O Curso de Geologia de 85/90 da Universidade de Coimbra escolheu o nome de Geopedrados quando participou na Queima das Fitas.
Ficou a designação, ficaram muitas pessoas com e sobre a capa intemporal deste nome, agora com oportunidade de partilhar as suas ideias, informações e materiais sobre Geologia, Paleontologia, Mineralogia, Vulcanologia/Sismologia, Ambiente, Energia, Biologia, Astronomia, Ensino, Fotografia, Humor, Música, Cultura, Coimbra e AAC, para fins de ensino e educação.
Poeta essencialmente lírico, o que lhe renderia a alcunha "poetinha", que lhe teria atribuído Tom Jobim, notabilizou-se pelos seus sonetos. Conhecido como um boémio inveterado, fumador e apreciador do uísque, era também conhecido por ser um grande conquistador. O poetinha casou-se nove vezes ao longo de sua vida e as suas esposas foram, respectivamente: Beatriz Azevedo de Melo (mais conhecida como Tati de Moraes), Regina Pederneiras, Lila Bôscoli, Maria Lúcia Proença, Nelita de Abreu, Cristina Gurjão, Gesse Gessy, Marta Rodrigues Santamaria (a Martita) e Gilda de Queirós Mattoso.
Vinicius de Moraes nasceu em 1913 no bairro da Gávea, no Rio de Janeiro, filho de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, funcionário da Prefeitura, poeta e violinista amador, e Lídia Cruz, pianista amadora. Vinícius é o segundo de quatro filhos, Lygia (1911), Laetitia (1916) e Helius (1918). Mudou-se com a família para o bairro de Botafogo em 1916, onde iniciou os seus estudos na Escola Primária Afrânio Peixoto. Desde então, já demonstrava interesse em escrever poesias. Em 1922, a sua mãe adoeceu e a família de Vinicius mudou-se para a Ilha do Governador, ele e a sua irmã Lygia permanecendo com o avô, em Botafogo, para terminar o ensino primário.
Vinicius de Moraes ingressou em 1924 no Colégio Santo Inácio, de padres jesuítas, onde passou a cantar no coral e começou a montar pequenas peças de teatro. Três anos mais tarde, tornou-se amigo dos irmãos Haroldo e Paulo Tapajós, com quem começou a fazer as suas primeiras composições e a apresentar-se em festas de amigos. Em 1929, concluiu o ensino secundário e, no ano seguinte, ingressou na Faculdade de Direito do Catete, hoje Faculdade Nacional de Direito (UFRJ). Na chamada "Faculdade do Catete", conheceu e tornou-se amigo do romancistaOtavio Faria, que o incentivou na vocação literária. Vinicius de Moraes formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais em 1933.
Três anos depois, obteve o emprego de censor cinematográfico no Ministério da Educação e Saúde. Dois anos mais tarde, Vinicius de Moraes ganhou uma bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas na Universidade de Oxford. Em 1941, retornou ao Brasil empregando-se como crítico de cinema no jornal "A Manhã". Tornou-se também colaborador da revista "Clima" e empregou-se no Instituto dos Bancários.
No ano seguinte, foi reprovado em seu primeiro concurso para o Ministério das Relações Exteriores (MRE). Em 1943, concorreu novamente e desta vez foi aprovado. Em 1946, assumiu o primeiro posto diplomático como vice-cônsul em Los Angeles. Com a morte do pai, em 1950, Vinicius de Moraes retornou ao Brasil. Nos anos 1950, Vinicius atuou no campo diplomático em Paris e em Roma, onde costumava realizar animados encontros na casa do escritor Sérgio Buarque de Holanda.
No final de 1968 foi afastado da carreira diplomática tendo sido aposentado compulsivamente pelo Ato Institucional Número Cinco.
O poeta estava em Portugal, a dar uma série de espectáculos, alguns com Chico Buarque e Nara Leão, quando o regime militar emitiu o AI-5. O motivo apontado para o afastamento foi o seu comportamento boémio que o impedia de cumprir as suas funções. Vinícius foi amnistiado (depois da morte) pela Justiça, em 1998. A Câmara dos Deputados brasileira, aprovou em fevereiro de 2010, a promoção póstuma do poeta ao cargo de "ministro de primeira classe" do Ministério dos Negócios Estrangeiros - o equivalente a embaixador, que é o cargo mais alto da carreira diplomática. A lei foi publicada no Diário Oficial do dia 22 de junho de 2010 e recebeu o número 12.265.
Vinicius começou a se tornar prestigiado com sua peça de teatro "Orfeu da Conceição", em 25 de setembro de 1956. Além da diplomacia, do teatro e dos livros, a sua carreira musical começou a avançar em meados da década de 50 - época em que conheceu Tom Jobim (um de seus grandes parceiros) -, quando diversas de suas composições foram gravadas por inúmeros artistas. Na década seguinte, Vinicius de Moraes viveu um período áureo na MPB, no qual foram gravadas cerca de 60 composições de sua autoria. Foram firmadas parcerias com compositores como Baden Powell, Carlos Lyra e Francis Hime.
Na década de 1970, já consagrado e com um novo parceiro, o violonista Toquinho, Vinicius seguiu lançando álbuns e livros de grande sucesso.
Na noite de 9 de julho de 1980, acertando detalhes com Toquinho sobre as canções do álbum "Arca de Noé", Vinicius alegou cansaço e que precisava tomar um banho. Na madrugada do dia seguinte Vinicius foi acordado pela empregada, que o encontrara na banheira de casa, com dificuldades para respirar. Toquinho, que estava dormindo, acordou e tentou socorrê-lo, seguido por Gilda Mattoso (última esposa do poeta), mas não houve tempo e Vinicius de Moraes morreu pela manhã.
Carreira artística e poética
No fim da década de 1920 Vinicius de Moraes produziu letras para dez canções gravadas - nove delas parcerias com os Irmãos Tapajós. Seu primeiro registro como letrista veio em 1928, quando compôs (com Haroldo) "Loira ou Morena", gravado em 1932 pela dupla de irmãos. Vinicius teve publicado seu primeiro livro de poemas, O Caminho para a Distância, em 1933, e lançou outros livros de poemas nessa década. Foram também gravadas outras canções de sua autoria, como "Dor de uma Saudade" (composta com Joaquim Medina), gravada em 1933 por João Petra de Barros e Joaquim Medina, "O Beijo Que Você Não Quis Dar" (composta com Haroldo Tapajós) e "Canção da Noite" (composta com Paulo Tapajós), ambas gravadas em 1933 pelos Irmãos Tapajós e também "Canção para Alguém" (composta com Haroldo Tapajós), gravada pelos mesmos um ano depois.
Declarava-se então partidário do Integralismo, partido brasileiro de orientação fascista.
