sábado, fevereiro 09, 2019

Carmen Miranda nasceu há 110 anos

Maria do Carmo Miranda da Cunha (Marco de Canaveses, 9 de fevereiro de 1909 - Los Angeles, 5 de agosto de 1955), mais conhecida como Carmen Miranda, foi uma cantora e atriz luso-brasileira. A sua carreira artística decorreu no Brasil e Estados Unidos entre as décadas de 30 e 50. Trabalhou no rádio, no teatro de revista, no cinema e na televisão, chegando a receber o maior salário até então pago a uma mulher nos Estados Unidos. Muito "avançada" para o seu tempo, Carmen Miranda - cuja imagem ficou para sempre associada aos penduricalhos ao pescoço e às frutas tropicais que lhe ornamentavam a cabeça - é considerada a pioneira do tropicalismo, movimento cultural brasileiro dos anos de 60. Tal afirmação ainda é desconsiderada por certos pesquisadores.
   
Infância
Carmen Miranda foi batizada com o nome de Maria do Carmo Miranda da Cunha na igreja da freguesia de Várzea da Ovelha e Aliviada, concelho de Marco de Canaveses. Era a segunda filha do barbeiro José Maria Pinto da Cunha (Marco de Canaveses, Várzea da Ovelha e Aliviada, 17 de Fevereiro de 1887 - 21 de Junho de 1938) e de sua mulher, Maria Emília Miranda (Marco de Canaveses, Várzea da Ovelha e Aliviada, 10 de março de 1886 - Rio de Janeiro, 9 de novembro de 1971). Ganhou o apelido de Carmen no Brasil, graças ao gosto que seu tio Amaro tinha por óperas.
A emigração da família para o Brasil já estava marcada. Entretanto, ao ver-se grávida, a mãe de Carmen preferiu aguardar. Pouco depois do seu nascimento, seu pai, José Maria, emigrou para o Brasil, onde se instalou no Rio de Janeiro. Em 1910, sua mãe, Maria Emília seguiu o marido, acompanhada da filha mais velha, Olinda, e de Carmen, que tinha menos de um ano de idade. Carmen nunca mais voltou ao país onde nascera. A Câmara Municipal de Marco de Canaveses deu o seu nome ao museu municipal.
No Rio de Janeiro, seu pai abriu um salão de barbeiro na rua da Misericórdia, número 70, em sociedade com um conterrâneo. A família estabeleceu-se no piso acima do salão. Mais tarde mudaram-se para a rua Joaquim Silva, número 53, na Lapa.
No Brasil, nasceram os outros quatro filhos do casal: Amaro (1911), Cecília (1913-2011), Aurora (1915 - 2005) e Óscar (1916).
Carmen estudou na escola de freiras Santa Teresa, na rua da Lapa, número 24. Teve o seu primeiro emprego aos 14 anos, numa loja de gravatas, e depois numa chapelaria. Contam que foi despedida por passar o tempo cantando, mas o seu biógrafo Ruy Castro diz que ela cantava por influência de sua irmã mais velha, Olinda, e que assim atraía clientes.
Nesta época, a sua família deixou a Lapa e passou a residir num sobrado na Travessa do Comércio, número 13. Em 1925, Olinda, acometida de tuberculose, voltou a Portugal para tratamento, onde permaneceu até sua morte em 1931. Para complementar as finanças familiares, a sua mãe passou a administrar uma pensão doméstica que servia refeições para empregados de comércio.
Em 1926, Carmen, que tentava ser artista, apareceu incógnita numa fotografia na sessão de cinema do jornalista Pedro Lima da revista Selecta. Em 1929, foi apresentada ao compositor Josué de Barros, que encantado com o seu talento passou a promovê-la em editoras e teatros. No mesmo ano, gravou na editora alemã Brunswick, os primeiros discos com o sambaNão Vá Sim'bora e o choroSe O Samba é Moda. Pela gravadora Victor, gravou Triste Jandaya (grafia original) e Dona Balbina ou "Buenas Tardes muchachos".
   
Início de carreira e consagração
Em 1928, o deputado baiano Aníbal Duarte, que almoçava na pensão dirigida por Maria Emília Miranda, apresentou Carmen a Josué de Barros. Josué trabalhava na Rádio Sociedade Professor Roquete Pinto e levou Carmen para atuar na emissora. Ele queria ouvir sua voz em disco, então a apresentou ao diretor da Brunswick e em 1929, ela gravou sua primeira música - o samba "Não vá s'imbora", com autoria de Josué. Carmen foi então apresentada ao diretor da gravadora RCA Victor, onde ela iniciou sua carreira gravando "Dona Balbina" e "Triste Jandaia". Meses depois foram lançadas as musicas "Barucuntum" e "Iaiá Ioiô".
O famoso compositor e médico Joubert de Carvalho escutou em disco Carmen cantar a música Triste Jandaia enquanto passava pela Rua Gonçalves Dias, ponto de encontro de músicos e compositores, e insistiu que alguém o apresentasse à cantora. Feitas as apresentações, Joubert revelou que queria escrever algo especial para ela. Ele compôs a música Taí com a marcha-canção Pra Você Gostar de Mim. A música foi um sucesso e o disco vendeu 35 mil cópias no ano de lançamento, recorde para a época, Carmen era então aclamada pela crítica como a maior cantora do Brasil.
Em 1933 ajudou a lançar a irmã Aurora na carreira artística. No mesmo ano, assinou um contrato de dois anos com a rádio Mayrink Veiga para ganhar dois contos de réis por mês. Foi a primeira cantora de rádio a merecer contrato, quando a praxe era o cachê por participação. Logo recebeu o apelido de "Cantora do It".
Apesar de Carmen não ser especificamente uma sambista – apesar de lhe terem atribuído esse título – chegou a gravar mais de vinte canções entre tangos (um de seus géneros favoritos), foxtrots, marchas de carnaval e lundus; dos mais populares autores brasileiros, como Ary Barroso, Pixinguinha, Noel Rosa, Cartola e Assis Valente. A carreira seguiria de vento em popa, Carmen excursionou por todos os estados do Brasil e logo começou a fazer sucesso nos países da América Latina. Em 30 de outubro de 1933, realizou sua primeira turnê internacional, apresentando-se em Buenos Aires. Voltou à Argentina no ano seguinte para uma temporada de um mês na Rádio Belgrano. Também passou a estrelar vários filmes na época, ao todo ela fez sete filmes no Brasil – a maioria, perdidos. Ela passou a ser chamada de "A Pequena Notável" - por causa da estatura baixa.
Em dezembro de 1936, Carmen deixou a Mayrink Veiga e assinou com a Tupi, ganhando semanalmente 1 conto de réis.
Carmen une-se posteriormente ao Bando da Lua, e com eles começa a fazer turnês pelo Brasil, apresentando-se. As pessoas ficam surpresas ao verificar que a dona da bela voz é também tão bela quanto ela e acompanhada pelo conjunto Diabos do Céu, de Pixinguinha grava canções como "Anoiteceu" e "Tempo perdido".
Dois anos depois de ingressar na Odeon, ela já era o mais popular e bem pago nome da música brasileira. Foi então que assumiu a condição de estrela principal do Cassino da Urca.
  
