domingo, novembro 27, 2011

Exposição em Évora: Fósseis e Rochas - Um Património do Tempo

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Esta a decorrer uma exposição intitulada "Fósseis e Rochas - Um Património do Tempo", que estará aberta ao público até 01 de dezembro de 2011, no Convento do Espinheiro - Hotel & Spa, Évora, organização conjunta do Convento do Espinheiro, Departamento de Geociências da Universidade de Évora e Museu Nacional de História Nacional, com o apoio do Centro de Ciência Viva de Estremoz, Museu da Lourinhã, Câmara Municipal de Vila Viçosa, Câmara Municipal de Évora e Delegação Regional de Cultura do Alentejo.

Paralelamente à exposição há algumas Palestras, a saber:


Da Jangada de Pedra de José Saramago à Tectónica de Placas; uma maneira diferente de olhar para o nosso passado mais remoto

Rui Dias – Departamento de Geociências da Universidade de Évora e Director do Centro de Ciência Viva de Estremoz, especialista em Geologia Estrutural



“A Tectónica de Placas no Alentejo – Uma história com 600 milhões de anos...”

Luís Lopes – Departamento de Geociências da Universidade de Évora (especialista em Geologia Estrutural e Rochas Ornamentais)



A entrada é gratuita mas carece de confirmação, através do e-mail reservas@conventodoespinheiro.com  ou para o telefone 266 788 200.

Apresentação do Dicionário de Geologia, do Doutor Galopim de Carvalho

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Portugal e a música portuguesa estão de parabéns!

Decisão em Bali, na Indonésia
Fado é Património Imaterial da Humanidade

Fado de Amália Rodrigues foi ouvido em Bali

O Fado foi reconhecido este domingo pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade.

'Que Estranha Forma de Vida', de Amália Rodrigues, foi ouvido na sala, após um discurso emocionado de António Costa, presidente da Câmara de Lisboa.

"Foi uma grande alegria, sobretudo depois de uma espera tão longa", afirmou à SIC a directora do Museu do Fado, Sara Pereira.

"Muita gente achava que o fado era triste. O fado é alegria", disse António Costa.

A decisão era esperada desde a madrugada de hoje, mas longas discussões sobre outras candidaturas fizeram atrasar o processo. A comitiva portuguesa em Bali foi aplaudida e contou com o apoio de Espanha, que sempre se mostrou favorável à candidatura da música portuguesa.

A partir de hoje o Fado já não é apenas uma canção portuguesa, mas uma canção do Mundo.

in CM - ler notícia


Estranha forma de vida
Letra: Amália Rodrigues
Música: Alfredo Marceneiro

Foi por vontade de Deus
que eu vivo nesta ansiedade.
Que todos os ais são meus,
que é toda a minha saudade.
Foi por vontade de Deus.

Que estranha forma de vida
tem este meu coração:
vives de vida perdida;
Quem lhe daria o condão?
Que estranha forma de vida.

Coração independente,
coração que não comando:
vives perdido entre a gente,
teimosamente sangrando,
coração independente.

Eu não te acompanho mais:
para, deixa de bater.
Se não sabes aonde vais,
porque teimas em correr,
eu não te acompanho mais

Se não sabes onde vais:
para, deixa de bater,
eu não te acompanho mais.

A cidade dos três (ou cinco) efes foi criada há 812 anos

Em 27 de novembro de 1199, fundação da cidade da Guarda – através de carta foral de D. Sancho I – com o propósito de servir de centro administrativo, de comércio e de defesa da fronteira da Beira contra os Reinos da Meseta do centro da Península Ibérica: primeiro, o Reino de Leão; depois, o Castela e finalmente, Espanha. Foi este propósito que deu origem ao nome de Cidade da Guarda.
Em 1202 dá-se a criação da Diocese da Guarda, transferida de Idanha, a antiga e importante cidade romana da Egitânia, que foi largamente abandonada no tempo das invasões e lutas contra os mouros, já que a sua situação em plena fronteira e localização difícil de defender a expunham a raides, quer de mouros quer de cristãos. A cidade da Guarda foi fundada em posição muito mais fácil de defender, o que lhe permitiria tirar à Idanha a posição de centro principal da Beira Interior.

