terça-feira, dezembro 08, 2009
Filme apropriado à época natalícia - II
Postado por Fernando Martins às 16:10 0 bocas
Marcadores: Bing Crosby, música, Natal, White Christmas
Sugestões de Prendas de Natal - I
Ciência Pop
Depois de uma adolescência a admirar o som punk dos Bad Religion, que vim a descobrir mais tarde serem liderados pelo biólogo evolutivo Greg Graffin, os They Might Be Giants lançam agora o tema "I Am a Paleontologist".
Apesar de estar cheio de lugares comuns sobre a Paleontologia, é um tema saltitante e, acima de tudo, fala de uma profissão que me diz muito...
Apesar de não ter ouvido o álbum, parece-me ser só sobre a Ciência.
Postado por Fernando Martins às 00:20 0 bocas
Marcadores: Bad Religion, Humor, I Am a Paleontologist, música, Paleontologia, They Might Be Giants
Salve Regina!
Postado por Fernando Martins às 00:07 0 bocas
Marcadores: 8 de Dezembro, D. João IV, Nossa Senhora da Conceição, Rainha, Vila Viçosa
segunda-feira, dezembro 07, 2009
Porque começa a haver falta de professores de Ciências Naturais?
Cinco longos anos de guerra aos professores conduziram à saída de alguns docentes mais velhos por reforma, alguns com penalizações superiores a 30% do seu salário, a doenças prolongadas (cá em casa tenho um exemplo...) e a abandonos para outras áreas profissionais - e como as Universidades não podiam prever tal facto, o resultado é o que se pode ver neste e-mail (dirigido a um professor da Universidade de Coimbra e por ele redireccionado para a GEOPOR):
Boa Tarde,
O meu nome é Natália Pires, sou antiga aluna da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, no departamento de Matemática e neste momento encontro-me a leccionar no Colégio Santo André, na Venda do Pinheiro, Mafra. No Colégio precisamos de um(a) professor(a) de Biologia e Geologia, para um horário completo e até ao final do ano lectivo, com possibilidade de renovação para o próximo ano.
Pelo que pesquisei, é coordenador da comissão pedagógica, daí que tenha entrado em contacto consigo para saber se nos podia ajudar. Já esgotámos os nossos contactos.
Agradeço desde já a sua atenção, ficando a aguardar informações.
Melhores cumprimentos,
Natália Pires
ADENDA - curiosamente hoje o interessantíssimo Blog Científico De Rerum Natura aborda genericamente este assunto, no post Professores? Mas o que é isso? - leiam, que vale a pena...
Postado por Fernando Martins às 23:31 0 bocas
Marcadores: De Rerum Natura, GEOPOR, professores
Amália canta Ary
Meu amor, meu amor
meu corpo em movimento
minha voz à procura
do seu próprio lamento
Meu limão de amargura, meu punhal a escrever
nós parámos o tempo, não sabemos morrer
e nascemos nascemos
do nosso entristecer
Meu amor, meu amor
meu pássaro cinzento,
a chorar a lonjura,
do nosso afastamento
Meu amor, meu amor
meu nó de sofrimento
minha mó de ternura
minha nau de tormento
Este mar não tem cura, este céu não tem ar
nós parámos o vento, não sabemos nadar
e morremos morremos
devagar devagar
Postado por Fernando Martins às 22:00 0 bocas
Marcadores: Amália Rodrigues, anos 60, Ary dos Santos, Fado, Meu amor meu amor, música
Música de Ary dos Santos
Cavalo à Solta - Fernando Tordo - Ary dos Santos
Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve
breve instante da loucura
Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denúncia do que pensa
do que sente a gente certa
Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo à solta
pela margem do teu corpo
Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.
