judeu.
Quando eles me levaram,
não havia mais quem protestasse.