O pai de D. António, Prior do Crato, morreu há 456 anos

D. Luís de Portugal (Abrantes, 3 de março de 1506 - Lisboa, 27 de novembro de 1555). Filho de D. Manuel I e da infanta espanhola Maria de Aragão, foi 5.º Duque de Beja, 9º Condestável de Portugal e Prior da Ordem Militar de S. João de Jerusalém, com sede portuguesa no Crato.
Afirmou ter casado em segredo em Évora com Violante Gomes, "a Pelicana" (Torre de Moncorvo, circa 1510 - Almoster, 16 de Julho de 1568), filha de Pedro Gomes, de Évora, e de sua mulher, tendo um filho, D. António, Prior do Crato, o que garante a legitimidade de D. António, que não é socialmente aceite, e que mais tarde viria a ser aclamado rei de Portugal e lutado contra o domínio Filipino. De acordo com Jacinto Leitão Manso de Lima, teve ainda uma filha natural duma dona duma família da nobreza que não permitiu que o seu nome fosse revelado, e que casou com um Abelho, um dos cinco filhos dum fidalgo castelhano homiziado em Portugal.
Do Infante D. Luís, diz-se que só faltou ser rei, dadas as suas qualidades. Esteve, durante algum tempo, noivo de Maria I de Inglaterra.

Brasão de armas  do Infante D. Luís de Portugal

O criador da escala de temperaturas por nós hoje usada nasceu há 210 anos

Anders Celsius (Uppsala, 27 de novembro de 1701 - Uppsala, 25 de abril de 1744) foi um astrónomo sueco.
Foi professor de astronomia na Universidade de Uppsala, de 1730 a 1744, mas viajou de 1732 a 1735, visitando principalmente observatórios na Alemanha, Itália e França.
Em 1733 publicou em Nuremberga (Nürnberg) uma coleção de 316 observações da Aurora Boreal feitas por ele próprio e outros durante os anos 1716-1732.
Em Paris, defendeu a medida do arco de meridiano na Lapónia, e em 1736 fez parte da expedição organizada com este intuito pela Academia Francesa de Ciências e dirigida por Pierre Louis Maupertuis.
Celsius foi um dos fundadores do Observatório Astronómico de Uppsala em 1741, mas é mais conhecido pela escala de temperatura Celsius, proposta pela primeira vez em um documento endereçado à Academia Real das Ciências da Suécia em 1742. Esta escala foi revisada por Carolus Linnaeus em 1745 e permanece como padrão até hoje.
Celsius morreu de tuberculose em Uppsala no dia 25 de Abril de 1744 aos 42 anos de idade.


A transferência da corte portuguesa para o Brasil iniciou-se há 204 anos

 Embarque da família real portuguesa no cais de Belém, em 29 de Novembro de 1807

A transferência da corte portuguesa para o Brasil foi o episódio da história de Portugal e da história do Brasil em que a família real portuguesa e a sua corte de nobres (ver nobreza portuguesa) e mais servos destes (inicialmente 15 mil pessoas) se radicaram no Brasil, entre 1808 e 1820. Posteriormente, após 1822, alguns destes voltaram a Portugal.
A capital do reino de Portugal foi estabelecida na capital do Estado do Brasil, a cidade do Rio de Janeiro, registrando-se o que alguns historiadores denominam de "inversão metropolitana", ou seja, da antiga colónia passou a ser exercida a governação do império ultramarino português.

O plano de transferência da família real e da corte de nobres portugueses para o Brasil, refúgio seguro para a soberania portuguesa quando a resistência militar a um invasor fosse inútil na metrópole, já havia sido anteriormente cogitado:

Antes das campanhas do Rossilhão e da Catalunha, a Espanha abandonara a aliança com Portugal, fazendo causa comum com o inimigo da véspera – a França de Napoleão. Resultou daí a invasão de 1801, em que a Inglaterra de nada serviu a Portugal (Guerra das Laranjas).
Enquanto o Corpo de Observação da Gironda penetrava em Portugal debaixo do pretexto da protecção, o tratado de Fontainebleau entretanto assinado entre a França e a Espanha, retalhava Portugal em três principados. O plano de Napoleão era o de aprisionar a família real portuguesa, sucedendo ao Príncipe-regente Dom João de Bragança (futuro Rei Dom João VI), o que veio a suceder a Fernando VII de Espanha e a Carlos IV de Espanha em Baiona - forçar uma abdicação. Teria Portugal um Bonaparte no trono e, paralelamente, a Inglaterra apossar-se-ia das colónias do império ultramarino português, sobretudo a colónia do Brasil.