Cinema no Brasil
No início, sua carreira foi marcada por uma tímida atuação a solo e algumas interpretações em duo, com astros do porte de Chico Alves, Mário Reis e Sylvio Caldas. Mais tarde veio o cinema, que em 1933 leva a sua imagem e seu jeitinho esperto de olhar para todo o país com "Luz do Carnaval", o primeiro de uma série de 19 filmes que marcaram sua trajetória.
Em 1926 apareceu como figurante no filme A Esposa do Solteiro, e quatro anos depois assinou contrato para Degraos da Vida, que não chegou a ser rodado.
Em 1932 faz parte do elenco de artistas de um semidocumentário: "Carnaval Cantado de 1932 no Rio"
Em 1933, canta as marchas "Good-Bye Boy" e "Moleque Indigesto", documentário nos moldes de Carnaval Cantado.
Em 1934 canta duas músicas no filme "Alô, Alô, Brasil", tendo a ela sido concedida a última apresentação do filme, geralmente dada ao artista principal.
Em 1935, recebe o apelido de "A Pequena Notável", dado pelo célebre cantor-apresentador César Ladeira, com quem trabalhou na Rádio Mayrink Veiga.
Com o sucesso do filme, é convidada para participar, em 1935 do filme "Estudantes", pela primeira vez como protagonista. O êxito do filme levou a Cinédia a chamá-la para um novo filme: "Bonequinha de Seda". Esta, por algum motivo não elucidado - provavelmente viagem à Argentina - não aceitou o papel, que foi dado a Gilda de Abreu.
Em 20 de janeiro de 1936, estreou o filme Alô, Alô Carnaval com a famosa cena em que ela e Aurora Miranda cantam "Cantoras do Rádio". Neste mesmo celulóide, canta uma música sozinha no palco. No mesmo ano, as duas irmãs passaram a integrar o elenco do Cassino da Urca de propriedade de Joaquim Rolla. A partir de então as duas irmãs se dividiram entre o palco do cassino e excursões frequentes pelo Brasil e Argentina.
Quase todos os musicais tiveram como tema o Brasil e o Carnaval, mas foi o último filme, Banana da Terra, de 1939, que instaurou o estilo que consagrou Carmen Miranda no mundo todo. Ela apareceu interpretando O que é que a Baiana Tem? de Dorival Caymmi, usando as famosas roupas de baiana, turbantes, as altíssimas sandálias de plataforma e os inúmeros colares e pulseiras.
Depois de uma apresentação para o astro de Hollywood Tyrone Power em 1938, aventou-se a possibilidade de uma carreira nos Estados Unidos. Carmen recebia o fabuloso salário de 30 contos de réis mensais no Cassino da Urca e não se interessou pela ideia.
Em 1939, o empresário dos Estados Unidos Lee Shubert e a atriz Sonja Henie assistiram ao espetáculo de Carmen no Cassino da Urca. Depois de um espetáculo no transatlântico Normandie, Carmen assinou contrato com o empresário. A execução do contrato não foi imediata, pois a cantora fazia questão de levar o grupo musical Bando da Lua para a acompanhar, mas o empresário estava apenas interessado em Carmen. O impasse foi resolvido graças à intervenção de Alzira Vargas, que garantiu o embarque dos integrantes do Bando da Lua. Carmen partiu no navio SS Uruguay em 4 de maio de 1939, nas vésperas da Segunda Guerra Mundial.
   