Minha laranja amarga e doce
Minha espada
Poema feito de dois gumes
Tudo ou nada
Por ti renego
Por ti aceito
Este corcel que não sossego
À desfilada no meu peito
Por isso digo
canção castigo
amêndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo
Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura
Minha ousadia
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura
NOTA: para quem quiser ouvir outras versões, aqui ficam:
Postado por Adelaide Martins às 21:16 0 bocas
Marcadores: Ary dos Santos, Cavalo à solta, Fernando Tordo, Mafalda Arnauth, música
Recordar Ary dos Santos
Original é o poeta
Original é o poeta
que se origina a si mesmo
que numa sílaba é seta
noutro pasmo ou cataclismo
o que se atira ao poema
como se fosse um abismo
e faz um filho ás palavras
na cama do romantismo.
Original é o poeta
capaz de escrever um sismo.
Original é o poeta
de origem clara e comum
que sendo de toda a parte
não é de lugar algum.
O que gera a própria arte
na força de ser só um
por todos a quem a sorte faz
devorar um jejum.
Original é o poeta
que de todos for só um.
Original é o poeta
expulso do paraíso
por saber compreender
o que é o choro e o riso;
aquele que desce á rua
bebe copos quebra nozes
e ferra em quem tem juízo
versos brancos e ferozes.
Original é o poeta
que é gato de sete vozes.
Original é o poeta
que chegar ao despudor
de escrever todos os dias
como se fizesse amor.
Esse que despe a poesia
como se fosse uma mulher
e nela emprenha a alegria
de ser um homem qualquer.
Poeta castrado não!
Serei tudo o que disserem
por inveja ou negação:
cabeçudo dromedário
fogueira de exibição
teorema corolário
poema de mão em mão
lãzudo publicitário
malabarista cabrão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!
Os que entendem como eu
as linhas com que me escrevo
reconhecem o que é meu
em tudo quanto lhes devo:
ternura como já disse
sempre que faço um poema;
saudade que se partisse
me alagaria de pena;
e também uma alegria
uma coragem serena
em renegar a poesia
quando ela nos envenena.
Os que entendem como eu
a força que tem um verso
reconhecem o que é seu
quando lhes mostro o reverso:
Da fome já não se fala
- é tão vulgar que nos cansa -
mas que dizer de uma bala
num esqueleto de criança?
Do frio não reza a história
- a morte é branda e letal -
mas que dizer da memória
de uma bomba de napalm?
E o resto que pode ser
o poema dia a dia?
- Um bisturi a crescer
nas coxas de uma judia;
um filho que vai nascer
parido por asfixia?!
- Ah não me venham dizer
que é fonética a poesia!
Serei tudo o que disserem
por temor ou negação:
Demagogo mau profeta
falso médico ladrão
prostituta proxeneta
espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!
Postado por Pedro Luna às 21:08 0 bocas
Marcadores: aniversário, Ary dos Santos, Menina dos meus Olhos, poesia, Tonicha
Ary nasceu há 72 anos
José Carlos Ary dos Santos (Lisboa, 7 de Dezembro de 1937 — 18 de Janeiro de 1984) foi um poeta e declamador português.
Postado por Fernando Martins às 19:59 0 bocas
Marcadores: anos 60, anos 70, Ary dos Santos, Desfolhada, Fernando Tordo, música, Simone de Oliveira, Tourada
Filme apropriado à época natalícia
Exposição em Vila Franca das Naves
Nesta exposição estão presentes vários Artistas/Artesãos da minha terra de naturalidade, além da participação do Agrupamento de Escolas de Vila Franca das Naves.
Algumas fotos (para ver na totalidade clicar nos seguintes posts do Blog Vila Franca das Naves AQUI, AQUI, AQUI e AQUI):
Postado por Fernando Martins às 16:11 0 bocas
Marcadores: etnografia, exposição, Exposição das Tradições, Vila Franca das Naves
Ética republicana e governamental?
Pois...
Postado por Fernando Martins às 15:52 0 bocas
Marcadores: Artur Penedos, ética republicana, face oculta, José Sócrates, Mafia, Paulo Penedos, taxo
Nestes termos, o acordo não é possível
Surgem hoje no DN as seguintes declarações de Alexandre Ventura, o SE que antes de o ser já morava na 5 de Outubro enquanto presidente do CCAP:
Ao final do dia, depois de uma longa ronda negocial, o secretário de Estado adjunto da Educação foi inequívoco. “Os docentes com ‘excelente’ e ‘muito bom’ têm garantida a sua progressão. Mas haverá quotas, um dispositivo de diferenciação do mérito”, disse Alexandre Ventura, em conferência de imprensa, quando questionado sobre a progressão dos professores. Apesar de tudo estar ainda em cima da mesa, o governante deu a entender que o Governo será firme nesta posição.