A Família Real embarcara desde o dia 27, tomando-se a bordo as últimas decisões. No dia 28 de novembro não foi possível levantar ferros porque o vento soprava do Sul. Entretanto, as tropas francesas tinham já passado os campos de Santarém, pernoitando no Cartaxo. No dia 29 de novembro o vento começou a soprar de nordeste, e bem cedo o Príncipe Regente ordenou a partida. Quatro naus da Marinha Real Britânica, sob o comando do capitão Graham Moore, reforçaram a esquadra portuguesa até o Brasil.
O general Junot entrou em Lisboa às 9 horas da manhã do dia 30, liderando um exército de cerca 26 mil homens e tendo à sua frente um destacamento da cavalaria portuguesa, que se rendera e se pusera às suas ordens.

O escritor Alexandre Dumas (filho) morreu há 116 anos

Alexandre Dumas, filho, (Paris, 27 de julho de 1824 - Marly-le-Roi, 27 de novembro de 1895) é filho de Alexandre Dumas, pai (Dumas Davy de la Pailleterie) e uma costureira. Foi um escritor francês que seguiu os passos de seu pai tornando-se um conceituado autor de livros e peças de teatro.

Alexandre Dumas filho nasceu em Paris, França, filho ilegítimo de Marie-Catherine Labay, uma costureira, e do romancista Alexandre Dumas. Em 1831 seu pai o reconheceu legalmente e assegurou uma boa educação ao jovem Dumas na Instituição Goubaux e no Colégio Bourbon. As leis daquela época permitiram Dumas pai tirar seu filho de sua mãe. A agonia de sua mãe inspirou o filho a escrever sobre personagens trágicos femininos. Em quase todos os seus escritos, ele enfatizou o propósito moral de sua literatura e em sua peça de 1858, "O Filho Natural", ele expôs a teoria de que se alguém traz ilegitimamente um filho ao mundo, então ele tem a obrigação de legitimar seu filho e casar com a mulher.
Adicionalmente ao estigma da ilegitimidade, Dumas filho foi a parte negra, seu avô era descendente de um nobre francês e uma mulher negra haitiana. Nos internatos, Dumas filho era constantemente hostilizado por seus colegas. Esses acontecimentos influenciaram profundamente seus pensamentos, comportamento e obra.
Em 1844 Dumas filho mudou-se para Saint-Germain-en-Laye para viver com seu pai. Lá, ele conheceu Marie Duplessis, uma jovem cortesã que lhe deu a inspiração para o romance La dame aux camélias (A Dama das Camélias), uma das grandes intérpretes dessa obra no teatro foi Sarah Bernhardt. Esse romance é a base para ópera La Traviata de Giuseppe Verdi.
Em 1864, Alexandre Dumas filho casou-se com Nadeja Naryschkine, com quem ele teve uma filha. Após o falecimento dela ele casou-se com Heriette Régnier.
Durante sua vida, Dumas filho escreveu outros doze romances e diversas peças. Em 1867 ele publicou seu semi-autobiográfico romance, "L'affaire Clemenceau", considerado por muitos como uma de suas melhores obras. Em 1874, ele foi admitido na Académie française e em 1894 ele ganhou a Légion d'Honneur.
Alexandre Dumas, filho, morreu em Marly-le-Roi, Yvelines, em 27 de Novembro de 1895 e foi enterrado no Cimetière de Montmartre, Paris, França. Escreveu diversas obras literárias. Entre elas A Dama das Camélias.

