domingo, junho 30, 2013

A missão Soyuz 11 terminou em tragédia há 42 anos

Soyuz 11 (russo: Союз 11, União 11) foi a segunda tentativa e a primeira visita bem sucedida à primeira estação espacial do mundo, a Salyut 1. A missão, entretanto, terminou em tragédia com a morte dos três tripulantes por asfixia após a reentrada na atmosfera terrestre.

Tripulação

Parâmetros da missão

Missão e tragédia
Eles acoplaram na Salyut 1 com sucesso em 7 de junho e mantiveram-se a bordo durante 22 dias, marcando recordes de permanência no espaço que se manteriam até à missão americana Skylab 2 em maio-junho de 1973.
Em 30 de junho de 1971, após uma reentrada normal da cápsula na atmosfera, a equipe de resgate abriu a cápsula e encontrou o grupo morto. Rapidamente se tornou aparente que eles sofreram de asfixia e isto foi relacionado a uma válvula que foi sendo aberta conforme o módulo de descida se separava do módulo de serviço. Os dois eram fixados por parafusos explosivos projetados para dispararem sequencialmente, porém de fato eles dispararam simultaneamente enquanto a nave sobrevoava a França. A válvula, com menos de 1 mm de diâmetro, tinha a função de equalizar e pressão dentro da cápsula nos momentos finais antes da aterragem, porém neste caso ela permitiu que o ar dos cosmonautas escapasse para o espaço. Localizado atrás dos bancos dos cosmonautas, foi provado ser impossível localizar e bloquear o buraco antes que o ar da cápsula fosse perdido.
O filme posteriormente desclassificado mostrou os grupos de suporte tentando realizar RCP nos cosmonautas. Apesar de existir a possibilidade de isto ser apenas para publicidade, é possível que eles tivessem tentado salvar os cosmonautas na esperança de que o acidente da descompressão tivesse ocorrido a um intervalo de tempo que permitisse que algum deles fosse salvo. Acredita-se que eles não estivessem respirando ao menos por quinze minutos antes da aterrissagem, e que eles já estivessem mortos quando a nave tocou o solo.
Os cosmonautas receberam um funeral de estado, e foram enterrados nos muros do Kremlin, na Praça Vermelha, em Moscovo. O astronauta norte-americano Tom Stafford ajudou a carregar o caixão.
A nave espacial Soyuz foi extensivamente redesenhada após este incidente para transportar apenas dois cosmonautas. O espaço extra significava que o grupo poderia vestir trajes espaciais durante o lançamento e a aterragem.

sábado, junho 29, 2013

A Segunda Guerra Balcânica, que antecedeu a I Grande Guerra, começou há um século

A Segunda Guerra Balcânica, também conhecida como Segunda Guerra dos Balcãs, ocorreu entre 29 de junho de 1913 e 10 de agosto de 1913 (no calendário gregoriano, mas de 16 de junho de 1913 a 18 de julho de 1913 no calendário juliano, que ainda vigorava nos países ortodoxos) e foi um conflito entre a Bulgária de um lado contra seus antigos aliados da Liga Balcânica - Sérvia, Grécia e Montenegro - somados à Roménia e ao Império Otomano de outro. O resultado desta guerra tornou a Sérvia, um importante aliado da Rússia, em uma potência regional dos Bálcãs, alarmando a Áustria-Hungria e indiretamente tornando-se mais uma causa para a Primeira Guerra Mundial.

Antecedentes
Durante a Primeira Guerra Balcânica, a Liga Balcânica (Sérvia, Montenegro, Grécia e Bulgária) atacaram e conquistaram as províncias europeias remanescentes do combalido Império Otomano (Albânia, Macedónia e Trácia) deixando-o com o comando apenas das penínsulas de Chataldja e Gallipoli. O Tratado de Londres, assinado em 30 de maio de 1913, que pôs fim à guerra, reconheceu os ganhos dos estados balcânicos a leste da linha Enos-Medea e criou uma Albânia independente, em parte devido às pressões austro-húngaras para que as pretensões sérvias de acesso ao mar fossem derrubadas.
Entretanto, o tratado acabou por não satisfazer ninguém. Os estados balcânicos haviam feito um acordo preliminar de partilha dos territórios conquistados, especialmente no que dizia respeito à Macedónia, e a Conferência de Londres acabou apenas por reconhecer o status quo, mesmo que alguns territórios tivessem migrado para as respectivas potências ocupantes. A Bulgária sentiu que seu ganhos territoriais concedidos depois da guerra, particularmente na Macedônia, eram insuficientes, e passou a reclamar a importante cidade de Salônica, onde um regimento búlgaro já estava estacionado.
Grécia e Sérvia já estavam desgostosas ao terem de evacuar a Albânia, e responderam a isto entrando ofensivamente na conferência com o objetivo de prevenir uma grande expansão búlgara. Os dois países resolveram suas diferenças mútuas e assinaram um acordo para uma aliança militar em 1 de maio de 1913, seguido por um tratado de "amizade e proteção mútuas" em 19 de maio/1 de junho de 1913. Mais ao norte, uma outra disputa da Bulgária era com a Roménia, principalmente com a decisão desta de reclamar pela fortaleza búlgara de Silistra no rio Danúbio, como o preço da neutralidade do país durante a Primeira Guerra Balcânica.
A arbitragem russa, dada para o Tratado Sérvio-Búlgaro de 1912, progrediu muito lentamente, já que a Rússia não desejava perder nenhum dos seus aliados eslavos nos Bálcãs. Durante as negociações, disputas continuaram a ocorrer na Macedónia, principalmente entre tropas sérvias e búlgaras. Em 29 de junho, o Alto Comando búlgaro, sem notificar o governo, ordenou que as tropas búlgaras atacassem posições sérvias e gregas, e a declaração de guerra estava feita.
O Reino da Bulgária esperava adquirir toda a região conhecida como "Macedónia búlgara" e assim dominar os Balcãs, como estava prescrito no Tratado de San Stefano, enquanto a Sérvia e a Grécia esperavam tomar largas porções da Macedónia para impedir que a hegemonia búlgara se consolidasse.

