domingo, maio 06, 2012

O grande naturalista Alexander von Humboldt morreu há 153 anos

Friedrich Heinrich Alexander, o barão de Humboldt (Berlim, 14 de setembro de 1769 - Berlim, 6 de maio de 1859), mais conhecido como Alexander von Humboldt, foi um geógrafo, naturalista e explorador alemão. Foi o irmão mais jovem do ministro e linguista prussianoWilhelm von Humboldt.

Biografia
Alexander von Humboldt foi um cientista de uma polivalência que poucas vezes se observou e, haja visto como a ciência se desenvolveu e especializou, certamente não mais será vista. Ele desenvolveu (e se especializou em) diversas áreas: foi etnógrafo, antropólogo, físico, geógrafo, geólogo, mineralogista, botânico, vulcanólogo e humanista, tendo lançado as bases de ciências como a Geografia, Geologia, Climatologia e Oceanografia. Apesar de ter pesquisado diversas coisas em seus mínimos detalhes, sempre o fez com uma visão geral e imparcial.
Com quatorze anos de idade, fixou-se em Berlim para continuar seus estudos e, mais tarde, frequentou as universidades de Frankfurt (Oder) e Göttingen, onde cursou Filosofia, História e Ciências Naturais.
Em 1789, com apenas vinte anos de idade, fez sua primeira viagem de caráter científico, passando pelos Países Baixos, Alemanha e Inglaterra, e principalmente ao longo das margens do rio Reno, seguindo Georg Forster, um naturalista que acompanhou o Capitão Cook em sua viagem ao redor do mundo. O resultado de toda essa exploração científica foi uma obra intitulada Observações Sobre os Basaltos do Reno.
Sua viagem exploratória pela América Central e América do Sul (1799-1804) e pela Ásia Central (1829) tornaram-no mundialmente conhecido ainda antes da sua morte. Sua principal obra é o Kosmos, uma condensação do conhecimento científico de sua época. Sua obra Ansichten der Natur também foi bastante popular.
Sua correspondência científica com colegas cientistas compõe-se de 35 mil cartas, das quais aproximadamente 12 500 estão arquivadas.
Além das ciências naturais, foi também um influente mecenas da Literatura. Humboldt apoiou os poetas e escritores Heinrich Heine, Ludwig Tieck e Klaus Groth. Entre seus amigos e conhecidos estavam Matthias Claudius, Carl Friedrich Gauss, Jacob e Wilhelm Grimm, August Wilhelm Schlegel, assim como Johann Wolfgang von Goethe e Friedrich Schiller.

Espécies e lugares denominados em homenagem a Humboldt
Entre 1799 e 1804, von Humboldt viajou pela América do Sul, explorando-a e descrevendo-a pela primeira vez de um ponto de vista científico. Nos cinco volumes da sua obra Kosmos, ele tentou elaborar uma descrição física do mundo. Humboldt apoiou (e colaborou com) outros cientistas, entre os quais Justus von Liebig e Louis Agassiz.
Como resultado de suas explorações, von Humboldt descreveu diversos aspectos geográficos e espécies que eram até então desconhecidos dos europeus. Espécies denominadas em sua homenagem incluem:
Aspectos e acidentes geográficos denominados em sua homenagem incluem a corrente de Humboldt, o rio Humboldt, a cadeia de montanhas East and West Humboldt Range, os condados estado-unidenses de Humboldt County, na Califórnia, e Humboldt County, no Iowa e o parque Humboldt no lado oeste de Chicago. Além disso, o mar lunar Mare Humboldtianum foi assim denominado em sua homenagem, bem como o asteroide 54 Alexandra.


A Fundação Alexander von Humboldt
Após sua morte, seus amigos e colegas criaram a Fundação Alexander von Humboldt (Stiftung em alemão) para manter o generoso apoio de Humboldt a jovens cientistas. Apesar de a dotação inicial ter se perdido durante a hiperinflação alemã dos anos vinte, e novamente após a Segunda Guerra Mundial, a fundação tem recebido apoio do governo alemão e tem um papel importante na atração de pesquisadores estrangeiros à Alemanha, possibilitando também a pesquisadores alemães trabalharem no estrangeiro por um determinado período.

Vida e viagens de Humboldt
Com nove anos de idade, após a morte de seu pai, Alexander e seu irmão Wilhelm, dois anos mais velho, são criados pela mãe, Maria Elizabeth von Colomb, no castelo de Tegel, nos arredores de Berlim.
O segundo tutor dos Humboldt, Gottlob Christian Kunth, tem um papel importante na vida de Alexander. Ele transmite aos irmãos Humboldt sólidas bases de História, Matemática e línguas. Alexander demonstra grande interesse pela História Natural.
Enquanto Wilhelm demonstra uma robusta constituição, grande facilidade de aprendizagem e se orienta à alta função pública, Alexander aprende com dificuldade, orientando-se para uma formação em Economia, que ele estuda durante seis meses na universidade de Frankfurt (Oder). Um ano mais tarde, em 25 de abril de 1789, ele se matricula na universidade de Göttingen.
Em Göttingen tem aulas de Física e Química com G. C. Lichtenberg, C. G. Heyne e J. C. Blumenbach. Durante suas férias de 1789 ele deu uma demonstração de suas proezas posteriores em uma excursão científica que subiu o Reno, que originou o estudo Mineralogische Beobachtungen über einige Basalte am Rhein (Brunswick, 1790) (Observações mineralógicas sobre alguns Basaltos do Reno).
Alexander von Humboldt estudou ainda o Comércio e línguas estrangeiras em Hamburgo, Geologia em Freiberga com A. G. Werner, Anatomia em Jena com J. C. Loder, Astronomia e o uso de instrumentos científicos com F. X. von Zach e J. G. Köhler. Suas pesquisas sobre a vegetação das minas de de Freiberg levaram à publicação, em 1793, do seu Florae Fribergensis Specimen; e os resultados de uma prolongada série de experiências sobre o fenómeno da irritabilidade muscular, então recém descoberta por Galvani, foram condensados no seu Versuche über die gereizte Muskel- und Nervenfaser (Berlin, 1797), enriquecido de uma tradução francesa com notas de Blumenbach.

