terça-feira, fevereiro 04, 2014

Almeida Garrett nasceu há 215 anos

(imagem daqui)

João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett nasceu com o nome de João Leitão da Silva no Porto, a 4 de fevereiro de 1799, filho segundo de António Bernardo da Silva Garrett, selador-mor da Alfândega do Porto, e Ana Augusta de Almeida Leitão. Mais tarde viria a escrever a este propósito: "Nasci no Porto, mas criei-me em Gaia". No período de sua adolescência foi viver para os Açores, na ilha Terceira, quando as tropas francesas de Napoleão Bonaparte invadiram Portugal e onde era instruído pelo tio, D. Alexandre, bispo de Angra.
De seguida, em 1816 foi para Coimbra, onde acabou por se matricular no curso de Direito. Em 1821 publicou O Retrato de Vénus, trabalho que fez com que lhe pusessem um processo por ser considerado materialista, ateu e imoral. É também neste ano que ele e sua família passam a usar o apelido de Almeida Garrett.
(...)
Por decreto de El-Rei D. Pedro V de Portugal, datado de 25 de junho de 1851 Garrett é feito Visconde de Almeida Garrett em vida (tendo o título sido posteriormente renovado por 2 vezes). Em 1852 sobraça, por poucos dias, a pasta do Negócios Estrangeiros, em governo presidido pelo Duque de Saldanha.
Em 1852 é eleito novamente deputado, e de 4 a 17 de agosto será ministro dos Negócios Estrangeiros. A sua última intervenção no Parlamento será em março de 1854, em que ataca o governo, na pessoa de Rodrigo de Fonseca Magalhães.
Falece a 9 de dezembro de 1854, vítima de um cancro de origem hepática, na sua casa situada na atual Rua Saraiva de Carvalho, em Campo de Ourique, Lisboa. Foi sepultado no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, tendo sido trasladado, a 8 de março de 1926, para o Panteão Nacional, à data no Mosteiro dos Jerónimos. Encontra-se actualmente no Panteão Nacional, na Igreja de Santa Engrácia.
Brasão de Visconde de Almeida Garrett (daqui)



Não És Tu

Era assim, tinha esse olhar,
A mesma graça, o mesmo ar,
Corava da mesma cor,
Aquela visão que eu vi
Quando eu sonhava de amor,
Quando em sonhos me perdi.

Toda assim; o porte altivo,
O semblante pensativo,
E uma suave tristeza
Que por toda ela descia
Como um véu que lhe envolvia,
Que lhe adoçava a beleza.

Era assim; o seu falar,
Ingénuo e quase vulgar,
Tinha o poder da razão
Que penetra, não seduz;
Não era fogo, era luz
Que mandava ao coração.

Nos olhos tinha esse lume,
No seio o mesmo perfume ,
Um cheiro a rosas celestes,
Rosas brancas, puras, finas,
Viçosas como boninas,
Singelas sem ser agrestes.

Mas não és tu... ai!, não és:
Toda a ilusão se desfez.
Não és aquela que eu vi,
Não és a mesma visão,
Que essa tinha coração,
Tinha, que eu bem lho senti.

 

in Folhas Caídas (1953) - Almeida Garrett

Natalie Imbruglia - 39 anos

Natalie Jane Imbruglia (Central Coast, 4 de fevereiro de 1975) é uma cantora, compositora, modelo e atriz australiana.
Natalie tornou-se conhecida internacionalmente com o seu primeiro álbum "Left of the Middle", lançado em 1997. O seu primeiro single, "Torn", atingiu o #2 da parada britânica e o topo em diversos países. Posteriormente, a cantora lançou os álbuns "White Lilies Island" (2001) e "Counting Down the Days" (2005), que chegou ao #1 no Reino Unido. O seu trabalho mais recente "Come to Life" foi lançado em 2009.


Hermenegildo Capelo nasceu há 173 anos

Hermenegildo Carlos de Brito Capelo (Palmela, 4 de fevereiro de 1841 - Lisboa, 4 de maio de 1917), oficial da Marinha portuguesa e explorador do continente africano durante o último quartel do século XIX. Participou com Roberto Ivens na célebre travessia entre Angola e a costa do Índico.

Exploração de África
Em 1875, Luciano Cordeiro fundou a Sociedade de Geografia de Lisboa, reunindo em seu redor uma elite intelectual, civil e militar. Embora a sua actuação não fosse direccionada exclusivamente para o continente africano, logo nos primeiros anos da sua existência criou a Comissão Nacional Portuguesa de Exploração e Civilização da África, mais conhecida por Comissão de África que assumiu a função de despertar a opinião pública para as questões do Ultramar e que preparou as primeiras grandes expedições de exploração científico-geográfica, recorrendo a financiamento por subscrição nacional, contribuindo assim para a definição de uma política colonial portuguesa em África. Estas expedições destinavam-se a efectuar o reconhecimento do Cuango e as suas relações com o Zaire, e ainda a comparar a bacia hidrográfica deste rio com a do Zambeze, concluindo, assim, a carta da África centro-austral, o famoso Mapa cor-de-rosa. Apesar do seu papel fundamental na defesa da posição portuguesa em África, face ao movimento expansionista europeu, a Sociedade de Geografia de Lisboa surgiu tardiamente, no que se refere à criação de sociedades homólogas nos restantes países da Europa. Estas expedições integram-se num contexto político marcado por um forte surto expansionista europeu, nos domínios do continente africano, que antecipam a histórica Conferência de Berlim, realizada em 1885. Exploradores de todas as grandes potências europeias, lançavam-se numa verdadeira rivalidade pela prospecção de territórios, obrigando Portugal a rever urgentemente a sua política colonial e a efectivar a sua presença nestes locais, mas as pretensões portuguesas de ocupação do espaço entre Angola e Moçambique chocaram com as pretensões inglesas, que se materializaram na consequente reivindicação dessa zona para o império inglês através do Ultimato Britânico a Portugal.