Carreira nos Estados Unidos
Protagonista de uma carreira meteórica, Carmen conseguiu uma projeção internacional como nenhuma outra artista do país, primeiro na Argentina e outros países da América Latina e depois nos Estados Unidos, Europa e em todo o mundo.
Nos Estados Unidos, a carreira de Carmen Miranda e sua imagem ganharam novas conotações. Carmen foi inicialmente contratada para trabalhar na Broadway fazendo performances musicais em grandes teatros e casas de entretenimento, já em 1940 começa a atuar também na indústria cinematográfica. Sempre acompanhada nos palcos e nos filmes do Bando da Lua. Com os filmes hollywoodianos Carmen sedimentou sua popularidade no país e se tornou uma estrela internacional.
Em 29 de maio de 1939, estreou no espetáculo musical Streets of Paris, em Boston e em seguida na Broadway, com êxito estrondoso de público e crítica. As suas participações teatrais tornaram-se cada vez mais famosas.
Em 5 de março de 1940, fez uma apresentação perante o presidente Franklin D. Roosevelt durante um banquete na Casa Branca. Neste mesmo ano ela fez sua primeira aparição no cinema norte-americano; foi em Serenata Tropical (Down Argentine Way), da 20th Century-Fox, em que Carmen apenas canta. O filme estreou em outubro e bateu recordes de bilheteira.
Em pouco tempo fez participações em programas de grande audiência, cantando músicas como Mamãe Eu Quero, Tico-tico no Fubá, O que é que a Baiana Tem? e South American Way, tornando-se um fenómeno também nos EUA. Em 1945 tinha o maior salário de Hollywood, acima de nomes como Cary Grant e Humphrey Bogart. O figurino extravagante e peculiar, inspirado nas roupas das tradicionais baianas, ganhou o apelido de Miranda Look em Hollywood, na década de 40, seus turbantes e balangandãs foram copiados e expostos em vitrines de lojas, como cantora vendeu mais de 10 milhões de discos no mundo todo, ficou conhecida como a "The Brazilian Bombshell" (A Explosão Brasileira) alusão ao frenesi que causava nas suas apresentações.
A exótica baiana agradou aos norte-americanos, mas despertou polémica entre os brasileiros, com suas vestes estilizada e o arranjo de frutas tropicais que carregava sobre a cabeça – marcas definitivas de sua imagem – Carmen Miranda, acabou por expor ao mundo uma visão caricata e estereotipada do Brasil. No auge da “política da boa vizinhança” entre os Estados Unidos e a América do Sul, sua imagem latina era explorada pelos estúdios à exaustão. Tal exposição internacional fez despertar na intelectualidade brasileira um certo sentimento de desprezo por sua figura.
Em uma apresentação no Cassino da Urca com a presença de políticos importantes do Estado Novo, foi apupada pelos que a consideravam "americanizada". Entre os seus críticos havia muitos que eram simpatizantes de correntes políticas contrárias aos Estados Unidos.
Dois meses depois, Carmen voltaria ao mesmo palco e seria fartamente aplaudida por uma plateia mais afeita ao seu repertório, então já atualizado com respostas como "Disseram que Voltei Americanizada", especialmente composta por Vicente Paiva e Luiz Peixoto, no mesmo mês gravou seus últimos discos no Brasil.
Eles não podiam perceber que ela, a seu modo, resistia à americanização já anunciada em 1940, talvez o antiamericanismo de Carmen não estivesse em nenhuma grande manifestação pública de nacionalismo. Talvez a resistência subtil fosse a forma encontrada para suportar a máquina americana do show business.
Fabricada pelos filmes da 20th Century Fox sua imagem acabou criando um inconveniente para si própria: ela percebeu que estaria aprisionada a imagem da “Garota Latina” para sempre. Como contratada da Fox, Carmen era uma mina de ouro para a companhia, ela era obrigada a forçar um sotaque latino caricato, mesmo falando inglês perfeitamente. Nos filmes, grandes musicais luxuosos em Tecnicolor – tão estonteantes quanto o seu figurino – Carmen tanto podia interpretar uma brasileira, quanto uma mexicana, cubana, porto-riquenha ou até uma cigana. Mas ela era sempre a garota latina. Entre os atores com quem contracenou, estão nomes importantes da antiga Hollywood, como Alice Faye, Betty Grable, Jane Powell, Vivian Blaine, Don Ameche, Dean Martin, John Payne e Cesar Romero. Seus filmes mais importantes foram Uma Noite no Rio (1941), Aconteceu em Havana (1941), Minha Secretária Brasileira (1942), Entre a Loura e a Morena (1943), Alegria Rapazes (1944) e, em 1947, com Groucho Marx, Copacabana.
De 1940 à 1953 atuou em 14 filmes em Hollywood e nos mais importantes programas de rádio, televisão, casas noturnas, casinos e teatros norte-americanos. A Política de Boa Vizinhança, implementada pelos Estados Unidos para buscar aliados na Segunda Guerra Mundial, incentivou a imigração de artistas latino-americanos. Apesar de Carmen ter obtido o sucesso nos EUA muito antes da implantação desta política (o personagem Zé Carioca de Walt Disney esta muito mais associado a isto), ela acabou se tornando o modelo mais bem sucedido do projeto.
No fim dos anos 40 ela excursionou por toda a Europa, fez longa temporada no Teatro London Palladium em Londres, batendo recordes de público, e até chegou a receber simbolicamente as chaves da cidade de Estocolmo, capital da Suécia.
Ela se consagrou em 1941, ao ser a primeira e única luso-brasileira até hoje, a gravar as mãos e plataformas no cimento da calçada da fama do Teatro Chinês em Los Angeles. Em 8 de fevereiro de 1960 ganhou uma estrela póstuma na Calçada da Fama da Hollywood Boulevard. Carmen era a principal atração do Copacabana Night Club, famosa discoteca nova-iorquina, fundada em 1940 e que existe até hoje em Manhattan. O cartaz do "The Copa" é desde aquela época uma gravura estilizada de Carmen, em homenagem a cantora.
Carmen Miranda tornou-se um "hit" nos EUA. Ela apareceu em desenhos animados Tom & Jerry, Popeye e Looney Tunes. Foi imitada e caricaturada por Lucille Ball, Bob Hope, Jerry Lewis, Mickey Rooney e Dean Martin. A imagem de Carmen era muito forte, cómica, engraçada, caricata. Acabou-se criando um verdadeiro estereótipo, o que nem sempre é positivo. Mesmo assim, ela foi sem dúvidas foi a artista latina mais bem sucedida nos EUA em Hollywood, e lá sua imagem ainda hoje é mais forte do que no Brasil.
  
Casamento
Em 1946, Carmen era a artista mais bem paga de Hollywood e a mulher que mais pagava impostos  nos EUA. Em 17 de março de 1947 casou-se com o americano David Alfred Sebastian, nascido em Detroit a 23 de novembro de 1908. Antes, Carmen namorou vários astros de Hollywood e também o músico brasileiro Aloysio de Oliveira, integrante do Bando da Lua.
Antes de partir para os Estados Unidos e antes de conhecer o marido, Carmen namorou o jovem Mário Cunha e o bon vivant Carlos da Rocha Faria, filho de uma tradicional família do Rio de Janeiro. Já nos EUA, Carmen manteve caso com os atores John Wayne e Dana Andrews.
Em 1945, Carmen teve um breve relacionamento com o piloto da FAB Carlos Niemeyer, os dois se conheceram por acaso em Los Angeles, Niemeyer tinha ido aos Estados Unidos com um grupo de oito soldados levar aviões da FAB para concertos, o romance durou cerca de um mês, até Carlos voltar ao Brasil.
O casamento é apontado por todos os biógrafos e estudiosos de Carmen Miranda como o começo de sua decadência moral e física. O seu marido, David, antes um simples empregado de produtora de cinema, tornou-se "empresário" de Carmen Miranda e conduzia mal os seus negócios e contratos. Também era alcoólico e pode ter estimulado Carmen Miranda a consumir bebidas alcoólicas, das quais ela lse tornaria dependente. O casamento entrou em crise já nos primeiros meses, por conta de ciúmes excessivos, brigas violentas e traições de David, mas Carmen Miranda não aceitava o divócio pois era uma católica convicta. Engravidou em 1948, mas sofreu um aborto espontâneo depois de uma apresentação e não conseguiu mais engravidar, o que agravou suas crises depressivas e o abuso com bebidas e remédios sedativos.
  
Dependência de barbitúricos
Desde o início de sua carreira americana, Carmen fez uso de barbitúricos para poder dar conta de uma agenda extenuante. Adquiria as drogas com receitas médicas pois, na época, elas eram receitadas pelos médicos sem muitas preocupações com efeitos colaterais. Nos Estados Unidos, tornou-se dependente de vários outros remédios, tanto estimulantes quanto calmantes. Por conta do uso cada vez mais frequente, Carmen desenvolveu uma série de sintomas característicos do uso de drogas, mas não percebia os efeitos devastadores, que foram erroneamente diagnosticados como estafa (cansaço) por médicos americanos.
Em 3 de dezembro de 1954, Carmen regressou ao Brasil, após uma ausência de 14 anos viajando e fazendo shows pelo mundo, além de estar morando nos EUA. Ela continuava casada e sofrendo com o marido, cada vez mais alcoólico e violento. O seu médico brasileiro constatou a dependência química e tentou desintoxicá-la. Ficou quatro meses internada em tratamento numa suíte do hotel Copacabana Palace. Carmen melhorou, embora não tenha abandonado completamente remédios. Os exames realizados no Brasil não constataram alterações de frequência cardíaca.
  