Em 1794, ele foi admitido na intimidade da famosa sociedade de Weimar, e desde junho de 1795 contribuiu ao novo periódico de Schiller, Die Horen, uma alegoria filosófica intitulada Die Lebenskraft, oder der rhodische Genius. No verão de 1790 fez uma visita rápida à Inglaterra em companhia de Forster. Em 1792 e 1797, esteve em Viena; em 1795, realizou uma viagem de caráter geológico e botânico na Suíça e na Itália. Durante este tempo, obteve um posto público como assessor de Minas em Berlim, em 29 de fevereiro de 1792.
Diante da ignorância dos mineradores, que não sabem distinguir um mineral de uma rocha sem valor, Humboldt abre uma escola de formação de mineradores, que ele financia com seu próprio dinheiro. Ele recusará o dinheiro que o Ministro von Heinitz lhe enviará para rembolsar suas despesas. Humboldt realiza também pesquisas para melhorar a segurança das minas.
Apesar de o serviço público ser por ele considerado como um aprendizado ao serviço da ciência, ele cumpriu suas tarefas com tanta habilidade e zelo que não somente foi promovido a postos superiores no seu departamento, como também recebeu diversas missões diplomáticas importantes.
Em 1795, von Heinitz propõe a Humboldt o cobiçado posto de Diretor de Minas da Silésia, no sudeste da Prússia. Humboldt recusa e abandona o serviço público.
A morte de sua mãe, em 19 de novembro de 1796, deixa-o livre para seguir seu destino, no que aguarda uma oportunidade de pôr em prática seus planos de viagem.

O almirante Louis Antoine de Bougainville, célebre navegador e explorador, propõe a Humboldt participar de uma expedição pela América do Sul, México, Califórnia, através do Pacífico, e depois ao pólo Sul. Bougainville será substituído por Baudin. Uma guerra com a Áustria leva o Diretório a anular a expedição.
O botanista Aimé Bonpland deveria, como Humboldt, participar da expedição de Baudin. Eles se tornam amigos e decidem se juntar à expedição científica que segue as tropas de Napoleão no Egito. O barco que deveriam tomar jamais aportou em Marselha, aonde eles tinham ido para esperá-lo. Decidem, então, ir para a Espanha para embarcar em um navio para Esmirna. Durante as seis semanas de viagem, Humboldt realiza meticulosas medidas geográficas.
Humboldt é apresentado ao rei e à rainha da Espanha, obtendo um passaporte com o selo real, que garante aos viajantes a assistência das autoridades que eles encontrarem. Bonpland torna-se oficialmente secretário de Humboldt. Os dois são os primeiros a efetuar uma exploração científica digna deste nome. A ambição de Humboldt durante essa viagem às Américas é descobrir a interação das forças da Natureza e as influências que o ambiente geográfico exerce sobre a vida vegetal e animal. Com essas poderosas recomendações, eles embarcam no Pizarro na Corunha em 5 de junho de 1799.
Durante a navegação, Humboldt efetua medidas astronômicas, meteorológicas, de magnetismo, de temperatura e de composição química do mar.
Fazem uma escala de seis dias em Tenerife para a ascensão do pico do Teide e aterram em Cumaná (Venezuela) em 16 de julho. Lá, na noite de 11-12 de novembro, Humboldt observa uma extraordinária chuva de meteoros (as Leônidas), que constitui o ponto inicial da nossa percepção da periodicidade do fenômeno; depois disso, ele segue com Bonpland para Caracas. Na América, sente uma revolta pela maneira com que se vendem e se avaliam os escravos, mesmo se é nas possessões espanholas onde eles são mais bem tratados.
Em fevereiro de 1800 ele deixa a costa com o intuito de explorar o curso do rio Orinoco. Essa viagem, que durou quatro meses e cobriu mais de 2750 km de uma terra inabitada, selvagem e inóspita, teve como resultado a descoberta da existência de uma comunicação entre os sistemas hidrográficos do Orinoco e do rio Amazonas, (o canal Casiquiare, que liga o Orinoco ao Amazonas), e a determinação exata do ponto de bifurcação. Humboldt e Bonpland não são os primeiros europeus a tomar essa rota, mas o rigor dos seus dados e das descrições que realizaram fez com que não existissem mais dúvidas sobre a existência de uma passagem navegável entre os dois rios.
Recolhem diversos espécimens de animais e plantas desconhecidos, e Humboldt anota meticulosamente a temperatura do rio, do solo e do ar, assim como a pressão atmosférica, a inclinação magnética, a longitude e a latitude. Em Calabozo, algumas enguias elétricas foram capturadas por Alexander von Humboldt (com Aimé Bonpland) por volta de 19 de março de 1800. Os pesquisadores receberam choques elétricos violentos durante suas experiências.
Em 24 de novembro os dois amigos partem para Cuba, e depois de uma estadia de alguns meses retornam para Cartagena.
Humboldt descobre que Baudin deixou a França e deve chegar em Lima, no Peru. Para evitar a ausência dos alíseos, Humboldt e Bonpland decidem continuar por via terrestre ao longo dos Andes, passando doze meses em altitude através dos vulcões. Eles têm os pés em sangue, mas recusam fazer como a aristocracia local: serem transportados em cadeiras fixas nas costas de índios.
Subindo o curso do Magdalena, e atravessando os picos gelados dos Andes, chegam em Quito depois de um dia difícil em 6 de janeiro de 1802. Durante essa estada, escalaram o Pichincha e o Chimborazo, e terminaram em uma expedição às fontes do Amazonas a caminho de Lima, onde chegam em 22 de outubro de 1802.
Humboldt ganha um renome mundial ao escalar o Chimborazo, pico considerado na época como o mais alto do mundo.
Em Callao, Humboldt observa o trânsito de Mercúrio em 9 de novembro, e estuda as propriedades fertilizantes do guano, cuja introdução na Europa muito se deveu às suas obras. Uma viagem tumultuada, sob uma tempestade, levou-os para o México, onde residiram durante um ano.
Humboldt e seus companheiros passaram o ano de 1803 a percorrer o México. Humboldt escreverá seu Ensaio político sobre o reino da Nova Espanha, o primeiro ensaio geográfico regional, no qual ele relata sumariamente suas viagens. No México, estuda o calendário azteca.
Ele embarca em seguida para a Havana, a fim de recuperar suas coleções lá depositadas havia mais de três anos.