A primeira Viagem - De Benguela às Terras de Iaca
O objectivo 
Brito Capelo, quando da sua permanência em Angola fez o reconhecimento científico daquela zona, facto que o fez ser escolhido, por Decreto de 11 de maio de 1877, para dirigir uma expedição científica à África Central da qual também faziam parte o oficial da marinha Roberto Ivens e o major do exército Serpa Pinto. Sob os auspícios da Sociedade de Geografia, esta expedição tinha por fim «…o estudo do rio Cuango nas suas relações com o Zaire e com os territórios portugueses da costa ocidental, assim como toda a região que compreende ao Sul e a sueste as origens dos rios Zambeze e Cunene e se prolonga ao Norte, até entrar pelas bacias hidrográficas do Cuanza e do Cuango…».
A viagem
A 7 de julho de 1877 Brito Capelo, Roberto Ivens e Serpa Pinto iniciam a expedição. Feito o trajecto Benguela-Bié, divergências entre Serpa Pinto e Brito Capelo levam a expedição a dividir-se, com Serpa Pinto, por sua iniciativa a tentar a travessia até Moçambique. Não o conseguiu como pretendia, mas chegou a Pretória, e posteriormente a Durban. Brito Capelo e Roberto Ivens mantiveram-se fiéis ao projecto inicial concentrando as atenção na missão para que haviam sido nomeados, ou seja nas relações entre as bacias hidrográficas do Zaire e do Zambeze. Percorreram as regiões de Benguela até às terras de Iaca, tendo delimitado os cursos dos rios Cubango, Luando e Tohicapa. A 1 de março de 1880, Lisboa recebe triunfalmente Brito Capelo e Roberto Ivens, tendo o êxito da expedição ficado perpetuado no livro De Benguela às Terras de Iaca.

A segunda viagem - De Angola à Contra-Costa

Depois de concretizado o importante percurso entre o Bié e o Zambeze, e atingidas as cataratas Vitória, Capelo e Ivens são estimulados a prosseguir com as suas expedições.
O objectivo
Dada a necessidade de ser criado um atlas geral das colónias portuguesas, Manuel Joaquim Pinheiro Chagas, ao tempo Ministro da Marinha e do Ultramar, criou por decreto de 19 de Abril de 1883 a Comissão de Cartografia, para a qual nomeou como vogais os dois exploradores. Por outro lado, pretendendo a criação de um caminho comercial que ligasse Angola e Moçambique nomeou-os a 5 de novembro do mesmo ano para procederem aos necessários reconhecimentos e explorações. A escolha de dois oficiais de Marinha para a concretização desta importante missão, prende-se com o facto de se tratarem de territórios desconhecidos, não cartografados, nos quais era necessário avançar, recorrendo aos princípios da navegação marítima, tão familiares a estes exploradores.
A viagem 
Entre 1884 e 1885, Capelo e Ivens realizaram nova exploração em África, primeiro entre a costa e o planalto de Huíla e depois através do interior até Quelimane, em Moçambique. Continuaram, então, os seus estudos hidrográficos, efectuando registos geográfico-naturais mas, também, de carácter etnográfico e linguístico. Estabelecem assim a tão desejada ligação por terra entre as costas de Angola e de Moçambique, explorando as vastas regiões do interior situadas entre estes dois territórios e descrevem-na no livro em dois volumes: De Angola à Contra-Costa. Tendo partido para essa missão a 6 de janeiro de 1884 haveriam de regressar a 20 de setembro de 1885 sendo recebidos triunfalmente pelo rei D. Luís.

Outras missões
Posteriormente, Brito Capelo, foi nomeado para outras missões, tais como a de vice-presidente do Instituto Ultramarino, do qual foi primeiro presidente a Rainha Dona Amélia. Faziam igualmente parte da sua primeira Direcção eminentes vultos da História de Portugal, como Roberto Ivens, Andrade Corvo, Luciano Cordeiro, Pinheiro Chagas, António Enes e Oliveira Martins, o que revela bem da importância que as autoridades governamentais da época quiseram atribuir àquela obra social.

Outros cargos
Hermenegildo Capelo foi ajudante-de-campo dos reis D. Luís, D. Carlos e chefe da casa militar do rei D. Manuel II, ministro plenipotenciário de Portugal junto do Sultão de Zanzibar, organizador de uma carta geográfica da província de Angola, delegado do governo num congresso de Bruxelas e presidente da comissão de cartografia. Hermenegildo Capelo foi promovido a contra–almirante em 17 de maio de 1902 e a vice–almirante em 18 de janeiro de 1906. Muito dedicado ao rei D. Manuel II, acompanhou-o até à partida para o exílio, em 5 de outubro de 1910. A 24 do referido mês, tendo pedido a demissão, deu por terminada a sua carreira militar.