Forças militares
O exército do Reino da Bulgária tinha 500.000 combatentes divididos em cinco exércitos e que se concentravam entre quinhentos quilómetros abaixo do rio Danúbio ao norte até o mar Egeu ao sul.
O exército do Reino da Sérvia contava 230.000 combatentes divididos em três exércitos, com as principais forças concentradas na frente Macedónia que seguia ao longo do rio Vardar e de Skopje. O exército do Reino da Grécia era composto por 120.000 soldados, com sua maioria concentrada em Salónica. O Reino de Montenegro enviou uma divisão de 12.000 homens para a frente da Macedónia.
O Reino da Roménia mobilizou 500.000 combatentes, que foram alocados em cinco divisões. O Império Otomano entrou na guerra com um exército de 255.000 homens.

Fim da Guerra
Apesar de ter conseguido estabilizar a frente na Macedónia, o governo búlgaro aceitou um armistício ao ser levado por eventos que ocorriam bem logo do coração dos Balcãs. A Roménia invadiu a Bulgária entre 27 de junho e 10 de julho, datas do calendário juliano, ocupando o sul de Dobruja, que estava sem defesas, e marchou pelo norte da Bulgária, tendo em vista uma invasão da capital, Sofia. O Império Otomano também tomou vantagem da situação para recuperar algumas possessões da Trácia que havia perdido na Primeira Guerra Balcânica, e ordenou que os seus exércitos marchassem para Yambol e a Trácia Ocidental. Como os exércitos búlgaros estavam completamente ocupados com os exércitos sérvios e gregos, as armadas dos otomanos e romenos não sofreram nenhum dado de combate, apesar de uma epidemia de cólera ter se espalhado entre os soldados.
Um armistício geral foi planeado entre 18 e 31 de julho de 1913 (datas segundo o calendário juliano, então em vigor nos estados ortodoxos), e os territórios foram redivididos sob os termos dos Tratados de Bucareste e de Constantinopla. A Bulgária acabou por perder a maior parte do território conquistado na Primeira Guerra Balcânica, incluindo a Dobrudja do sul (para a Roménia), boa parte da Macedónia e da Trácia Oriental para os turcos-otomanos. Ainda assim, os búlgaros conseguiram manter a Trácia Ocidental, o porto de Dedeagach e partes do litoral do mar Egeu sob seu domínio. A Sérvia ganhou territórios no norte da Macedónia, enquanto a Grécia recebeu a parte sul do território.
As fronteiras definidas nos tratados de Bucareste e Constantinopla foram apenas temporárias; dez meses depois elas começaram a mudar novamente, e uma nova guerra foi iniciada nos Balcãs, levada pelo início da Primeira Guerra Mundial.

Katharine Hepburn morreu há 10 anos...

Katharine Houghton Hepburn (Hartford, 12 de maio de 1907 - Old Saybrook, 29 de junho de 2003) foi uma importante atriz dos Estados Unidos. A carreira de Hepburn é vista como uma das mais famosas de Hollywood e durou por mais de 60 anos. Ela trabalhou com diversos tipos de géneros, da comédia ao drama, e recebeu quatro prémios de Óscar de Melhor Atriz, um recorde até os dias atuais.
Criada no Connecticut por pais ricos e progressistas, Hepburn começou a atuar enquanto estudava na Bryn Mawr College. Depois de quatro anos no teatro, críticas favoráveis ao seu trabalho na Broadway trouxeram-lhe a atenção de Hollywood. Os seus primeiros anos na indústria cinematográfica foram marcados por sucessos, incluindo um Óscar por sua atuação em Morning Glory em 1933, mas este filme foi seguido por uma série de fracassos comerciais. Em 1938 ela foi rotulada como "veneno de bilheteira". Na década de 1940 ela foi contratada pela a Metro-Goldwyn-Mayer, onde a sua carreira foi focada em uma aliança com Spencer Tracy.
Hepburn alcançou grande sucesso na segunda metade de sua vida, onde ela apareceu em várias produções de Shakespeare. Ela conseguiu aprovação atuando como mulher de meia-idade, como em The African Queen, em 1951. Três Óscares vieram mais tarde, por seu trabalho em Adivinhe Quem Vem Para Jantar, em 1967, O Leão no Inverno, em 1968, e On Golden Pond,  em 1981. Na década de 1970 ela começou a aparecer em filmes de televisão, que se tornaram o foco da sua carreira mais tarde. Ela permaneceu ativa até à velhice e morreu em 2003, com 96 anos. Em 1999, ela foi nomeada pelo American Film Institute como a a maior estrela feminina de todos os tempos.