O Governo e o ME podem até achar que com uma mudança de estilo e cortes de cabelo apresentáveis será possível convencer a opinião pública que os profes são os maus da história.
Mas a realidade supera as ficções encenadas por spin-doctors falhos de novas ideias e será fácil demonstrar que – levadas à prática como estão – as propostas do ME para a carreira docente são ainda mais gravosas para a progressão do que o ECD em processo de revisão.
Já sei que Alexandre Ventura detesta o ruído introduzido pelos blogues na pasmaceira dos gabinetes mas, isso posso garantir, será demonstrado por meios claros e não demagógicos que aquilo que ele está a tentar fazer passar é algo extremamente gravoso para os docentes, em especial aqueles que no início de carreira terão de superar três afunilamentos na carreira, ditados por critérios administrativos (as vagas serão abertas por determinação do Min. Finanças e não pelo mérito dos profissionais).
Essa demonstração deve ser feita por sindicatos, bloggers e outros analistas com rigor, ponderação e coerência, não reagindo de forma epidérmica ou de acordo com agendas de facção.
A esse respeito é importante ler este longo post no Topo da Carreira e é decisivo que todos os educadores e professores se informem com rigor das coisas e não apenas por ouvir falar ou ler de raspão no jornal que está em cima do balcão do café.
Poderão acabar com os titulares – algo que festejarei, apesar de tudo – mas se isso for feito à custa de múltiplos estrangulamentos na carreira, qualquer acordo que o ME espere não terá o acordo da generalidade dos docentes, já que a atitude de expectativa semi-benevolente que quase todos aceitámos ter está perto de se esgotar.
Não porque os prazos sejam curtos ou as negociações demoradas, mas apenas porque não se vê que a boa-vontade demonstrada deste lado esteja a ter qualquer contrapartida substantiva do outro lado.
Se em relação a Isabel Alçada a minha expectativa partilhou a de muitos que acreditaram que ela não foi para a 5 de Outubro para se chamuscar ou queimar por completo, já quanto a Alexandre Ventura – pela forma como colaborou de forma activa e diligente com a anterior equipa do ME - as minhas esperanças sempre foram muito escassas. Pode passar melhor na televisão do que a dupla de marretas que o antecedeu, mas isso também o primeiro passa e não é por isso que acreditamos no que ele diz.
in A Educação meu Umbigo - post de Paulo Guinote
Postado por Fernando Martins às 00:01 0 bocas
Marcadores: A Educação do meu Umbigo, Paulo Guinote, professores
domingo, dezembro 06, 2009
VI Seminário Latino-americano de Geografia Física
Este evento, que se realizará na Universidade de Coimbra, nos dias 26 a 30 de Maio de 2010, sob o lema "Sustentabilidade da Gaia: ambiente, ordenamento e desenvolvimento", visa a partilha de saberes e de experiências, bem como debater o futuro da Geografia Física, tendo sempre como pano de fundo o futuro do próprio Planeta a que os gregos outrora chamaram "GAIA".
Está prevista uma estrutura com 3 dias de trabalhos em sala-auditório para discussão de questões relativas a 5 eixos temáticos e 2 dias de trabalho de campo (viagens de estudo).
As datas de inscrição sem pagamento adicional foram alteradas para 31 de Janeiro de 2009. Estão todos convidados a participar...
Mais informações em: www.uc.pt/fluc/cegot/VISLAGF
Postado por Fernando Martins às 20:24 0 bocas
Marcadores: Coimbra, Geografia, II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física, Seminário, Universidade de Coimbra, VI Seminário Latino-americano de Geografia Física
Música - pedido...
Procuro esta música para dedicar a um conhecido político - alguém ma arranja...?!?