O paleontropólogo Raymond Dart nasceu há 121 anos

Raymond Dart (Brisbane, Queensland, 4 de fevereiro de 1893 - Joanesburgo, 22 de novembro de 1988) foi um anatomista e antropologista australiano que descreveu, em 1924 uma nova espécie de hominídeo, o Australopithecus africanus, a partir dum crânio fóssil encontrado em Taung na Bechuanalândia (antigo nome do actual Botswana).
Nascido em Toowong, Brisbane, na Austrália, ele estudou nas universidades de Queensland, Sydney e no University College de Londres. Em 1922 Dart foi nomeado chefe do novo departamento de anatomia da Universidade de Witwatersrand em Joanesburgo, na África do Sul.
Em 1924, um aluno trouxe-lhe o crânio fossilizado de um babuíno descoberto numa pedreira perto da Universidade, em Taung. Isto despertou o interesse de Dart que solicitou que novas descobertas similares lhe fossem trazidas. A primeira a chegar foi o rosto e um maxilar de um crânio fossilizado cravado na rocha. Inicialmente pensou que os ossos pertencessem a um símio mas depois concluiu que os dentes e o maxilar pareciam humanos. Dart demorou 73 dias a remover os ossos incrustados na rocha. Um exame mais minucioso levou-o a concluir que se tratava de um jovem. Dart atribuiu ao fóssil o nome Australopithecus africanus, que significa "macaco do Sul da África" e alcunhou-o de "Rapaz de Taung".
Embora o cranêo tivesse o tamanho do de um macaco, Dart estava convencido, pela forma como este assentava sobre a coluna vertebral, que a criatura deveria ter caminhado sobre duas pernas, sendo assim um hominídeo. Portanto, Dart considerou o Australopithecus africanus uma espécie nova e, possivelmente o "elo perdido" da evolução entre os símios e os seres humanos, devido ao pequeno volume do seu crânio, mas com uma dentição relativamente próxima dos humanos e por ter provavelmente uma postura vertical.
Esta revelação foi muito criticada pelos cientistas da época, entre os quais Sir Arthur Keith, que postulava que o “crânio infantil de Taung” não passava do crânio de um pequeno gorila. Como o crânio era realmente dum jovem, havia espaço para várias interpretações e, mais importante, nessa altura não se acreditava que o "berço da humanidade" pudesse estar em África.
As descobertas de Robert Broom em Swartkrans, na década de 30, corroboraram a conclusão de Dart, mas algumas das suas ideias continuam a ser contestadas, nomeadamente a de que os ossos de gazela encontrados junto com o crânio podiam ser instrumentos daquela espécie.
Raymond Dart continuou como director da Escola de Anatomia da Universide de Witwatersrand, até 1958 e, em 1959 escreveu a suas memórias, a que chamou “Aventuras com o Elo Perdido”. O Instituto para o Estudo do Homem em África foi fundado na Wits em sua honra.

Adolphe Sax, o pai do saxofone, morreu há 120 anos

Antoine Joseph Sax (Dinant, 6 de novembro de 1814 - Paris, 4 de fevereiro de 1894), mais conhecido como Adolphe foi um construtor de instrumentos belga, conhecido por ter inventado o saxofone.

Biografia
Adolphe Sax nasceu em Dinant, Bélgica. O pai, Charles-Joseph Sax, também era construtor de instrumentos. Adolphe cedo começou a construir os seus instrumentos.
Quando deixou a escola, Sax começou as experiências para descobrir novos instrumentos, a sua primeira invenção importante foi um melhoramento no clarinete baixo, que patenteou, apenas com 20 anos de idade
Em 1840 inventou o saxofone e, em 1841, Sax mudou-se para Paris, onde continuou a trabalhar na construção e invenção de instrumentos.
A sua invenção mais famosa foi o saxofone, destinada a ser usado nas bandas militares. O instrumento tem o corpo metálico, com uma palheta de madeira, semelhante ao clarinete.
O compositor Hector Berlioz escreveu aprovando o novo instrumento em 1842, mas Sax apenas patenteou o instrumento em 1846, depois de desenhar e construir toda a família de saxofones (do soprano ao contrabaixo).
A partir de 1867, Sax foi professor do conservatório de Paris.
Morreu em 1894 em Paris e está enterrado no cemitério de Montmartre.


Henrique Galvão nasceu há 119 anos

(imagem daqui)

Henrique Carlos da Mata Galvão (Barreiro, 4 de fevereiro de 1895 - São Paulo, 25 de junho de 1970) foi um capitão do exército, inspetor da administração colonial portuguesa e escritor português. Ficou mundialmente famoso, em 1961, por ter organizado e comandado o assalto ao paquete Santa Maria, numa tentativa de provocar uma crise política contra o regime de Salazar.