Estimando seu dever saudar o presidente Thomas Jefferson, Humboldt prolonga sua viagem e vai para a Filadélfia, até pouco capital do país, onde é acolhido pela Sociedade americana de Filosofia, criada sobre o modelo da Royal Society de Londres. Humboldt passa a maior parte do seu tempo com os membros da sociedade. Bonpland e Montufar, não falando o inglês, têm um papel de figurantes. Humboldt encontra Jefferson, com quem discute sobre história natural, costumes diferentes de acordo com o país e as maneiras de melhorar o nível de vida. Os dois homens se entendem tão bem que Jefferson convida Humboldt a passar sua estadia na Filadélfia na casa dele.
Eles zarparam para a Europa na embocadura do Delaware, chegando em Bordeaux em 3 de agosto de 1804.

A expedição de Humboldt e Bonpland, com uma duração de cinco anos, custou a Humboldt um terço de suas economias. Foi uma das mais notáveis expedições científicas de todos os tempos, com uma massa de dados de um valor científico inestimável, ainda mais valiosa que os espécimens que eles puderam recolher.
Humboldt e Bonpland percorreram, durante sua expedição através das Américas, um total de 9650 km, tanto a pé, como a cavalo ou em canoas. A expedição atravessou as terras dos atuais Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Cuba e México (foi impedido de permanecer no Brasil, pois os portugueses consideraram-no um possível espião alemão, após encontrarem-no em terras brasileiras perto da fronteira venezuelana). A característica que torna essa expedição absolutamente excepcional é que ela foi levada a cabo sem nenhum interesse comercial; sua única motivação foi o desejo de conhecimento e a curiosidade.
Durante sua expedição pelas Américas de 1799 a 1804, ele precisou latitudes e longitudes, melhorou mapas, identificou 60000 plantas, das quais 6300 até então desconhecidas, desenvolveu a geografia das plantas e descreveu a corrente que levou mais tarde seu nome (corrente de Humboldt).
Graças à sua excepcional expedição, Humboldt pode ser considerado como tendo lançado as bases das ciências físicas da geografia e da meteorologia. Pelo seu estudo (em 1817) das isotermas, ele sugeriu a ideia e entreviu os métodos de comparação das condições climáticas de vários países. Ele primeiramente investigou a taxa de decaimento da temperatura média com o aumento da altitude acima do nível do mar, e forneceu, pelas suas questões e pesquisas sobre a origem das tempestades tropicais, a primeira pista para a detecção da lei, mais complicada, governando as perturbações atmosféricas em altas latitudes. Seu ensaio sobre a geografia das plantas foi baseado na (então) recente ideia de estudar como as condições físicas variadas alteram a distribuição da vida. Sua descoberta da diminuição da intensidade do campo magnético terrestre dos pólos ao equador foi comunicada ao Instituto de Paris em uma dissertação por ele lida em 7 de dezembro de 1804, e sua importância foi atestada pelo rápido surgimento de reivindicações rivais. Seus serviços à Geologia basearam-se principalmente no seu atento estudo dos vulcões do Novo Mundo. Ele mostrou que eles se classificavam naturalmente em grupos lineares, presumidamente correspondendo a vastas fissuras subterrâneas; e, pela sua demonstração da origem ígnea de rochas cuja origem era anteriormente considerada aquosa, ele contribuiu imensamente para a eliminação dessas hipóteses erróneas.
A condensação e a publicação da massa enciclopédica de materiais - científicos, políticos e arqueológicos - coletados por ele durante sua ausência da Europa eram a sua preocupação mais urgente. Antes de se atacar a essa tarefa gigantesca, no entanto, fez uma rápida visita à Itália com Gay-Lussac com o intuito de investigar a lei da declinação magnética, e uma estadia de dois anos e meio na sua cidade natal.


Com exceção de Napoleão Bonaparte, Humboldt era então o homem mais famoso da Europa. Aplausos acolhiam-no em todos os lugares aonde ia. Academias, nacionais e estrangeiras, estavam ansiosas para tê-lo entre seus membros.
Em janeiro de 1808, Humboldt é enviado a Paris pelo rei da Prússia, acompanhado pelo príncipe Wilhelm, para tentar negociar uma diminuição o valor das indenmizações de guerra. Desde que a França invadiu a Prússia, Humboldt não recebe mais as rendas de seus domínios. Ele vive em Paris em um quarto mobiliado, que divide com Gay-Lussac, não dormindo mais do que três ou quatro horas por dia. Em Paris, ele tem a firme intenção de assegurar a cooperação científica necessária para publicar seu grande trabalho. Essa tarefa colossal, que ele inicialmente estimou em dois anos, acabou durando 22 anos, e ainda assim ficou incompleta.
Ele é espionado pela polícia francesa, pois é alemão e sua correspondência privada reflete as opiniões políticas dos salões parisienses. Humboldt escreve entre mil a duas mil cartas por ano. Acaba passando dezoito anos em Paris, durante os quais publica seu Voyage interminable sur l'Amérique du Sud (Viagem interminável pela América do Sul).
Em 1826 recebe uma carta do rei da Prússia ordenando-o de deixar Paris. Ele pode somente passar 4 meses de férias por ano na cidade-luz. Em Berlim, Humboldt é aparentemente detestado por suas ideias liberais.
Em 1828 obtém bastante sucesso ao dar cursos na universidade e, mais tarde, conferências diante de um público mais vasto. Em Berlim, a comunidade científica não costumava realizar reuniões científicas, como era o caso de Paris, para a confrontação e discussão de ideias. Humboldt organiza uma reunião da Associação Científica em Berlim à qual participam 600 dos mais renomados cientistas.