Jimi Hendrix nasceu há 69 anos

James Marshall "Jimi" Hendrix (nascido Johnny Allen Hendrix; Seattle, 27 de novembro de 1942Londres, 18 de setembro de 1970) foi um guitarrista, cantor e compositor norte-americano. Frequentemente é citado por críticos e outros músicos como o melhor guitarrista da história do rock, e um dos mais importantes e influentes músicos de sua era, em diferentes diversos géneros musicais. Depois de obter sucesso inicial na Europa, conquistou fama nos Estados Unidos depois de sua performance em 1967 no Festival Pop de Monterey. Hendrix foi a principal atração, dois anos mais tarde, do icónico Festival de Woodstock e do Festival da Ilha de Wight, em 1970. Hendrix dava preferência a amplificadores distorcidos e crus, dando ênfase ao ganho e aos agudos, e ajudou a desenvolver a técnica, até então indesejada, da microfonia. Hendrix foi um dos músicos que popularizou o pedal wah-wah no rock popular, que ele utilizava frequentemente para dar um timbre exagerado a seus solos, particularmente com o uso de bends e legato baseados na escala pentatônica. Foi influenciado por artistas de blues como T-Bone Walker, B.B. King, Muddy Waters, Howlin' Wolf, Albert King e Elmore James, guitarristas de rhythm and blues e soul como Curtis Mayfield, Steve Cropper, assim como de alguns artistas do jazz moderno. Em 1966, Hendrix, que tocou e gravou com a banda de Little Richard de 1964 a 1965, foi citado como tendo dito: "Quero fazer com minha guitarra o que Little Richard faz com sua voz."
O guitarrista mexicano Carlos Santana sugeriu que a música de Hendrix poderia ter sido influenciada por sua herança parcialmente indígena. Como produtor musical, Hendrix também inovou ao usar o estúdio de gravação como uma extensão de suas ideias musicais. Foi um dos primeiros a experimentar com a estereofonia e phasing em gravações de rock.
Hendrix conquistou diversos dos mais prestigiosos prémios concedidos a artistas de rock durante sua vida, e recebeu diversos outros postumamente, incluindo sua confirmação no Hall da Fama do Rock and Roll americano, em 1992, e no Hall da Fama da Música do Reino Unido, em 2005. Uma blue plaque (placa azul) foi erguida, com seu nome, diante de sua antiga residência, na Brook Street, de Londres, em setembro de 1997. Uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood (Hollywood Boulevard, 6627) foi dedicada a ele em 1994. Em 2006 seu álbum de estreia nos Estados Unidos, Are You Experienced, foi inserido no Registro Nacional de Gravações, e a revista Rolling Stone o classificou como o melhor guitarrista na sua lista de 100 maiores guitarristas de todos os tempos, em 2003. Hendrix também foi a primeira pessoa a fazer parte do Hall da Fama da Música Nativo-Americana.
 

Luís de Freitas Branco morreu há 56 anos

(imagem daqui)

Luís Maria da Costa de Freitas Branco (Lisboa, 12 de outubro de 1890 - Lisboa, 27 de novembro de 1955) foi um compositor português e uma das mais importantes figuras da cultura portuguesa do século XX.

Educado no meio familiar, cedo tomou contato com a música, aprendendo violino e piano. Aos 14 anos compõe canções que atingiram grande popularidade. Aos 17 iniciou a crítica musical no "Diário Ilustrado". Estudou também órgão.
Em 1910 viajou até Berlim para estudar composição, música antiga e metodologia da história da música. Em Maio de 1911 foi para Paris, onde conheceu Claude Debussy e a estética do Impressionismo. Em 1915 participou nas Conferências da Liga Naval sobre a "Questão Ibérica", promovidas pelo Integralismo Lusitano. Em 1916, foi nomeado professor no Conservatório de Lisboa, de que foi subdirector entre 1919 e 1924; foi professor de, entre outros, Joly Braga Santos e Maria Campina.
Desenvolveu actividade em diversos domínios da vida cultural.
Manteve estreitas relações com diversas figuras, como Alberto Monsaraz, António Sardinha, Hipólito Raposo, Bento de Jesus Caraça e António Sérgio.
A partir de 1940 foi acusado de "irreverente" por se comportar de maneira "imprópria" nas aulas e por fatos da vida familiar, sendo constituído arguido num processo do qual resultaria a sua suspensão como docente no Conservatório. Realizou então palestras na Emissora Nacional e manteve tertúlias com um grupo de discípulos.
Está sepultado no cemitério dos Prazeres em Lisboa.
Era irmão do maestro português Pedro de Freitas Branco.
Desposou Estela Diniz de Ávila e Sousa, não tendo havido descendentes.
Teve um filho de Maria Clara Dambert Filgueiras, de ascendência belga: João de Freitas Branco.


Soares de Passos nasceu há 185 anos

O NOIVADO DO SEPULCRO

BALADA



Vai alta a lua! na mansão da morte
Já meia-noite com vagar soou;
Que paz tranquila; dos vaivéns da sorte
Só tem descanso quem ali baixou.

Que paz tranquila!... mas eis longe, ao longe
Funérea campa com fragor rangeu;
Branco fantasma semelhante a um monge,
D'entre os sepulcros a cabeça ergueu.

Ergueu-se, ergueu-se!... na amplidão celeste
Campeia a lua com sinistra luz;
O vento geme no feral cipreste,
O mocho pia na marmórea cruz.

Ergueu-se, ergueu-se!... com sombrio espanto
Olhou em roda... não achou ninguém...
Por entre as campas, arrastando o manto,
Com lentos passos caminhou além.

Chegando perto duma cruz alçada,
Que entre ciprestes alvejava ao fim,
Parou, sentou-se e com a voz magoada
Os ecos tristes acordou assim:

"Mulher formosa, que adorei na vida,
"E que na tumba não cessei d'amar,
"Por que atraiçoas, desleal, mentida,
"O amor eterno que te ouvi jurar?

