sexta-feira, agosto 07, 2020
Bruce Dickinson - 62 anos
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O poeta Políbio Gomes dos Santos nasceu há 109 anos
Chamam-me lá em baixo.
São as coisas que não puderam decorar-me:
As que ficaram a mirar-me longamente
E não acreditaram;
As que sem coração, no relâmpago do grito,
Não puderam colher-me.
Chamam-me lá em baixo,
Quase ao nível do mar, quase à beira do mar,
Onde a multidão formiga
Sem saber nadar.
Chamam-me lá em baixo
Onde tudo é vigoroso e opaco pelo dia adiante
E transparente e desgraçado e vil
Quando a noite vem, criança distraída,
Que debilmente apaga os traços brancos
Deste quadro negro - a Vida.
Chamam-me lá em baixo:
Voz de coisas, voz de luta.
É uma voz que estala e mansamente cala
E me escuta.
in Voz que Escuta (1939) - Políbio Gomes dos Santos
Postado por Fernando Martins às 01:09 0 bocas
Marcadores: neo-realismo, poesia, Políbio Gomes dos Santos
A criadora do Índice de Apgar morreu há 46 anos
Tabela para cálculo do índice | |||
Pontos | 0 | 1 | 2 |
Frequência cardíaca | Ausente | <100/min | >100/min |
Respiração | Ausente | Irregular | Forte/Choro |
Tónus muscular | Flácido | Flexão de pernas e braços | Movimento ativo e boa flexão |
Cor | Cianose ou palidez | Cianose de extremidades | Rosado |
Irritabilidade reflexa ao cateter nasal | Ausente | Alguns movimento ou caretas | Espirros ou choro |
Postado por Fernando Martins às 00:46 0 bocas
Marcadores: Índice de Apgar, Medicina, neonatologia, Virginia Apgar
O terror e a guerra da Al-Qaeda começaram há vinte e dois anos
Postado por Fernando Martins às 00:22 0 bocas
Marcadores: Al-Qaeda, ataques terroristas, Dar es Salaam, embaixadas dos Estados Unidos, Nairobi, Quénia, Tanzânia
Caetano Veloso - 78 anos
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Marcadores: Bossa nova, Brasil, Caetano Veloso, folk rock, MPB, música, rock psicadélico, Tigresa, Tropicalismo
quinta-feira, agosto 06, 2020
Enola Gay...
The OMD (Orchestral Manoeuvres in the Dark) - Enola Gay
Enola Gay, you should have stayed at home yesterday
Aha words can't describe the feeling and the way you lied
These games you play, they're gonna end it more than tears someday
Aha Enola Gay, it shouldn't ever have to end this way
It's 8:15, and that's the time that it's always been
We got your message on the radio, conditions normal and you're coming home
Enola Gay, is mother proud of little boy today
Aha this kiss you give, it's never ever gonna fade away
Enola Gay, it shouldn't ever have to end this way
Aha Enola Gay, it shouldn't fade in our dreams away
It's 8:15, and that's the time that it's always been
We got your message on the radio, conditions normal and you're coming home
Enola Gay, is mother proud of little boy today
Aha this kiss you give, it's never ever gonna fade away
Postado por Pedro Luna às 22:22 0 bocas
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Poema de aniversariante de hoje...
Uma Cidade
Uma cidade pode ser
apenas um rio, uma torre, uma rua
com varandas de sal e gerânios
de espuma. Pode
ser um cacho
de uvas numa garrafa, uma bandeira
azul e branca, um cavalo
de crinas de algodão, esporas
de água e flancos
de granito.
Uma cidade
pode ser o nome
dum país, dum cais, um porto, um barco
de andorinhas e gaivotas
ancoradas
na areia. E pode
ser
um arco-íris à janela, um manjerico
de sol, um beijo
de magnólias
ao crepúsculo, um balão
aceso
numa noite
de junho.
Uma cidade pode ser
um coração,
um punho.
in Castália e Outros Poemas (2001) - Albano Dias Martins
Postado por Fernando Martins às 14:41 0 bocas
Marcadores: Albano Dias Martins, Albano Martins, poesia
Filhos de Hiroshima...