Mudança de fase
Na década de 1940 as suas obras literárias foram marcadas por versos em linguagem mais simples, sensual e excitante, por vezes, carregados de temas sociais. Vinicius de Moraes publicou os livros Cinco Elegias (1943), que marcou esta nova fase, e Poemas, Sonetos e Baladas (1946); obra ilustrada com 22 desenhos de Carlos Leão. Atuando como jornalista e crítico de cinema em diversos jornais, Vinicius lançou em 1947, com Alex Vianny, a revista Filme. Dois anos depois, publicou em Barcelona o livro Pátria Minha.
Em 1953 Aracy de Almeida gravou "Quando Tu Passas Por Mim", primeiro samba de sua autoria. Escrita com Antônio Maria, a canção foi dedicado à esposa Tati de Moraes - e marcava também o fim do seu casamento. Ainda naquele ano, Vinícius foi para Paris como segundo secretário da embaixada brasileira. Aracy de Almeida também gravou "Dobrado de Amor a São Paulo" (outra parceria com Antônio Maria), em 1954.
Orfeu e o amigo Tom
Em 1954, Vinícius publica a sua coletânea de poemas, Antologia Poética, mesmo ano que publica sua peça teatral Orfeu da Conceição, premiada no concurso do IV Centenário de São Paulo e publicada na revista Anhembi. Dois anos depois, quando Vinicius buscava alguém para musicar a peça, e aceitou a sugestão do amigo Lúcio Rangel para trabalhar com um jovem pianista, Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, que na época tinha 29 anos e vivia da venda de músicas e arranjos nos inferninhos de Copacabana.
Do encontro entre Vinícius e Tom nasceria uma das mais fecundas parcerias da música brasileira, que a marcaria definitivamente. Os dois compuseram a banda sonora, que incluía "Lamento no Morro", "Se Todos Fossem Iguais A Você", "Um Nome de Mulher", "Mulher Sempre Mulher" e "Eu e Você" e foram lançadas em disco por Roberto Paiva, Luiz Bonfá e Orquestra. A peça estreou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Além destas canções, a dupla Vinicius e Tom compuseram, entre outros clássicos, "A Felicidade", "Chega de Saudade", "Eu sei que vou te amar", "Garota de Ipanema", "Insensatez", entre outras belas canções.
Em 1957 teve a sua carreira diplomática transferida para Montevidéu, onde permaneceu por três anos.
Bossa Nova
O ano de 1958 marcaria o início de um dos movimentos mais importantes da música brasileira, a Bossa Nova. A pedra fundamental do movimento veio com o álbum "Canção do Amor Demais", gravado pela cantora Elizeth Cardoso. Além da faixa-título, o antológico LP contava ainda com outras canções de autoria da dupla Vinicius e Tom, como "Luciana", "Estrada Branca", "Outra Vez" e "Chega de Saudade", em interpretações vocais intimistas.
"Chega de Saudade" foi uma canção fundamental daquele novo movimento, especialmente porque o álbum de Elizeth contou com a participação de um jovem violonista, que com seu inovador modo de tocar o violão, caracterizado por uma nova batida, marcaria definitivamente a bossa nova e a tornaria famosa no mundo inteiro a partir dali. O nome deste violonista é João Gilberto. A importância do disco "Canção do Amor Demais" é tamanha que ele é tido como referência por muitos artistas como Chico Buarque e Caetano Veloso.
Várias das composições de Vinicius foram gravadas na metade final daquela década por outros artistas. Joel de Almeida gravou "Loura ou Morena" (1956). No ano seguinte, Aracy de Almeida gravou "Bom Dia, Tristeza" (composta com Adoniran Barbosa), Tito Madi gravou "Se Todos Fossem Iguais A Você", Bill Farr gravou "Eu Não Existo Sem Você", Agnaldo Rayol gravou "Serenata do Adeus" e Albertinho Fortuna gravou "Eu Sei Que Vou Te Amar". "O Nosso Amor" e "A Felicidade" foram duas das canções mais lançadas no final daquela década. A primeira foi gravada por Lueli Figueiró e Diana Montez, ambas em 1959. Já a segunda foi lançada por Lueli Figueiró, Lenita Bruno, Agostinho dos Santos e João Gilberto.
Servindo ao Itamaraty em Montevidéu desde 1957, Vinicius de Moraes deixaria a embaixada brasileira no Uruguai somente em 1960. As suas canções continuaram sendo gravadas por muitos artistas no início da década de 60. Foram lançadas "Janelas Abertas" (composta com Tom Jobim), por Jandira Gonçalves, e "Bate Coração", (composta com Antônio Maria), por Marianna Porto de Aragão, cantora de culto na época, com uma das vozes mais poderosas de toda uma geração de cantoras .
Novas parcerias
No ano seguinte, Vinicius registou pela primeira vez a sua voz, em um álbum contendo os sambas "Água de Beber" e "Lamento no Morro", novamente em parcerias com Tom Jobim. O poeta teria também um novo parceiro naquele período, o cantor, compositor e violonista Carlos Lyra. Com ele, Vinicius iria compor clássicos como "Você e Eu", "Coisa Mais Linda", "A Primeira Namorada" e "Nada Como Te Amar". Ainda em 1961, o Teatro Santa Rosa foi inaugurado no Rio de Janeiro com "Procura-se uma rosa", peça de autoria de Vinicius, Pedro Bloch e Gláucio Gil - filmada depois pelo cinema italiano com o nome de "Una Rosa per Tutti" (o longa-metragem foi rodado no Rio e estrelado por Cláudia Cardinale).
Em 1962, a Banda do Corpo de Bombeiros Fluminense gravou "Serenata do Adeus", um ano após gravarem "Rancho das Flores", marcha-rancho com versos do poeta sobre tema de Jesus, Alegria dos Homens, de Johann Sebastian Bach. Ainda naquele ano, enquanto "Canção da Eterna Despedida" (composta com Tom Jobim) "Em Noite de Luar" (composta com Ary Barroso) foram gravadas por Orlando Silva e Ângela Maria, respectivamente, Vinicius de Moraes publicou três livros: Antologia Poética, Procura-se Uma Rosa e Para Viver Um Grande Amor.
Com Pixinguinha, compôs a banda sonora do filme Sol sobre a Lama, de Alex Vianny, escrevendo as letras para os chorinhos "Lamento" e "Mundo Melhor". Também naquele período, nasceu a parceria com o compositor e violonista Baden Powell. Desta, resultariam inúmeros sucessos, como "Apelo", "Canção de Amor", "Canto de Ossanha", "Formosa", "Mulher Carioca", "Paz", "Pra Quê Chorar", "Samba da Bênção", "Samba Em Prelúdio", "Só Por Amor", "Tem Dó", "Tempo Feliz", entre outras.