Morte
Ligeiramente recuperada, regressou os Estados Unidos a 4 de abril de 1955. Imediatamente começou com as apresentações. Fez uma turnê por Cuba e Las Vegas entre os meses de maio e agosto e voltou a usar barbitúricos, além de fumar e beber mais do que antes.
No início de agosto de 1955, Carmen gravou uma participação especial no programa televisivo do comediante Jimmy Durante. Durante um número de dança, sofreu um ligeiro desmaio, desequilibrou-se e foi amparada por Durante. Recuperou-se e terminou o número. Na mesma noite, recebeu amigos em sua residência em Beverly Hills, à Bedford Drive, 616. Por volta das duas da manhã, após beber e cantar algumas canções para os amigos presentes, Carmen subiu para seu quarto para dormir. Acendeu um cigarro, vestiu um robe, retirou a maquilhagem e caminhou em direção à cama com um pequeno espelho à mão. Um colapso cardíaco fulminante a derrubou, ficando morta sobre o chão no dia 5 de agosto. O seu corpo foi encontrado pela mãe no dia seguinte, às 10.30 horas da manhã. Tinha 46 anos.
  
Funeral
Aurora Miranda, a sua irmã, recebeu na mesma madrugada um telefonema do marido de Carmen Miranda avisando sobre o falecimento. Aurora Miranda, desesperada por completo, passou então a notícia para as emissoras de rádio e jornais. Heron Domingues, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, foi o primeiro a noticiar a morte de Carmen Miranda em edição extraordinária do Repórter Esso.
Em 12 de agosto de 1955, o seu corpo embalsamado desembarcou de um avião no Rio de Janeiro. Uma imensa multidão se concentrou nas ruas por onde passou o cortejo, o corpo foi conduzido por uma carreta do Corpo de Bombeiros, envolto numa bandeira brasileira. Antes da saída do cortejo, o presidente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, vereador Salomão Filho, falou dando o ultimo adeus, em nome da cidade, à artista. Sessenta mil pessoas compareceram ao seu velório realizado no saguão da Câmara Municipal da então capital federal. O cortejo fúnebre até o Cemitério São João Batista foi acompanhado por cerca de meio milhão de pessoas que cantavam esporadicamente, em surdina, "Taí", um de seus maiores sucessos.
No ano seguinte, o prefeito do Rio de Janeiro Francisco Negrão de Lima assinou um decreto criando o Museu Carmen Miranda, o qual somente foi inaugurado em 1976 no Aterro do Flamengo. Hoje, um memorial em sua homenagem localiza-se no Largo da Carioca, Rio de Janeiro.
  
    

Há 55 anos, Ed Sullivan ajudou a lançar a beatlemania na América

The Ed Sullivan Show foi um programa de televisão dos Estados Unidos de variedades, que foi exibido de 20 de junho de 1948 até 6 de Junho de 1971 e apresentado por Ed Sullivan. O programa era exibido pela rede de televisão CBS aos domingos às 20.00 horas.
O programa exibia todo tipo de atrações, de apresentações de grupos de rock a óperas, de comediantes a espetáculos de ballet. O programa tinha a mesma essência dos vaudeville, inclusive Sullivan regularmente apresentava ex-participantes desses espetáculos.
Na noite de 9 de fevereiro de 1964, o The Ed Sullivan Show chegou ao auge da popularidade, com a apresentação do grupo britânico The Beatles, com uma audiência estimada em 70 milhões de norte-americanos. Até à chegada do homem à Lua, em 20 de julho de 1969, esta fora até então a maior audiência da televisão americana.
  
  
In late 1963, Sullivan and his entourage happened also to be passing through Heathrow and witnessed how The Beatles' fans greeted the group on their return from Stockholm, where they had performed a television show as warmup band to local star Lill Babs. Sullivan was intrigued, telling his entourage it was the same thing as Elvis all over again. He initially offered Beatles manager Brian Epstein top dollar for a single show but the Beatles manager had a better idea—he wanted exposure for his clients: the Beatles would instead appear three times on the show, at bottom dollar, but receive top billing and two spots (opening and closing) on each show.
The Beatles appeared on three consecutive Sundays in February 1964 to great anticipation and fanfare as "I Want to Hold Your Hand" had swiftly risen to No. 1 in the charts. Their first appearance on February 9 is considered a milestone in American pop culture and the beginning of the British Invasion in music. The broadcast drew an estimated 73 million viewers, at the time a record for US television. The Beatles followed Ed's show opening intro, performing "All My Loving"; "Till There Was You", which featured the names of the group members superimposed on closeup shots, including the famous "Sorry girls, he's married" caption on John Lennon; and "She Loves You". The act that followed Beatles in the broadcast was pre-recorded, rather than having someone perform live on stage amidst the pandemonium that occurred in the studio after the Beatles performed their first songs. The group returned later in the program to perform "I Saw Her Standing There" and "I Want to Hold Your Hand."
The following week's show was broadcast from Miami Beach where Muhammad Ali (then Cassius Clay) was in training for his first title bout with Sonny Liston. The occasion was used by both camps for publicity. On the evening of the television show (February 16) a crush of people nearly prevented the band from making it onstage. A wedge of policemen were needed and the band began playing "She Loves You" only seconds after reaching their instruments. They continued with "This Boy", and "All My Loving" and returned later to close the show with "I Saw Her Standing There", "From Me to You" and "I Want to Hold Your Hand."
They were shown on tape February 23 (this appearance had been taped earlier in the day on February 9 before their first live appearance). They followed Ed's intro with "Twist and Shout" and "Please Please Me" and closed the show once again with "I Want to Hold Your Hand."
The Beatles appeared live for the final time on August 14, 1965. The show was broadcast September 12, 1965 and earned Sullivan a 60 percent share of the nighttime audience for one of the appearances. This time they followed three acts before coming out to perform "I Feel Fine", "I'm Down", and "Act Naturally" and then closed the show with "Ticket to Ride", "Yesterday", and "Help!." Although this was their final live appearance on the show, the group would for several years provide filmed promotional clips of songs to air exclusively on Sullivan's program such as the 1966 and 1967 clips of "Paperback Writer", "Rain", "Penny Lane", and "Strawberry Fields Forever".
  
 

sexta-feira, fevereiro 08, 2019

Júlio Verne nasceu há 191 anos

Júlio Verne, em francês Jules Verne (Nantes, 8 de fevereiro de 1828 - Amiens, 24 de março de 1905), foi um escritor francês.
Júlio Verne foi o filho mais velho dos cinco filhos de Pierre Verne, advogado, e Sophie Allote de la Fuÿe, esta de uma família burguesa de Nantes. É considerado por críticos literários o precursor do género da ficção científica, tendo feito predições nos seus livros sobre o aparecimento de novos avanços científicos, como os submarinos, máquinas voadoras e viagem à Lua.
Até hoje Júlio Verne é um dos escritores cuja obra foi mais traduzida, com traduções em 148 línguas, segundo estatísticas da UNESCO, tendo escrito mais de 100 livros.
   

Dmitri Mendeleiev nasceu há 185 anos


Dmitri Ivanovich Mendeleev, também grafado Mendeleiev, (Tobolsk, 8 de fevereiro de 1834 - São Petersburgo, 2 de fevereiro de 1907), foi um químicorusso, criador da primeira versão da tabela periódica dos elementos químicos, prevendo as propriedades de elementos que ainda não tinham sido descobertos.