Biografia
Henrique Galvão desde cedo seguiu a carreira militar. Foi um dos apoiantes de Sidónio Pais. Foi administrador do concelho de Montemor-o-Novo. Participou na revolução de 28 de maio de 1926 e foi um fervoroso salazarista.
Foi Comissário Geral da Exposição Colonial Portuguesa, realizada no Porto, em 1934. Nesse mesmo ano foi nomeado como primeiro director da Emissora Nacional e, a 1 de agosto, agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Cristo. Mais tarde, esteve em África, onde organizou acções de propaganda. Foi governador de Huíla. Angola inspirou-lhe a veia literária, tendo escrito uma série de livros brilhantes sobre a vida nas colónias africanas, a sua antropologia e zoologia.
No início da década de 50, Henrique Galvão desiludiu-se com o regime de Salazar e começou a conspirar com outros militares, mas acabou por ser descoberto, preso e expulso do exército. Em 1959, aproveitando uma ida ao Hospital de Santa Maria, fugiu e refugiou-se na embaixada da Argentina, tendo conseguido exílio político na Venezuela. Henrique Galvão era, com Humberto Delgado, uma figura extremamente popular nos meios oposicionistas não afectos ao Partido Comunista Português. Para o Partido Comunista, Portugal ainda não estava pronto para a revolução, enquanto Galvão achava que não havia tempo a perder. Foi durante o exílio que começou a preparar aquela que seria a sua acção mais espectacular: o desvio do paquete português Santa Maria, cheio de passageiros, a que deu o nome de "Operação Dulcineia". Coordenou esta acção com Humberto Delgado, que estava exilado no Brasil.

(imagem daqui)

Santa Maria/Santa Liberdade
O navio escolhido foi o paquete "Santa Maria", que tinha largado em 9 de janeiro de 1961 para uma viagem regular até Miami. Galvão embarcou clandestinamente no navio, em Curaçao, Antilhas Holandesas. A bordo já se encontravam os 20 elementos da Direcção Revolucionária Ibérica de Libertação, grupo que assumiria a responsabilidade pelo assalto. O navio levava cerca de 612 passageiros, muitos norte-americanos, e 350 tripulantes. A operação começou na madrugada de 22 de janeiro, com a ocupação da ponte de comando. Um dos oficiais de bordo ofereceu resistência e foi morto a tiro; os restantes renderam-se. O paquete mudou de rumo e partiu em direcção a África. Henrique Galvão queria dirigir-se à ilha espanhola de Fernando Pó, no golfo da Guiné, e a partir daí atacar Luanda, que seria o ponto de partida para o derrube dos governos de Lisboa e Madrid. Um plano megalómano e quixotesco, condenado ao fracasso, mas que chamaria as atenções internacionais para a ditadura salazarista.
As coisas começaram a complicar-se quando o navio foi avistado por um cargueiro dinamarquês, que avisou a guarda costeira americana. Daí até à chegada dos navios de guerra foi um ápice. Vendo que tudo estava perdido, Henrique Galvão decidiu rumar ao Recife e render-se às autoridades brasileiras, pedindo asilo político, que foi aceite.

Morte
Henrique Galvão, morreu em São Paulo, em 25 de junho de 1970, com a doença de Alzheimer. A 7 de novembro de 1991 foi agraciado a título póstumo com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.

O pastor Dietrich Bonhoeffer nasceu há 108 anos

Dietrich Bonhoeffer (Breslau, 4 de fevereiro de 1906 - Berlim, 9 de abril de 1945) foi um teólogo, pastor luterano, membro da resistência alemã anti-nazi e membro fundador da Igreja Confessante, ala da igreja evangélica contrária à política nazi.
Bonhoeffer envolveu-se na trama da Abwehr para assassinar Hitler. Em março de 1943 foi preso e acabou sendo enforcado, pouco tempo antes do próprio Hitler cometer suicídio.

Biografia
Nascido em Breslau em 4 de Fevereiro 1906, filho de um psiquiatra de classe média alta. Quando jovem decidiu-se seguir a carreira pastoral na Igreja Luterana, doutorou-se em teologia na Universidade de Berlim e fez um ano de estudos no Union Theological Seminary em Nova York. Retornou a Alemanha em 1931.
Bonhoeffer foi um dos mentores e signatários da Declaração de Bremen, quando em 1934 diversos pastores luteranos e reformados, formaram a Bekennende Kirche, Igreja Confessante, rejeitando desafiadoramente os nazis:
Jesus Cristo, e não homem algum ou o Estado, é o nosso único Salvador.
Obviamente o movimento foi posto em ilegalidade e em Abril de 1943 foi preso por ajudar judeus a fugirem para a Suíça. Levado de uma prisão para outra, em 9 de Abril de 1945, três semanas antes que as tropas aliadas libertassem o campo, foi enforcado, junto com seu irmão Klaus, e cunhados Hans von Dohnanyi e Rüdiger Schleicher.
Sua obra mais famosa, escrita no período de ascensão do nazismo foi "Discipulado" (Nachfolge) na qual desenvolve a polémica acerca da teologia da graça, fundamento da obra de Lutero. O livro opõe-se a ênfase dada à "justificação pela graça sem obras da lei", afirmando que:
A graça barata é inimiga mortal de nossa Igreja. A nossa luta trava-se hoje em torno da graça preciosa que é um tesouro oculto no campo, por amor do qual o homem sai e vende tudo que tem (...) o chamado de Jesus Cristo, ao ouvir do qual o discípulo larga suas redes e segue (...) o dom pelo qual se tem que orar, a porta a qual se tem que bater.
Destas linhas já se denota o profundo "fazer teológico poético" que tanto caracteriza a obra de Bonhoeffer.
Quando já estava sendo perseguido pelos nazis, Bonhoeffer escreveu um tratado considerado por muitos uma das maiores obras primas do protestantismo, que denominou simplesmente "Ética". É nesta obra que ele justifica, em parte, o seu empenho na resistência alemã anti-nazi e seu envolvimento na luta contra Adolf Hitler, dizendo que:
É melhor fazer um mal do que ser mau.
As suas cartas da prisão são um exemplo de martírio e também um tesouro para a Teologia Cristã do século XX.