"Amor! engano que na campa finda,
"Que a morte despe da ilusão falaz:
"Quem d'entre os vivos se lembrara ainda
"Do pobre morto que na terra jaz?

"Abandonado neste chão repousa
"Há já três dias, e não vens aqui...
"Ai, quão pesada me tem sido a lousa
"Sobre este peito que bateu por ti!

"Ai, quão pesada me tem sido!" e em meio,
A fronte exausta lhe pendeu na mão,
E entre soluços arrancou do seio
Fundo suspiro de cruel paixão.

"Talvez que rindo dos protestos nossos,
"Gozes com outro d'infernal prazer;
"E o olvido cobrirá meus ossos
"Na fria terra sem vingança ter!

– "Oh nunca, nunca!" de saudade infinda
Responde um eco suspirando além...
– "Oh nunca, nunca!" repetiu ainda
Formosa virgem que em seus braços tem.

Cobrem-lhe as formas divinas, airosas,
Longas roupagens de nevada cor;
Singela c'roa de virgínias rosas
Lhe cerca a fronte dum mortal palor.

"Não, não perdeste meu amor jurado:
"Vês este peito? reina a morte aqui...
"É já sem forças, ai de mim, gelado,
"Mas inda pulsa com amor por ti.

"Feliz que pude acompanhar-te ao fundo
"Da sepultura, sucumbindo à dor:
"Deixei a vida... que importava o mundo,
"O mundo em trevas sem a luz do amor?

"Saudosa ao longe vês no céu a lua?
– "Oh vejo sim... recordação fatal!
– "Foi à luz dela que jurei ser tua
"Durante a vida, e na mansão final.

"Oh vem! se nunca te cingi ao peito,
"Hoje o sepulcro nos reúne enfim...
"Quero o repouso de teu frio leito,
"Quero-te unido para sempre a mim!"

E ao som dos pios do cantor funéreo,
E à luz da lua de sinistro alvor,
Junto ao cruzeiro, sepulcral mistério
Foi celebrada, d'infeliz amor.

Quando risonho despontava o dia,
Já desse drama nada havia então,
Mais que uma tumba funeral vazia,
Quebrada a lousa por ignota mão.

Porém mais tarde, quando foi volvido
Das sepulturas o gelado pó,
Dois esqueletos, um ao outro unido,
Foram achados num sepulcro só.

Fernando Lopes-Graça morreu há 17 anos

Estátua de Fernando Lopes Graça (e Fernando Araujo Ferreira) em Tomar

Fernando Lopes-Graça (Tomar, 17 de dezembro de 1906 - Parede, Cascais, 27 de novembro de 1994) é considerado um dos maiores compositores portugueses do século XX.