(...)
Katharine Hepburn com Spencer Tracy
O relacionamento mais importante da vida de Hepburn foi com Spencer Tracy. Lauren Bacall, um amiga próxima, mais tarde descreveu que o amor de Hepburn era "cego" com o ator. A relação recebeu muita publicidade, e é frequentemente citado como um dos assuntos lendários de amor em Hollywood. A primeira vez que eles se encontraram ela tinha 34 anos e ele tinha 41 anos; Tracy inicialmente desconfiou que Hepburn fosse lésbica, mas Hepburn disse que ela "soube imediatamente que eu o achei irresistível.". Tracy permaneceu casado ​​durante toda a sua relação, embora ele e sua esposa Louise vivessem vidas separadas desde 1930, e nunca houve uma divisão oficial e nenhuma das partes perseguiu com um divórcio. Hepburn não interferiu, e nunca lutou pelo o casamento. Tracy ficou determinado a ocultar a relação com Hepburn de sua esposa, e ela teve que permanecer privada. Eles tiveram cuidado para não serem vistos em público juntos, e se mantiveram em residências separadas. Tracy era  alcoólico e problemático, que Hepburn descreveu como "torturado" pela culpa e pela miséria, e ela se dedicou a fazer sua vida mais fácil. Muitas vezes eles passaram trechos de tempo separados devido ao seu trabalho, particularmente na década de 1950, quando Hepburn foi em grande parte ao exterior para compromissos profissionais.
A saúde de Tracy diminuiu significativamente na década de 1960, e Hepburn fez uma pausa de cinco anos em sua carreira para cuidar dele. Ela mudou para a casa de Tracy durante este período, e estava com ele quando ele morreu em 10 de junho de 1967. Por consideração para a família de Tracy, ela não compareceu ao seu funeral. Foi só depois da morte de Louise Tracy, em 1983, que Hepburn começou a falar publicamente sobre os seus sentimentos por sua frequente co-estrela.
A saúde começou a deteriorar-se não muito tempo depois de sua aparição na tela final. No inverno de 1996 ela foi hospitalizada com pneumonia. Em 1997 ela ficou muito fraca, e estava falando e comendo muito pouco, e temia-se que ela iria morrer. Ela mostrou sinais de demência nos seus últimos anos. Em maio de 2003, um tumor agressivo foi encontrado no pescoço de Hepburn. A decisão foi tomada para não intervir medicamente e ela morreu em 29 de junho de 2003, na casa da família Hepburn em Fenwick (Connecticut). Ela tinha 96 anos e foi sepultada em Cedar Hill Cemetery, Hartford. Hepburn pediu para que não tivesse serviço memorial.

Música atual para geopedrada que hoje faz anos

Para a Flor, colega geopedrada e amiga, que hoje faz anos, mais para os que ama, dedicamos esta música, esperando que dia seja bom, o bolo excelente e tudo corra bem na sua vida...


Get Lucky - Daft Punk feat Pharrell Williams & Nile Rodgers

Like the legend of the phoenix
All ends with beginnings
What keeps the planet spinning
The force from the beginning


We've come too far
To give up who we are
So let's raise the bar
And our cups to the stars
She's up all night to the sun
I'm up all night to get some
She's up all night for good fun
I'm up all night to get lucky
We're up all night 'til the sun
We're up all night to get some
We're up all night for good fun
We're up all night to get lucky
We're up all night to get lucky
We're up all night to get lucky
We're up all night to get lucky
We're up all night to get lucky


The present has no ribbon
Your gift keeps on giving
What is this I'm feeling?
If you want to leave, I'm with it


We’re up all night to get
We’re up all night to get
We’re up all night to get
We’re up all night to get
We’re up all night to get
We’re up all night to get back together
We’re up all night (let’s get back together!)
We’re up all night to get funky
We’re up all night to get lucky
We’re up all night to get lucky
We’re up all night to get lucky
We’re up all night to get lucky
We’re up all night to get lucky
We’re up all night to get lucky
We’re up all night to get lucky
We’re up all night to get lucky
We’re up all night to get lucky
We’re up all night to get lucky


We're up all night to get lucky
We're up all night to get lucky
We're up all night to get lucky
We're up all night to get lucky
We're up all night to get lucky

Hoje é o dia dos dois fundadores da atual Igreja Católica: Pedro e Paulo (Simão e Saulo)

Crucificação de São Pedro (Santa Maria del Popolo, Roma, Caravaggio, 1600)

São Pedro (do grego: Πέτρος, Pétros, "pedra", "rocha"; Betsaida, século I a.C. - Roma, cerca de 67 d.C.) foi um dos doze apóstolos de Jesus Cristo, segundo o Novo Testamento e, mais especificamente, os quatro Evangelhos. Os católicos consideram Pedro como o primeiro Bispo de Roma, sendo por isso o primeiro Papa da Igreja Católica.

Segundo a Bíblia, o seu nome original não era Pedro, mas Simão. Nos livros dos Atos dos Apóstolos e na Segunda Epístola de Pedro, aparece ainda uma variante do seu nome original, Simão. Cristo mudou seu nome para Kepha (Cefas em português, como em Gálatas 2:11), que em aramaico significa "pedra", "rocha", nome este que foi traduzido para o grego como Πέτρος, Petros, através da palavra πέτρα, petra, que também significa "pedra" ou "rocha", e posteriormente passou para o latim como Petrus, também através da palavra petra, de mesmo significado.
A mudança de seu nome por Jesus Cristo, bem como seu significado, ganham importância de acordo com a Igreja Católica em Mt 16, 18, quando Jesus diz: "E eu te declaro: tu és Kepha e sobre esta kepha edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão nunca contra ela." Jesus comparava Simão à rocha. Desta forma, Cristo, de acordo com a tradição católica, foi o fundador da Igreja Católica, fundada sobre Simão Pedro e sendo-lhe concedido, por este motivo, o título de Príncipe dos Apóstolos. Esse título é um tanto tardio, visto que tal designação só começaria a ser usada cerca de um século mais tarde, suplementando o de Patriarca (agora destinado a outro uso). Pedro foi o primeiro Bispo de Roma. Essa circunstância é importante, pois daí provém a primazia do Papa e da diocese de Roma sobre toda a Igreja Católica; posteriormente esse evento originaria os títulos "Apostólica" e "Romana".