José Cid - 72 anos

José Cid, nome artístico de José Albano Salter Cid de Ferreira Tavares (Chamusca, 4 de fevereiro de 1942) é um cantor, compositor, músico e produtor musical português.

Biografia
Terceiro filho de Francisco Albano Coutinho Ferreira Tavares (neto paterno do 1.º Barão do Cruzeiro e sobrinho-neto paterno do 1.º Visconde dos Lagos e representante de ambos os títulos) e de sua mulher Fernanda Salter Cid Freire Gameiro, mudou-se com os pais e com as duas irmãs mais velhas para Mogofores, perto de Anadia, aos onze anos.
Iniciou a sua carreira musical em 1956, com a fundação de Os Babies, agrupamento musical que se dedicava à interpretação de versões (covers), que durou até 1958.
Aos 17 anos compôs a sua primeira canção, "Andorinha", um tema com influências jazzísticas.
Em 1960 integrou, em Coimbra, o Conjunto Orfeão, com José Niza, Proença de Carvalho e Rui Ressurreição.
Também nos 1960, esteve na banda rock and roll e surf rock , Os Claves, que se dedicavam à interpretação de versões.
Em 1965 abandona Coimbra, onde frequentava a Faculdade de Direito, sem terminar o primeiro ano. Ingressa nesse ano no Instituto Nacional de Educação Física, onde tem como colega um irmão de Michel, membro do Conjunto Mistério. Após uma audição é convidado a entrar para o grupo, que daria origem ao Quarteto 1111.
José Cid também não chega a concluir o curso de Educação Física, porque em 1968 é chamado a cumprir o Serviço Militar. Até 1972 permaneceu como oficial miliciano da Força Aérea Portuguesa, no Centro de Formação Militar e Técnica, situado na Ota. Dava aulas de ginástica de manhã, saía à tarde para ensaiar na garagem e actuava com os 1111 aos fins-de-semana.
O primeiro disco a solo de José Cid, "Lisboa Camarada", de 1969, é proibido pela Censura.
Popularizou-se como teclista e vocalista no Quarteto 1111, tendo grande êxito com a A Lenda de El-Rei D. Sebastião, de 1967, um tema inovador no panorama musical da época. O álbum homónimo dos 1111 seria editado em 1970, mas não chegou a sair, por interferência da censura.
Em maio de 1971 é editado o seu primeiro álbum a solo, homónimo, que inclui temas como "Dom Fulano", "Lisboa Ano 3000" e "Não Convém". Lança também o EP "Lisboa Perto e Longe" (com os temas "Lisboa Perto e Longe", "Dida", "Dona Feia, Velha e Louca" e "Zé Ninguém"). A poetisa Natália Correia é um dos nomes que colabora com José Cid nesta fase. Em agosto desse ano toca num célebre Festival, em Vilar de Mouros, com o Quarteto 1111. Em novembro participa, com "Ficou Para Tia", no World Popular Song Festival de Tóquio. É editado um novo EP com os temas "História Verdadeira de Natal", "Todas As Aves do Mundo", "Ficou Para Tia" e "Levaram Tudo O Que Eu Tinha".
Em maio de 1972 lança um EP com os temas "Camarada", "Retrospectiva", "Viagem" e "Corpo Abolido". Tonicha participa na edição de estreia do Festival da OTI, realizado em Madrid, com a canção "Glória, Glória, Aleluia", da autoria de José Cid. Em novembro de 1972 regressa ao Festival de Tóquio, desta vez como autor de "Desde Que Me Ames Um Pouco" interpretado por Vittorio Santos.
Os Green Windows formam-se em 1972, para o Festival dos Dois Mundos. Eram o Quarteto 1111 mas mais comercial e com algumas das namoradas e das mulheres. No ano seguinte é lançada a música "Vinte Anos", que vendeu mais de 100.000 discos.
Uma das suas composições mais conhecidas, Ontem, hoje e amanhã, seria premiada no Festival Yamaha de Tóquio em 1975.
É editado "Onde Quando Como Porquê, Cantamos Pessoas Vivas - Obra Ensaio de José Cid" o último trabalho do Quarteto 1111, antes de acabarem.
Os singles "Portugal É!..." e "A Festa do Zé" são editados em 1975. É editado nesse ano o último single dos Green Windows com José Cid, intitulado "Quadras Populares".
Fundou o grupo Cid, Scarpa, Carrapa & Nabo, com Guilherme Inês, José Moz Carrapa e Zé Nabo, com o qual gravou o tema Mosca super-star e o EP Vida (Sons do Quotidiano), em 1977.
Em 1978, lançou o álbum 10.000 anos depois entre Vénus e Marte, um marco na história do rock progressivo, que viria a obter mais tarde reconhecimento a nível internacional, sendo incluído numa lista de 100 melhores álbuns de rock progressivo do mundo, organizada pela revista americana Billboard.
Em 1979 grava o disco "José Cid canta Coisas Suas" que inclui temas muito populares até aos dias de hoje, como "Na Cabana Junto à Praia", "A Pouco a Pouco", "Olinda a Cigana" e "Verdes Trigais Em Flor". Participa nesse mesmo ano no Festival OTI da Canção com a canção "Na Cabana Junto à Praia", de 1979, classificando-se em 3.º lugar.
Após várias participações, em 1980 vence o Festival RTP da Canção com a música Um grande, grande amor, com 93 pontos. No Festival Europeu da Canção, conquistou um honroso sétimo lugar, com 80 pontos, entre dezanove concorrentes. Grava o disco em inglês "My Music" que é apresentado em Cannes, no MIDEM. Em Los Angeles grava, para a editora Family, o tema "Springtime Of My Life", com produção de Mike Gold que conheceu no Midem e que trabalhara com Frank Sinatra.
O single "Como o Macaco Gosta de Banana" é lançado em 1982. Obtém algum sucesso nos mercados Australiano e Sul-Africano. Na Austrália chega a tocar com os conhecidos Men At Work. Em 1983 lança a música Portuguesa Bonita.
Em 1984 grava para a RTP Música Portuguesa, voltando a reunir o Quarteto 1111 e faz-se acompanhar pelos músicos da banda tribo.
Em 1985 participa no disco solidário "Abraço a Moçambique". Nesse mesmo ano é editado um disco com os temas "Noites de Luar" e "Sonhador". É editado ainda o single "Saudades de Ti".
Em 1986 lança o LP "Xi-Coração" que incluí temas como "Velho Moinho", "Chovia em Paris" e "Uma Balalaica".