Nasceu em Tomar a 17 de Dezembro de 1906, cidade sobre a qual escreveria que é onde «o monumento completa a paisagem; a paisagem é o quadro digno do monumento; e a luz é o elemento transfigurador e glorificador da união quase consubstancial da Natureza com a Arte.»
Apenas com 14 anos, começou a trabalhar como pianista no Cine-Teatro de Tomar, procedendo ele próprio aos "arranjos" dos trechos que interpretava, tocando peças de Debussy e de compositores russos contemporâneos. Na época, competiam em Tomar as duas bandas rivais: Gualdim Pais e a Nabantina.
Em 1923, frequenta o Curso Superior do Conservatório de Lisboa, tendo como professores: Adriano Meira (Curso Superior de Piano), Tomás Borba (Composição) e Luís de Freitas Branco (Ciências Musicais); em 1927, frequenta a Classe de Virtuosidade, onde tem como professor o maior pianista português de todos os tempos: Mestre Vianna da Motta (antigo aluno de Liszt).
Em 1928, frequentaria também o curso de Ciências Históricas e Filosóficas na Faculdade de Letras de Lisboa, que viria a abandonar em 1931, em protesto contra a repressão a uma greve académica.
Entretanto, funda em Tomar o semanário republicano "A Acção".
Em 1931, no dia em que conclui, com a mais alta classificação, as provas de concurso para Professor de Solfejo e Piano do Conservatório Nacional, é preso pela polícia política, encerrado no Aljube e, a seguir, desterrado para Alpiarça.
Em 1934 concorre a uma bolsa de estudo, na área da música, para Paris. Ganha o concurso mas a decisão do Júri é anulada por ordem da polícia política.
Em Setembro de 1935 é de novo preso e enviado para o Forte de Caxias.
Em 1937 é libertado e parte para França por conta própria, aproveitando para ampliar os seus conhecimentos musicais, estudando Composição e Orquestração com Koechlin.
Em 1939 recusa a nacionalidade francesa, sendo forçado a regressar a Portugal.
Em 1940 é-lhe proposto dirigir os Serviços de Música da Emissora Nacional. Não chega a tomar posse do cargo porque recusa assinar a declaração de "repúdio activo do comunismo e de todas as ideias subversivas" que, então, era exigida a todos os funcionários públicos.
Em 1945 integra o Movimento de Unidade Democrática (MUD], do qual virá a ser dirigente. No âmbito das actividades do MUD, Fernando Lopes-Graça cria o Coro do Grupo Dramático Lisbonense, mais tarde Coro da Academia dos Amadores de Música. As Canções Regionais Portuguesas e as Canções Heróicas são cantadas pelo Coro por todo o país. Por essa altura adere ao Partido Comunista Português. A repressão por parte do regime fascista cresce e acentua-se: na década de cinquenta as orquestras nacionais são proibidas de interpretar obras de Fernando Lopes-Graça; os direitos de autor são-lhe roubados; é-lhe anulado o diploma de professor do ensino particular; é obrigado a abandonar a Academia dos Amadores de Música, à qual só regressa em 1972.
É autor de uma vasta obra literária incidente em reflexões sobre a música portuguesa e a música do seu tempo, mas maior ainda é a sua obra musical, da qual são assinaláveis os concertos para piano e orquestra, as inúmeras obras corais de inspiração folclórica nacional, o Requiem pelas Vítimas do Fascismo (1979), o concerto para violoncelo encomendado e estreado por Rostropovich, e a vastíssima obra para piano, nomeadamente as seis sonatas que constituem um marco na história da música pianística portuguesa do século XX.

sábado, novembro 26, 2011

Semana da Ciência e da Tecnologia 2011 - Tertúlia on-line (X)




Poema para Galileo

Estou olhando para o teu retrato, meu velho pisano,
aquele retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.
Disse Galeria dos Ofícios.)
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.
Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria...
Eu sei... Eu sei...
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileo Galilei!
Olha. Sabes? Lá em Florença
está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhar até há gente que pensa
que entraste no calendário.

Eu queria agradecer-te, Galileo,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,
e quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar – que disparate, Galileo!
– e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação –
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.

Pois não é evidente; Galileo?
Quem acredita que um penedo caia
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?

Esta era a inteligência que Deus nos deu.

Estava agora a lembrar-me, Galileo,
daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo
e tinhas à tua frente
um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo
a olharem-te severamente.

Estavam todos a ralhar contigo,
que parecia impossível que um homem da tua idade
e da tua condição,
se estivesse tornando num perigo
para a Humanidade
e para a Civilização.
Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,
e percorrias, cheio de piedade,
os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.

Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das suas alturas
e poisaram, como aves aturdidas – parece-me que estou a vê-las –,
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual
conforme suas eminências desejavam,
e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
a meia-noite louvores à harmonia universal.
E juraste que nunca mais repetirias
nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,
aquelas abomináveis heresias
que ensinavas e escrevias
para eterna perdição da tua alma.
Ai, Galileo!
Mal sabiam os teus doutos juizes, grandes senhores deste pequeno mundo.
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileo Galilei.
Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade.
Por isso estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto inacessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa dos quadrados dos tempos.

in
Linhas de Força (1967)- António Gedeão

Semana da Ciência e da Tecnologia 2011 - Tertúlia on-line (IX)




Poema de pedra lioz

Álvaro Góis,
Rui Mamede,
filhos de António Brandão,
naturais de Cantanhede,
pedreiros de profissão,
de sombrias cataduras
como bisontes lendários,
modelam ternas figuras
na brutidão dos calcários.

Ali, no esconso recanto,
só o túmulo, e mais nada,
suspenso no roxo pranto
de uma fresta geminada.
Mas no silêncio da nave,
como um cinzel que batuca,
soa sempre um truca…truca…
lento, pausado, suave,
truca, truca, truca, truca,
sob a abóbada romântica,
como um cinzel que batuca
numa insistência satânica:
truca, truca, truca, truca,
truca, truca, truca, truca.