Vida e obra
Dmitri I. Mendeleev nasceu na cidade de Tobolsk na Sibéria. Era o filho mais novo de uma família de 17 irmãos. O seu pai, Ivan Pavlovich Mendeleev era diretor da escola da sua terra, perdeu a visão no mesmo ano do seu nascimento. e, como consequência, perdeu o seu trabalho.
Já que o seu pai recebia uma pensão insuficiente, a sua mãe Maria Dmitrievna Mendeleeva, passou a dirigir uma fábrica de cristais fundada pelo seu avô, Pavel Maximovich Sokolov. Na escola, desde cedo destacou-se em Ciências (nem tanto em ortografia). Um cunhado, exilado por motivos políticos e um químico da fábrica inspiraram a sua paixão pela ciência. Depois da morte do seu pai, um incêndio destruiu a fábrica de cristais. A sua mãe decidiu não reconstruir a fábrica mas sim investir as suas economias na educação do filho.
Nessa época todos os seus irmãos, exceto uma irmã, já viviam independentemente. A sua mãe então mudou-se, com ambos, para Moscovo, a fim de que ele ingressasse na Universidade de Moscovo, o que não conseguiu, pois, talvez devido ao clima político vivido pela Rússia naquele momento, a universidade só admitia moscovitas.
Foram então para São Petersburgo, onde a situação era precisamente a mesma, não se admitiam estudantes de outras regiões, porém a sua mãe descobriu que o diretor do Instituto Pedagógico Central (principal escola formadora de professores da Rússia da época) era amigo de seu falecido marido, portanto, onde a burocracia frustrava, o favoritismo mandava e Dmitri conseguiu uma vaga.
O Instituto Pedagógico Central ficava nos mesmos prédios da Universidade de São Petersburgo e tinha em seu quadro docente muitos professores da própria universidade, dentre eles o famoso físico alemão Heinrich Lenz. Interessou-se pela química graças ao prestigiado professor Alexander Voskresenki, que passou os seus últimos anos de vida numa enfermaria devido a um falso diagnóstico de tuberculose. Ainda assim graduou-se, em 1855, como primeiro de sua classe.
Em 1859 conseguiu uma verba do governo para estudar no exterior durante dois anos. Primeiro foi a Paris estudar, sob a tutela de Henri Victor Regnault, um dos maiores experimentalistas europeus da época (consta que Regnault havia feito várias descobertas importantes, como o princípio da conservação de energia, mas seus estudos haviam sido destruídos e Regnault não conseguiu recuperar os dados antes de sua morte).
No ano seguinte, Mendeleev seguiu para a Alemanha, estudar com Gustav Kirchhoff e Robert Bunsen, inventores do espectroscópio - importante instrumento para descoberta de novos elementos daquela época - e do até hoje utilizado bico de Bunsen.
O comportamento explosivo de Mendeleev tornou-se a sua ruína. Com pouquíssimo tempo de convivência, brigou com Kirchoff e desistiu das aulas, porém, continuou na Alemanha onde residia em um pequeno apartamento que transformou em laboratório. Neste laboratório improvisado, trabalhando sozinho, limitou-se a estudar a dissolução do álcool em água e fez importantes descobertas sobre estruturas atómicas, valência e propriedades dos gases.
Em 1860, pouco antes de voltar à Rússia, participou do 1º Congresso Internacional de Química da Alemanha, em Karlsruhe, onde foi decido, por influência do químico italianoStanislao Cannizzaro, que o padrão de abordagem dos elementos químicos seria o peso atómico.
Casa-se pela primeira vez, por pressão da irmã, em 1862 com Feozva Nikítichna Lescheva, com a qual teve três filhos, um dos quais faleceu precocemente. Esta foi uma união infeliz e, em 1871, separaram-se. Casou-se, pela segunda vez, em 1882, com Ana Ivánovna Popova, 26 anos mais jovem. Tiveram quatro filhos. Teve de enfrentar a oposição da família de Ana e o facto de que Feozva  se negava a dar-lhe o divórcio.
Em 1869, enquanto escrevia o seu livro de química inorgânica, Dmitri Ivanovich Mendeleev organizou os elementos na forma da tabela periódica actual. Ele criou uma carta para cada um dos 63 elementos conhecidos. Cada carta continha o símbolo do elemento, a massa atómica e as suas propriedades químicas e físicas. Colocando as cartas numa mesa, organizou-as em ordem crescente de massas atómicas, agrupando-as em elementos de propriedades semelhantes. Tinha então acabado de formar a tabela periódica.

Tabela periódica de Mendeleev, na 1ª edição inglesa do seu livro (de 1891, baseada na 5ª edição russa)
  
Esta tabela de Mendeleev tinha algumas vantagens sobre outras tabelas ou teorias antes apresentadas, mostrando semelhanças numa rede de relações vertical, horizontal e diagonal. A classificação de Mendeleev deixava ainda espaços vazios, prevendo a descoberta de novos elementos.
A tabela de Mendeleev serviu de base para a elaboração da actual tabela periódica, que além de catalogar 118 elementos conhecidos, fornece inúmeras informações sobre o comportamento de cada um.
Mendeleev ordenou os 60 elementos químicos conhecidos, na sua época, pela ordem crescente de peso atómico, de forma que, em uma linha vertical, ficavam os elementos com propriedades químicas semelhantes, constituindo os grupos verticais, ou as chamadas famílias químicas. O trabalho de Mendeleev foi um trabalho audacioso e um exemplo extraordinário de intuição científica. De todos os trabalhos apresentados que tiveram influência na tabela periódica, o de Mendeleev teve maior perspicácia.
Ele foi um cientista que defendeu a origem inorgânica do petróleo.
Cquote1.svg O facto capital para se notar é que o petróleo nasceu nas profundezas da Terra, e é somente lá é que devemos procurar sua origem. Cquote2.svg
- Dmitri Mendeleiev
Viajou por toda a Europa visitando vários cientistas. Em 1902 foi a Paris e esteve no laboratório do casal Pierre e Marie Curie.
Faleceu, vitimado por uma gripe, em 1907, já praticamente cego.
Em 1955, o elemento atómico n.º 101 da tabela periódica recebeu o nome Mendelévio (Md), em sua homenagem.

Atual Tabela Periódica

A câmara de gás foi usada pela primeira vez há 95 anos

Interior of Gas Death House of Nevada 
A foto mostra o interior da Casa da Câmara de Gás do Nevada
  
Uma câmara de gás é um dispositivo para matar seres humanos ou animais com gás que consiste em uma câmara fechada na qual um veneno ou gás asfixiante é introduzido. Os agentes tóxicos mais vulgarmente utilizados são cianeto de hidrogénio, dióxido de carbono, o monóxido de carbono também têm sido utilizado. As câmaras de gás foram usadas ​​como um método de execução de prisioneiros condenados nos Estados Unidos no início dos anos 20. Durante o Holocausto, foram projetadas câmaras de gás de grande escala para assassinato em massa cometidos pela Alemanha nazi como parte do seu programa de genocídio.
   
