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quinta-feira, janeiro 20, 2011

terça-feira, dezembro 21, 2010

José Sócrates, Teixeira dos Santos e um país adiado

(imagem daqui)










(imagem daqui)










Grão a grão...

Novidades

A nota da Moody's, de hoje, ao contrário das outras, rotineiras, pode ter impacto severo no nível das taxas de juro, pois traz novidades. É a primeira vez que uma agência de rating chama a atenção para a possibilidade da «métrica» da dívida pública vir a ser afectada pela necessidade do Estado ter de vir a socorrer os bancos. O resto é conhecido: pressões deflacionárias, problemas de financiamento e refinanciamento, incapacidade do Governo de reduzir as novas necessidades de financiamento sem recurso a fundos de pensões da PT & Cª.
Por memória: há já 1.200 milhões de euros, que deveriam ser abatidos à dívida, com receitas de privatizações, um equivalente a 0,73% do PIB, em 2010, que não vão ser encaixados. O BPN, uma das privatizações agendadas, não só falhou, como vai requerer, para se manter, uma nova injecção de capital (cf. Relatório do Orçamento 2011, p. 165). Naturalmente que estes desaires são irrisórios face àquilo para que a Moody's alerta. 

in O Cachimbo de Magritte - post de Jorge Costa

domingo, dezembro 19, 2010

O país do faz-de-conta e a bancarrota

(imagem daqui)

sexta-feira, dezembro 03, 2010

E anda um povo a poupar para pagar autoestradas, pontes, TGV's, aeroportos, consultadorias e, vai-se a ver...




Fábula da Fábula


Era uma vez
uma fábula famosa,
Alimentícia
E moralizadora,
Que, em verso e prosa,
Toda a gente
Inteligente
Prudente
E sabedora
Repetia
Aos filhos,
Aos netos
E aos bisnetos.
À base duns insectos
De que não vale a pena fixar o nome,
A fábula garantia
Que quem cantava
Morria
De fome.

E, realmente…
Simplesmente,
Enquanto a fábula contava,
Um demónio secreto segredava
Ao ouvido secreto
De cada criatura
Que quem não cantava
Morria de fartura.

in Diário VIII (1959) - Miguel Torga

domingo, novembro 14, 2010

Os buracos do Estado

Houve um primeiro-ministro, a que já chamaram o Menino de Oiro do PS, que em tempos se gabava de reduzir o défice e de o fazer sem desorçamentação e sem receitas extraordinárias. Recordando uma conhecida frase de Lincoln, se é possível enganar todos durante pouco tempo, também é possível enganar poucos durante muito tempo. Mas não é possível enganar todos durante todo o tempo. E a verdade veio à superfície.

Eis algumas despesas que o Estado tem tentado colocar debaixo do tapete nos últimos tempos:
Assim, em contas de mercearia, já vai em 1654 milhões de euros. É capaz de haver aqui uma desorçamentaçãozita… Mas piquinininhazinha. Isto sem contar com o mega-hiper buraco que é o BPN. Não ficaria mais barato dar o dinheiro às pessoas e fecha-lo de vez?
Oposição: dinheiro injectado no BPN dava para eliminar défice
Ajudas do Estado ao BPN ascendem a 4,6 mil milhões de euros. Imprensa avança que poderão ser colocados no banco mais 400 milhões de euros
E quanto a receitas extraordinárias?
«Em 2010, Fernando Teixeira dos Santos passará a ostentar, mesmo, o título de ministro das Finanças que mais recorreu a receitas extraordinárias para tentar endireitar o saldo negativo das contas públicas.» in Jornal de Negócios
  • Valor recorde de 3,1 mil milhões de euros em receitas extraordinárias só em 2010 (concessões de novas barragens, no valor de 500 milhões de euros; fundo de pensões da Portugal Telecom, que atinge 2,6 mil milhões de euros)
  • 2048 milhões de euros entre 2005 e 2009 (outras concessões de aproveitamentos hidráulicos e rodoviários)
Parece que Teixeira dos Santos é perito a acumular títulos. Antes já havia ganho o título de pior ministro europeu das finanças, agora ganha o título de “campeão das receitas extraordinárias” ao conseguir o recorde de 5148 milhões de euros em receitas extraordinárias.
Os segundos e terceiros lugares do campeonato da receita extraordinária vão respectivamente para Ferreira Leite (5079 milhões de euros) e para Bagão Félix 3051,5 milhões de euros). Detalhes no Jornal de Negócios.
E o futuro?
Um buraco de €48 mil milhões
Em cinco anos, os encargos assumidos com as parcerias mais do que duplicaram. A factura anual dispara a partir de 2014 e ultrapassa os €2000 milhões se se considerar o TGV.
É tempo de chamar os iluminados das obras públicas e lembrar-lhe isto dos caramelos de vinagre