A comunidade de Roma foi fundada pelos apóstolos Pedro e Paulo e é considerada a única comunidade cristã do mundo fundada por mais de um apóstolo e a única do Ocidente instituída por um deles. Por esta razão desde a antiguidade a comunidade de Roma (chamada atualmente de Santa Sé pelos católicos) teve o primado sobre todas as outras comunidades locais (dioceses); nessa visão o ministério de Pedro continua sendo exercido até hoje pelo Bispo de Roma (segundo o catolicismo romano), assim como o ministério dos outros apóstolos é cumprido pelos outros Bispos unidos a ele, que é a cabeça do colégio apostólico, do colégio episcopal. A sucessão papal (de Pedro) começou com São Lino (67) e, atualmente é exercida pelo Papa Francisco, eleito em 13 de março de 2013. Segundo essa visão, o próprio apóstolo Pedro atestou que exerceu o seu ministério em Roma ao concluir a sua primeira epístola: "A [Igreja] que está em Babilónia, eleita como vós, vos saúda, como também Marcos, meu filho." Trata-se da Igreja de Roma. Assim também o interpretaram todos os autores desde a Antiguidade, como abaixo, como sendo a Roma Imperial (decadente). O termo não pode referir-se à Babilônia sobre o Eufrates, que jazia em ruínas ou à Nova Babilónia (Selêucida) sobre o rio Tigre, ou à Babilónia egípcia, próxima de Mênfis, tampouco a Jerusalém; deve, portanto referir-se a Roma, a única cidade que é chamada Babilónia pela antiga literatura cristã.

Baldaquino da moderna Basílica de São Pedro, de Bernini (o túmulo de Pedro encontra-se debaixo da estrutura)

A partir da década de 1950 intensificaram-se as escavações no subsolo da Basílica de São Pedro, lugar tradicionalmente reconhecido como provável túmulo do apóstolo e próximo do seu local de martírio, no muro central do Circo de Nero. Após extenuantes e cuidadosos trabalhos, inclusive com remoção de toneladas de terra que datavam do corte da Colina Vaticana para a terraplanagem da construção da primeira basílica na época de Constantino, a equipa chefiada pela arqueóloga italiana Margherita Guarducci encontrou o que seria uma necrópole atribuída a Pedro, inclusive uma parede repleta de grafitos com a expressão Petrós Ení, que, em grego, significa "Pedro está aqui".
Também foram encontrados, em um nicho, fragmentos de ossos de um homem robusto e idoso, entre 60-70 anos, envoltos em restos de tecido púrpura com fios de ouro que se acredita, com muita probabilidade, serem de Pedro. A data real do martírio, de acordo com um cruzamento de datas feito pela arqueóloga, seria 13 de outubro de 64 d.C. e não 29 de junho, data em que se comemorava a trasladação dos restos mortais de Pedro e Paulo para a colocação dos mesmos nas Catacumbas de São Sebastião, durante a perseguição do imperador romano Valeriano em 257.


Paulo ( por Rembrandt)

Paulo de Tarso, também chamado de Apóstolo Paulo, Saulo de Tarso e São Paulo, foi um dos mais influentes escritores do cristianismo primitivo, cujas obras compõem parte significativa do Novo Testamento. A influência que exerceu no pensamento cristão, chamada de "paulinismo", foi fundamental por causa do seu papel como proeminente apóstolo do Cristianismo durante a propagação inicial do Evangelho pelo Império Romano.
Conhecido como Saulo antes de sua conversão, ele dedicava-se à perseguição dos primeiros discípulos de Jesus na região de Jerusalém. De acordo com o relato na Bíblia, durante uma viagem entre Jerusalém e Damasco, numa missão para que, encontrando fiéis por lá, "os levasse presos a Jerusalém", Saulo teve uma visão de Jesus envolto numa grande luz. Ficou cego, mas recuperou a visão após três dias e começou então a pregar o Cristianismo.
Juntamente com Simão Pedro e Tiago, o Justo, ele foi um dos mais proeminentes líderes do nascente cristianismo. Era também cidadão romano, o que lhe conferia uma situação legal privilegiada.
Treze epístolas no Novo Testamento são atribuídas a Paulo, mas a sua autoria em sete delas é contestada por estudiosos modernos. Agostinho desenvolveu a ideia de Paulo que a salvação é baseada na fé e não nas "obras da Lei". A interpretação de Martinho Lutero das obras de Paulo influenciou fortemente sua doutrina de "sola fide".
A conversão de Paulo mudou radicalmente o curso de sua vida. Com suas atividades missionárias e obras, Paulo acabou transformando as crenças religiosas e a filosofia de toda a região da bacia do Mediterrâneo. Sua liderança, influência e legado levaram à formação de comunidades dominadas por grupos gentios que adoravam o Deus de Israel, aderiam ao código moral judaico, mas que abandonaram o ritual e as obrigações alimentares da Lei Mosaica por causa dos ensinamentos de Paulo sobre a vida e obra de Jesus e seu "Novo Testamento", fundamentados na morte de Jesus e na sua ressurreição.
A Bíblia não relata a morte de Paulo.

O nome original de Paulo era "Saulo" (em hebraico Šāʼûl - "o que se pediu, o que se orou por" e traduzido em grego antigo: Σαούλ - Saul - ou Σαῦλος - Saulos), nome que divide com o bíblico Rei Saul, um outro benjaminita e primeiro rei de Israel, que foi sucedido pelo Rei David, da tribo de Judá. Segundo suas próprias palavras, era um fariseu.
O uso de "Paulo" (em grego: Παῦλος - Paulos; em latim: Paulus ou Paullus - "baixo"; "curto") aparece nos "Atos" pela primeira vez quando ele começou sua primeira jornada missionária em território desconhecido. Nos Atos 13:6-13, Paulo aparece, juntamente com Barnabé e João Marcos, conversando com Sérgio Paulo, um oficial romano em Chipre que será convertido por ele. Paulus era um sobrenome romano e alguns argumentam que Paulo o adotou como seu primeiro nome. Outra teoria, apontada pelo Vaticano, afirma que era costume para os judeus romanizados da época adotarem um nome romano e o pai de Paulo provavelmente quis agradar à família dos Pauli. Por fim, há ainda os que consideram possível a homenagem a Sérgio Paulo e mais provável que a mudança esteja mais relacionada a um desejo do apóstolo em se distanciar da história do Rei Saul, que perseguiu David.