Estados Unidos
As câmaras de gás foram utilizadas nos Estados Unidos para executar criminosos, especialmente condenados por assassinatos. A primeira pessoa a ser executada nos Estados Unidos por gás letal foi Gee Jon, em 8 de fevereiro de 1924. Uma tentativa frustrada de bombear gás venenoso diretamente para a sua cela, na Prisão Estadual de Nevada, levou ao desenvolvimento da primeira câmara de gás improvisada, para executar a sentença de morte de Gee. Em 1957, Burton Abbott foi executado enquanto o governador da Califórnia, Goodwin J. Cavaleiro, estava ao telefone para suspender a execução. Desde a restauração da pena de morte nos Estados Unidos em 1976, onze execuções por câmaras de gás foram realizadas. 
  
in Wikipédia
   
Gee Jon (circa 1895 – February 8, 1924) was a Chinese national who was the first person in the United States to be executed by lethal gas. A member of the Hip Sing Tong criminal society from San Francisco, California, Gee was sentenced to death for the murder of an elderly member from another gang in Nevada. An unsuccessful attempt to pump poison gas directly into his cell at Nevada State Prison led to the development of the gas chamber.
   

O fotógrafo Sebastião Salgado faz hoje 75 anos!

Sebastião Ribeiro Salgado Júnior (Aimorés, 8 de fevereiro de 1944) é um famoso fotógrafo brasileiro.
   
Biografia
Nasceu na vila de Conceição do Capim, viveu sua infância em Expedicionário Alício, e para realizar seus estudos foi, em 1963, para a Universidade de São Paulo e estudou economia até 1967 (MA). No mesmo ano, casou-se com a pianista Lélia Deluiz Wanick. Eles empenharam-se no movimento de esquerda contra a ditadura militar e eram amigos de amigos do líder estudantil e revolucionário Carlos Marighella. Depois de emigrar, em 1969, para Paris, ele escreveu uma tese em ciências económicas, enquanto a sua esposa estava na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts de Paris para estudar arquitetura. Salgado inicialmente trabalhou como secretário para a Organização Internacional do Café (OIC), em Londres. Em suas viagens de trabalho para a África, muitas vezes encomendado conjuntamente pelo Banco Mundial, ele fez sua primeira sessão de fotos com a Leica da sua esposa. Fotografar o inspirou tanto que ele tornou-se independente em 1973, como fotojornalista e, em seguida, voltou para Paris.
Em 1979, depois de passagens pelas agências de fotografia Sygma e Gamma, entrou para a Magnum. Encarregado de uma série de fotos sobre os primeiros 100 dias de governo de Ronald Reagan, Salgado documentou o atentado a tiros cometido por John Hinckley, Jr. contra o então presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan no dia 30 de março de 1981, em Washington. A venda das fotos para jornais de todo o mundo permitiu ao brasileiro financiar seu primeiro projeto pessoal: uma viagem a África.
O seu primeiro livro, Outras Américas, sobre os pobres na América Latina, foi publicado em 1986. Na sequência, publicou Sahel: O "Homem em Pânico" (também publicado em 1986), resultado de uma longa colaboração de doze meses com a ONG Médicos sem Fronteiras cobrindo a seca no Norte da África. Entre 1986 e 1992, ele concentrou-se na documentação do trabalho manual em todo o mundo, publicada e exibida sob o nome "Trabalhadores rurais", um feito monumental que confirmou sua reputação como foto documentarista de primeira linha. De 1993 a 1999, ele voltou sua atenção para o fenómeno global de desalojamento em massa de pessoas, que resultou em Êxodos e Retratos de Crianças do Êxodo, publicados em 2000 e aclamado internacionalmente.
Na introdução de Êxodos, escreveu: "Mais do que nunca, sinto que a raça humana é somente uma. Há diferenças de cores, línguas, culturas e oportunidades, mas os sentimentos e reações das pessoas são semelhantes. Pessoas fogem das guerras para escapar da morte, migram para melhorar sua sorte, constroem novas vidas em terras estrangeiras, adaptam-se a situações extremas…". Trabalhando inteiramente com fotos em preto e branco, o respeito de Sebastião Salgado pelo seu objeto de trabalho e sua determinação em mostrar o significado mais amplo do que está acontecendo com essas pessoas criou um conjunto de imagens que testemunham a dignidade fundamental de toda a humanidade ao mesmo tempo que protestam contra a violação dessa dignidade por meio da guerra, pobreza e outras injustiças.
Ao longo dos anos, Sebastião Salgado tem contribuído generosamente com organizações humanitárias incluindo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, (ACNUR), a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ONG Médicos sem Fronteiras e a Anistia Internacional. Com sua mulher, Lélia Wanick Salgado, apoia atualmente um projeto de reflorestamento e revitalização comunitária em Minas Gerais.
Em setembro de 2000, com o apoio das Nações Unidas e do UNICEF, Sebastião Salgado montou uma exposição no Escritório das Nações Unidas em Nova Iorque, com 90 retratos de crianças desalojadas, extraídos de sua obra Retratos de Crianças do Êxodo. Essas impressionantes fotografias prestam solene testemunho a 30 milhões de pessoas em todo o mundo, a maioria delas crianças e mulheres sem residência fixa. Em outras colaborações com o UNICEF, Sebastião Salgado doou os direitos de reprodução de várias fotografias suas para o Movimento Global pela Criança e para ilustrar um livro da moçambicana Graça Machel, atualizando um relatório dela de 1996, como Representante Especial das Nações Unidas sobre o Impacto dos Conflitos Armados sobre as Crianças. Atualmente, em um projeto conjunto do UNICEF e da OMS, ele está documentando uma campanha mundial para a erradicação da poliomielite.
Sebastião Salgado foi internacionalmente reconhecido e recebeu praticamente todos os principais prémios de fotografia do mundo como reconhecimento por seu trabalho. Fundou em 1994 a sua própria agência de notícias, "As Imagens da Amazônia", que representa o fotógrafo e o seu trabalho. Salgado e sua esposa Lélia Wanick Salgado, autora do projeto gráfico da maioria de seus livros, vivem atualmente em Paris. O casal tem dois filhos.
Prémios
  • Prémio Príncipe de Asturias das Artes, 1998.
  • Prémio Eugene Smith de Fotografia Humanitária.
  • Prémio World Press Photo
  • The Maine Photographic Workshop ao melhor livro foto-documental.
  • Eleito membro honorário da Academia Americana de Artes e Ciência nos Estados Unidos.
  • Prémio pela publicação do livro Trabalhadores.
  • Medalha da Inconfidência.
  • Medalha de prata Art Directors Oub nos Estados Unidos.
  • Prémio Overseas Press Oub oí America.
  • Alfred Eisenstaedt Award pela Magazine Photography.
  • Prémio Unesco categoria cultural no Brasil.
  • 40º Prémio Jabuti de Literatura: categoria reportagem.

