Era filho e genro de
Aquenáton (o faraó que instituiu o culto de
Aton, o deus Sol) e filho de
Kiya, uma esposa secundária do seu pai. Casou-se aos 8 anos, provavelmente com a sua meia-irmã,
Anchesenamon. Assumiu o trono quando tinha cerca de nove anos, restaurando os antigos cultos aos deuses e os privilégios do
clero (principalmente o do deus
Amon de
Tebas). Morreu, provavelmente, em
1.324 a.C.,
aos dezanove anos, sem herdeiros - com apenas nove anos de trono - "o
que levou especialistas a especularem sobre a hipótese de doenças
hereditárias na família real da
XVIII dinastia egípcia", na opinião de
Zahi Hawass, secretário-geral do
Conselho Supremo de Antiguidades do Egito.
Devido ao facto de ter falecido tão novo, o seu túmulo não foi tão
sumptuoso quanto o de outros faraós, mas mesmo assim é o que mais fascina
a imaginação moderna pois foi uma das raras sepulturas reais
encontradas quase intacta. Ao ser aberta, em 1923, ainda continha
peças de
ouro,
tecidos,
mobília,
armas e textos sagrados que revelam muito sobre o
Egito de três milénios atrás.
(...)
Em novembro de 1922 foi descoberto o túmulo de Tutancámon, resultado dos esforços de
Howard Carter e do seu mecenas, o aristocrata
Lord Carnarvon.
O túmulo encontrava-se inviolado, com exceção da antecâmara onde os
ladrões penetraram por duas vezes, talvez pouco tempo depois do funeral
do rei, mas por razões pouco claras ficaram-se por ali.
A câmara funerária foi aberta, de forma oficial, no dia
16 de fevereiro
de 1923. Estava preenchida por quatro capelas em madeira dourada
encaixadas umas nas outras, que protegiam um
sarcófago
em quartzito de forma retangular, seguindo a tradição da forma dos
sarcófagos da XVIII dinastia. Em cada um dos cantos do sarcófago estão
representadas as deusas
Ísis,
Néftis,
Neith e
Selket.
Dentro do sarcófago encontravam-se três caixões antropomórficos,
encontrando-se a múmia no último destes caixões; sobre a face a múmia
tinha a famosa máscara funerária. Decorados com os símbolos da realeza
(a cobra e o abutre, símbolos do Alto e do Baixo Egito, a barba postiça
retangular e ceptros reais), o peso dos três caixões totalizava 1375
quilos, sendo o terceiro caixão feito de ouro. Na câmara funerária foram
colocadas também três
ânforas,
estudadas, em 2004 e 2005, por arqueólogos espanhóis, coordenados por Rosa
Lamuela-Raventós. Os estudos revelaram que a ânfora junto à cabeça
continha
vinho tinto, a colocada do lado direito do corpo continha
shedeh (variedade de vinho tinto mais doce) e a terceira, junto aos pés, continha
vinho branco.
Esta pesquisa revelou-se importante pois mostrou que os egípcios
fabricavam vinho branco, mil e quinhentos anos antes do que se pensava.
A lâmina de uma das adagas encontradas junto da múmia era feita com o metal de um meteorito.
Na câmara do tesouro estava uma estátua de
Anúbis,
várias joias, roupas e uma capela, de novo em madeira dourada, onde
foram colocados os vasos canópicos do rei. Neste local foram achadas
duas pequenas múmias correspondentes a dois fetos do sexo feminino, que
se julgam serem as filhas do rei, nascidas de forma prematura.
Embora os objetos encontrados no túmulo não tenham lançado luz sobre a
enigmática vida de Tutancámon, revelaram-se bastante importantes para
um melhor entendimento das práticas funerárias e da
arte egípcia.