Surpreende tudo e todos em 1987 ao lançar um disco composto apenas de fados conhecidos, designado por "Fado de Sempre". O Quarteto 1111 reúne-se nesse ano e é editado o single "Memo/Os Rios Nasceram Nossos".
No Natal de 1989 volta a gravar para a RTP, um programa chamado Natal com José Cid, onde interpreta algumas das suas músicas, já gravadas na Polygram, após a Orfeu deixar de operar. Teve alguns convidados, entre os quais Tozé Brito e o fadista, na altura amador, Manuel João Ferreira.
Em 1991 lança o duplo-álbum "De Par em Par", que inclui a regravação de alguns temas da sua carreira como "Na Cabana Junto à Praia" e "A Rosa Que Te Dei" e outros como "Em Casablanca", "Sempre Que o Amor Me Quiser", "Fã do Rui" e "D. Sebastião Morreu".
Em 1992 lança o disco "Camões, as descobertas...e nós" de José Cid e Amigos. Contou com a participação de nomes como Pedro Caldeira Cabral, António Pinto Basto, Rita Guerra, Jorge Palma, Carlos do Carmo e Paulo Bragança.
Em 1994, lança o álbum "Vendedor de Sonhos" com produção de Rui Vaz. O disco inclui temas como "Mudança", "Bola de Cristal" e "Não Tenho Lágrimas". Com esse mesmo disco, fez estalar uma polémica, ao posar nu para uma revista social, apenas com esse disco de ouro a tapar as suas partes íntimas. A intenção foi protestar contra a forma como as rádios desprezavam (e continuam a desprezar) os intérpretes portugueses, incluindo ele próprio, em proveito de intérpretes estrangeiros.
Em 1996 é editado o álbum "Pelos Direitos do Homem", dedicado à causa da independência de Timor-Leste, tendo recebido fax e carta de Ramos Horta, Prémio Nobel da Paz, a agradecer a solidariedade. Participam vários nomes da editora: Miguel Angelo, Sara Tavares, Inês Santos e Olavo Bilac. Neste disco aparecem versões de "Sete Mares" e "Noite Passada". Lança ainda o álbum "Nunca Mais É Sexta-Feira".
Em 1997 é editado o disco "Cais Sodré", álbum jazzístico gravado ao primeiro "take". Foi reeditado em 2008 e integrado num trabalho do cartoonista Pedro Zamith.
Vence o Festival da Canção de 1998 com os Alma Lusa e o tema "Se Te Pudesse Abraçar". Lança o disco "Ode A Frederico Garcia Lorca" que junta as guitarras de Coimbra à poesia de Lorca num ano de celebração do centenário do poeta espanhol. Lança ainda o tema "Entre Margens" em que se destaca o tema "S. Salvador do Mundo".
Em 2000 publicou o livro Tantos anos de poesia.
O disco “De Surpresa” é editado no final de 2001. O angolano Waldemar Bastos participa numa nova versão de "Lisboa Perto e Longe”. Três dos temas deste álbum são cantados em inglês e foram gravados em Boston, em 1999, com produção de Robert Nargassams. Os cantores Vitorino, Paulo de Carvalho, Carlos Moisés, Nuno Barroso e José Gonçalo são outros dos nomes que colaboraram neste disco.
Em 2003 é editado o duplo CD "Antologia - Nasci P'rá Música" que reúne alguns dos maiores êxitos de José Cid gravados, entre 1977 e 1985.
Em 2004 é convidado para participar em vários anúncios de uma conhecida marca de chás gelados. "Olá malta! Tudo bem? Tá-se?" Este anúncio e o sucesso que teve ligou-o às gerações mais novas que o redescobrem.
Em 2006 actua no renovado Maxime em duas noites completamente esgotadas. Em julho lança o disco "Antologia - Baladas Da Minha Vida" que inclui dois inéditos O melhor tempo da minha vida e Café Contigo e a regravação de baladas em formato acústico. Participa no disco dos Mercado Negro.
O ano de 2007, é de consagração, e presença assídua em diversos programas televisivos, concertos em eventos académicos entre outros. Lançou o álbum duplo “Pop, Rock e Vice Versa”, revisitando a vertente mais pesada da sua carreira, com inclusão de novas versões dos temas “A pouco e pouco”, “Como o Macaco gosta de Banana” e “Topo de Gama” - versão dos Clã e outros. Actuou no Campo Pequeno para 4800 espectadores, convidando André Sardet, Luís Represas e os elementos do Quarteto 1111, lançando um CD (Dupla Platina) e DVD desse concerto.
Em 2009 recebeu o prémio de consagração de carreira pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), prémio anteriormente atribuído na área da literatura, do teatro e do cinema, sendo o primeiro músico a ser distinguido. Lança o álbum "Coisas do Amor e do Mar", com a participação de André Sardet, Luís Represas e Susana Félix. Destaca-se a balada "Mais 1 dia", que foi escolhida para ser o tema genérico da nova telenovela Meu Amor da TVI, que foi destinguida com um Emmy Award.
Em 2011 lançou o disco "Quem Tem Medo de Baladas", em que apresenta 14 temas originais e 14 versões. Destacam-se as baladas "Tocas Piano Como Quem Faz Amor", que é referida pelo mesmo como autobiográfica e o tema "Um Louco Amor".
José Cid casou-se na Igreja de Santo António, no Estoril, Cascais, a 31 de agosto de 1963 com Emília Infante da Câmara Pedroso, nascida em Lisboa, São Sebastião da Pedreira, a 17 de novembro de 1943, com quem teve uma filha, Ana Sofia Infante Pedroso Cid - Urgehe pelo seu casamento -, nascida em Lisboa, Santa Maria de Belém, a 23 de setembro de 1964, e de quem se divorciou. Ana Sofia viria a colaborar com o pai em algumas letras e nos coros de várias músicas. Casou ainda com Maria Armanda Monteiro Ricardo, de quem se divorciou doze anos depois, e mais tarde casou ainda com a Nani, de quem também se divorciou. É avô materno de Francisco Infante Pedroso Cid Urgehe.
Em 1 de setembro de 2013, casou-se, nas Caraíbas, com Gabriela Carrascalão, jornalista e pintora timorense de 63 anos.
Assumido como monárquico e anarquista, continua a viver em Mogofores, passando longas temporadas na sua Chamusca natal. É pretendente aos títulos de Barão do Cruzeiro e de Visconde dos Lagos, títulos concedidos aos seus antepassados por El-Rei D. Luís I.

