Hector Savinien de Cyrano de Bergerac (Saviniano Hércules Cyrano de Bergerac) (
Paris,
6 de março de
1619 -
Sannois,
26 de julho de
1655) foi um escritor e
duelista
que se tornou mais conhecido pelos muitos trabalhos de ficção que têm
sido feitos sobre sua vida. Nessas histórias, ele é sempre retratado com
um grande nariz, em especial na
peça feita por
Edmond Rostand sobre sua vida.
Biografia
Cyrano de Bergerac - nascido Savinien de Cyrano - nasceu em uma família parisiense, e passou a infância em
Saint-Forget (atualmente
Yvelines). Estudou e viveu em Paris, enquanto não estava em campanha militar. Ele não era, portanto, um
gascão.
Somente em 1638 adiciona “de Bergerac” a seu nome, inspirado nas terras
que sua família teria possuído. Seu pai era o Senhor de Mauvières e de
Saint-Laurent, e como o antigo nome de Mauvières era Bergerac, da antiga
família gasconha, que havia sido proprietária da região nos séculos XV e XVI, quando
deixou a casa paterna e foi para Paris, adotou o nome Bergerac. Muitos
de seus soldados eram gascões, e ele adquiriu muitos de seus costumes,
daí o mito de sua origem gasconha.
Contemporâneo de
Boileau e
Molière,
poeta e livre-pensador, assinava as suas obras com pseudónimos criativos
escolhidos aleatoriamente. Foi um escritor de sucesso em sua época, e a
sua primeira obra foi “
Le pedant Joué” (
O pedante enganado), que foi escrita para ridicularizar Jean Grangier, então seu professor de retórica.
Aos 20 anos, perdeu a pensão que recebia de seu pai, ao envolver-se
num duelo, entrando para o exército, junto ao Capitão Carbon de
Casteljaloux. Supõe-se que Cyrano tenha duelado perto de mil vezes, em
especial devido às brincadeiras que faziam com seu nariz, bastante
grande. Teve dois ferimentos em combate, e um deles lhe deixou uma
cicatriz, paralela ao nariz. Destacou-se não apenas como escritor, mas
também como espadachim e soldado.
Em 1641 deixou o exército, e escreveu suas obras mais importantes: a peça
A Morte de Agripina e dois livros de ficção científica:
Histoire comique des Estats et empires de la Lune("História Cômica dos Estados e Impérios da Lua") (1657) e
Histoire comique des Estats et empires du Soleil
("História Cômica dos Estados e Impérios do Sol"), entre 1642 e 1655.
Tais livros foram publicados em 1657 e 1662, respectivamente, e
descrevem jornadas ao sol e à lua. Os métodos do voo especial que Cyrano
descreve são inventivos, e refletem o seu materialismo filosófico.
Há especulações atuais de que Cyrano era
homossexual. Acredita-se que, por volta de 1640, ele começou um romance com
Charles Coypeau d'Assoucy,
um escritor e músico, relacionamento que parece ter se estendido até
por volta de 1653, quando eles iniciaram uma amarga rivalidade. Bergerac
começou a enviar ameaças de morte a d’Assoucy, levando-o a deixar Paris.
A questão se estendeu a uma série de textos satíricos escritos por
ambos. Bergerac escreveu
Contre Soucidas (um anagrama com nome de seu inimigo), e
Contre un ingrat, enquanto d’Assoucy contra-atacou com
Le Combat de Cyrano de Bergerac avec le singe de Brioché au bout du Pont-Neuf (“A Batalha de Cyrano de Bergerac com o Macaco de Brioché sobre a Ponte Nove”).
A personagem Roxane que a peça de Rostand apresenta era uma prima de
Bergerac, que viveu com sua tia, Catherine de Cyrano, em um Convento das
“Daughter of the Cross”, onde Bergerac foi atendido após ter sido
atingido por uma viga de construção. Na peça, Bergerac luta no cerco de
Arras
(1640), uma batalha dos 30 anos de guerra entre França e forças
espanholas. Um dos companheiros de batalha foi o Barão de Neuvillette,
que casou com a prima de Cyrano. Contudo, a história da peça envolvendo
Roxane e Christian é ficcional.
Adoeceu, em 1654, após ser ferido na cabeça por uma viga que caiu
acidentalmente de uma construção sob a qual passava, e nunca mais
recuperou completamente. Doente e pobre, ficou sob a proteção do duque
de Arpajon, e
posteriormente ficou abrigado pela prima, a baronesa de Neuvillette,
morrendo em Sannois, na casa de seu primo Pierre de Cyrano, em 1655.
Obra
As suas obras
História Cómica dos Estados e Impérios da Lua, e
História Cómica dos Estados e Impérios do Sol inspiraram várias obras posteriores, tais como Micrómegas, de
Voltaire, e
Viagens de Gulliver, de
Jonathan Swift.
Questionou os intelectuais da sua época, criando polémicas relacionadas com a religião e crenças tradicionais. A sua peça A Morte de Agripina foi considerada blasfema pela igreja.