Nos "Atos dos Apóstolos", Paulo afirma ter nascido em Tarso (na província de Mersin, na parte meridional da Turquia central) e faz breves menções à sua família. Um sobrinho é mencionado nos Atos 23:16 e a sua mãe é citada entre os que moram em Roma, em Romanos 16:13. É ali também que o apóstolo confessa que «Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas e, arrastando homens e mulheres, os entregava à prisão.» (Atos 8:3).
Mesmo tendo nascido em Tarso, foi criado em Jerusalém, "aos pés de Gamaliel", que é considerado um dos maiores professores nos anais do Judaísmo" e cujo equilibrado conselho nos Atos 5:34-39, para que os judeus se contivessem na fúria contra os discípulos, contrasta com a temeridade do seu estudante que, após a morte de Estevão, saiu de rompante, perseguindo os primeiros cristãos.

Conversão de Saulo, em Damasco, na Síria

A conversão de Paulo pode ser datada entre os anos de 31 e 36, pela referência que ele fez em uma de suas epístolas. De acordo com os "Atos dos Apóstolos", a sua conversão (metanoia) ocorreu na "estrada para Damasco", onde ele afirmou ter tido uma visão de Jesus ressuscitado que o deixou temporariamente cego.
Após a sua conversão, Paulo foi para Damasco, onde os "Atos" afirmam que foi curado de sua cegueira e batizado por Ananias de Damasco. Paulo afirma em 2 Coríntios 11:32 que foi em Damasco que ele escapou por pouco da morte, indo em seguida primeiro para a Arábia e depois de volta para Damasco. Esta viagem de Paulo para a Arábia não é mencionada em nenhum outro lugar no Novo Testamento e alguns autores acreditam que ele tenha na realidade viajado até o Monte Sinai para meditar no deserto. Ele descreve em Gálatas como, três anos após a sua conversão, ele viajou para Jerusalém, onde se encontrou com Tiago, o Justo, e ficou com Simão Pedro durante 15 dias.
A narrativa em Gálatas continua afirmando que, catorze anos após a sua conversão, ele foi de novo a Jerusalém. Não se sabe exatamente o que aconteceu neste período, conhecido como "anos desconhecidos", mas tanto os Atos quanto os Gálatas dão-nos algumas pistas. No final deste período, Barnabé foi ao encontro de Paulo e trouxe-o de volta a Antioquia. O autor F. F. Bruce sugeriu que os catorze anos podem ser contados a partir da conversão de Paulo ao invés da sua primeira visita a Jerusalém.
Quando uma grande fome ocorreu na Judeia, Paulo e Barnabé viajaram para Jerusalém para entregar a ajuda financeira da igreja de Antioquia. De acordo com os Atos, Antioquia já tinha se tornado um centro importante para os fiéis após a dispersão dos crentes que se seguiu ao martírio de Estêvão e foi lá que os seguidores de Jesus foram, pela primeira vez, chamados de cristãos.

Nos Atos, relatam-se três viagens de Paulo: a primeira, liderada primeiro por Barnabé, levou Paulo de Antioquia até Chipre, passando depois pela Ásia Menor (Anatólia) e de volta a Antioquia.
Paulo partiu para sua segunda viagem de Jerusalém, onde estava sendo realizado o concílio com os outros apóstolos no qual a obrigatoriedade da circuncisão foi retirada. Paulo alega em sua epístola que terá sido neste encontro que Pedro, Tiago e João aceitaram a missão de Paulo aos gentios.
Com o objetivo de levar a Antioquia o resultado do concílio, os fiéis realizaram uma eleição para escolher dois mensageiros que acompanhariam Paulo e Barnabé nessa missão. Os eleitos então foram Silas e Judas, "chamado Barsabá".
Paulo, Barnabé, Judas e Silas partiram então de Jerusalém levando os decretos dos apóstolos aos fiéis em Antioquia e nas províncias romanas da Síria e Cilícia. Chegando a Antioquia, eles cumprem a missão que lhes foi dada, sendo que Judas retorna para Jerusalém e desaparece da história, enquanto Silas permanece na cidade.
Paulo iniciou sua terceira viagem missionária passando por toda a região da Galácia e da Frígia para reforçar a fé e ensinar para os fiéis, além de repreender os que estavam em erro. Quando ele chegou em Éfeso, ficou ali por pouco menos de três anos e realizou uma série de milagres, como curas e exorcismos.
Embora Paulo tenha escrito sobre uma visita que fez a Illyricum, ele estava se referindo ao que hoje chamamos de Illyria Graeca, parte da província romana da Macedónia, onde hoje está atualmente a Albânia.