segunda-feira, fevereiro 03, 2014

O compositor romântico Felix Mendelssohn nasceu há 205 anos

Jakob Ludwig Felix Mendelssohn Bartholdy conhecido como Felix Mendelssohn (Hamburgo, 3 de fevereiro de 1809 - Leipzig, 4 de novembro de 1847) foi um compositor, pianista e maestro alemão do início do período romântico. Algumas das suas mais conhecidas obras são a suíte Sonho de uma Noite de Verão (que inclui a famosa marcha nupcial), dois concertos para piano, o concerto para violino, cerca de 100 lieder, e os oratórios São Paulo e Elijah entre outros.

Biografia
Mendelssohn era filho do banqueiro Abraham Mendelssohn e de Lea Salomon, e neto do filósofo judaico-alemão Moses Mendelssohn, membro de uma família judia notável, mais tarde convertida ao cristianismo. Começou a compor aos nove anos (mais tarde mudou o seu sobrenome para Mendelssohn Bartholdy).
Felix cresceu num ambiente de intensa efervescência intelectual. As maiores mentes da Alemanha foram visitas frequentes da sua família, na casa em Berlim, incluindo a Wilhelm von Humboldt e Alexander von Humboldt. A sua irmã Rebecca casou com um grande matemático belga, Lejeune Dirichlet.
O seu pai, Abraham, renunciou à religião judaica e a família mudou-se para Berlim em 1811. Abraham e Lea tentaram dar a Felix Mendelssohn, ao seu irmão Paul e às suas irmãs Fanny e Rebeca, a melhor educação possível. A sua irmã, Fanny Mendelssohn (mais tarde, Fanny Hensel), tornou-se uma reconhecida pianista e compositora.
Mendelssohn era considerado uma criança prodígio. Começou a ter lições de piano com a sua mãe aos seis anos, acompanhados por Marie Bigot. A partir de 1817, estudou composição com Carl Friedrich Zelter em Berlim. Escreveu e publicou o seu primeiro trabalho, um quarteto com piano, aos treze anos. Mais tarde teve aulas de piano do compositor e virtuoso Ignaz Moscheles, que confessou em seu diário que ele tinha muito a ensinar-lhe. Moscheles foi grande colega e amigo ao longo da vida.
Charles Rosen, no seu livro A Geração Romântica, deprecia Mendelssohn como "kitsch religioso", opinião essa que  reflete um contínuo desprezo pela sua estética musical por parte de Richard Wagner e os seu seguidores.
Na Inglaterra, a reputação de Mendelssohn manteve-se elevada durante muito tempo. A Rainha Victoria demonstrou o seu entusiasmo, quando no Crystal Palace foi construída em 1854, uma estátua de Mendelssohn.