Em 1827, o ministro russo das finanças pede a Humboldt sua opinião sobre a emissão de moedas de platina. Como o preço da platina era instável, Humboldt se mostra desfavorável à ideia e sugere ir estudar as minas dos Urais. Em março de 1829, ano dos seus 60 anos, Humboldt viaja para a Rússia, com as despesas pagas pelo imperador, com Gustave Rose, professor de química e de mineralogia, C.G Ehrenberg, naturalista e zoólogo, e um empregado doméstico. Na Rússia, ele é acolhido como uma importante personalidade oficial. Ele tem suas refeições com a família do czar. Ao deixar Moscovo, juntam-se à expedição responsáveis da indústria mineira e burocratas das autoridades locais.
Humboldt passa um mês estudando as minas dos Urais. Graças à presença de filões de platina e de areias auríferas, ele prediz a existência de diamantes nos Urais. Humboldt e Rose investigam cada jazida de ouro que encontram no microscópio. Foi o conde Polier, proprietário de tais jazidas, e a quem Humboldt explicou sua teoria, que encontrou o primeiro diamante dos Urais.
A expedição atravessa a Sibéria até o Altai. Como de hábito, Humboldt realiza medições barométricas. Humboldt e seus companheiros retornam após seis meses de expedição e após terem percorrido aproximadamente 17000 km. Humboldt estudou e simulou a colocação de uma rede de estações magnéticas e meteorológicas fazendo observações regulares e funcionando com aparelhos idênticos. Ele deixa aos cuidados de Rose e Ehrenberg a publicação dos resultados da expedição. Será somente anos mais tarde que será publicado seu Ásia Central (em três volumes).

Entre 1830 e 1848, Humboldt foi frequentemente empregado em missões diplomáticas à corte de Luís Filipe I, com quem mantinha relações pessoais cordiais. A morte de seu irmão, Wilhelm von Humboldt, que morreu nos seus braços em 8 de abril de 1836, entristeceu os últimos anos de sua vida. Ao perder o irmão, Alexander lamentou ter "perdido uma metade de si mesmo." A acessão ao trono do príncipe Frederico Guilherme IV, após a morte de seu pai em junho de 1840, aumentou o seu favoritismo na corte. O novo rei solicitava-o frequentemente como conselheiro da corte. Humboldt utiliza sua função de conselheiro privado do rei para militar pela emancipação dos judeus e pela abolição do servilismo na Prússia, enquanto que o rei o utiliza como enciclopédia ambulante. A popularidade de Humboldt permanece grande, apesar das inimizades que ele adquire junto dos políticos reacionários próximos do rei. Em 1857, a loucura que afeta o rei permite a Humboldt ter mais tempo para seus trabalhos.
Em 1852, Humboldt recebe a medalha Copley da Royal Society de Londres.

Não é frequente que um homem adie aos seus 76 anos, e então execute com sucesso, a coroação da obra da sua vida. No entanto, foi este o caso de Humboldt. Os primeiros dois volumes do Kosmos foram publicados, e basicamente elaborados, entre os anos 1845 e 1847.
A ideia de um trabalho que deveria comunicar não somente uma descrição gráfica, mas principalmente uma concepção engenhosa do mundo físico que pudesse ser generalizada por detalhes e ressaltar detalhes através da generalização preenchia seu espírito havia mais de meio século. Tomou uma forma definida pela primeira vez em uma série de conferências por ele proferidas na universidade de Berlim, no inverno de 1827-1828. Essas conferências constituíram, como nota seu último biógrafo, "o esboço para o grande afresco do Kosmos". O objetivo desta obra notável pode ser brevemente descrito como sendo a representação da unidade no meio da complexidade da Natureza. Nessa obra, os grandes e vagos ideais do século XVIII são recuperados e combinados com as necessidades científicas do século XIX. Apesar de inevitáveis imperfeições, a tentativa foi eminentemente bem-sucedida. Um estilo um pouco pesado e um tratamento às vezes pitoresco demais tornam a obra mais imponente que atraente ao leitor casual. Mas seu valor supremo consiste no fato de representar fielmente o reflexo da mente de um grande homem. Não existe maior elogio que possa ser feito a Alexander von Humboldt do que dizer que, ao tentar, e não em vão, representar o universo, ele conseguiu de maneira ainda mais perfeita representar a sua própria inteligência compreensiva.
A última década de sua longa vida - seus anos "improváveis", como ele costumava chamá-los - foi dedicada à continuação da sua obra, cujos terceiro e quarto volumes foram publicados em 1850-1858, e um fragmento de um quinto postumamente em 1862. Nestes volumes, ele procurou detalhar de acordo com os ramos das ciências o que expusera de maneira geral no primeiro volume. Não obstante seu alto valor individual, é preciso admitir que, de um ponto de vista artístico, essas adições foram deformações. A ideia característica da obra, na medida em que uma ideia tão gigantesca pudesse ser transposta em forma literária, havia sido completamente desenvolvida nas suas partes iniciais, e a tentativa de transformá-la em uma enciclopédia científica foi na verdade uma negação da sua motivação inicial.
O trabalho e a precisão de Humboldt nunca foram mais visíveis do que durante a concepção deste último troféu à sua genialidade. Tampouco apoiou-se somente em seus próprios trabalhos; deveu grande parte do que conseguiu à sua rara capacidade de assimilar ideias e aproveitar a cooperação de terceiros. Humboldt estava tão pronto a receber reconhecimento quanto a dá-lo. As notas do Kosmos são repletas de citações loquazes onde ele, de certa maneira, reconhece suas "dívidas" intelectuais.

Em 24 de fevereiro de 1857 Humboldt teve uma crise de apoplexia leve, que não deixou traços perceptíveis. Foi somente durante o inverno de 1858-1859 que suas forças começaram a diminuir, e, em 6 de maio, ele morreu tranquilamente, seis meses antes de completar seus noventa anos.
As honras que lhe foram reservadas durante sua vida seguiram-no após sua morte. Seus restos mortais, antes de serem enterrados no mausoléu familiar de Tegel, foram transportados em funerais nacionais pelas ruas de Berlim, e recebidos pelo príncipe regente, a cabeça descoberta, na porta da catedral. O primeiro centenário de seu nascimento foi celebrado em 14 de setembro de 1869, com igual entusiasmo no Novo e Velho Mundo, e os numerosos monumentos erigidos e as novas regiões descobertas denominadas em sua honra testemunham a difusão universal de sua fama e popularidade.