Guy-Manuel de Homem-Christo, dos Daft Punk, faz hoje 45 anos

Guy-Manuel de Homem-Christo, cujo verdadeiro nome é Guillaume Emmanuel Paul de Homem-Christo (Neuilly-sur-Seine, 8 de fevereiro de 1974), é um produtor musical francês e um dos integrantes da dupla francesa de música eletrónica Daft Punk. Guy-Man tem antepassados portugueses, sendo o seu bisavô o escritor Homem Cristo Filho.
 

A Guerra Russo-Japonesa começou há 115 anos, com a batalha de Port Arthur

Teatro da Guerra Russo-Japonesa
A Guerra Russo-Japonesa foi uma guerra entre o Império do Japão e o Império Russo que disputavam, em 1904 e 1905, os territórios da Coreia e da Manchúria. A guerra ocorreu no nordeste asiático, agravou-se, e o regime político do czar Nicolau II da Rússia foi abalado por uma série de revoltas internas em 1905, envolvendo operários, camponeses, marinheiros (como a revolta no couraçado Potemkin) e soldados do exército. Greves e protestos contra o regime absolutista do czar explodiram em diversas regiões da Rússia. Os líderes socialistas procuraram organizar os trabalhadores em conselhos (os sovietes), nos quais se debatiam as decisões políticas a serem tomadas. O Japão era um país de tradições militares, apesar de enfrentar severas crises económicas. Com navios menores, mas com grande mobilidade e poder de fogo muito superior aos pesados e antigos navios russos, a Marinha japonesa impôs uma derrota humilhante ao inimigo. Esta guerra marcou o reconhecimento do Japão como potência imperialista, pelas diversas nações da Europa, enquanto a derrota russa, por sua vez, patenteou a fraqueza do regime czarista e iniciou a sua queda, concretizada na Revolução de 1917. A guerra também foi conhecida como a "primeira maior guerra do século XX".
  
  
Desenho japonês mostrando a destruição de um navio russo
  
A Batalha de Port Arthur (8 e 9 de fevereiro de 1904) foi a batalha inicial da Guerra Russo-Japonesa. Ela começou com um ataque noturno surpresa por um esquadrão de contratorpedeiros japoneses contra a frota russa, ancorada em Port Arthur, Manchúria, China (atual Lüshunkou), e continuou com um grande combate de superfície na manhã seguinte. A batalha não teve um final conclusivo, e mais escaramuças continuaram até maio de 1904. Perder em Port Arthur para os russos - e especialmente para o Czar Nicolau II - era não apenas inconcebível para o mundo em geral mas também repleto de circunstâncias terríveis para o regime Imperial russo. O povo russo, da nobreza até os servos recém-emancipados, perdeu confiança nos militares; esta foi uma causa direta da Revolução Russa de 1905, e é mais bem lembrada do que as derrotas ainda mais desastrosas da Primeira Guerra Mundial.

Antecedentes
A Guerra Russo-Japonesa começou com um ataque preventivo pela Marinha Imperial Japonesa contra a frota do Pacífico russa baseada em Port Arthur e em Chemulpo. O plano inicial do Almirante Togo era atacar Port Arthur com a 1ª Divisão da Frota Combinada, que consistia de seis pré-encouraçados, liderados pela capitânia Mikasa e a 2ª Divisão, que consistia de cruzadores blidados. Esses navios estavam acompanhados por 15 contratorpedeiros e 20 navios menores. Na reserva, estavam os cruzadores. Com essa força grande, bem treinada e bem armada, e com o fator surpresa ao seu lado, o Almirante Togo esperava causar um grande dano para a frota russa logo após o rompimento das relações diplomáticas entre os governos japonês e russo.
Do lado russo, o Almirante Stark tinha os pré-encouraçados, auxiliados pelos cruzadores leves ou cruzadores protegidos, todos baseados sob a proteção da base naval fortificada de Port Arthur. No entanto, as defesas de Port Arthur não eram tão fortes quanto se esperava, com poucas baterias de artilharia de costa operacionais, fundos para melhorar as defesas foram desviados para as proximidades de Dalian, e a maioria dos oficias estavam celebrando numa festa organizada pelo Almirante Stark na noite de 9 de fevereiro de 1904.
Como o Almirante Togo recebeu informações falsas de espiões locais de Port Arthur de que as guarnições dos fortes que protegiam o porto estavam em alerta máximo, ele não estava disposto a arriscar os seus preciosos navios frente à artilharia russa e, por isso, reteve a sua frota principal da batalha. Ao invés disso, as forças de destroyers foi dividida em dois esquadrões de ataque, um para atacar Port Arthur e outro para atacar a base russa em Dalian.
  
O ataque noturno de 8-9 de fevereiro de 1904
Por volta das 22.30 horas de 8 de fevereiro de 1904, o esquadrão de ataque a Port Arthur de 10 navios encontrou uma frota russa de patrulhamento. Os russos receberam ordem para não iniciar combate, e reportaram o contacto para o quartel-general. No entanto, como resultado do encontro, dois destroyers japoneses colidiram e recuaram, com os restantes a dispersar. Por volta de 00.28 horas de 9 fevereiro de 1904, os primeiros quatro destroyers japoneses aproximaram-se de Port Arthur sem serem observados e lançaram um ataque de torpedo contra um cruzador russo (que foi atingido, pegou fogo e afundou) e o Retvizan (que teve o seu casco furado). Os outros navios japoneses tiveram menos sucesso, muitos dos torpedos caíram nas redes de torpedos, que efetivamente preveniram que a maioria dos torpedos atingissem os pontos vitais dos navios russos. Outros destroyers chegaram muito tarde para beneficiar do fator surpresa, fazendo seus ataques individualmente, ao invés de fazer em grupo. No entanto, eles foram capazes de danificar o mais poderoso navio da frota russa, o Tsesarevich. O destroyer japonês Oboro fez o último ataque, por volta das 02.00 horas da madrugada, quando os russos estavam completamente acordados, e os seus holofotes e artilharia fizeram qualquer ataque de torpedo impossível.
Apesar das condições ideais de um ataque surpresa, os resultados foram relativamente fracos. Dos dezasseis torpedos atirados, todos, exceto três, perderam-se ou não explodiram. Mas a sorte também estava contra os russos pois dois dos três torpedos atingiram os seus melhores navios, o Retvizan e o Tsesarevich foram colocados fora de ação durante semanas, assim como o cruzeiro protegido Pallada.
  
