Nascido em
Hailey, no estado americano de
Idaho, cresceu em
Wyncote, perto de
Filadélfia e formou-se na
Universidade da Pensilvânia em
1906. Durante um breve período deu aulas em
Crawfordsville, Indiana, e, entre
1906 e
1907, viajou pela
Espanha,
Itália e
França. O seu primeiro livro de poemas,
A Lume Spento, foi publicado em Veneza, em
1908. Nesse ano fixou-se em
Londres, onde viveu até
1920 e onde travou conhecimento com alguns dos mais importantes escritores da época:
Ford Madox Ford,
James Joyce,
Wyndham Lewis,
W. B. Yeats e
T. S. Eliot, entre outros, tendo influenciado todos estes.
Em
1909 publicou
Personae e
Exultations, a que se seguiu um volume de ensaios críticos, intitulado
The Spirit of Romance, de
1910. Entre
1914-
1915 foi co-editor da revista do movimento Vorticista,
Blast. Em Londres teve ainda a seu cargo a edição da revista de
Chicago Little Review (
1917-
1919) e a partir de
1920 tornou-se correspondente da publicação
The Dial na capital francesa, para onde se mudou em
1921.
Datam de 1920 as publicações de um segundo volume de textos críticos,
Instigations, e de
Hugh Selwyn Mauberley, uma das suas obras-primas. O poema
Homage to Sextus Propertius foi publicado no ano anterior. Conhecedor das
literaturas
europeia e oriental, Pound associou-se desde muito cedo à escola dos
imagistas, que liderou de forma particularmente enérgica. Os adeptos
desta corrente poética, fundada em
1912 sob inspiração das ideias de T. E. Hulme, pretendiam explorar de forma disciplinada as potencialidades da imagem e da
metáfora, consideradas a essência da poesia. O movimento, que Pound abandonou em 1914, teve a sua expressão na revista inglesa
The Egoist (iniciada em 1912) e na revista americana
Poetry (a partir de 1914). As raízes do movimento encontravam-se fundamentalmente na poesia
chinesa e
japonesa, mas os imagistas inspiraram-se também na poesia latina, em poemas da tradição
medieval inglesa, nas composições poéticas dos trovadores provençais e em alguns poetas italianos. Nos seus
Cantos, publicados numa longa série entre 1917- e 1949, inacabados, Pound procurou elaborar uma versão moderna da
Divina Comédia.
A fase em que o poeta leva mais a extremos os princípios do seu movimento imagista é ilustrada pelas obras
Ripostes (1912) e
Lustra (1916). Em
1924 Pound mudou-se para Itália, onde as teorias político-económicas que defendeu o associaram ao
fascismo, tal qual o fizeram outros poetas como
Fernando Pessoa, tendo chegado a proferir comunicações antidemocráticas na
rádio italiana durante a
Segunda Guerra Mundial. Nos seus tratados económicos e históricos,
Jefferson and/or Mussolini de
1935 e
Guide to Kulchur de
1938, Pound comprometeu-se definitivamente com o fascismo e foi preso em
1945 (e libertado, em função do protesto de vários artistas, tendo sido posteriormente repatriado).
Considerado oficialmente incapaz mentalmente, com o objetivo de
livrá-lo da prisão, foi internado durante 13 anos num hospital
psiquiátrico em
Washington DC. A acusação de traição foi retirada em
1958 e Pound voltou a Itália depois da sua libertação. Trabalhou nos seus
Cantos até 1972, ano da sua morte.
A Virginal
No, no! Go from me. I have left her lately.
I will not spoil my sheath with lesser brightness,
For my surrounding air hath a new lightness;
Slight are her arms, yet they have bound me straitly
And left me cloaked as with a gauze of æther;
As with sweet leaves; as with subtle clearness.
Oh, I have picked up magic in her nearness
To sheathe me half in half the things that sheathe her.
No, no! Go from me. I have still the flavour,
Soft as spring wind that’s come from birchen bowers.
Green come the shoots, aye April in the branches,
As winter’s wound with her sleight hand she staunches,
Hath of the trees a likeness of the savour:
As white their bark, so white this lady’s hours.
Ezra Pound