Paulo e seus companheiros seguiram então para Roma, naquela que foi provavelmente a última das viagens missionárias, em 60. A viagem começou em Jerusalém, onde os irmãos foram recebidos em festa. Lá, Paulo foi espancado e quase morto, preso e enviado para Cesareia Marítima, onde esteve detido durante aproximadamente um ano e meio. Foi transferido depois para Roma, a seu pedido, e solto após o comandante saber que ele era um cidadão romano. Paulo passou então a pregar na capital imperial.
Nos Atos 28:1 relata-se que, no caminho para Roma, Paulo sofreu um naufrágio em "Melite" (Malta), onde ele se encontrou com Públio e foi recebido pelos habitantes da ilha com "muita humanidade". Ele chegou a Roma por volta do ano 60 e passou mais dois anos em prisão domiciliar. Contando esta vez, Paulo passou entre cinco e seis anos preso em celas ou prisioneiro em casa.
Ireneu de Lyon acreditava que Pedro e Paulo tinham sido os fundadores da Igreja de Roma, sendo eles a nomearem São Lino como bispo e sucessor:
...Igreja fundada e organizada em Roma pelos dois mais gloriosos apóstolos, Pedro e Paulo; também [ensinando] a fé pregada aos homens, que chegou aos nossos dias através da sucessão dos bispos....Os abençoados apóstolos, então, tendo fundado e abençoado a Igreja, entregaram nas mãos de Lino o episcopado.

Paulo, porém, não foi bispo de Roma e nem levou o cristianismo para lá, pois já havia cristãos em Roma quando ele chegou lá. É evidente também que Paulo já tinha escrito uma epístola para a Igreja de Roma antes de ter visitado a cidade. Porém, Paulo pode ter tido um importante papel na formação da Igreja na capital romana.

Decapitação de São Paulo, por Enrique Simonet, 1887

Nem a Bíblia e nem outra história qualquer conta explicitamente como ou quando Paulo morreu. De acordo com a tradição cristã, Paulo foi decapitado em Roma, durante o reinado do imperador Nero, em meados dos anos 60, na Abadia das Três Fontes (em italiano: Tre Fontane). O tratamento mais "humano" dado a Paulo, em contraste com a crucificação invertida de São Pedro, foi graças à sua cidadania romana.

Dado Villa-Lobos, guitarra dos Legião Urbana e sobrinho neto de Heitor Villa-Lobos, faz hoje 48 anos

Eduardo Dutra "Dado" Villa-Lobos (Bruxelas, 29 de junho de 1965) é um músico brasileiro, mais conhecido por seu trabalho com a banda de rock de Brasília Legião Urbana, e também por ser sobrinho neto do compositor clássico Heitor Villa-Lobos.
Assumiu a guitarra da Legião Urbana em 1983. Tocou na banda Dado e o Reino Animal antes de substituir Ico Ouro-Preto, na véspera da gravação do primeiro LP.
É o responsável pela produção dos últimos discos da Legião Urbana: A Tempestade (ou O Livro dos Dias) , Uma Outra Estação e Como É que Se Diz Eu Te Amo.
É autor das bandas sonoras dos filmes O Homem do Ano (de José Henrique Fonseca), Bufo & Spallanzani (filme) (de Flávio Tambellini) - pela qual recebeu o prémio de melhor banda sonora no Festival do Cinema Brasileiro, em Miami - e "Pro Dia Nascer Feliz" (de João Jardim) - também vencedor do Kikito de Melhor Banda Sonora no Festival de Gramado de 2006.
Lançou o seu primeiro disco a solo, Dado Villa-lobos e o Jardim de Cactus ao Vivo, em parceria com a MTV, dentro do projeto MTV Apresenta, em 2005. O DVD e CD foram gravados em abril do mesmo ano.
Em 30 de maio de 2012, participou do Tributo ao Legião Urbana com Wagner Moura, onde se desentendeu com um fã, durante a apresentação, mas no final deu tudo certo.
Atualmente, Dado e seu ex-parceiro de Legião Urbana e amigo Marcelo Bonfá, ambos estão viajando com a banda mineira Jota Quest há bastante tempo, fazendo participações nos shows da banda tocando algumas canções da Legião e participaram do DVD Multishow ao Vivo: Folia e Caos, o mais recente da banda mineira tocando o clássico "Tempo perdido".




Paul Klee morreu há 73 anos

Paul Klee (Münchenbuchsee, 18 de dezembro de 1879 - Muralto, 29 de junho de 1940) foi um pintor e poeta suíço naturalizado alemão. O seu estilo, grandemente individual, foi influenciado por várias tendências artísticas diferentes, incluindo o expressionismo, cubismo e surrealismo. Ele foi um estudante do orientalismo. Klee era um desenhista nato que realizou experimentos e, consequentemente, dominou a teoria das cores, sobre o quê ele escreveu extensivamente. Suas obras refletem o seu humor seco e, às vezes, a sua perspectiva infantil, seus ânimos e suas crenças pessoais, e a sua musicalidade. Ele e o seu amigo, o pintor russo Wassily Kandinsky, também eram famosos por darem aulas na escola de arte e arquitetura Bauhaus.