Em agosto de 1962, com Tom Jobim, João Gilberto e o grupo Os Cariocas, Vinicius de Moraes participou de "Encontro", um dos mais importantes concertos da bossa nova e realizado na discoteca "Au Bon Gourmet", no Rio de Janeiro. Neste show, foram lançadas clássicos da música popular brasileira como "Ela é Carioca", "Garota de Ipanema", "Insensatez", "Samba do Avião" e "Só Danço Samba". Naquela mesma casa noturna foi montada "Pobre Menina Rica", mais uma peça do poeta, cuja banda sonora trazia canções como "Sabe Você", "Primavera" e "Samba do Carioca" (lançando a cantora Nara Leão), ambas parcerias com Carlos Lyra. Ainda naquele ano, Vinicius comporia com Lyra "Marcha da Quarta-feira de Cinzas" e "Minha Namorada".
Várias daquelas seriam gravadas em 1963. Jorge Goulart gravou "Marcha da Quarta-feira de Cinzas", Elizeth Cardoso gravou "Mulher Carioca" e "Menino Travesso" (composta com Moacir Santos), Elza Soares gravou "Só Danço Samba", Pery Ribeiro e o Tamba Trio gravaram "Garota de Ipanema" e Jair Rodrigues gravou "O Morro Não Tem Vez" (composta com Tom Jobim).
Naquele mesmo período, Vinicius de Moraes lançou com a atrizOdete Lara seu primeiro álbum: Vinicius e Odete Lara. Com arranjos e regência do poeta Moacir Santos, o LP continha canções da parceria com Baden Powell, como "Berimbau", "Mulher Carioca", "Samba em Prelúdio" e "Só por Amor", entre outras. Ainda em 1963, o selo Copacabana lançou o álbum "Elizeth Interpreta Vinicius", contendo as parcerias do poetinha com Baden Powell, Moacir Santos (e arranjos deste), Nilo Queiroz e Vadico.
Regresso ao Brasil
Em 1964 Vinicius retornou ao Brasil e logo se apresentou na discoteca "Zum Zum", ao lado de Dorival Caymmi, Quarteto em Cy e o Conjunto de Oscar Castro Neves. O concerto teve grande repercussão nos meios artísticos e foi lançado em LP pelo selo Elenco, contendo composições como "Bom-dia, Amigo" (parceria com Baden Powell), "Carta ao Tom", "Dia da Criação" e "Minha Namorada" (parcerias com Carlos Lyra), e "Adalgiza", "...Das Rosas", "História de Pescadores" e "Saudades da Bahia" (parcerias com o cantor, compositor e violonista Dorival Caymmi).
Duas canções de Vinicius de Moraes concorreram, em 1965, o I Festival Nacional de Música Popular Brasileira (da extinta TV Excelsior). "Arrastão" (composta com Edu Lobo), defendida por Elis Regina, ficou com o primeiro lugar, e "Valsa do Amor que Não Vem" (parceria com Baden Powell), defendida por Elizeth Cardoso, ficou com o segundo lugar. Também com o arranjador, cantor e instrumentista Edu Lobo, Vinicius compôs "Zambi" e "Canção do Amanhecer" - canções que se engajaram no clima de protesto da época e foram apresentadas em projetos do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE). Por um breve período, Vinicius foi designado para trabalhar na delegação do Brasil junto à UNESCO, na Europa. O poeta também trabalhou com o diretor Leon Hirszman no roteiro do filme Garota de Ipanema, voltou a se apresentar no Zum Zum com Dorival Caymmi e lançou o livro "Cordélia e o Peregrino".
Ainda em 1965, o Teatro Municipal de São Paulo foi o palco de uma homenagem para o poetinha, com o show Vinicius: Poesia e Canção, espetáculo que contou com a participação da Orquestra Sinfónica do Estado de São Paulo (sob a regência do maestro Diogo Pacheco). As composições apresentadas receberam arranjos dos maestros Guerra Peixe, Radamés Gnattali, Luís Eça, Gaya e Luís Chaves e contou com intérpretes com Carlos Lyra, Edu Lobo, Suzana de Morais, Francis Hime, Paulo Autran, Cyro Monteiro e Baden Powell. Quando o poeta terminou a apresentação de "Se Todos Fossem Iguais A Você", a plateia respondeu com dez minutos ininterruptos de aplausos.
Em 1966, foi lançado o álbum Os Afro-Sambas, com suas composições em parceria com Baden Powell. Constam do repertório do disco "Canto de Ossanha", "Canto de Xangô", "Canto de Iemanjá" e "Lamento de Exu", entre outras, além da participação de Powell tocando violão. Naquele mesmo período, Vinicius participou do concerto Pois É, no Teatro Opinião, ao lado de Maria Bethânia e Gilberto Gil. No espetáculo dirigido pelo arranjador, compositor, maestro e pianista Francis Hime, o público carioca conheceu pela primeira vez as canções de Gilberto Gil. Ainda naquele ano, lançou o livro de crónicas Para Uma Menina Com Uma Flor e também foi convidado a participar do júri do Festival de Cannes. Na ocasião, descobriu que sua canção "Samba da Bênção" havia sido utilizada, sem os devidos créditos, na trilha sonora do filme Um Homem e Uma Mulher, do diretor francês Claude Lelouch, vencedor do festival. Após uma ameaça de processo, a obra de Lelouch creditou a canção de Vinicius. O ano de 1967 marcou a estreia do filme Garota de Ipanema, baseado no sucesso homónimo de Vínicius. É a canção brasileira mais conhecida no mundo depois de "Aquarela do Brasil" (de Ary Barroso). Ainda naquele período, Vinícius organizou um festival de artes em Ouro Preto e fez um tour na Argentina e no Uruguai.
Reforma compulsória
Em 1968 Vinicius de Moraes participou de shows em Lisboa, na companhia de Chico Buarque e Nara Leão. Também naquele ano, a convite do crítico Ricardo Cravo Albin, Vinicius prestou histórico depoimento para o Museu da Imagem e do Som (de onde era membro do Conselho Superior de MPB).
Mas o ano de 1968 marcou o fim da carreira diplomática de Vinicius de Moraes. Após 26 anos de serviços prestados ao MRE, Vinicius foi aposentado pelo Ato Institucional 5, criado pela ditadura militar brasileira, facto que o magoou profundamente. No dia em que o ato era editado, Vinicius encontrava-se em Portugal, onde realizava um concerto. Após este espetáculo, estudantes salazaristas estavam aglomerados na porta do teatro para protestar contra o poeta. Avisado disto e aconselhado a se retirar pelos fundos do teatro, o poetinha preferiu enfrentar os protestos e, parando diante dos manifestantes, começou a declamar "Poética I" ("De manhã escureço/De dia tardo/De tarde anoiteço/De noite ardo"). Então, um dos jovens tirou a capa do seu traje académico e a colocou no chão para que Vinicius pudesse passar sobre ela - ato imitado pelos outros estudantes e que, em Portugal, é uma forma tradicional de homenagem académica.