domingo, novembro 07, 2010

A vingança serve-se fria e doi como o caraças

socrates
O espectador
A vingança dos Mercados

Não sei se a leitora e o leitor conhecem a família Mercados. São discretos e não costumam aparecer nas revistas sociais, os Mercados da Silva. O pai da família, António, de seu nome, vive entre as bolsas de Nova Iorque, Londres e Tóquio, ainda que também venha a Portugal para visitar a congénere de Lisboa.


António Mercados está farto de ser insultado pelos políticos portugueses, a começar pelo primeiro-ministro e respectivo Governo. Os Mercados são acusados de todas as malfeitorias. Sobe o défice público ou o desemprego e a culpa é sempre dos Mercados. A economia teima em murchar e a bancarrota aproxima-se a passos largos – mas os bodes expiatórios são os Mercados. Ainda esta semana, voltaram ao palco da política nacional durante o debate e a votação das contas públicas no Parlamento.

O primeiro-ministro e o ministro das Finanças queixaram-se de que os Mercados insistem em subir os juros da dívida soberana – e que o Orçamento para 2011 seria a melhor forma de evitar que isso voltasse a acontecer.

Deste modo, Portugal poderia continuar a financiar-se, num círculo vicioso de endividamento do Estado. Claro que os Mercados se vingaram da difamação: no próprio dia da aprovação, os juros cresceram para nova marca, 6,45%. Um dia depois, já estavam em 6,81%, um valor recorde.

Os Mercados podiam ser uma família portuguesa. Desconfiam do primeiro-ministro por ter prometido na campanha eleitoral o que já sabia que não iria cumprir. Como a maioria dos portugueses, os Mercados percebem a extrema fragilidade do acordo entre o Governo e o PSD. Não acreditam num governo que garantiu a redução da dívida pública e a fez crescer todos os meses. Os Mercados também somos nós.

sábado, novembro 06, 2010

Depois da quinta-feira negra (da dívida e dos juros), uma sexta-feira gloriosa


Mas é claro que…

in Blasfémias - post de jmf1957

Uma fabulosa resposta a um político travestido em gestor

A fábula do Raposo e do Coelho

Caro dr. Jorge Coelho, como sabe, V. Exa. enviou-me uma carta, com conhecimento para a direcção deste jornal. Aqui fica a minha resposta.

Em 'O Governo e a Mota-Engil' (crónica do sítio do Expresso), eu apontei para um facto que estava no Orçamento do Estado (OE): a Ascendi, empresa da Mota-Engil, iria receber 587 milhões de euros. Olhando para este pornográfico número, e seguindo o economista Álvaro Santos Pereira, constatei o óbvio: no mínimo, esta transferência de 587 milhões seria escandalosa (este valor representa mais de metade da receita que resultará do aumento do IVA).

Eu escrevi este texto às nove da manhã. À tarde, quando o meu texto já circulava pela Internet, a Ascendi apontou para um "lapso" do OE: afinal, a empresa só tem direito a 150 milhões e não a 587 milhões. Durante a tarde, o sítio do Expresso fez uma notícia sobre esse lapso, à qual foi anexada o meu texto. À noite, a SIC falou sobre o assunto.

Ora, perante isto, V. Exa. fez uma carta a pedir que eu me retratasse. Mas, meu caro amigo, o lapso não é meu. O lapso é de Teixeira dos Santos e de Sócrates. A sua carta parece que parte do pressuposto de que os 587 milhões saíram da minha pérfida imaginação. Meu caro, quando eu escrevi o texto, o 'lapso' era um 'facto' consagrado no OE. V.