NOTA: para quem não entende catalão, uma tradução em castelhano:
Decid los nombres, hijos de Hiroshima,
vuestros nombres completos, y despacio,
haceros presentes por doquier,
llenad el espacio del universo.
Invadid el aire que respiramos,
el sexo, los ojos, nuestro aliento,
hurgad la náusea, en nuestro instinto
y sacudid nuestra quietud.
Reagan, policía, Andropov, mal actor,
malos actores, mal teatro, mal público, telón.
Hacednos valientes, hijos de Hiroshima,
desde el terror de vuestro infierno.
por una humana convivencia,
por el ingenuo sueño de la paz.
Por una paz sin terror
ya no es posible la ambigüedad.
contra los buitres, viejos y carroñeros,
abramos trincheras, queda poco tiempo.
Reagan, policía, Andropov, mal actor,
malos actores, mal teatro, mal público, telón.
Decid los nombres, hijos de Hiroshima.
invadid el aire que respiramos,
hacednos valientes, hijos de Hiroshima,
por una paz sin terror.
Postado por Pedro Luna às 11:11 0 bocas
Marcadores: Catalunha, Hiroshima, II Grande Guerra, II Guerra Mundial, Japão, Lluís Llach, música, USA
Albano Dias Martins nasceu há noventa anos
Sobre os seus poemas:
sóbrios, breves, mas rutilantes, coloridos, vibrantes |
a nomeação é um acto de criação vital e a presentificação de uma realidade física. | António Ramos Rosa |
Espreguiçados, os ramos
das palmeiras filtram
a luz que sobra
do dia. É já noite
nas folhas. O branco
das paredes recolhe
o sangue e o vinho
de buganvílias
e hibiscos. Bebe-os
de um trago: saberás
que, mais do que cegueira, a noite
é uma embriaguez perfeita.
in Castália e Outros Poemas - Albano Dias Martins
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Marcadores: Albano Dias Martins, poesia
Baden Powell de Aquino nasceu há 82 anos
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Marcadores: Baden Powell de Aquino, Brasil, Canto De Ossanha, música, viola
A Rosa de Hiroshima...
A rosa de Hiroxima
Rio de Janeiro, 1954
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
Vinicius de Moraes
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Marcadores: bombardeamento, Hiroshima, música, Ney Matogrosso, poesia, Rosa de Hiroshima, Secos e Molhados, Vinicius de Moraes
A Ponte 25 de Abril foi inaugurada há 54 anos
A Ponte 25 de Abril (primitivamente conhecida como Ponte Salazar, mas com a designação oficial de Ponte sobre o Tejo) é uma ponte pênsil rodo-ferroviária, que liga a cidade de Lisboa à cidade de Almada, em Portugal. A ponte atravessa o estuário do rio Tejo na parte final e mais estreita - o designado gargalo do Tejo.
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Marcadores: Ponte 25 de Abril, Ponte Salazar, Ponte sobre o Tejo, pontes
O herói irlandês Daniel O'Connell nasceu há 245 anos
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Marcadores: católico, Daniel O'Connell, Irlanda, Reino Unido
O último espectáculo dos Ramones foi há 24 anos
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Marcadores: música, punk's not dead, Ramones, Rockaway Beach
A primeira execução na cadeira elétrica foi há cento e trinta anos
We have no doubt that if the Legislature of this State should undertake to proscribe for any offense against its laws the punishment of burning at the stake, breaking at the wheel, etc., it would be the duty of the courts to pronounce upon such attempt the condemnation of the Constitution. The question now to be answered is whether the legislative act here assailed is subject to the same condemnation. Certainly, it is not so on its face, for, although the mode of death described is conceded to be unusual, there is no common knowledge or consent that it is cruel; it is a question of fact whether an electric current of sufficient intensity and skillfully applied will produce death without unnecessary suffering.Kemmler was executed in New York's Auburn Prison on August 6, 1890; the "state electrician" was Edwin F. Davis. The first 17-second passage of 1,000 volts AC of current through Kemmler caused unconsciousness, but failed to stop his heart and breathing. The attending physicians, Edward Charles Spitzka and Carlos F. MacDonald, came forward to examine Kemmler. After confirming Kemmler was still alive, Spitzka reportedly called out, "Have the current turned on again, quick, no delay." The generator needed time to re-charge, however. In the second attempt, Kemmler received a 2,000 volt AC shock. Blood vessels under the skin ruptured and bled, and the areas around the electrodes singed. The entire execution took about eight minutes. George Westinghouse later commented that, "They would have done better using an axe", and a witnessing reporter claimed that it was "an awful spectacle, far worse than hanging".