Morte
Uma paixão não correspondida pela soprano sueca Jenny Lind pode ter contribuído para a morte do compositor alemão Félix Mendelssohn. Essa é a tese levantada por uma jornalista do The Independent, Jessica Duchen. A tese tem por base um documento depositado nos arquivos da Royal Academy of Music, em Londres: uma declaração do marido de Jenny Lind, Otto Goldschmidt, confessando ter destruído uma carta de Mendelssohn para Jenny, que poderia macular profundamente as reputações da sua mulher e de Mendelssohn. Na carta o compositor teria declarado um amor ardente por ela, implorando que ela fugisse com ele para os Estados Unidos e ameaçando suicídio caso ela recusasse. Supõe-se que Jenny, de facto, recusou. Meses depois, Mendelssohn estava morto.


A música do Hino dos Açores faz hoje 120 anos!

Brasão de Armas dos Açores

A música do Hino dos Açores foi composta por Joaquim Lima, um filarmónico de renome e regente de banda que então residia em Rabo de Peixe, durante as campanhas autonomistas da década de 1890, o Primeiro Movimento Autonomista Açoriano. Terá sido tocado em público, pela primeira vez, pela Filarmónica Progresso do Norte em Rabo de Peixe, na ilha de São Miguel, a 3 de fevereiro de 1894. Intitulava-se então Hino Popular da Autonomia dos Açores.

Atual bandeira autonómica dos Açores

Letra atual
O texto do Hino dos Açores, da autoria de Natália Correia, oficialmente adoptado pelo Decreto Regulamentar Regional n.º 49/80/A, de 21 de outubro, é o seguinte:
Deram frutos a fé e a firmeza
no esplendor de um cântico novo:
os Açores são a nossa certeza
de traçar a glória de um povo.
Para a frente! Em comunhão,
pela nossa autonomia.
Liberdade, justiça e razão
estão acesas no alto clarão
da bandeira que nos guia.
Para a frente! Lutar, batalhar
pelo passado imortal.
No futuro a luz semear,
de um povo triunfal.
De um destino com brio alcançado
colheremos mais frutos e flores;
porque é esse o sentido sagrado
das estrelas que coroam os Açores.
Para a frente, Açorianos!
Pela paz à terra unida.
Largos voos, com ardor, firmamos,
para que mais floresçam os ramos
da vitória merecida.
Para a frente! Lutar, batalhar
pelo passado imortal.
No futuro a luz semear,
de um povo triunfal.

História
O Hino dos Açores terá sido tocado em público pela primeira vez pela Filarmónica Progresso do Norte em Rabo de Peixe, na ilha de São Miguel, a 3 de fevereiro de 1894. Nesse mesmo dia, António Tavares Torres, então presidente da Comissão Executiva da Câmara Municipal da Ribeira Grande, acompanhado de um grupo de amigos e da Filarmónica Progresso do Norte, foi a Ponta Delgada apresentar o hino. Depois da Filarmónica o ter executado em frente das residências dos membros da Comissão Eleitoral Autonómica, ao anoitecer, reuniu-se no Campo de São Francisco um largo grupo de apoiantes da autonomia, que depois percorreu as ruas da cidade em direcção ao Centro Autonomista frente ao qual se realizou um comício autonomista da campanha para as eleições gerais daquele ano. No comício discursaram, entre outros, Caetano de Andrade, Pereira Ataíde, Gil Mont'Alverne de Sequeira e Duarte de Almeida.
A 14 de abril de 1894, dia das eleições gerais em que foram eleitos deputados autonomistas Gil Mont'Alverne de Sequeira, Pereira Ataíde e Duarte de Andrade Albuquerque, realizou-se um cortejo pelas ruas de Ponta Delgada, integrando filarmónicas que tocavam o Hino da Autonomia, que os acompanhantes cantavam.
A 9 de março de 1895, as filarmónicas também tocaram o Hino da Autonomia na Praça do Município de Ponta Delgada, numa festa organizada para assinalar a promulgação do Decreto de 2 de março de 1895, que concedia, embora mitigada, a tão desejada autonomia.
Ao longo dos anos, e em função da evolução política, o hino terá tido várias letras. A primeira que se conhece é a do Hino Autonomista, na realidade o hino do Partido Progressista Autonomista, liderado por José Maria Raposo de Amaral, então maioritário em São Miguel. Essa composição era da autoria do poeta António Tavares Torres, natural de Rabo de Peixe e militante daquele partido.
Com o advento do Estado Novo e do nacionalismo, o Hino dos Açores foi votado ao ostracismo.
Com a autonomia constitucional, o Hino dos Açores foi oficialmente adotado pelo parlamento açoriano e a sua música, com arranjo de Teófilo Frazão sobre o original, oficialmente aprovada pelo Decreto Regulamentar Regional n.º 13/79/A, de 18 de maio. Face à inexistência de uma letra com aceitação generalizada, foi encomendada uma nova à poetisa açoriana Natália Correia.
A versão oficial do Hino dos Açores foi cantada pela primeira vez em público a 27 de junho de 1984, por alunos do Colégio de São Francisco Xavier. Estiveram presentes na cerimónia João Bosco da Mota Amaral, então Presidente do Governo Regional dos Açores, membros do Governo e diversas entidades oficiais. O Hino foi cantado por 600 crianças, vestidas de saia azul, blusa branca e laço amarelo, que tinham sido ensaiadas pela professora Eduarda Cunha Ataíde.