Os textos sul-americanos de Humboldt compreendem trinta volumes publicados em trinta anos. Compõem-se de livros científicos, atlas, tratados de geografia e economia sobre Cuba e o México, uma narrativa de suas viagens e um Examen critique de l'histoire de la géographie du Nouveau Continent (Exame crítico da história e da geografia do novo continente). Humboldt escreveu seus textos científicos em colaboração com outros cientistas. Dedicou o volume consagrado à geologia a seu amigo Goethe. Em seu Kosmos, cujo objetivo era de comunicar a excitação intelectual e a necessidade prática da pesquisa científica, ele descreve em cinco volumes todos os conhecimentos da época sobre os fenómenos terrestres e celestes.
Atribui-se a Humboldt a invenção de novas expressões como isodinâmicas, isotermas, isóclinas, jurássico e tempestade magnética. Ele lançou as bases da geografia física e da geofísica, nomeadamente da sismologia. Ele demonstra que não pode haver conhecimento sem experimentação verificável.

O astrónomo Willem de Sitter nasceu há 140 anos

Willem de Sitter estudou matemática na Universidade de Groningen e depois integrou o Laboratório de Astronomia de Groningen. Trabalhou no observatório do Cabo na África do Sul (1897-1899) e, em 1908, foi nomeado para a cátedra de astronomia da Universidade de Leiden. Foi diretor do Observatório de Leiden de 1919 até sua morte.
De Sitter contribuiu a melhorar a compreensão da cosmologia. Uma de suas obras de destaque é a co-redação de um artigo com Albert Einstein, em 1932, no qual eles lançam a conjectura de que deveria haver no universo uma grande quantidade de matéria que não emitia luz, designada como matéria negra.
De Sitter também ficou célebre por seus trabalhos sobre o planeta Júpiter.

Orson Welles nasceu há 97 anos

Também foi roteirista, produtor e ator. Iniciou a sua carreira no teatro, em Nova Iorque, em 1934.

Órfão aos quinze anos, após a morte do seu pai (sua mãe morreu quando ainda tinha 9 anos), George Orson Welles começou a estudar pintura em 1931, primeira arte em que se envolveu. Adolescente, não via interesse nos estudos e em pouco tempo passou a atuar. Tal paixão o levou a criar sua própria companhia de teatro em 1937. Em 1938, Orson Welles produziu uma transmissão radiofónica intitulada A Guerra dos Mundos, adaptação da obra homónima de Herbert George Wells e que ficou famosa mundialmente por provocar pânico nos ouvintes, que imaginavam estar enfrentando uma invasão de extraterrestres. Um Exército que ninguém via, mas que, de acordo com a dramatização radiofónica, em tom jornalístico, acabara de desembarcar no nosso planeta. O sucesso da transmissão foi tão grande que no dia seguinte todos queriam saber quem era o responsável pela tal "partida". A fama do jovem Welles começava. Foi casado com a atriz Rita Hayworth e tiveram uma filha, Rebecca. O casal divorciou-se em 1948.

Citizen Kane
Sua estreia no cinema, em filmes de longa metragem, ocorreu em 1941 com Citizen Kane (em Portugal, "O Mundo a seus Pés" e no Brasil, "Cidadão Kane"), considerado pela crítica como um dos melhores filmes de todos os tempos e o mais importante dirigido por Welles.
Os elogios a Citizen Kane, originaram por três motivos:

Inovação
Welles inovou a estética do cinema com técnicas até então raríssimas nas produções cinematográficas. Algumas delas são:
  • Ângulos de câmara (uso de plongée e contra-plongée).
  • Exploração do campo (campo e contra-campo).
  • Narrativa (narrativa não linear).
  • Edição/Montagem (muito sofisticada para e época de sua realização, devido a não linearidade da narrativa).

Coragem
Orson Welles retratou em "Citizen Kane" a vida e a decadência de um magnata da comunicação norte-americana, baseado na história do milionário William Randolph Hearst. Esse filme foi um marco na carreira do ator. Mesmo estando pronto, "Cidadão Kane" quase não saiu, fruto de problemas com Hearst. Ele teve nove indicações para o Óscar, mas venceu apenas um, o de melhor roteiro original. Sua coragem de realizar esta obra prima acabou resultando no encerramento de muitas portas no futuro, beirando ao ostracismo no fim da vida.

Dinamismo
Foi diretor, co-roteirista, produtor e ator em "Citizen Kane". O que é surpreendente, pois no cinema a acumulação de funções acaba influenciando de maneira negativa no resultado final. Mas no caso de Welles surgiu uma obra completamente à frente do seu tempo.

Depois de Citizen Kane
Logo após "Citizen Kane", Welles passou uma temporada no Brasil, onde pretendia filmar o famoso carnaval carioca para acrescentar ao seguimento My Friend Bonito, do documentário It's All True. Mas algo desastroso ocorreu. Sobre o fato, Welles comentou em entrevista ao crítico de cinema, André Bazin: "Era co-dirigido por mim e Norman Foster. Era uma história entre um pobre menino e seu touro. Depois fizeram outra versão, modificando todas as ideias e refazendo tudo ao modo deles. Eu tinha rodado durante três meses, mas a RKO (estúdio) me despediu. Quando retomaram a ideia não queriam saber mais nada de mim. Tampouco me pagaram nenhum tipo de direitos e atuaram como se fosse uma história original". Esse tipo de problema iria ser uma constante na carreira de Welles, que logo após o fracasso de público de A Dama de Xangai (1948) raramente conseguiria realizar um filme à sua maneira, dirigindo quase sempre em condições precárias.
Para se ter um exemplo, as filmagens de Dom Quixote (1959-1972) (Don Quijote de Orson Welles) duraram mais de dez anos, e mesmo assim somente a cópia do filme pode ser visto (hoje já está disponível em DVD).
Tentando continuar sua carreira, ele passou as décadas seguintes aceitando papéis de ator, no qual sua presença e voz marcante, mesmo quando as participações eram pequenas, nunca passavam sem chamar atenção. Ao voltar a Hollywood depois de uma temporada na Europa, Welles atuaria como um dos co-protagonistas do premiado The Long, Hot Summer (1958), dirigiu e atuou em A Marca da Maldade, famoso por ter incluído um plano-sequência de três minutos com um desfecho com impacto, e teria um de seus melhores desempenhos em cena no filme Compulsion, de 1959.
Em 1962 realizou "The Trial", filme baseado na obra " O Processo" de Franz Kafka. Welles considerou este um dos seus mais gratificantes filmes realizados. Em 1979 teve um pequeno papel no filme "The Secret Life of Nikola Tesla."
Orson Welles morreu de ataque cardíaco em sua casa em Hollywood, Califórnia em 10 de outubro de 1985, aos 70 anos, e, segundo a lenda, teria feito o seguinte comentário sobre sua profissão antes de morrer: "Esse é o maior comboio elétrico que um menino já teve."
Seu último trabalho foi dobrando a voz do planeta Unicron no desenho animado de longa metragem de 1986 The Transformers: The Movie.