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Marcadores: cadeira elétrica, pena de morte, William Kemmler
Jorge Amado morreu há dezanove anos
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O bombardeamento atómico de Hiroshima foi há setenta e cinco anos
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quarta-feira, agosto 05, 2020
Oração por Marilyn...
ORACIÓN POR MARILYN MONROE
Señor
recibe a esta muchacha conocida en toda la Tierra con el nombre de Marilyn Monroe,
aunque ése no era su verdadero nombre
(pero Tú conoces su verdadero nombre, el de la huerfanita violada a los 9 años
y la empleadita de tienda que a los 16 se había querido matar)
y que ahora se presenta ante Ti sin ningún maquillaje
sin su Agente de Prensa
sin fotógrafos y sin firmar autógrafos
sola como un astronauta frente a la noche espacial.
Ella soñó cuando niña que estaba desnuda en una iglesia (según cuenta el Times)
ante una multitud postrada, con las cabezas en el suelo
y tenía que caminar en puntillas para no pisar las cabezas.
Tú conoces nuestros sueños mejor que los psiquiatras.
Iglesia, casa, cueva, son la seguridad del seno materno
pero también algo más que eso... Las cabezas son los admiradores, es claro
(la masa de cabezas en la oscuridad bajo el chorro de luz).
Pero el templo no son los estudios de la 20th Century-Fox.
El templo —de mármol y oro— es el templo de su cuerpo
en el que está el hijo de Hombre con un látigo en la mano
expulsando a los mercaderes de la 20th Century-Fox
que hicieron de Tu casa de oración una cueva de ladrones.
Señor
en este mundo contaminado de pecados y de radiactividad,
Tú no culparás tan sólo a una empleadita de tienda
que como toda empleadita de tienda soñó con ser estrella de cine.
Y su sueño fue realidad (pero como la realidad del tecnicolor).
Ella no hizo sino actuar según el script que le dimos,
el de nuestras propias vidas, y era un script absurdo.
Perdónala, Señor, y perdónanos a nosotros
por nuestra 20th Century
por esa Colosal Super-Producción en la que todos hemos trabajado.
Ella tenía hambre de amor y le ofrecimos tranquilizantes.
Para la tristeza de no ser santos
se le recomendó el Psicoanálisis.
Recuerda Señor su creciente pavor a la cámara
y el odio al maquillaje insistiendo en maquillarse en cada escena
y cómo se fue haciendo mayor el horror
y mayor la impuntualidad a los estudios.
Como toda empleadita de tienda
soñó ser estrella de cine.
Y su vida fue irreal como un sueño que un psiquiatra interpreta y archiva.
Sus romances fueron un beso con los ojos cerrados
que cuando se abren los ojos
se descubre que fue bajo reflectores
¡y se apagan los reflectores!
Y desmontan las dos paredes del aposento (era un set cinematográfico)
mientras el Director se aleja con su libreta
porque la escena ya fue tomada.
O como un viaje en yate, un beso en Singapur, un baile en Río
la recepción en la mansión del Duque y la Duquesa de Windsor
vistos en la salita del apartamento miserable.
La película terminó sin el beso final.
La hallaron muerta en su cama con la mano en el teléfono.
Y los detectives no supieron a quién iba a llamar.
Fue
como alguien que ha marcado el número de la única voz amiga
y oye tan solo la voz de un disco que le dice: WRONG NUMBER
O como alguien que herido por los gangsters
alarga la mano a un teléfono desconectado.