Álvaro Góis,
Rui Mamede,
filhos de António Brandão,
naturais de Cantanhede,
ambos vivos ali estão,
truca, truca, truca, truca,
vestidos de surrobeco
e acocorados no chão,
truca, truca, truca, truca.
No friso, largo de um palmo,
que dá volta a toda a arca,
um Cristo, de gesto calmo,
assiste ao chegar da barca.
Homens de vária feição,
barrigudos e contentes,
mostram, no riso dos dentes,
o gozo da salvação.
Anjinhos de longas vestes,
e cabelo aos caracóis,
tocam pífaros celestes,
entre cometas e sóis.
Mulheres e homens, sem paz,
esgazeados de remorsos,
desistem de fazer esforços,
entregam-se a Satanás.

Fixando a pedra, mirando-a,
quanto mais o olhar se educa,
mais se entende o truca…truca…
que enche a nave, transbordando-a,
truca, truca, truca, truca,
truca, truca, truca, truca.

No desmedido caixão,
grande senhor ali jaz.
Pupilo de Satanás?
Alma pura de eleição?
Dom Afonso ou Dom João?
Para o caso tanto faz.

in
Teatro do Mundo (1958) - António Gedeão

In memoriam - Montserrat Figueras

Montserrat Figueras i Garcia (Barcelona, 15 de março de 1942 - Bellaterra, Cerdanyola del Vallès, Vallès Occidental, 23 de Novembro de 2011) foi uma soprano espanhola que se concentrou no reportório de música antiga.
Montserrat pertencia a uma família de melómanos, e seu pai era violoncelista.
Ainda muito jovem, começou a estudar canto e teatro, sendo aluna de Jordi Albareda, e colaborou com Enric Gisperte. Posteriormente uniu-se ao grupo de música antiga Ars Musicae de Barcelona, onde cantaria obras dos grandes polifonistas espanhóis do século XVI. No mesmo grupo, conheceria Jordi Savall, com quem se casaria em 1968. O casal teve dois filhos: Arianna e Ferran Savall, que são também músicos cantores e instrumentistas. Arianna Savall é principalmente harpista.
Montserrat começou a estudar técnicas vocais de canto antigas em 1966, incluindo desde os trovadores até a música barroca, desenvolvendo um estilo de interpretação que alia vitalidade à fidelidade histórica.
Em 1968, Montserrat Figueras e Jordi Savall se instalam em Basileia (Suiça) para estudar na Schola Cantorum Basiliensis e na Musikakademie Basel, com Kurt Widmer, Andrea von Rahm e Thomas Binkeley; permanecerão na Suíça até 1986. Mais tarde continuarão seus estudos com Eva Krasznai. Nesse período, Montserrat desenvolve um gosto especial pela música antiga, destacando-se como um dos exponentes de uma geração de músicos para os quais era evidente que a música anterior a 1800 necessitava um novo enfoque técnico e estilístico.
Em 1974, o casal constitui, juntamente com Lorenzo Alpert (instrumentos de sopro e percussão) e Hopkinson Smith (instrumentos de corda pulsada), o grupo Hespérion XX, dedicado à interpretação e à revalorização do repertório musical hispânico e europeu anterior a 1800.
En 1987, Figueras e Jordi Savallcontribuem para a fundação do coro La Capella Reial de Catalunya. O casal também fundou a orquestra Le Concert des Nations e a gravadora Alia Vox. No início deste século, o Hespèrion XX passa a chamar-se Hespèrion XXI.
Também colaborou com seu marido na banda sonora do filme Todas as manhãs do mundo (em francês, Tous les matins du monde) de Alain Corneau (1991), sobre a relação entre Sainte-Colombe Marin Marais.
Durante sua carreira artística gravou mais de 60 CD's e recebeu vários prémios como o Grand Prix de la Nouvelle Académie du Disque, o Edison Klassiek, Grand Prix da Académie Charles-Crose um Grammy pelo livro-CD Dinastía Borgia.
Em 2003, o governo francês concedeu-lhe o título de Officier de l'Ordre des Arts et des Lettres. Em 2011, recebeu a Creu de Sant Jordi (Cruz de São Jorge) da Generalitat de Catalunya.
Faleceu em 23 de novembro de 2011 de cancro.