Segundo entrevista publicada pela Revista Veja em 12 de janeiro de 2000 o ex-presidente João Figueiredo explicou as reais causas da demissão do poeta do Itamaraty: "Ele até diz que muita gente do Itamaraty foi demitida ou por corrupção ou por pederastia. É verdade. Mas no caso dele foi por vagabundagem mesmo. Eu era o chefe da Agência Central do Serviço e recebíamos constantemente informes de que ele, servindo no consulado brasileiro de Montevidéu, ganhando 6.000 dólares por mês, não aparecia por lá havia três meses. Consultamos o Ministério das Relações Exteriores, que nos confirmou a acusação. Verificamos que ele não saía dos botequins do Rio de Janeiro, tocando violão, se apresentando por aí, com copo de uísque do lado. Nem pestanejamos. Mandamos brasa."
A reabilitação ao corpo diplomático brasileiro só ocorreu trinta anos depois de sua morte por meio da Lei 12.265 de 21 de junho de 2010. Em cerimónia no Palácio do Itamaraty, Vinicius de Moraes foi elevado ao cargo de ministro de exterior, cargo semelhante ao de embaixador.
Em 1969 Vinicius de Moraes publicou o livro Obra Poética e se apresentou ao lado de Maria Creuza e Dorival Caymmi em Punta del Este. O poetinha também fez recital na Livraria Quadrante, em Lisboa, apresentando, entre outros, os poemas "A Uma Mulher", "O Falso Mendigo", "Sob o Trópico de Câncer" (no qual trabalhou durante nove anos) e "Soneto da Intimidade". O evento foi gravado ao vivo e lançado em LP pelo selo Festa. Ainda naquele ano, Vinicius fez apresentações em Buenos Aires, ao lado de Caymmi, Baden Powell, Quarteto em Cy e Oscar Castro Neves.
Parceria com Toquinho
Naquele mesmo período, iniciou suas primeiras composições com um novo parceiro, o violonista Toquinho. Desta parceria, viriam clássicos como "Como Dizia o poeta", "Tarde em Itapoã" e "Testamento".
Em 1970 Vinicius se apresentou na casa de espetáculo carioca Canecão, com o parceiro Tom Jobim, o violonista Toquinho e a cantora Miúcha. O show, que relembrou a trajetória do poeta, ficou quase um ano em cartaz devido ao grande sucesso obtido. Outra apresentação marcante de Vinícus de Moraes, ao lado de Toquinho e da cantora Maria Creuza, foi em a cidade argentina de Mar del Plata, na boate La Fusa. O concerto resultaria no LP ao vivo Vinicius En La Fusa, uma das mais belas joias gravadas ao vivo da música brasileira. No repertório, interpretado de modo espetacular pela cantora baiana, estavam entre outras "A Felicidade", "Garota de Ipanema", "Irene", "Lamento no Morro", "Canto de Ossanha" (canção muito aplaudida pela plateia argentina), "Samba em Prelúdio", "Eu Sei Que Vou Te Amar" (canção que contou ainda com a declamação do poetinha de "Soneto da Fidelidade", para delírio do público argentino), "Minha Namorada" e "Se Todos Fossem Iguais A Você", que encerrou o magnífico concerto. No ano seguinte, Vinicius voltou à Fusa para gravar um novo LP ao vivo, também com Toquinho, mas desta vez com a cantora Maria Bethânia nos vocais. Neste álbum estão presentes canções com "A Tonga da Mironga do Kabuletê", "Testamento" e "Tarde em Itapoã". Também em 1971, assinou com Chico Buarque, sobre antigo choro de Garoto, a canção "Gente Humilde", grande sucesso gravada pelo próprio Chico e, pouco depois, por Ângela Maria.
A parceria Vinicius/Toquinho excursionou por várias cidades brasileiras e também pelo exterior. Ainda em 1971, a dupla lançou seu primeiro LP de estúdio, com destaque para "Maria Vai com as Outras", "Morena Flor", "A Rosa Desfolhada" e "Testamento". Em 1972, eles lançaram o álbum "São Demais os Perigos Dessa Vida", contendo - além da faixa-título - grandes sucessos como "Cotidiano nº 2", "Para Viver Um Grande Amor" e "Regra três". Com Toquinho, também compôs a trilha sonora da telenovela"Nossa Filha Gabriela" (da extinta TV Tupi), registrada em disco naquele mesmo ano. No ano seguinte, a dupla se apresentou no show "O Poeta, a Moça e o Violão", com a cantora Clara Nunes no Teatro Castro Alves, em Salvador.
Em 1974 Vinicius e Toquinho compuseram "As Cores de Abril" e "Como É Duro Trabalhar", ambas incluídas na trilha sonora da novela Fogo Sobre Terra, da Rede Globo. Naquele mesmo ano, a parceria lançou o álbum Toquinho, Vinicius e Amigos. O disco teve as participações de Maria Bethânia (em "Apelo" e "Viramundo"), Cyro Monteiro ("Que Martírio" e "Você Errou", últimas gravações deste cantor), Maria Creuza ("Tomara" e "Lamento no Morro"), Sergio Endrigo ("Poema Degli Occhi" e "La Casa") e Chico Buarque ("Desencontro"). Ainda naquele ano, a dupla lançou "Vinicius e Toquinho", quarto álbum de estúdio da parceria, que trazia composições de autoria deles, como "Samba do Jato", "Sem Medo" e "Tudo Na Mais Santa Paz", e ainda "Samba pra Vinicius", homenagem ao poetinha de Toquinho e Chico Buarque, que fez uma participação especial no disco.
Em 1975 Vinicius de Moraes lançou o álbum "O Poeta e o Violão". Gravado em Milão, o LP teve a participação especial dos maestros Bacalov e Bardotti. No mesmo ano, a gravadora Philips lançou o álbum "Vinicius e Toquinho". Deste LP, destaca-se "Onde Anda Você" - parceria com Hermano Silva e que alcançou grande sucesso. Ainda naquele ano, Vinicius lançou o livro de poemas infantis A Arca de Noé. Foram lançados em no ano seguinte os álbuns Ornella Vanoni, Vinicius de Moraes e Toquinho - La voglia, la pazzia, l'incoscienza e l'allegria e Deus lhe Pague - este com as composições da parceria Vinicius e Edu Lobo.