O dirigível Hindenburg ardeu há 75 anos

O LZ 129 Hindenburg, ou simplesmente Hindenburg, foi um dirigível construído pela Luftschiffbau-Zeppelin GmbH, na Alemanha.
Conhecido como Zeppelin, o dirigível, com 245 metros de comprimento e sustentado no ar por 200 mil metros cúbicos de hidrogénio, o maior dirigível da história até 1937, saiu de Hamburgo e cruzou o Atlântico a 110 km/h.
Na noite de 6 de maio de 1937, o gigantesco dirigível Hindenburg preparava-se para descer no campo de pouso da base naval de Lakehurst (Lakehurst Naval Air Station), em New Jersey, nos Estados Unidos, com 97 ocupantes a bordo, sendo 36 passageiros e 61 tripulantes, vindos da Alemanha.
Durante as manobras de pouso, um incêndio tomou conta da aeronave e o saldo foi de 13 passageiros e 22 tripulantes mortos e um técnico em solo, no total de 36 pessoas. Por muitos anos, achou-se que o explosivo gás hidrogénio que sustentava o Hindenburg teria sido a causa de seu incêndio. O governo alemão também sugeriu, à época, que uma sabotagem derrubara o grandioso Zeppelin, que representava a superioridade tecnológica daquele país.
A comissão americana, que investigou o acidente junto com a companhia Zeppelin, atribuiu falha humana ao acidente. Uma brusca manobra momentos antes do pouso causou o rompimento de um dos tanques de hidrogénio e uma faísca dera a início à ignição.
No entanto, uma investigação recente conduzida pelo Dr. Addison Bain, ex-cientista da NASA que trabalhou por muito tempo com o gás hidrogénio, encontrou outra possível causa para a ignição que deu origem ao incêndio. Analisando pedaços do material utilizado na cobertura do dirigível, Bain constatou em seu relatório que era de um material extremamente inflamável (nitrocelulose recoberta por uma película de alumínio) e que o fogo teria sido causado por uma faísca provocada pela eletricidade estática acumulada na aeronave.
Uma aeronave de dimensões idênticas, o LZ-130 Graf Zeppelin II, que substituiria o veterano LZ-127, chegou a ser construída por completo. Mas foi desmontada em 1940, sem nunca ter operado regularmente.
O incêndio do Hindenburg encerrou a era dos dirigíveis na aviação comercial de passageiros.


sábado, maio 05, 2012

Napoleão morreu há 191 anos

Napoleão Bonaparte (em francês: Napoléon Bonaparte, nascido Napoleone di Buonaparte; Ajaccio, 15 de agosto de 1769 - Santa Helena, 5 de maio de 1821) foi um líder político e militar durante os últimos estágios da Revolução Francesa. Adotando o nome de Napoleão I, foi imperador da França de 18 de maio de 1804 a 6 de abril de 1814, posição que voltou a ocupar por poucos meses em 1815 (20 de março a 22 de junho). Sua reforma legal, o Código Napoleónico, teve uma grande influência na legislação de vários países. Através das guerras napoleónicas, ele foi responsável por estabelecer a hegemonia francesa sobre maior parte da Europa.

O poeta gaúcho Mário Quintana morreu há 18 anos

Monumento a Mário Quintana (direita) e Carlos Drummond de Andrade, na Praça da Alfândega de Porto Alegre

Mário de Miranda Quintana (Alegrete, 30 de julho de 1906 - Porto Alegre, 5 de maio de 1994) foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro.

Mário Quintana era filho de Celso de Oliveira Quintana e de Virgínia de Miranda, fez as primeiras letras em sua cidade natal, mudando-se em 1919 para Porto Alegre, onde estudou no Colégio Militar, publicando ali suas primeiras produções literárias. Trabalhou para a Editora Globo, quando esta ainda era uma instituição eminentemente gaúcha, e depois na farmácia paterna.
Considerado o "poeta das coisas simples", com um estilo marcado pela ironia, pela profundidade e pela perfeição técnica, ele trabalhou como jornalista quase toda a sua vida. Traduziu mais de cento e trinta obras da literatura universal, entre elas Em Busca do Tempo Perdido de Marcel Proust, Mrs Dalloway de Virginia Woolf, e Palavras e Sangue, de Giovanni Papini.
Em 1953, Quintana trabalhou no jornal Correio do Povo, como colunista da página de cultura, que saía aos sábados, e em 1977 saiu do jornal.
Em 1940, ele lançou o seu primeiro livro de poesias, A Rua dos Cataventos, iniciando a sua carreira de poeta, escritor e autor infantil. Em 1966, foi publicada a sua Antologia Poética, com sessenta poemas, organizada por Rubem Braga e Paulo Mendes Campos, e lançada para comemorar seus sessenta anos de idade, sendo por esta razão o poeta saudado na Academia Brasileira de Letras por Augusto Meyer e Manuel Bandeira, que recita o poema Quintanares, de sua autoria, em homenagem ao colega gaúcho. No mesmo ano ganhou o Prémio Fernando Chinaglia da União Brasileira de Escritores de melhor livro do ano. Em 1976, ao completar setenta anos, recebeu a medalha Negrinho do Pastoreio do governo do estado do Rio Grande do Sul. Em 1980 recebeu o Prémio Machado de Assis, da ABL, pelo conjunto da obra.