El rey de Francia (música sefardita de Esmirna)
El rey de Francia
Tres hijas tenia
La una lavraya
La otra cuzia
La mas chica de ellas
Bastidor hazia
Lavrando lavrando
Sueno le caia

Su madre que la via
Aharvar la queria
No m'aharvex mi madre
Ni m'aharvariax
Un sueno me sonava
Bien yo alegria
-Soeno vos sonavax
Yo vo lo soltaria

M'apari a la puerta
Vide la luna entera
M'apari a la ventana
Vide a la estrella Diana
M'apari al pozo
Vide un pilar de oro
Con tres paxaricos
Picando el oro

-La luna entera
Es La tu suegra
La estrella Diana
Es la tu cunada
Los tres paxaricos
So tus cunadicos
Y el pilar de oro
El hijo del rey tu novio

O sismograma do pequeno abalo de hoje

Roubado ao Geofone de Manteigas, aqui fica:


Sismo sentido no Minho

Recebido via e-mail do Instituto de Meteorologia (IM):


O Instituto de Meteorologia informa que no dia 26.11.2011 pelas 08.12 (hora local) foi registado nas estações da Rede Sísmica do Continente, um sismo de magnitude 3.2 (Richter) e cujo epicentro se localizou a cerca de 24 km a SE de Pontevedra (Espanha).

Este sismo, de acordo com a informação disponível até ao momento, não causou danos pessoais ou materiais e foi sentido com intensidade máxima II/III (escala de Mercalli modificada) na região de Monção.

Se a situação o justificar serão emitidos novos comunicados.

Sugere-se o acompanhamento da evolução da situação através da página do IM na Internet (www.meteo.pt) e a obtenção de eventuais recomendações junto da Autoridade Nacional de Protecção Civil (www.prociv.pt).

Poema-fado de aniversariante de hoje

Semana da Ciência e da Tecnologia 2011 - Tertúlia on-line (VIII)


Poema da Auto-estrada

Voando vai para a praia
Leonor na estrada preta.
Vai na brasa, de lambreta.

Leva calções de pirata,
vermelho de alizarina,
modelando a coxa fina,
de impaciente nervura.
como guache lustroso,
amarelo de idantreno,
blusinha de terileno
desfraldada na cintura.

Fuge, fuge, Leonoreta:
Vai na brasa, de lambreta.

Agarrada ao companheiro
na volúpia da escapada
pincha no banco traseiro
em cada volta da estrada.
Grita de medo fingido,
que o receio não é com ela,
mas por amor e cautela
abraça-o pela cintura.
Vai ditosa e bem segura.

Com um rasgão na paisagem
corta a lambreta afiada,
engole as bermas da estrada
e a rumorosa folhagem.
Urrando, estremece a terra,
bramir de rinoceronte,
enfia pelo horizonte
como um punhal que se enterra.
Tudo foge à sua volta,
o céu, as nuvens, as casas,
e com os bramidos que solta,
lembra um demónio com asas.

Na confusão dos sentidos
já nem percebe Leonor
se o que lhe chega aos ouvidos
são ecos de amor perdidos
se os rugidos do motor.

Fuge, fuge, Leonoreta
Vai na brasa, de lambreta.

in
Máquina de Fogo (1961) - António Gedeão

NOTA: com o seu habitual humor e ironia, António Gedeão retoma o poema e a personagem de Camões, imprimindo-lhe um modernismo curioso:

Descalça vai para a fonte

Descalça vai para a fonte
Leonor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.

Leva na cabeça o pote,
O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamelote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa e não segura.

Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro entrançado
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura.
Vai fermosa e não segura.

Luís Vaz de Camões

Vasco de Lima Couto nasceu há 88 anos

(imagem daqui)

Vasco de Lima Couto (Porto, 26 de Novembro de 1923 - Lisboa, 10 de Março de 1980) foi um poeta, actor, encenador, declamador e radialista português.


RETRATO

Fui só eu que estraguei as alvoradas
- presas suaves nos plúmbeos céus!,
e dei água aos ribeiros da minha alma
e fiz preces de amor e sangue, a Deus...

Fui só eu que, sabendo da tormenta
que o vento da nortada me dizia,
puz meus lábios no sonho incompleto
e rasguei o meu corpo na poesia.

Vieram dar-me abraços e contentes
viram que me afundava sem remédio
- nem um grito subia do horizonte
há mil anos deitado sobre o tédio!

Quando chamaram por mim do imenso rio
que a noite veste para se entreter
vi que os barcos andavam cheios de almas
buscando sonhos para não sofrer.

Cantavam doidas como a dor e a morte
parando, a espaços, para ver montanhas
e eram luzes mordidas pelas sombras,
corajosas, infelizes - mas tamanhas!

Eu fugi de as ouvir (que ardentes vozes...)
de navegar nas mesmas ansiedades
e fui sozinho semear as luas
e a natureza inculta das idades.

Parti, negando à vida o seu direito,
recalcando os meus sonhos e os meus medos...

sei agora que matei o meu destino
e quebrei o futuro nos meus dedos.

in Os Olhos e o Silêncio (1952) - Vasco de Lima Couto