Vinicius teve publicado, em 1977, o livro O Breve Momento, com 15 serigrafias de Carlos Leão. Naquele ano, o selo Philips lançou o álbum "Antologia Poética", uma seleção da obra poética do poetinha e que teve a participação especial de Tom Jobim, Francis Hime e Toquinho. A gravadora Som Livre disponibilizou no mercado o LP Tom, Vinicius, Toquinho e Miúcha - Ao Vivo no Canecão. Em 1978 foi lançado o álbum Vinicius e Amália, gravado em Lisboa com a cantora portuguesa Amália Rodrigues. Naquele mesmo ano, foi editado o álbum "10 Anos de Toquinho e Vinicius" - uma coletânea de uma década de trabalhos da dupla. Em 1980 foi lançado o álbum Arca de Noé, que trouxe diversos intérpretes para as composições infantis do poeta, musicadas a partir do livro homónimo. O disco gerou um especial infantil na Rede Globo, naquele mesmo ano.
Falecimento
Na madrugada de 9 de julho de 1980 Vinicius de Moraes começou a se sentir mal na banheira da casa onde morava, na Gávea, vindo a falecer pouco depois. O poeta passara o dia anterior com o parceiro e amigo Toquinho, com quem planeava os últimos detalhes do volume 2 do álbum "Arca de Noé". Em 1981, este LP foi lançado.
Mesmo após a morte, a obra musical de Vinicius manteve-se prestigiada na música brasileira. Foram lançados os álbuns Toquinho, Vinicius e Maria Creuza - O Grande Encontro (1988) e A História dos Shows Inesquecíveis - Poeta, Moça e Violão: Vinicius, Clara e Toquinho (1991), além de terem sido lançados livros sobre o poeta, como Vinicius de Moraes - Livro de Letras (1993), de José Castello, Vinicius de Moraes (1995), também de José Castello, "Vinicius de Moraes" (1997), de Geraldo Carneiro (uma edição ampliada do livro publicado em 1984). Ainda em 1993, Almir Chediak editou os três volumes do Songbook Vinicius de Moraes.
Por ocasião dos vinte anos da morte do poeta, em 2000, a Praia de Ipanema foi o palco de um show em homenagem a Vinicius, que contou com a participação da Orquestra Sinfônica Brasileira, Roberto Menescal, Wanda Sá, Zimbo Trio, Os Cariocas, Emílio Santiago e Toquinho, interpretando composições de sua autoria.
Em 2003, ano em que o poeta completaria seu 90º aniversário, foram lançados vários projetos em tributo à sua criação artística. Também foi lançado o website oficial de Vinicius.
Em 2005 "The Girl from Ipanema", versão em inglês de "Garota de Ipanema", interpretada por Astrud Gilberto, Tom Jobim, João Gilberto e Stan Getz e gravada em 1963, foi escolhida como uma das 50 grandes obras musicais da Humanidade pela Biblioteca do Congresso Americano. Ainda em 2005, estreou, na abertura da sétima edição do Festival do Rio, o documentárioVinicius, dirigido por Miguel Faria Jr. e produzido por Suzana de Moraes, filha do poeta, com a participação de Chico Buarque, Carlos Lyra, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Adriana Calcanhoto, Mariana de Moraes e Olívia Byington, entre outros convidados. A trilha sonora do filme foi lançada em CD.
Em 2006 foi lançada a caixa "Vinicius de Moraes & Amigos", com cinco álbuns do poetinha, contendo 70 canções compiladas de fonogramas gravados por vários intérpretes e pelo próprio Vinicius (a solo ou em dueto). A caixa incluiu ainda um libreto com a biografia do homenageado e as letras de todas as canções.
Em 2011 a escola Império Serrano falou sobre ele com o enredo : "A Benção, Vinicius".
O seu pai, Evaristo Vázquez, republicano exilado em França, entrou clandestinamente em Espanha para conhecer o filho recém-nascido e foi preso. Enquanto estudava jornalismo,
Montalbán trabalhou como cobrador de uma casa funerária e deu aulas no
seu bairro. Estudou Filosofia e Letras na Universidade Autónoma de
Barcelona.
O seu primeiro trabalho profissional foi uma biografia do Cid. Em 1960 foi chefe nacional de propaganda do Servicio Universitário del Trabajo e depois colaborador interno da imprensa do Movimiento.
Em 1961 casou com Ana Sallés e depois passou um ano e meio na prisão
por ter participado numa manifestação. Ali escreveu o seu ensaio Informe sobre la información (1963). Entre 1963 e 1969 foi-lhe proibido o acesso aos meios de comunicação, e foi-lhe retirado o passaporte até 1972.
Participou na revista CAU (1970-74) e foi colaborador fixo da Triunfo e animador indiscutível das revistas Mundo Obrero, La Calle e Interviú. Em 1977 ingressou no Comité Central do Partido Socialista Unificado da Catalunha.
Montalbán é o criador do detetive galego Pepe Carvalho,
protagonista de uma série policial que se passa em Barcelona. Escreveu
ainda livros de poesia e vários ensaios. Publicou também a Autobiografia do General Franco (1992).
Si se supiera
lo que se presiente y no se dice
desde que Hiroshima
nos dejó sin habla
que la tercera guerra mundial
se ha declarado
que se muere
en los cuatro puntos cardinados
que crucifican la tierra en cruz gamada
lejos del parking amortizable
del supermercado de leches descremadas
de los lugares de vacaciones invernales
de las familias de hijos únicos
desplegables
lejos del Louvre y de la poesía tónica
lejos
muy lejos de la Plaza Roja y de la Casa Blanca
si se supiera
que a los vietnamitas del Líbano les abren en canal en Guatemala
más no se inventó el napalm para Le Bois de Boulogne
ni la violada de El Salvador será Miss Play Boy
en abril
aunque abril siga siendo el mes más cruel
en ésta guerra sólo se mata en los arrabales
el centro es ciudad abierta por mutuo acuerdo
entre el Bien y el Mal, mientras la ciencia
del alma calcula como calcular lo incalculable
por ejemplo
cuántos deben morir cada día en Etiopía
para que nos salga social
de pronto
la poesía.
in Una educación sentimental(1967)- Manuel Vázquez Montalbán
Chuck Berry, nome artístico de Charles Edward Anderson Berry (Saint Louis, 18 de outubro de 1926 – St. Charles, 18 de março de 2017), foi um compositor, cantor e guitarrista americano. É apontado por muitos como o inventor do rock and roll. Apesar de ninguém poder garantir que criou o rock and roll sozinho, já que o estilo é produto de um contexto do pós-guerra nos EUA e da mistura de blues, country, música gospel e folk que era feita por vários músicos durante a época, Chuck Berry é considerado, e correctamente, um dos pioneiros do estilo justamente por ter feito a mistura funcionar. De um forma geral só se pode afirmar que o rock and roll foi criado pelos seus pioneiros, o que inclui vários músicos.
Foi eleito pela revista Rolling Stone o 5º maior artista da música de todos os tempos, e foi considerado o quinto melhor guitarrista do mundo pela mesma revista.