VIII
(Para Dyonelio Machado)

Recordo ainda… e nada mais me importa…
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre, de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta…

Mas veio um vento de Desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança…

Estrada afora após segui… Mas, ai,
Embora idade e senso eu aparente
Não vos iluda o velho que aqui vai:

Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino… acreditai…
Que envelheceu, um dia, de repente!


in
A rua dos cataventos - Mario Quintana

D. Afonso III, o quinto Rei português nasceu há 802 anos

D. Afonso III de Portugal (Coimbra, 5 de maio de 1210 – Coimbra, 16 de fevereiro de 1279), cognominado O Bolonhês por ter sido casado com a condessa Matilde II de Bolonha, foi o quinto Rei de Portugal. Afonso III era o segundo filho do rei Afonso II e da sua mulher Urraca de Castela, e sucedeu ao seu irmão Sancho II em 1248.

Como segundo filho, Afonso não deveria herdar o trono destinado a Sancho e por isso viveu em França, onde se casou com Matilde II de Bolonha em 1235, tornando-se assim conde jure uxoris de Bolonha, onde servia como um dirigente militar, combatendo em nome do Rei Luís IX, rei de França seu primo. Todavia, em 1246, os conflitos entre Sancho II e a Igreja tornaram-se insustentáveis e o Papa Inocêncio IV ordenou a substituição do rei pelo conde de Bolonha. Afonso não ignorou a ordem papal e dirigiu-se a Portugal, onde se fez coroar rei em 1248 após o exílio e morte de Sancho II em Toledo.
Até à morte de D. Sancho e a sua consequente coroação, D. Afonso apenas usou os títulos de Visitador, Curador e Defensor do Reino.
Para aceder ao trono, Afonso abdicou de Bolonha e repudiou Matilde para casar com Beatriz de Castela. Decidido a não cometer os mesmos erros do irmão, o novo rei prestou especial atenção à classe média de mercadores e pequenos proprietários, ouvindo suas queixas. Por este procedimento, Afonso III ficou conhecido também como o pai do "Estado Português", distribuindo alcaides pelos castelos e juízes pelas diferentes vilas e terras. O objectivo era a implantação de um poder legal com o qual todos os habitantes do Reino português mantivessem uma relação de igualdade.
Em 1254, na cidade de Leiria convocou a primeira reunião das Cortes, a assembleia geral do reino, com representantes de todos os espectros da sociedade. Afonso preparou legislação que restringia a possibilidade das classes altas cometerem abusos sobre a população menos favorecida e concedeu inúmeros privilégios à Igreja. Recordado como excelente administrador, Afonso III organizou a administração pública, fundou várias vilas e concedeu o privilégio de cidade através do édito de várias cartas de foral.
Em 1255, transferiu a capital do Reino de Portugal de Coimbra para Lisboa.
Foram por sua ordem feitas as Inquirições Gerais, iniciadas em 1258, como forma do rei controlar, não só o grande poder da Nobreza, mas também para saber se lhe estavam a ser usurpados bens que, por direito, pertenciam à Coroa.

Com o trono seguro e a situação interna pacificada, Afonso voltou sua atenção para os propósitos da Reconquista do Sul da Península Ibérica às comunidades muçulmanas. Durante o seu reinado, Faro foi tomada com sucesso em 1249 e o Algarve incorporado no reino de Portugal.
Após esta campanha de sucesso, Afonso teve de enfrentar um conflito diplomático com Castela, que considerava que o Algarve lhe pertencia. Seguiu-se um período de guerra entre os dois países, até que, em 1267, foi assinado um tratado em Badajoz que determina a fronteira no Guadiana desde a confluência do Caia até à foz, a fronteira luso-castelhana.

Em 1253, o rei desposou D. Beatriz, popularmente conhecida por D. Brites, filha de D. Afonso X de Castela, O Sábio. Desde logo isto constituiu polémica pois D. Afonso era já casado com Matilde II de Bolonha.
O Papa Alexandre IV respondeu a uma queixa de D. Matilde, ordenando ao rei D. Afonso que abandone D. Beatriz em respeito ao seu matrimónio com D. Matilde. O rei não obedeceu, mas procurou ganhar tempo neste assunto delicado, e o problema ficou resolvido com a morte de D. Matilde em 1258. O infante, D. Dinis, nascido durante a situação irregular dos pais, foi então legitimado em 1263.
O casamento funcionou como uma aliança que pôs termo à luta entre Portugal e Castela pelo Reino do Algarve. Também resultou em mais riqueza para Portugal quando D. Beatriz, já após a morte do rei, recebe do seu pai, Afonso X, uma bela região a Este do Rio Guadiana, onde se incluíam as vilas de Moura, Serpa, Noudar, Mourão e Niebla. Tamanha dádiva deveu-se ao apoio que D. Brites lhe prestou durante o seu exílio na cidade de Sevilha.

No final da sua vida, viu-se envolvido em conflitos com a Igreja, tendo sido excomungado em 1268 pelo arcebispo de Braga e pelos bispos de Coimbra e Porto, para além do próprio Papa Clemente IV, à semelhança dos reis que o precederam. O clero havia aprovado um libelo contendo quarenta e três queixas contra o monarca, entre as quais se achavam o impedimento aos bispos de cobrarem os dízimos, utilização dos fundos destinados à construção dos templos, obrigação dos clérigos a trabalhar nas obras das muralhas das vilas, prisão e execução de clérigos sem autorização dos bispos, ameaças de morte ao arcebispo e aos bispos e, ainda, a nomeação de judeus para cargos de grande importância. A agravar ainda mais as coisas, este rei favoreceu monetariamente ordens religiosas mendicantes, como franciscanos e dominicanos, sendo acusado pelo clero de apoiar espiritualidades estrangeiradas. O grande conflito com o clero também se deve ao facto do rei ter legislado no sentido de equilibrar o poder municipal em prejuízo do poder do clero e da nobreza.
O rei, que era muito querido pelos portugueses por decisões como a da abolição da anúduva (imposto do trabalho braçal gratuito, que obrigava as gentes a trabalhar na construção e reparação de castelos e palácios, muros, fossos e outras obras militares), recebeu apoio das cortes de Santarém em janeiro de 1274, onde foi nomeada uma comissão para fazer um inquérito às acusações que os bispos faziam ao rei. A comissão, composta maioritariamente por adeptos do rei, absolveu-o. O Papa Gregório X, porém, não aceitou a resolução tomada nas cortes de Santarém e mandou que se excomungasse o rei e fosse lançado interdito sobre o reino em 1277.
À sua morte, em 1279, D. Afonso III jurou obediência à Igreja e a restituição de tudo o que lhe tinha tirado. Face a esta atitude do rei, o abade de Alcobaça levantou-lhe a excomunhão e o rei foi sepultado no Mosteiro de Alcobaça.

