Surgem hoje no DN as seguintes declarações de Alexandre Ventura, o SE que antes de o ser já morava na 5 de Outubro enquanto presidente do CCAP:
Ao final do dia, depois de uma longa ronda negocial, o secretário de Estado adjunto da Educação foi inequívoco. “Os docentes com ‘excelente’ e ‘muito bom’ têm garantida a sua progressão. Mas haverá quotas, um dispositivo de diferenciação do mérito”, disse Alexandre Ventura, em conferência de imprensa, quando questionado sobre a progressão dos professores. Apesar de tudo estar ainda em cima da mesa, o governante deu a entender que o Governo será firme nesta posição.
O Governo e o ME podem até achar que com uma mudança de estilo e cortes de cabelo apresentáveis será possível convencer a opinião pública que os profes são os maus da história.
Mas a realidade supera as ficções encenadas por spin-doctors falhos de novas ideias e será fácil demonstrar que – levadas à prática como estão – as propostas do ME para a carreira docente são ainda mais gravosas para a progressão do que o ECD em processo de revisão.
Já sei que Alexandre Ventura detesta o ruído introduzido pelos blogues na pasmaceira dos gabinetes mas, isso posso garantir, será demonstrado por meios claros e não demagógicos que aquilo que ele está a tentar fazer passar é algo extremamente gravoso para os docentes, em especial aqueles que no início de carreira terão de superar três afunilamentos na carreira, ditados por critérios administrativos (as vagas serão abertas por determinação do Min. Finanças e não pelo mérito dos profissionais).
Essa demonstração deve ser feita por sindicatos, bloggers e outros analistas com rigor, ponderação e coerência, não reagindo de forma epidérmica ou de acordo com agendas de facção.
A esse respeito é importante ler este longo post no Topo da Carreira e é decisivo que todos os educadores e professores se informem com rigor das coisas e não apenas por ouvir falar ou ler de raspão no jornal que está em cima do balcão do café.
Poderão acabar com os titulares – algo que festejarei, apesar de tudo – mas se isso for feito à custa de múltiplos estrangulamentos na carreira, qualquer acordo que o ME espere não terá o acordo da generalidade dos docentes, já que a atitude de expectativa semi-benevolente que quase todos aceitámos ter está perto de se esgotar.
Não porque os prazos sejam curtos ou as negociações demoradas, mas apenas porque não se vê que a boa-vontade demonstrada deste lado esteja a ter qualquer contrapartida substantiva do outro lado.
Se em relação a Isabel Alçada a minha expectativa partilhou a de muitos que acreditaram que ela não foi para a 5 de Outubro para se chamuscar ou queimar por completo, já quanto a Alexandre Ventura – pela forma como colaborou de forma activa e diligente com a anterior equipa do ME - as minhas esperanças sempre foram muito escassas. Pode passar melhor na televisão do que a dupla de marretas que o antecedeu, mas isso também o primeiro passa e não é por isso que acreditamos no que ele diz.
in A Educação meu Umbigo - post de Paulo Guinote
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