Gounod era filho de um pintor e uma pianista. Muito jovem, entrou para o Conservatório de Paris, onde foi aluno de Jacques Fromental Halévy e Lesueur. Em 1839, compôs uma cantata (Ferdinand) e ganhou o Prix de Rome, um prémio famoso para jovens compositores, que dava direito a uma bolsa de estudos na Itália. Naquele país, ele entrou em contacto com a música polifónica do século XVI, que o fascinou. Tomado por ideias místicas (que nunca o abandonaram completamente), ele pensou em entrar para o sacerdócio, e começou a compor música religiosa. Terminados os seus estudos em Itália, ele regressou a França, mas não sem antes passar por Viena, e assumiu o cargo de organista na Igreja das Missões Estrangeiras, em Paris, que ocupou durante três anos. Nessa época, ficou a conhecer duas mulheres que tiveram grande influência na sua vida: uma foi a cantora Pauline Viardot, que o introduziu no mundo da ópera, e a outra foi Fanny Hensel, que apresentou a Gounod o seu irmão, o célebre compositor Felix Mendelssohn. Através de Mendelssohn, Gounod entrou em contacto com a música de Bach, então pouco conhecida.
A primeira ópera de Gounod, Sapho, estreou em 1851. Várias óperas se seguiram, mas as mais importantes são Fausto (1859), Mireille (1864), Roméo et Juliette (1867) - todas as três estão entre as mais populares do repertório operístico francês.
Ao rebentar a Guerra Franco-Prussiana (1870), Gounod refugiou-se na Inglaterra, onde permaneceu até 1875. Lá, ele teve uma amante inglesa, Georgina Weldon, e sua música fez grande sucesso na Inglaterra vitoriana.
Nos últimos anos de vida, Gounod só compôs música religiosa.
Frédéric François Chopin também chamado Fryderyk Franciszek Chopin (Żelazowa Wola, 1 de março de 1810 - Paris, 17 de outubro de 1849) foi um pianista polaco radicado na França e compositor para piano da era romântica. É amplamente conhecido como um dos maiores compositores para piano e um dos pianistas mais importantes da história. A sua técnica refinada e sua elaboração harmónica vêm sendo comparadas historicamente com as de outros génios da música, como Mozart e Beethoven, assim como a sua duradoura influência na música até os dias de hoje.
Ramos Rosa estudou em Faro, não tendo acabado o ensino secundário por
questões de saúde. Em 1958 publica no jornal «A Voz de Loulé» o poema
"Os dias, sem matéria". No mesmo ano sai o seu primeiro livro, «O Grito
Claro», n.º 1 da colecção de poesia «A Palavra», editada em Faro e dirigida pelo seu amigo e também poeta Casimiro de Brito.
Ainda nesse ano inicia a publicação da revista «Cadernos do Meio-Dia»,
que em 1960 encerra a edição, por ordem da polícia política.
Para um amigo tenho sempre Para um amigo tenho sempre um relógio esquecido em qualquer fundo de algibeira. Mas esse relógio não marca o tempo inútil. São restos de tabaco e de ternura rápida. É um arco-íris de sombra, quente e trémulo. É um copo de vinho com o meu sangue e o sol.
Detestada pela corte francesa, onde era chamada L'Autre-chienne (uma paronomásia em francês das palavras autrichienne, que significa "mulher austríaca" e autre-chienne,
que significa "outra cadela"), Maria Antonieta também ganhou
gradualmente a antipatia do povo, que a acusava de perdulária e
promíscua e de influenciar o marido a favor dos interesses austríacos.
Após a sua morte, Maria Antonieta tornou-se parte da cultura popular e
uma figura histórica importante, sendo o assunto de vários livros,
filmes e outras meios de comunicação. Alguns académicos e estudiosos
acreditam que ela tenha tido um comportamento frívolo e superficial,
atribuindo-lhe o início da Revolução Francesa;
no entanto, outros historiadores alegam que ela foi retratada
injustamente e que as opiniões ao seu respeito deveriam ser mais
favoráveis .
(...)
Processo e execução
Em 14 de outubro, perante o Tribunal Revolucionário, Maria Antonieta
foi comparada às más rainhas da antiguidade e da Idade Média. A acusação
pretendia apresentá-la como responsável por todos os males da França
desde sua chegada ao país. O processo baseava-se fundamentalmente em
três acusações: "esgotamento do tesouro nacional", "negociações e correspondências secretas" com o inimigo (Áustria e monarquistas) e "conspiração contra a segurança nacional e a política externa do Estado". Era evidente que a ex-rainha seria julgada por alta traição.
Quarenta e uma testemunhas arroladas pela promotoria denegriram e
insultaram Maria Antonieta, que foi acusada de conspiração de
assassinato, falsificação de assinaturas e traiçoeira revelação de
segredos aos inimigos da França. A rainha defendia-se com vigor e não
constatou-se em seu depoimento nenhuma contradição. O deputado Jacques-René Hébert
apresentou ao tribunal uma acusação de incesto contra Maria Antonieta
que, à época, estava impedida de ver seu filho, de apenas oito anos. A
ex-rainha permaneceu impassível, até que foi inquirida novamente.
Visivelmente agitada, ela levantou-se e exclamou: "Se não respondo, é
porque a própria natureza se recusa a responder a tal acusação feita
contra uma mãe! Faço um apelo a todas as mães presentes." Maria Antonieta teve o apoio dos cidadãos da audiência e o julgamento foi interrompido durante dez minutos. Quando Robespierre soube do episódio, amaldiçoou Hebert, por ter dado à ex-rainha o seu "último triunfo público".
No final do processo, a ex-rainha esperava ser condenada à deportação.
Ela estava certa de não ter cometido os crimes dos quais era acusada,
pois só havia tentado salvar a monarquia da forma como a compreendia;
mas isso foi considerado alta traição pela república francesa. No
entanto, o seu julgamente era evidentemente uma farsa, pois o veredicto
já tinha sido decidido previamente e o júri condenou-a por unanimidade
à pena de morte. Maria Antonieta ouviu a sentença sem dizer uma
palavra. De volta à cela, foi-lhe dado material para escrever seu
testamento, enviado à sua cunhada, Madame Isabel:
"É a ti, minha irmã, que escrevo pela última vez. Acabo de
ser condenada, não a uma morte vergonhosa, pois esta é tão somente para
os criminosos, mas a que me juntará ao teu irmão. Inocente como ele,
espero mostrar a mesma firmeza que ele em seus últimos momentos. Estou
calma, como quando a consciência nada tem a condenar. Lamento
profundamente deixar meus pobres filhos; sabes que eu só vivia para
eles e para ti, minha boa e terna irmã. Tu, que por amizade, sacrificou
tudo para estar conosco, em que posição te deixo!