Adele - 24 anos!

Adele Laurie Blue Adkins (Enfield, 5 de maio de 1988), conhecida pelo nome artístico Adele é uma cantora e compositora britânica de soul. Ela foi a primeira a receber o prémio Critics' Choice do BRIT Awards e foi nomeada "Artista Revelação" em 2008 pelos críticos da BBC. Em 2009, Adele ganhou dois Grammy Awards de "Artista Revelação" e "Melhor Vocal Pop Feminino" e em 2012 ganhou 6 Grammy Awards. Teve seu reconhecimento mundial ao lançar o álbum 21 e dominar as paradas de sucesso nos Estados Unidos e Reino Unido com o single "Rolling In The Deep". Durante a carreira, ela ganhou 8 Grammy Awards, incluindo o de "Álbum do Ano" em 2012.


Botvinnik, o jogador de Xadrez que foi campeão mundial por três vezes, morreu há 17 anos

Mikhail Moiseyevich Botvinnik (Kuokkala, 17 de agosto de 1911 - Moscovo, 5 de maio de 1995) foi um xadrezista soviético e Campeão do Mundo de Xadrez.

Sem surpresa, Botvinnik continuou a sua senda de sucesso e deteve o título de Campeão do Mundo em três períodos distintos (1948-57, 1958-60 e 1961-63). A sua longa permanência na elite mundial do xadrez é atribuída à sua impressionante dedicação ao estudo. A preparação dos jogos e a sua análise posterior não eram armas que os seus antecessores esgrimissem, sendo contudo este estudo que conferia a Botvinnik muita da sua força. A técnica em vez da tática, perícia no final em vez das armadilhas nas aberturas.
Adoptou e desenvolveu linhas sólidas de aberturas na Nimzo-Indiana, Defesa Eslava e Defesa Francesa, que se aguentaram perante vários testes, sendo-lhe possível concentrar-se num pequeno repertório de aberturas durante os seus match’s mais importantes, permitindo-lhe frequentemente encaminhar o jogo para temas bem preparados. Por várias vezes defrontou, em encontros de treino "secretos", mestres do calibre de Flohr, Yuri Averbakh e Viacheslav Ragozin. Foi o desvendar, muitos anos depois, dos detalhes destes encontros, que proporcionou aos historiadores do xadrez uma abordagem inteiramente nova ao reinado de Botvinnik.
É talvez surpreendente que Mikhail Moiseyevich Botvinnik não seja solidamente apontado como um concorrente ao título de melhor jogador de todos os tempos.
Sem surpresa, Botvinnik continuou a sua senda de sucesso e deteve o título de Campeão do Mundo em três períodos distintos (1948-57, 1958-60 e 1961-63). A sua longa permanência na elite mundial do xadrez é atribuída à sua impressionante dedicação ao estudo. A preparação dos jogos e a sua análise posterior não eram armas que os seus antecessores esgrimissem, sendo contudo este estudo que conferia a Botvinnik muita da sua força. A técnica em vez da tática, perícia no final em vez das armadilhas nas aberturas.
Por um lado, os seus feitos foram indubitavelmente impressionantes e deve ser recordado que muitos dos seus rivais, os mais jovens Paul Keres, David Bronstein, Vasily Smyslov, Mikhail Tal e Tigran Petrosian eram, por mérito próprio, jogadores formidáveis. Ele ainda iniciou uma nova forma de encarar o xadrez, com a sua forma de treino e profunda preparação das aberturas.
Por outro lado, os críticos apontam o fato de raramente aparecer em torneios após a Segunda Guerra Mundial e o seu registo fraco em match’s do campeonato do mundo – duas derrotas, das quais conseguiu recuperar o título na desforra, tendo lutado para conseguir empatar os outros dois match’s. Muitos consideram ainda que o jogo de Botvinnik era baseado na precisão dos movimentos, em vez de o ser nas jogadas intuitivas ou espetaculares – embora o jogador, de classe mundial, Reuben Fine tenha escrito que a coleção dos melhores jogos de Botvinnik era uma das "três mais belas".
Três fatores contrinbuíram para o seu registo algo inconsistente. A Segunda Guerra Mundial rebentou exatamente quando Botvinnik entrou no seu melhor período – ele poderia ter sido campeão mundial 5 anos mais cedo, se a guerra não tivesse interrompido as competições internacionais de xadrez. Ele foi o único xadrezista de classe mundial que tinha em simultâneo com a sua atividade no xadrez, uma distinta e longa carreira noutro área – o governo soviético condecorou-o pelos seus feitos em engenharia, e Fine contava uma história que mostrava que Botvinnik estava igualmente comprometido com a engenharia e o xadrez. Finalmente, os campeões do mundo anteriores estavam livres para evitar os seus concorrentes mais fortes, da mesma forma que se passa com os pesos pesados do boxe atualmente – Botvinnik foi o primeiro campeão a ter de enfrentar os seus concorrentes mais fortes de três em três anos, e ainda assim conservou o título mais tempo que qualquer um dos seus sucessores excetuando Garry Kasparov.
Dos anos 1960 em diante, Mikhail Botvinnik preferiu, em vez da competição, dedicar-se ao desenvolvimento de programas de xadrez para computador e assistir e treinar jogadores mais novos – os três famosos K’s soviéticos Anatoly Karpov, Garry Kasparov e Vladimir Kramnik foram três dos seus muitos estudantes.