CASO FATAL(in Coincidências - álbum de Sérgio Godinho - 1983)
É a mais pura verdade
o caso que eu vou contar
quem quiser pode nem acreditar
Sé bem que, aviso já
mentiroso, eu não sou
quem quiser pode ir lá ver
que eu não vou
De mais a mais porque é
que eu havia de ir ver
o que já lá vi com estes dois
por quem sois
crede em mim
vou contar-vos enfim
o tal caso verdadeiro:
aí vai, tim-tim por tim-tim
Verdadeiro e não
só posso chamar-lhe atroz
este caso que me estrangula a voz
Não penseis que exagero
nem julgueis que é demais
ou que abuso de pimentas e sais
Não, bem pelo contrário
a minha musa indigente
nem sequer está à altura
e faz figura bem triste
mas bom, já que se insiste
estou disposto a revelar
no que este caso consiste
Ora bem foi assim
este caso fatal
que foi p’ra pior
depois de estar mal
Não me lembro da hora
nem se era noite ou dia
só sei que algo no ar se pressentia
E os pressentimentos
são a modos que mosquitos
a esvoaçarem no ar
esmagar dois ou três
se alivia o freguês
não anula o problema
nem o resolve de vez
Então seguiu-se o resto
do que estava p’ra vir
nem vos conto, p’ra vos não combalir
Foi um “ver se te avias”
um vai vem muito louco
um toma-lá dá-cá e fica com o troco
Teve um pouco de tudo
e foi pouco p’ro que teve
sem ter mais nem porquê
já se vê p’lo aparato
que foi de esfola gato
este caso que no meu modesto verso relato
Bem, e agora que já
estais familiarizados
com o assunto e seus assins e assados
E que tendes presente
a complexidade
de apartar do mexerico a verdade
Podereis ter ficado
com a estranha sensação
que eu nada disse, e porém...
Também muitos doutores
falam bem fazem flores
mas não dizem nada, nada
ao discursar: Meus senhores…
Postado por Fernando Martins às 17:09 0 bocas
Marcadores: Caso fatal, Coincidências, música, Sérgio Godinho
8º Congresso Nacional de Geologia
No âmbito do VIII Congresso Nacional de Geologia de 2010, serão organizados 4 eventos:
- CNG - VIII Congresso Nacional de Geologia
- CAP - 30º Curso de Actualização de Professores
- T&E - A Terra e a Escola
- GEOEXPO - Empresas, universidades, institutos..
(inclui documentação e coffee-breaks)
1ª fase: Até 31/Janeiro/2010
Inscrição normal - 200.00€
Estudantes universitários do 1º e 2º ciclo - 100.00€
2ª fase: De 1/Fevereiro/2010 e 30/Abril/2010
Inscrição normal - 250.00€
Estudantes universitários do 1º e 2º ciclo - 125.00€
3ª fase: Após 1/Maio/2010
Inscrição normal - 300.00€
Estudantes universitários do 1º e 2º ciclo - 150.00€
Desistências até 31 de Maio de 2010 têm direito a 50% de reembolso. Depois desta data não há direito a reembolsos.
Para efectuar a sua inscrição no CNG2010, aceda ao seguinte formulário.
Postado por Fernando Martins às 16:37 0 bocas
Marcadores: 2010, Braga, Universidade do Minho, VIII Congresso Nacional de Geologia
Um azar dos Távoras
Os casos acumulam-se. É a licenciatura domingueira. É a engenharia chico-esperta na Guarda. É o apartamento na Braamcamp. É o empresário da comissão de honra que desaparece. É o 'Face Oculta'. É o já esquecido Freeport. Mas aposto que é tudo uma questão de azar. Sócrates tem tido azar. É só isso. Sócrates, coitadinho, está sempre no local errado à hora errada. Alguém é capaz de dar um trevo de quatro folhas ao pobre homem? Faça-se o milagre dos trevos, por favor.
Henrique Raposo, no Expresso (in Blog ABC do PPM)
Postado por Fernando Martins às 16:28 0 bocas
Marcadores: azar, José Sócrates, Távoras
Curiosamente, também
(...)