Eu soube, através dos advogados de defesa, que milha filha
está separada de ti. Ai de mim! A pobre criança, não me atrevo a
escrever-lhe, ela não receberá minha carta. Eu nem mesmo sei se esta
chegará a ti. Recebas, pelas duas, minha benção. Espero que um dia,
quando forem mais velhos, eles possam reencontrar-te e desfrutar
plenamente de teus ternos cuidados. Acredito que nunca deixei de
inspirá-los, que os princípios e o estrito cumprimento de seus deveres
são a base primária da vida, que sua amizade e confiança mútua os façam
felizes.
Minha filha, por sua idade, deve sempre ajudar o irmão,
inspirando-o com os conselhos de sua maior experiência e sua amizade;
que meu filho, por sua vez, tenha pela irmã todos os cuidados, os
obséquios que a amizade possa inspirar; finalmente, que ambos sintam
que, em qualquer posição em que se encontrem, estarão felizes por sua
união. Que eles nos tomem como exemplo. Quanto consolo nos dão nossos
amigos em nossos infortúnios e, na felicidade, como é dobrada quando
podemos compartilhá-la com um amigo; e onde encontrar mais ternura, mais
bem querer que em sua própria família?
Que meu filho nunca esqueça as últimas palavras de seu pai,
as quais eu repito expressamente: que ele nunca tente vingar nossas
mortes! Tenho que te falar sobre algo muito doloroso para meu coração.
Sei como esta criança deve te causar problemas; perdoa-o, minha querida
irmã, pensa em sua idade e em como é fácil dizer a uma criança o que
desejas, e mesmo assim ele não entende. Um dia virá, eu espero, em que
ele se sentirá melhor e valorizará tua bondade e tua afeição por ambos.
Ainda tenho alguns pensamentos para confiar-te. Eu queria escrever
desde o início do julgamento, mas não me deixavam, as coisas
aconteceram tão rápido que, na verdade, eu não teria tido tempo.
Morro na religião Católica, Apostólica e Romana, a de meus
pais, aquela em que fui criada e que sempre professei. Não tendo nenhum
consolo espiritual a esperar, sem saber se aqui ainda existem
sacerdotes dessa religião, e mesmo (se existissem ainda padres) o lugar (a prisão) onde
eu estou os exporia a muito riscos, se eles me falassem, ainda que
fosse só uma vez. Eu peço sinceramente perdão a Deus por todas as faltas
que eu cometi desde que nasci. Espero que em Sua bondade, Ele possa
receber meus últimos votos, assim como tem feito a tanto tempo, porque
desejo que Ele receba minha alma em Sua grande misericórdia e bondade.
Eu peço perdão a todos aqueles que conheço, e a Vós, minha irmã, em
particular, de todos os sofrimentos que, sem querer, poder-lhe-ia ter
causado; eu perdoo todos os meus inimigos pelo mal que me têm feito.
Despeço-me de meus tios e de todos meus irmãos e irmãs. Eu tive amigos. A
ideia de sermos separados para sempre e suas penas são os maiores
arrependimentos que carrego ao morrer; que eles saibam, ao menos, que
pensei neles até o último momento.
Adeus, minha boa e terna irmã. Possa esta carta chegar até
você. Pense sempre em mim. Eu te abraço de todo meu coração, assim como
minhas pobres e queridas crianças. Meu Deus, quanto me corta o coração
deixá-las para sempre! Adeus, adeus! Não vou mais me ocupar com meus
deveres espirituais. Como não sou livre nas minhas ações, irão
trazer-me, talvez, um padre, mas eu protestarei e não lhe direi uma
palavra e irei tratá-lo como um completo estranho."
Execução de Maria Antonieta
Na manhã de 16 de outubro, Maria Antonieta, que havia sido proibida de
vestir-se de preto, trajava um vestido branco (a cor do luto para as
antigas rainhas de França). Em seguida, o carrasco Henri Sanson, após
cortar-lhe o cabelo até a altura da nuca, amarrou as suas mãos às
costas. A ex-rainha foi levada para fora da prisão e colocada no carro
dos condenados à morte. O esboço de Jacques-Louis David
e os relatos de cronistas da época retratam Maria Antonieta durante o
trajeto para a guilhotina: sentada, as mãos amarradas atrás das costas,
os cabelos cortados grosseiramente, os olhos fixos e vermelhos.
Chegando à Place de la Revolution, Maria Antonieta subiu rapidamente os degraus do cadafalso. Ao pisar acidentalmente no pé do carrasco, disse-lhe: "Perdão, senhor. Eu não fiz de propósito."
Às 12.15 horas, a lâmina caiu sobre o seu pescoço. O carrasco pegou na
sua cabeça ensanguentada e apresentou-a ao povo de Paris, que gritava: "Viva a República!"
Partido Trabalhista da Albânia
Partia e Punës e Shqipërisë
Religião
A Albânia, sendo o estado mais predominantemente muçulmano na Europa devido à influência turca, identificava, assim como o Império Otomano, religiões com etnias. No Império Otomano muçulmanos eram vistos como “turcos”, ortodoxos orientais eram vistos como “gregos” e católicos
como “latinos.” Hoxha via isto como um sério problema, achando que isto
inflamava tanto aos separatistas gregos no Épiro Setentrional e quanto
também dividia a nação de um modo geral. A Lei de Reforma Agrária de 1945
confiscou grande parte da propriedade da igreja no país. Os católicos
foram a primeira comunidade religiosa a ser alvo, já que o Vaticano foi visto como um agente do Fascismo e do anticomunismo. Em 1946, a Ordem Jesuíta, e, em 1947, os Franciscanos foram banidos. O Decreto Nº. 743 (Sobre as Religiões) afetou uma igreja nacional e proibiu líderes religiosos de se associarem com potências estrangeiras.
O Partido focou-se na educação ateísta nas escolas. Esta tática foi eficaz, principalmente devido à política de aumento da taxa de natalidade encorajada após a guerra. Durante períodos sagrados como o Ramadão ou a Quaresma,
muitos alimentos proibidos (laticínios, carne, etc.) foram distribuídos
em escolas e fábricas e as pessoas que recusavam a comer tais comidas
eram denunciadas. A partir de 6 de fevereiro de 1967,
o Partido começou uma nova ofensiva contra as religiões. Hoxha, que
havia declarado uma “Revolução Cultural e Ideológica” após ter sido
parcialmente inspirado pela Revolução Culturalchinesa,
encorajou estudantes e trabalhadores comunistas a usarem táticas mais
enérgicas para promover o ateísmo, apesar do uso de violência ter sido
inicialmente condenado.
