Segundo a
Bíblia, o seu nome original não era Pedro, mas Simão. Nos livros dos
Atos dos Apóstolos e na
Segunda Epístola de Pedro, aparece ainda uma variante do seu nome original, Simão. Cristo mudou seu nome para
Kepha (
Cefas em português, como em
Gálatas 2:11), que em
aramaico significa "pedra", "rocha", nome este que foi traduzido para o
grego como Πέτρος,
Petros, através da palavra πέτρα,
petra, que também significa "pedra" ou "rocha", e posteriormente passou para o
latim como
Petrus, também através da palavra
petra, de mesmo significado.
A mudança de seu nome por Jesus Cristo, bem como seu significado, ganham importância de acordo com a
Igreja Católica em
Mt 16, 18, quando Jesus diz:
"E eu te declaro: tu és Kepha
e sobre esta kepha
edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão nunca contra ela."
Jesus comparava Simão à rocha. Desta forma, Cristo, de acordo com a
tradição católica, foi o fundador da Igreja Católica, fundada sobre
Simão Pedro e sendo-lhe concedido, por este motivo, o título de
Príncipe dos Apóstolos. Esse título é um tanto tardio, visto que tal
designação só começaria a ser usada cerca de um século mais tarde,
suplementando o de
Patriarca (agora destinado a outro uso). Pedro foi o primeiro
Bispo de Roma.
Essa circunstância é importante, pois daí provém a primazia do Papa e
da diocese de Roma sobre toda a Igreja Católica; posteriormente esse
evento originaria os títulos "Apostólica" e "Romana".
A comunidade de
Roma foi fundada pelos apóstolos Pedro e
Paulo e é considerada a única comunidade
cristã do mundo fundada por mais de um
apóstolo e a única do Ocidente instituída por um deles. Por esta razão desde a
antiguidade a comunidade de Roma (chamada atualmente de
Santa Sé pelos católicos) teve o
primado sobre todas as outras comunidades locais (dioceses); nessa visão o ministério de Pedro continua sendo exercido até hoje pelo
Bispo de Roma
(segundo o catolicismo romano), assim como o ministério dos outros
apóstolos é cumprido pelos outros Bispos unidos a ele, que é a cabeça do
colégio apostólico, do colégio episcopal. A sucessão papal (de Pedro)
começou com
São Lino (
67) e, atualmente é exercida pelo
Papa Francisco,
eleito em 13 de março de 2013. Segundo essa visão, o próprio apóstolo
Pedro atestou que exerceu o seu ministério em Roma ao concluir a sua
primeira epístola: "
A [Igreja] que está em Babilónia, eleita como vós, vos saúda, como também Marcos, meu filho." Trata-se da
Igreja de Roma. Assim também o interpretaram todos os autores desde a
Antiguidade, como abaixo, como sendo a Roma Imperial (decadente). O termo não pode referir-se à
Babilônia sobre o
Eufrates, que jazia em ruínas ou à Nova Babilónia (
Selêucida) sobre o
rio Tigre, ou à Babilónia egípcia, próxima de
Mênfis, tampouco a
Jerusalém; deve, portanto referir-se a Roma, a única cidade que é chamada Babilónia pela antiga literatura cristã.
A partir da
década de 50 intensificaram-se as escavações no subsolo da
Basílica de São Pedro, lugar tradicionalmente reconhecido como provável túmulo do
apóstolo e próximo do seu local de martírio, no muro central do
Circo de Nero.
Após extenuantes e cuidadosos trabalhos, inclusive com remoção de
toneladas de terra que datavam do corte da Colina Vaticana para a
terraplanagem da construção da primeira basílica na época de
Constantino, a equipa chefiada pela arqueóloga italiana
Margherita Guarducci encontrou o que seria uma necrópole atribuída a Pedro, inclusive uma parede repleta de
grafitos com a expressão
Petrós Ení, que, em grego, significa "Pedro está aqui".
Também foram encontrados, em um nicho, fragmentos de ossos de um homem
robusto e idoso, entre 60-70 anos, envoltos em restos de tecido púrpura
com fios de ouro que se acredita, com muita probabilidade, serem de
Pedro. A data real do martírio, de acordo com um cruzamento de datas
feito pela arqueóloga, seria
13 de outubro de 64 d.C. e não 29 de junho, data em que se comemorava a trasladação dos restos mortais de Pedro e
Paulo para a colocação dos mesmos nas
Catacumbas de São Sebastião, durante a perseguição do
imperador romano Valeriano em
257.
Paulo de Tarso, também chamado de
Apóstolo Paulo,
Saulo de Tarso e
São Paulo, foi um dos mais influentes escritores do
cristianismo primitivo, cujas obras compõem parte significativa do
Novo Testamento. A influência que exerceu no pensamento cristão, chamada de "
paulinismo", foi fundamental por causa do seu papel como proeminente
apóstolo do
Cristianismo durante a propagação inicial do
Evangelho pelo
Império Romano.