José Sócrates também trocou de telemóvel no mesmo dia em que Armando Vara e outros arguidos do processo ‘Face Oculta’ mudaram de aparelho. Entretanto, confirmando a notícia da última edição do SOL, o DIAP de Coimbra abriu inquérito a esta estranha coincidência de trocas de telemóvel.
Postado por Fernando Martins às 13:53 0 bocas
Marcadores: Armando Vara, face oculta, José Sócrates, Mafia, Sol
Música a propósito do post anterior
Postado por Fernando Martins às 13:42 0 bocas
Marcadores: Armando Vara, Joel Grey, José Sócrates, Liza Minnelli, Mafia, Money
Um elucidativo texto de MST
Miguel Sousa Tavares
Pode ser que me engane, mas o potencial de danos que Armando Vara pode vir a causar a José Sócrates é bem maior do que todos os outros casos ou pretensos casos que tanto desgastaram a imagem do primeiro-ministro e tão decisivamente contribuíram para a perda da maioria absoluta do PS. Armando Vara (e não a 'Face Oculta') tem a capacidade de, por si só, arrastar Sócrates para a queda num poço de que se desconhece a profundidade. Há amizades que matam, quando se misturam com outras coisas que não são misturáveis. Foi José Sócrates quem, em nome da amizade (porque competência ou qualificação para o cargo ninguém a conhecia, nem ele), fez de Armando Vara administrador do banco do Estado, três dias depois de este ter adquirido uma espécie de licenciatura naquela espécie de Universidade entretanto extinta - e porque uma licenciatura era recomendável para o cargo. E foi José Sócrates quem, indisfarçadamente, promoveu a transferência de Santos Ferreira e Vara da Caixa para o BCP, numa curiosíssima operação de partidarização do maior banco privado português, sobre as ruínas fumegantes do escândalo em que tinha acabado o case study da sua gestão 'civil'.
Manda a verdade que se diga, porém, que estes dois golpes de audácia de José Sócrates em abono de um amigo e compagnon de route político foram devidamente medidos: aparentemente, Sócrates contava com o silêncio e aceitação cúmplice com que toda a classe empresarial e financeira recebeu a meteórica ascensão de Armando Vara aos céus da banca e o take-over do PS sobre o BCP, como se de coisa naturalíssima se tratasse. O escândalo não ultrapassou as fronteiras da opinião pública, de modo a perturbar o núcleo duro do regime. E isso foi um primeiro sinal do nível de promiscuidade aceite entre o político e o económico a que estamos agora a assistir. E, em silêncio sempre, toda a classe empresarial clientelar foi assistindo a uma série de notícias perturbadoras sobre operações bancárias a favor de algumas empresas ou investidores que, por acaso certamente, pertencem ao tal núcleo duro do regime, que goza do favor político da actual maioria. Sempre escrevi aqui que, em minha opinião, o problema do PS não é o que ele deixa de fazer em benefício dos pobres, mas o que faz e consente em benefício dos potentados. O fascínio com o grande capital e os grandes negócios (inspirados, promovidos ou pagos pelo Estado) é a perdição do PS. Aos poucos, este PS tem vindo a copiar o modelo de gestão introduzido por Alberto João Jardim na Madeira: negócios privados com oportunidades e dinheiros públicos, em troca da solidariedade política para com o Governo. Um capitalismo batoteiro, com chancela 'social' e disfarce de 'interesse público'.