Señor:
quienquiera que haya sido el que ella iba a llamar
y no llamó (y tal vez no era nadie
o era Alguien cuyo número no está en el Directorio de los Ángeles)
¡contesta Tú al teléfono!
Ernesto Cardenal
NOTA: para os que não falam castelhano, uma versão (minha) em português, do poema:
Oração por Marilyn Monroe
Senhor
recebe esta menina conhecida em todo o Mundo como Marilyn Monroe
mesmo que esse não fosse o seu verdadeiro nome
(mas Tu conheces seu verdadeiro nome, o da pequena órfã violada aos 9 anos
e da empregadinha de loja que, aos 16 anos, já queria se matar)
e que agora se apresenta diante de Ti sem maquilhagem
sem um Agente de Imprensa
sem fotógrafos e sem dar autógrafos
só, como um astronauta diante da noite espacial.
Ela que sonhou, quando menina, que estava nua numa Igreja (segundo a revista Time)
ante uma multidão prostrada, com as cabeças no chão
e tinha de caminhar, pé ante pé, para não pisar as cabeças.
Tu que conheces os nossos sonhos melhor que os psiquiatras
Igreja, casa, cova são a segurança do seio materno
mas também algo mais que isso...
As cabeças são os admiradores, é claro
(a massa de cabeças na escuridão debaixo do foco de luz).
Mas o templo não são os estúdios da 20th Century Fox.
O templo – de mármore e ouro – é o templo de seu corpo
em que está o Filho do Homem com um chicote na mão
expulsando os mercadores da 20th Century Fox
que fizeram de Tua casa de oração um covil de ladrões.
Senhor
neste mundo contaminado de pecados e de radioatividade
Tu não culparás apenas a empregadinha da loja.
Que, como toda empregada de loja, sonhou tornar-se estrela de cinema.
E o seu sonho tornou-se realidade (mas com a realidade do Technicolor).
Ela que não fez mais do que atuar de acordo com o texto do argumento que lhe demos
o de nossas próprias vidas, que era um argumento absurdo.
Perdoa-lhe, Senhor, e perdoa-nos a nós, pela nossa 20th Century Fox
por esta Colossal Superprodução em que todos nós temos trabalhado.
Ela tinha fome de amor e nós demos-lhe tranquilizantes,
para a tristeza de não ser santos
recomendámos-lhe a Psicanálise.
Lembra-te, Senhor, de seu crescente pavor às câmaras
e o ódio à maquilhagem, insistindo em maquilhar-se em cada cena
e como foi se tornando maior o horror
e maior a falta de pontualidade nos estúdios.
Como toda a empregada de loja
sonhou tornar-se estrela de cinema.
E sua vida foi irreal, como um sonho que um psiquiatra interpreta e arquiva.
Os seus romances foram um beijo de olhos bem fechados
que, quando se abrem
se descobre que foi sob os focos de iluminação
e apagam-se as luzes!
e desmontam as paredes do aposento (era um set cinematográfico)
enquanto o Diretor se afasta com o seu argumento, porque a cena já foi filmada.
Ou uma viagem de iate, um beijo em Singapura, um baile no Rio
uma recepção na mansão do Duque e da Duquesa de Windsor
vistos na TV de um apartamento miserável.
O filme terminou sem o beijo final.
Foi achada morta na sua cama com a mão no telefone.
E os detetives não souberam a quem ela ia ligar.
Foi
como alguém que marcou o número da única voz amiga
e ouviu apenas a voz de uma gravação que diz: WRONG NUMBER.
Ou como alguém que, ferida pelos bandidos
estende a mão a um telefone desligado.
Senhor
a quem quer que tenha sido que ela queria falar
e não chamou (e talvez fosse ninguém
ou era Alguém cujo número não está na Páginas Amarelas de Los Angeles)
atende Tu o telefone!
Ernesto Cardenal
Postado por Pedro Luna às 16:41 0 bocas
Marcadores: cinema, Ernesto Cardenal, Marilyn Monroe, oração, poesia