Conhecido como Saulo antes de sua conversão, ele dedicava-se à
perseguição dos primeiros discípulos de Jesus na região de
Jerusalém. De acordo com o relato na
Bíblia, durante uma viagem entre Jerusalém e
Damasco, numa missão para que, encontrando fiéis por lá,
"os levasse presos a Jerusalém",
Saulo teve uma visão de Jesus envolto numa grande luz. Ficou cego, mas
recuperou a visão após três dias e começou então a pregar o
Cristianismo
.
Juntamente com
Simão Pedro e
Tiago, o Justo, ele foi um dos mais proeminentes líderes do nascente cristianismo. Era também
cidadão romano, o que lhe conferia uma situação legal privilegiada.
Treze epístolas no
Novo Testamento são atribuídas a Paulo, mas a sua autoria em sete delas é contestada por estudiosos modernos.
Agostinho desenvolveu a ideia de Paulo que a
salvação é baseada na fé e não nas "obras da
Lei". A interpretação de
Martinho Lutero das obras de Paulo influenciou fortemente sua doutrina de
"sola fide".
A conversão de Paulo mudou radicalmente o curso de sua vida. Com suas
atividades missionárias e obras, Paulo acabou transformando as crenças
religiosas e a filosofia de toda a região da
bacia do Mediterrâneo. Sua liderança, influência e legado levaram à formação de comunidades dominadas por grupos gentios que adoravam o
Deus de Israel, aderiam ao código moral
judaico, mas que abandonaram o
ritual e as obrigações alimentares da
Lei Mosaica por causa dos ensinamentos de Paulo sobre a
vida e obra de Jesus e seu "Novo Testamento", fundamentados na
morte de Jesus e na sua
ressurreição.
A Bíblia não relata a morte de Paulo.
O nome original de Paulo era "Saulo" (em
hebraico Šāʼûl - "o que se pediu, o que se orou por" e traduzido em
grego antigo:
Σαούλ -
Saul - ou Σαῦλος -
Saulos), nome que divide com o bíblico
Rei Saul, um outro
benjaminita e primeiro
rei de Israel, que foi sucedido pelo
Rei David, da
tribo de Judá. Segundo suas próprias palavras, era um
fariseu.
O uso de "Paulo" (em
grego:
Παῦλος -
Paulos; em
latim:
Paulus ou Paullus
- "baixo"; "curto") aparece nos "Atos" pela primeira vez quando ele
começou sua primeira jornada missionária em território desconhecido. Nos
Atos 13:6-13, Paulo aparece, juntamente com
Barnabé e
João Marcos, conversando com
Sérgio Paulo, um oficial romano em
Chipre que será convertido por ele.
Paulus era um sobrenome romano e alguns argumentam que Paulo o adotou como seu primeiro nome. Outra teoria, apontada pelo
Vaticano,
afirma que era costume para os judeus romanizados da época adotarem um
nome romano e o pai de Paulo provavelmente quis agradar à família dos
Pauli.
Por fim, há ainda os que consideram possível a homenagem a Sérgio
Paulo e mais provável que a mudança esteja mais relacionada a um desejo
do apóstolo em se distanciar da história do Rei Saul, que perseguiu
David.
Nos "Atos dos Apóstolos", Paulo afirma ter nascido em
Tarso (na
província de Mersin, na parte meridional da
Turquia central) e faz breves menções à sua família. Um sobrinho é mencionado nos
Atos 23:16 e a sua mãe é citada entre os que moram em Roma, em
Romanos 16:13. É ali também que o apóstolo confessa que
«Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas e, arrastando homens e mulheres, os entregava à prisão.» (
Atos 8:3)
.
Mesmo tendo nascido em Tarso, foi criado em Jerusalém, "aos pés de
Gamaliel"
, que é considerado um dos maiores professores nos anais do Judaísmo" e cujo equilibrado conselho nos
Atos 5:34-39,
para que os judeus se contivessem na fúria contra os discípulos,
contrasta com a temeridade do seu estudante que, após a morte de
Estevão, saiu de rompante, perseguindo os primeiros cristãos.
A conversão de Paulo pode ser datada entre os anos de
31 e
36, pela referência que ele fez em uma de suas epístolas. De acordo com os "Atos dos Apóstolos", a sua conversão (
metanoia) ocorreu na "estrada para Damasco", onde ele afirmou ter tido uma visão de
Jesus ressuscitado que o deixou temporariamente cego.
Após a sua conversão, Paulo foi para Damasco, onde os "Atos" afirmam que foi curado de sua cegueira e
batizado por
Ananias de Damasco. Paulo afirma em
2 Coríntios 11:32 que foi em Damasco que ele escapou por pouco da morte, indo em seguida primeiro para a
Arábia e depois de volta para Damasco
. Esta viagem de Paulo para a Arábia não é mencionada em nenhum outro lugar no
Novo Testamento e alguns autores acreditam que ele tenha na realidade viajado até o
Monte Sinai para meditar no deserto. Ele descreve em
Gálatas como, três anos após a sua conversão, ele viajou para Jerusalém, onde se encontrou com
Tiago, o Justo, e ficou com
Simão Pedro durante 15 dias
.