De acordo com Hoxha, o surgimento de atividade antirreligiosa começou
com a juventude. O resultado deste “movimento espontâneo, não
provocado” foi o encerramento de 2.169 igrejas e mesquitas na Albânia. O ateísmo de estado
tornou-se a política oficial e a Albânia foi declarada o primeiro
estado ateu do mundo. Nomes de vilas e cidades de inspiração religiosa
foram mudados, tal como nomes pessoais. Durante este período, nomes de
inspiração religiosa também foram declarados ilegais. O “Dicionário de
Nomes do Povo”, publicado em 1982, continha 3.000 nomes seculares que eram permitidos. Em 1992, Monsenhor Ivan Dias, o Núncio Papal para a Albânia, nomeado pelo Papa João Paulo II,
disse que, dos trezentos padres católicos presentes na Albânia antes dos
comunistas chegarem ao poder, apenas trinta sobreviveram.
Toda prática religiosa e clerical foi banida e aquelas figuras
religiosas que se recusassem a abrir mão das suas posições eram presas ou
forçadas a esconderem-se.
(...)
O país
A Albânia era muito pobre e atrasada para os padrões europeus e possuía o padrão de vida mais baixo da Europa.
Como resultado da autossuficiência, a Albânia tinha uma dívida externa
minúscula. Em 1983, a Albânia importou bens no valor de US$ 280 milhões,
mas exportou bens no valor de US$ 290 milhões, produzindo um superavit
comercial de US$ 10 milhões.
Em 1981
Hoxha ordenou a execução de muitos oficiais do Partido e do governo, numa nova purga. Foi comunicado que o primeiro-ministro, Mehmet Shehu,
havia cometido suicídio em dezembro de 1981 e foi, subsequentemente,
condenado como um “traidor” da Albânia e acusado de estar ao serviço de várias agências secretas estrangeiras.
Acredita-se em geral que foi assassinado ou atirou contra si mesmo
durante uma luta pelo poder ou devido a diferenças a respeito de
política externa com Hoxha.
Hoxha também escreveu uma grande quantidade de livros durante este
período, resultando em mais de 65 volumes de obras completas,
concentrados em seis volumes de obras selecionadas.
Posteriormente, Hoxha retirou-se parcialmente, devido à sua saúde debilitada, após ter sofrido um ataque cardíaco em 1973 do qual nunca recuperou completamente. Ele passou a maior parte das funções de estado para Ramiz Alia. Nos seus dias finais ele estava confinado a uma cadeira de rodas e sofria de diabetes - doença da qual sofria desde 1948 - e de isquemia cerebral - da qual sofria desde 1983. A morte de Hoxha, no dia 11 de abril de 1985,
deixou para a Albânia um legado de isolamento e medo do mundo externo.
Apesar de alguns progressos económicos alcançados por Hoxha, a economia
do país estava em estagnação, a Albânia era o país mais pobre da Europa
durante grande parte do período da Guerra Fria.
No começo do século XXI, muito pouco do legado de Hoxha continua em
curso na Albânia de hoje, desde a transição para a democracia, em 1992.
Foi um dos líderes mundiais que mais viajaram na história, tendo
visitado 129 países durante o seu pontificado. Sabia se expressar em italiano, francês, alemão, inglês, espanhol, português, ucraniano, russo, servo-croata, esperanto, grego clássico e latim, além do polaco,
a sua língua materna. Como parte de sua ênfase especial na vocação
universal à santidade, beatificou 1.340 pessoas e canonizou 483 santos,
quantidade maior que a de todos os seus predecessores juntos nos cinco
séculos passados. Em 2 de abril de 2005, faleceu, devido à sua saúde débil e o agravamento da doença de Parkinson. Em 19 de Dezembro de 2009 João Paulo II foi proclamado "venerável" pelo seu sucessor papal, o Papa Bento XVI. Foi proclamado Beato em 1 de maio de 2011 pelo Papa Bento XVI na Praça de São Pedro no Vaticano. Em 27 de abril de 2014, numa cerimónia inédita, presidida pelo Papa Francisco, e com a presença do Papa Emérito Bento XVI, foi declarado Santo, juntamente com o Papa João XXIII; a sua festa litúrgica celebra-se no dia 22 de outubro.
Eleição
Em agosto de 1978, após a morte do papa Paulo VI, o Cardeal Wojtyła votou no conclave papal que elegeu papa João Paulo I. João Paulo I morreu após somente 33 dias como Papa, precipitando assim um outro conclave.
Os defensores da Benelli estavam confiantes de que ele seria eleito, e
no início da votação, Benelli estava com nove votos. Entretanto, a
magnitude da oposição a ambos significava que possivelmente nenhum
deles receberia os votos necessários para ser eleito, e o Cardeal Franz König, Arcebispo de Viena, individualmente sugeriu a seus colegas eleitores um candidato de compromisso: o Cardeal
polaco, Karol Józef Wojtyła, que aos 58 anos foi considerado jovem
pelos padrões papais. Finalmente ganhou a eleição na oitava votação no
segundo dia, de acordo com a imprensa italiana, com 99 votos dos 111
eleitores participantes. Em seguida, ele escolheu o nome de João Paulo
II, em homenagem ao seu antecessor, e o tradicional fumo branco informou
a multidão reunida na Praça de São Pedro, que um Papa havia sido
escolhido. Ele aceitou a sua eleição com essas palavras: ‘Com
obediência na fé em Cristo, meu Senhor, e com confiança na Mãe de
Cristo e da Igreja, apesar das grandes dificuldades, eu aceito.’ Quando o novo Sumo Pontífice apareceu à varanda, ele quebrou a tradição, dizendo à multidão reunida:
“
Queridos
irmãos e irmãs, todos estamos ainda tristes com a morte do querido
papa João Paulo I. E agora os eminentíssimos Cardeais chamaram um novo
Bispo de Roma. Chamaram-no de um país distante… Distante, mas sempre
muito próximo pela comunhão na fé e na tradição cristã. Tive medo ao
receber esta nomeação, mas o fiz com espírito de obediência a Nosso
Senhor e com a confiança total na sua Mãe, a Virgem Santíssima. Não sei
se posso expressar-me bem na vossa... na nossa língua italiana. Se eu
cometer um erro, por favor ‘korrijam’ me...
”
Wojtyła tornou-se o 264 º papa de acordo com a ordem cronológica da lista dos Papas e o primeiro papa não-italiano em 455 anos. Com apenas 58 anos de idade, ele foi o mais jovem papa eleito desde Pio IX em 1846, que tinha 54 anos. Assim como o seu antecessor imediato, João Paulo II dispensou a tradicional coroação papal e, em vez disso, recebeu a investidura eclesiástica que simplificou a cerimónia de posse papal, em 23 de outubro de 1978. Durante a sua posse, quando os cardeais estavam a ajoelhar-se diante dele para beijar o Anel do Pescador, ele levantou-se quando o prelado polaco, Cardeal Stefan Wyszyński, se ajoelhou, interrompeu-o e, simplesmente, deu-lhe um abraço.