Combate de superfície de 9 de fevereiro de 1904
Após o ataque noturno, o Almirante Togo enviou o seu subordinado, o Vice-Almirante Shigeto Dewa, com quatro cruzadores em uma missão de reconhecimento às 08.00 horas da manhã para observar a ancoragem de Port Arthur e para avaliar os danos. Às 09.00 horas, o Almirante Dewa estava perto o suficiente para ver a frota russa, através da névoa da manhã. Ele observou 12 navios de guerra e cruzadores, três ou quatro danificados. Os navios menores fora da entrada do porto pareciam estar em desordem. Dewa aproximou-se até cerca de 7 km do porto, mas, como ninguém se apercebeu da presença dos navios japoneses, ele convenceu-se que o ataque noturno paralisou com sucesso a frota russa, e enviou o relatório para o Almirante Togo.
Não sabendo que a frota russa estava pronto para a batalha, Dewa avisou o Almirante Togo que o momento era de extrema vantagem para a frota principal para um ataque rápido. Embora Togo preferisse atrair a frota russa para longe da proteção das baterias em terra, as conclusões otimistas de Dewa fizeram-no acreditar que o risco era justificado. O Almirante Togo ordenou que a Primeira Divisão atacasse o porto, com a Terceira Divisão em reserva na retaguarda.
Ao aproximarem-se de Port Arthur, os japoneses vieram ao encontro do cruzador russo Boyarin, que estava em patrulha. O Boyarin atacou o Mikasa de uma grande distância, depois virou e fugiu. Por volta de meio-dia, numa faixa de 5 milhas, o combate começou entre as frotas japonesas e russas. Os japoneses concentraram o fogo de seus canhões 12" nas baterias terrestres, enquanto usavam os seus 8" e 6" contra os navios russos. A mira era má dos dois lados, mas os japoneses danificaram severamente o Novik, Petropavlovsk, Poltava, Diana e Askold. Entretanto, logo se tornou evidente que o Almirante Dewa cometeu um erro crítico, os russos recuperaram do ataque inicial e os seus navios de batalha moveram-se. Nos primeiros cinco minutos da batalha, o Mikasa foi atingido por um escudo ricocheteador, que se queimou sobre ele, ferindo o engenheiro chefe, o tenente e cinco outros oficiais e homens.
Às 12.00 horas, o Almirante Togo decidiu dar meia volta e escapar da armadilha. Era uma manobra de alto risco, que expôs a frota às baterias terrestres russas. Apesar da artilharia pesada, os navios de guerra japoneses completaram a manobra e rapidamente retiraram-se. O Shikishima, Mikasa, Fuji e Hatsuse foram danificados, recebendo 7 tiros. Alguns tiros também foram feitos nos cruzadores do Almirante Hikonojo Kamimura, quando eles atingiam o ponto de viragem. Os russos, por sua vez, receberam cerca de 5 tiros, distribuídos entre os navios Petropavlavsk, Pobeda, Poltava, e Sevastopol. Ao mesmo tempo, o cruzador Novik chegou a 3 mil metros de distância dos cruzadores japoneses e lançou uma salva de torpedos. Todos se perderam, embora o Novik tenha recebido um tiro grave no casco, abaixo do nível da água.
 
Resultado 
Embora a batalha naval de Port Arthur não tenha resultado em grandes perdas de navios de guerra, a Marinha Imperial Japonesa tinha sido expulsa do campo de batalha pelo fogo combinado de navios russos e baterias terrestres, assim atribuindo-lhes uma pequena vitória. Os russos sofreram cerca de 150 mortes enquanto os japoneses tiveram 90. Apesar de nenhum navio se ter afundado em ambos os lados, alguns foram danificados. Entretanto, os japoneses tinham instalações de reparação e dique seco em Sasebo onde os navios foram consertados, enquanto a frota russa tinha uma capacidade muito limitada de reparação em Port Arthur.
Era óbvio que o Almirante Dewa não tinha conseguido realizar a sua missão de reconhecimento perto o suficiente, e uma vez que a má situação terrestre russa era aparente, a objeção do Almirante Togo para atacar o inimigo sob o fogo das baterias terrestres era justificado.
A declaração de guerra entre Japão e Rússia foi emitida a 10 de fevereiro de 1904, um dia depois da batalha. O ataque, realizado contra um inimigo despretensioso e não preparado em tempos de paz, foi muito comparado com a Batalha de Pearl Harbor
 

O meteorito Allende caiu há 50 anos

Fragmento do meteorito Allende

Allende é um meteorito caído no estado mexicano de Chihuahua. A sua queda ocorreu às 01.05 horsas do dia 8 de fevereiro de 1969, e a bola de fogo originada pela sua entrada na atmosfera terrestre foi testemunhada por milhares de pessoas.
O meteorito Allende é o maior condrito (tipo de meteorito primitivo) já descoberto. Como resultado de uma pesquisa neste meteorito, foi descoberto um novo óxido de titânio e esse mineral foi batizado de Panguite.


Panguite é um mineral constituído de óxido de titânio encontrado a partir de pesquisas feitas no meteorito Allende, caído no estado mexicano de Chihuahua em 8 de fevereiro de 1969. Acredita-se que este mineral esteja entre os mais antigos formados no sistema solar. Descoberto em 2012 por cientistas do Instituto de Tecnologia da Califórnia, esse mineral era, até então, desconhecido pela ciência. O seu nome homenageia a antiga divindade chinesa Pan Gu, criador do yin e yang.
  
Composição
Este mineral possui a fórmula química (Ti4+,Sc,Al,Mg,Zr,Ca)1.8O3. Os elementos encontrados na panguite são titânio, escândio, alumínio, magnésio, zircónio, cálcio e oxigénio. Nas amostras retiradas do meteorito, também foram encontrados zircónio enriquecido. A panguite foi encontrada associada com um outro mineral identificado como davisite e com olivina agregada.

Origem e Propriedades
A panguite, está na classe dos minerais refratários, que se formaram sob altas temperaturas e pressões extremamente altas, o que ocorreu há mais ou menos 4500 milhões de anos atrás, no inicio do nosso sistema solar. Isso faz com que a panguite seja um dos minerais mais antigos de nosso Sistema Solar. O zircónio é um dos elementos determinantes para se saber as condições de antes e durante a formação do nosso sistema solar.

Descoberta 
Chi Ma, diretor da Divisão de Análise Cientifica Planetária e Geológica (Geological and Planetary Sciences Division Analytical Facility) do Instituto de Tecnologia da Califórnia (California Institute of tecnology), foi o principal autor do artigo referente à panguite, publicado no American Mineralogist. Chi Ma estava liderando uma pesquisa de Nano-Mineralogia desde o ano de 2007, em meteoritos primitivos, no qual se inclui o meteoro Allende. O mineral foi primeiramente descrito e submetido á apreciação na Conferência Anual de Ciência Planetária e Lunar (Lunar and Planetary Science Conference), ocorrida em 2011.