Biografia
Klee nasceu em Münchenbuchsee (próximo de Berna), Suíça, em uma família de músicos. O seu pai, o alemão Hans Klee, era professor de música no Seminário de Professores Hofwil, nas redondezas de Berna. A sua mãe, Ida Frick, treinava para ser uma cantora. Klee foi o segundo de dois filhos.
Klee apresentou-se na arte e na cultura muito cedo. Aos sete anos, ele começou a tocar violino, e, aos oito, ele ganhou da sua avó uma caixa de giz. O que parece é que Klee foi igualmente talentoso na música e na arte. Nos seus primeiros anos, atendendo ao desejo dos pais, ele concentrou-se para se tornar um músico; mas, nos seus anos de adolescência, ele decidiu-se pelas artes visuais por acreditar que a música moderna, para ele, não tinha significado. Como um músico, ele tocou e se sentiu ligado emocionalmente às obras dos séculos XVIII e XIX, mas, como um artista, ele abriu caminho à liberdade para explorar ideias e estilos radicais. Aos dezasseis anos, os desenhos de paisagens de Klee já mostravam habilidade considerável.
Por volta de 1897, ele fundou um diário, que ele manteve até 1918, dando informações valorosas sobre sua vida e filosofia a pesquisadores. Durante os seus anos na escola, ele desenhava nos seus livros, enérgico – particularmente caricaturas –, e já demonstrava habilidade com linhas e volumes. Ele quase não consegue ser aprovado nos exames finais do Gymnasium de Berna, onde ele se qualificou na área humanística. Escrevendo no seu característico estilo ríspido e mordaz, ele escreveu: “Além do mais, é muito difícil alcançar exatamente o mínimo, e evoluir em riscos.”. Todavia, além de seus profundos interesses em música e arte, Klee era um grande apreciador da literatura, e, mais tarde, se tornou em um escritor sobre teoria e estética da arte.
Em 1898, com a relutante permissão de seus pais, ele começou a estudar arte na Academia de Belas Artes em Munique, com Heinrich Knirr e Franz von Stuck. Ele destacou-se em desenho, mas aparentemente não possuía qualquer senso natural de coloração. Ele relembrou: “No terceiro inverno, eu até mesmo entendi que eu provavelmente nunca aprenderia a pintar.”. Durante esta época de juventude aventureira, Klee passou a maior parte do tempo em bares e teve relações com mulheres e modelos de classe inferior. Ele teve um filho ilegítimo em 1900, que morreu várias semanas após o nascimento.
Após receber a formação em Belas Artes, Klee permaneceu na Itália por vários meses com seu amigo Hermann Haller. Eles ficaram em Roma, Florença, e Nápoles, e estudaram os mestres da pintura dos séculos passados. Ele exclamou: “O Fórum e o Vaticano falaram para mim que o humanismo queria me sufocar”. Ele respondeu às cores da Itália, mas notou, com tristeza, “que um grande esforço me resta neste campo das cores”. Para Klee, a cor representava o otimismo e a notabilidade na arte, e tinha esperanças de aliviar a natureza pessimista que ele expressava em suas sátiras e burlescas em preto-e-branco. Ao voltar à Berna, ele viveu com seus pais por vários anos, assistindo a lições de arte ocasionalmente. Em 1905, ele desenvolveu algumas técnicas experimentais, o que resultou em 67 obras incluindo o Retrato de meu Pai (1906). Ele também completou um ciclo de 11 rascunhos em placas de zinco, as Invenções – as suas primeiras obras a serem exibidas, nas quais ele ilustrava várias criaturas grotescas. Klee ainda estava dividindo seu tempo com a música, tocando violino em uma orquestra e escrevendo críticas de concertos e peças de teatro.

Casamento e início de carreira
Klee casou, em 1906, com a pianista bávara Lily Stumpf, com quem teve um filho chamado Felix Paul no ano seguinte. O casal viveu num subúrbio de Munique, e, enquanto ela dava aulas de piano e fazia ocasionais apresentações, ele sustentava a casa e fazia o seu trabalho artístico. Ele tentou, sem sucesso, ser ilustrador em uma revista. O trabalho artístico de Klee progrediu lentamente nos próximos cinco anos, parcialmente por causa de ele ter que dividir o seu tempo com questões domésticas, e também porque ele tentou encontrar uma nova aproximação para a sua arte. Em 1910, ele teve a primeira exibição exclusiva em Berna. No ano seguinte, ele criou algumas ilustrações para uma edição de Cândido de Voltaire. Naquele ano, ele conheceu Wassily Kandinsky, Franz Marc e outras figuras de vanguarda, associando-se ao grupo artístico conhecido como Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul).
Ao se encontrar com Kandinsky, Klee relembrou: “Eu tive uma profunda sensação de confiança nele. Ele é alguém, e tem uma mentalidade excepcionalmente bela e lúcida.”. A associação abriu a sua mente para as modernas teorias das cores. As suas viagens à Paris em 1912 também o expuseram ao cubismo e aos exemplos pioneiros da “pintura pura”, um antigo termo para se referir à arte abstrata. As cores fortes usadas por Robert Delaunay e Maurice De Vlaminck também o inspiraram. Ao invés de copiar estes artistas, Klee começou a trabalhar nas suas próprias experiências com cores em aguarelas pálidas e criou algumas paisagens primitivas, como In The Quarry (1913) e Houses Near The Gravel Pit (1913), usando blocos de cores com sobreposição limitada. Klee reconheceu que, para alcançar este “nobre e distante objetivo”, “um grande esforço me resta neste campo das cores”. Logo, ele descobriu “o estilo que conecta o desenho ao reino das cores”.
A explosão artística de Klee ocorreu em 1914, no ano em que ele fez uma breve visita à Tunísia com August Macke e Louis Moilliet e ficou impressionado pela sua qualidade da luz. “A cor tomou posse de mim; eu não mais tenho que persegui-la, pois sei que ela está presa a mim para sempre… A cor e eu somos um. Eu sou um pintor.”. Com esta percepção, a fidelidade à natureza perde a sua importância. Ao invés, Klee começa a se arraigar no “romantismo da abstração”. Klee consegue, com sucesso, ligar a cor às suas obras, e um dos exemplos mais literais desta síntese é O Bávaro Don Giovanni (1919).
Ao retornar a casa, Klee pintou o seu primeiro abstrato puro, No Estilo de Kairouan (1914), composto de retângulos coloridos e alguns círculos. O retângulo colorido passou a ser o seu bloco de construção básico, que alguns historiadores associam a uma nota musical, que Klee combinou com outros blocos coloridos para criar uma harmonia de cores análoga às composições musicais. A sua escolha de uma paleta de cores em particular emula uma chave musical. Às vezes, ele usava pares complementares de cores, e, em outras vezes, cores “dissonantes”, novamente refletindo a sua conexão com a musicalidade.
Semanas mais tarde, tem início a Primeira Guerra Mundial. No começo, Klee se sentia desassociado dela, como ele, ironicamente, escreveu: “Por muito tempo eu tive esta guerra em mim. Por isso que, agora, ela não é mais nada do meu interesse.”. Logo, porém, ela começou a afetá-lo. Os seus amigos Macke e Marc morreram em combate. Tentando libertar o seu desespero, ele criou vários litógrafos com temas de guerra como Morte da Ideia (1915). Ele também continuou a criar obras abstratas e semi-abstratas. Em 1916, ele se juntou à guerra pela Alemanha, mas o seu pai o retirou da linha de frente, e ele terminou pintando camuflagens em aviões e trabalhando como escriturário. Por toda a guerra, ele continuou a pintar e conseguiu realizar várias mostras. Em 1917, as obras de Klee começaram a vender bem e os críticos de arte começaram a aclamá-lo como o melhor entre os novos artistas alemães. Em Ab Ovo (1917), a sua técnica sofisticada é particularmente notável. Ele emprega aguarela em gaze e papel com chão de giz, produzindo uma rica textura de padrões triangulares, circulares e crescentes. Demonstrando sua dimensão de explorações, misturando cores e linhas, o seu Warning Of The Ships (1918) é um desenho colorido preenchido de imagens simbólicas em um campo de coloração suprimida.