A narrativa em Gálatas continua afirmando que, catorze anos após a sua conversão, ele foi de novo a Jerusalém
.
Não se sabe exatamente o que aconteceu neste período, conhecido como
"anos desconhecidos", mas tanto os Atos quanto os Gálatas dão-nos
algumas pistas. No final deste período,
Barnabé foi ao encontro de Paulo e trouxe-o de volta a
Antioquia.
O autor F. F. Bruce sugeriu que os catorze anos podem ser contados a
partir da conversão de Paulo ao invés da sua primeira visita a
Jerusalém.
Quando uma grande fome ocorreu na
Judeia, Paulo e Barnabé viajaram para Jerusalém para entregar a ajuda financeira da
igreja de Antioquia.
De acordo com os Atos, Antioquia já tinha se tornado um centro
importante para os fiéis após a dispersão dos crentes que se seguiu ao
martírio de
Estêvão e foi lá que os seguidores de Jesus foram, pela primeira vez, chamados de cristãos.
Nos Atos, relatam-se três viagens de Paulo: a primeira, liderada primeiro por Barnabé, levou Paulo de Antioquia até
Chipre, passando depois pela
Ásia Menor (
Anatólia) e de volta a Antioquia.
Paulo partiu para sua segunda viagem de Jerusalém, onde estava sendo realizado o
concílio com os outros apóstolos no qual a
obrigatoriedade da circuncisão foi retirada. Paulo alega em sua epístola que terá sido neste encontro que Pedro,
Tiago e
João aceitaram a missão de Paulo aos gentios.
Com o objetivo de levar a Antioquia o resultado do concílio, os fiéis
realizaram uma eleição para escolher dois mensageiros que acompanhariam
Paulo e Barnabé nessa missão. Os eleitos então foram Silas e
Judas, "chamado Barsabá".
Paulo, Barnabé, Judas e Silas partiram então de
Jerusalém levando os decretos dos apóstolos aos fiéis em Antioquia e nas
províncias romanas da
Síria e
Cilícia.
Chegando a Antioquia, eles cumprem a missão que lhes foi dada, sendo
que Judas retorna para Jerusalém e desaparece da história, enquanto
Silas permanece na cidade.
Paulo iniciou sua terceira viagem missionária passando por toda a região da
Galácia e da
Frígia para reforçar a fé e ensinar para os fiéis, além de repreender os que estavam em erro. Quando ele chegou em
Éfeso, ficou ali por pouco menos de três anos e realizou uma série de milagres, como curas e
exorcismos.
Embora Paulo tenha escrito sobre uma visita que fez a
Illyricum, ele estava se referindo ao que hoje chamamos de
Illyria Graeca, parte da
província romana da Macedónia, onde hoje está atualmente a
Albânia.
Paulo e seus companheiros seguiram então para Roma, naquela que foi provavelmente a última das viagens missionárias, em
60.
A viagem começou em Jerusalém, onde os irmãos foram recebidos em
festa. Lá, Paulo foi espancado e quase morto, preso e enviado para
Cesareia Marítima,
onde esteve detido durante aproximadamente um ano e meio. Foi
transferido depois para Roma, a seu pedido, e solto após o comandante
saber que ele era um
cidadão romano. Paulo passou então a pregar na capital imperial.
Nos
Atos 28:1 relata-se que, no caminho para Roma, Paulo sofreu um naufrágio em
"Melite" (
Malta), onde ele se encontrou com
Públio e foi recebido pelos habitantes da ilha com "muita humanidade"
. Ele chegou a Roma por volta do ano
60 e passou mais dois anos em prisão domiciliar
. Contando esta vez, Paulo passou entre cinco e seis anos preso em celas ou prisioneiro em casa.
Ireneu de Lyon acreditava que
Pedro e Paulo tinham sido os fundadores da
Igreja de Roma, sendo eles a nomearem
São Lino como
bispo e sucessor:
“ | ...Igreja
fundada e organizada em Roma pelos dois mais gloriosos apóstolos,
Pedro e Paulo; também [ensinando] a fé pregada aos homens, que chegou
aos nossos dias através da sucessão dos bispos....Os abençoados apóstolos, então, tendo fundado e abençoado a Igreja, entregaram nas mãos de Lino o episcopado. | ” |
|
|
Paulo, porém, não foi
bispo de Roma e nem levou o
cristianismo para lá, pois já havia cristãos em Roma quando ele chegou lá
. É evidente também que Paulo já tinha escrito uma
epístola para a Igreja de Roma antes de ter visitado a cidade
. Porém, Paulo pode ter tido um importante papel na formação da Igreja na capital romana.
Nem a Bíblia e nem outra história qualquer conta explicitamente como ou quando Paulo morreu. De acordo com a
tradição cristã, Paulo foi
decapitado em Roma, durante o reinado do
imperador Nero, em meados dos anos 60, na
Abadia das Três Fontes (em
italiano:
Tre Fontane). O tratamento mais "humano" dado a Paulo, em contraste com a
crucificação invertida de São Pedro, foi graças à sua cidadania romana.