Neste clima de facilitismo instalado, já ninguém se espanta com as sucessivas e tremendas notícias sobre o estado de gestão do 'interesse público'. Já não espanta descobrir que nenhuma das contrapartidas da ruinosa e inútil aquisição dos submarinos tenha sido executada e que a sua execução nem sequer esteja devidamente salvaguardada no contrato assinado pelo Estado português. Não espanta que a Grão-Pará (uma empresa que não existiria sem os sucessivos favores do Estado, incluindo do ex-ministro e ex-socialista Pina Moura), possa, finalmente e com o beneplácito do Supremo Tribunal Administrativo, construir, e em grande, na zona de construção proibida do Parque Natural Sintra-Cascais. Não espanta que, antes mesmo de lançadas ou terminadas as obras, as últimas seis concessões de auto-estradas já tenham ultrapassado em 40% o valor das estimativas do Governo - num impressionante 'deslize' de 1110 milhões de euros. Não espanta que o Tribunal de Contas chumbe duas das adjudicações porque as condições em que elas foram outorgadas não são as mesmas do concurso público, mas substancialmente mais gravosas para o Estado. E não espanta que o presidente das Estradas de Portugal venha afirmar que se trata apenas de "interpretações jurídicas" diversas e que a suspensão das empreitadas irá pôr em causa postos de trabalho (um 'argumento' mágico que vale para justificar todas as tropelias cometidas nos últimos anos, em matéria de urbanismo e obras públicas). E não espantará ninguém que, como aqui escrevi a semana passada, em breve se descubra que, antes mesmo de iniciadas as obras, já o TGV e o aeroporto de Alcochete 'derraparam' 20 ou 30% sobre o seu custo anunciado. E, se se conseguir penetrar a meticulosa teia de 'pareceres' técnicos, estudos, cláusulas ocultas dos contratos, arbitragens sempre desfavoráveis ao Estado, se formos tentar descobrir como, porquê e a favor de quem é que não há uma obra pública que cumpra o orçamento, encontraremos sempre mais do mesmo - os mesmos processos, os mesmos truques, as mesmas empresas, os mesmos 'facilitadores' de negócios no papel de go between entre o 'interesse público' e os negócios privados. Isto, num país onde o défice das contas do Estado chegou aos 8% e a dívida pública aos 80% do PIB e o extermínio fiscal sobre os que pagam impostos se tornou insustentável. O ar está a ficar irrespirável.
Como se tudo isto não fosse já alarmante, eis que a justiça implodiu de vez e à vista de todos, em sucessivas cenas lamentáveis na praça pública. A coisa ficou tão anárquica que já se tornou normal ver os jornalistas irem pedir opiniões sobre os casos mediáticos pendentes aos sindicatos dos juízes e do Ministério Público! Não fosse a PJ (única entidade da justiça que ainda merece algum crédito) e um seu investigador de Aveiro, e a 'Face Oculta' nunca teria conhecido a luz do dia ou teria logo patinado. Mas, como os maus hábitos nunca se perdem, eis que tudo já entrou na normalidade, com as escandalosamente normais fugas do segredo de justiça a invadirem a imprensa, tratando de sabotar alegremente uma investigação até aqui conduzida num exemplar silêncio e profissionalismo. E já só pode dar vontade de rir (ou de chorar!) assistir ao espectáculo único de ver os dois mais altos magistrados do país - o presidente do Supremo e o PGR - trocando galhardetes de antiga amizade fundada em rivalidades sindicais, empurrando um para o outro as malditas escutas entre Armando Vara e José Sócrates. Seja qual for o conteúdo de tão sensível material, e mesmo que jamais o venhamos a saber, eles conseguiram já o pior de todos os resultados: instalar uma suspeita mortal sobre o primeiro-ministro e o funcionamento da própria justiça, que não tem reparação possível. É, de facto, notável que o único cidadão deste país que não entende que há coisas que não podem esperar dois meses ou até oito dias para serem reveladas, seja o cidadão que ocupa o lugar de procurador-geral da República! Realmente, o lugar parece estar amaldiçoado e desde há muito.
Junte-se então um governo cujo primeiro-ministro é dado a companhias comprometedoras, um sistema em que se fundem e confundem o político e o económico, o público e o privado, uma justiça que verdadeiramente se tornou cega e surda, mas não muda, um Presidente da República que se desautorizou a si próprio no pior momento, e um país onde as noções de interesse público e serviço público já quase se perderam por completo sem vergonha alguma, e tudo isto começa já a cheirar indisfarçadamente mal. Cheira a fim de regime e só os loucos ou os extremistas é que podem achar isso uma boa perspectiva para o futuro.
Postado por Fernando Martins às 11:21 0 bocas
Marcadores: Armando Vara, corrupção, José Sócrates, Mafia, PS