Maturidade
Em 1920, Klee tentou uma vaga de instrutor na Academia de Arte de Düsseldorf. Ele não conseguiu, mas teve grande sucesso ao assegurar um contrato de três anos (com um recebimento mínimo anual) com o curador Hans Goltz, cuja influente galeria deu uma grande exposição a Klee, e, também, sucesso comercial. Uma retrospectiva de mais de 300 obras em 1920 também foi notável.
Klee deu aulas na Bauhaus, escola de arte fundada em 1919 com o objetivo de unir artes e ofícios em apenas uma instituição. Klee era um mestre de colagens, vitrais, e murais. Ele ganhou dois estúdios. Em 1922, Kandinsky se juntou à equipa e restaurou a sua amizade com Klee. Mais tarde no mesmo ano, foi realizada a primeira mostra e festival da Bauhaus, para qual Klee criou vários materiais de divulgação. Dentro da Bauhaus ocorriam vários conflitos entre teorias e opiniões, conflitos estes muito bem-vindos por Klee: “Eu também aprovo estas competições de forças se o resultado for uma façanha”.
Klee também era um membro da Die Blaue Vier, ao lado de Kandinsky, Feininger, e Jawlensky; formada em 1923, eles davam palestras e realizavam mostras juntos nos Estados Unidos, em 1925. Naquele mesmo ano, Klee teve as suas primeiras mostras em Paris, e se tornou um sucesso entre os surrealistas franceses. Klee visitou o Egito em 1928, mas não se impressionou tanto quanto na viagem à Tunísia. Em 1929, foi publicado o primeiro e principal monógrafo das obras de Klee, escrito por Will Grohmann.
Quase que desde o começo, o movimento nazi denunciou a Bauhaus por sua “arte degenerada” e, em 1933, a Bauhaus foi finalmente fechada. Os migrantes, porém, conseguiram disseminar os conceitos da Bauhaus para outros países, incluindo a Nova Bauhaus em Chicago. Klee também deu aulas na Academia de Düsseldorf entre 1931 e 1933, aparecendo em um jornal nazi. A sua casa foi vasculhada e ele foi demitido de seu trabalho. O seu auto-retrato Riscado da Lista (1933) relembra a triste ocasião. Em 1933-1934, Klee realizou exposições em Londres e em Paris, finalmente conhecendo Picasso, a quem ele tanto admirava. A família Klee seguiu para a Suíça no final de 1933.
Klee estava no auge de sua criatividade. Ad Parnassum (1932) é considerada como a sua obra-prima e o melhor exemplo de seu estilo pontilhista; ela é, também, uma de suas maiores e mais bem-acabadas pinturas. Ele produziu aproximadamente 500 obras em 1933 durante seu último ano na Alemanha. Porém, em 1933, Klee começou a sofrer sintomas do que foi diagnosticado como esclerodermia após a sua morte. A progressão de sua doença fatal, que lhe dava dificuldades em engolir, pode ser acompanhada através da arte que ele criou nos seus últimos anos. O seu nível de criação em 1936 era de apenas 25 pinturas. No final da década de 1930,  recuperou significantemente a sua saúde e ele foi encorajado por uma visita de Kandinsky e Picasso. O design mais simplificado de Klee permitiu-lhe que ele aumentasse o nível de criação nos seus últimos anos, e, em 1939, ele criou mais de 1.200 obras. Ele usou linhas mais pesadas e deu predominância às formas geométricas, com poucos, porém maiores blocos de cor. Suas variadas paletas de cores, algumas com cores brilhantes e outras sóbrias, talvez refletissem o seu humor alternando entre o otimismo e o pessimismo. Ao voltar à Alemanha em 1937, 17 das pinturas de Klee foram incluídas em uma exibição de arte degenerada e 102 de suas obras em coleções públicas foram apreendidas pelos nazistas.
Klee morreu em Muralto, Locarno, Suíça, em 1940, sem conseguir a cidadania suíça, mesmo tendo nascido naquele país. O seu trabalho artístico era considerado revolucionário demais, ou mesmo degenerado, pelas autoridades suíças, mas, com o tempo, eles aceitaram a sua solicitação, seis dias após a sua morte. O seu legado é composto de, aproximadamente, 9.000 obras de arte.

Ad Parnassum, 1932