Exa. quer explicações? Peça-as ao ministro das Finanças. Mas não deixo de registar o seguinte: V. Exa. quer que um zé-ninguém peça desculpas por um erro cometido pelos dois homens mais poderosos do país. Isto até parece brincadeirinha.

Depois, V. Exa. não gostou de ler este meu desejo utópico: "quando é que Jorge Coelho e a Mota-Engil desaparecem do centro da nossa vida política?". A isto, V. Exa. respondeu com um excelso "servi a Causa Pública durante mais de 20 anos". Bravo. Mas eu também sirvo a causa pública. Além de registar os 'lapsos' de 500 milhões, o meu serviço à causa pública passa por dizer aquilo que penso e sinto.

E, neste momento, estou farto das PPP de betão, estou farto das estradas que ninguém usa, e estou farto das construtoras que fizeram esse mar de betão e alcatrão. No fundo, eu estou farto do atual modelo económico assente numa espécie de new deal entre políticos e as construtoras. Porque este modelo fez muito mal a Portugal, meu caro Jorge Coelho. O modelo económico que enriqueceu a sua empresa é o modelo económico que empobreceu Portugal.

Não, não comece a abanar a cabeça, porque eu não estou a falar em teorias da conspiração. Não estou a dizer que Sócrates governou com o objetivo de enriquecer as construtoras. Nunca lhe faria esse favor, meu caro. Estou apenas a dizer que esse modelo foi uma escolha política desastrosa para o país. A culpa não é sua, mas sim dos partidos, sobretudo do PS.

Mas, se não se importa, eu tenho o direito a estar farto de ver os construtores no centro da vida colectiva do meu país. Foi este excesso de construção que arruinou Portugal, foi este excesso de investimento em bens não-transacionáveis que destruiu o meu futuro próximo.

No dia em que V. Exa. inventar a obra pública exportável, venho aqui retratar-me com uma simples frase: "eu estava errado, o dr. Jorge Coelho é um visionário e as construtoras civis devem ser o alfa e o ómega da nossa economia". Até lá, se não se importa, tenho direito a estar farto deste new deal entre políticos e construtores.

quinta-feira, novembro 04, 2010

So do I...


Uns, que supostamente servem a causa pública, têm despesas de representação, ajudas de custo, viagens pagas, motoristas. Outros, ao serviço da causa pública, nem por isso.
Ontem recebi um telefonema daqueles de contar a vidinha. Diziam-me do lado de lá, vê só que o meu carro chumbou na inspecção, por causa dos amortecedores.
Surpreendo-me, mas o teu carro ainda não devia ter problemas de amortecedores.
Pois não devia não, mas tu bem sabes os caminhos por onde eu ando.
Explicação, a minha interlocutora é assistente social, trabalha num programa governamental de erradicação do trabalho e infantil e do abandono escolar, e dá cabo do carro próprio, pago com o seu chorudo vencimento, em caminhos de cabras, nas visitas que tem que fazer aos agregados familiares dos jovens em abandono escolar.

A propósito de um político que se enganou redondamente em 5 Orçamentos de Estado



NOTA: este é o post 3.800º do nosso Blog...!

Parece que o orçamento de 2011 foi aprovado na generalidade


It's only Rock'n'Roll (But I like it) - The Rolling Stones

If I could stick my pen in my heart
And spill it all over the stage
Would it satisfy ya, would it slide on by ya
Would you think the boy is strange? Ain't he strange?

If I could win ya, if I could sing ya
A love song so divine
Would it be enough for your cheating heart
If I broke down and cried? If I cried?

I said I know it's only rock 'n roll but I like it
I know it's only rock 'n roll but I like it, like it, yes, I do
Oh, well, I like it, I like it, I like it
I said can't you see that this old boy has been a lonely?

If I could stick a knife in my heart
Suicide right on stage
Would it be enough for your teenage lust
Would it help to ease the pain? Ease your brain?

If I could dig down deep in my heart
Feelings would flood on the page
Would it satisfy ya, would it slide on by ya
Would ya think the boy's insane? He's insane

I said I know it's only rock 'n roll but I like it
I said I know it's only rock'n roll but I like it, like it, yes, I do
Oh, well, I like it, I like it, I like it
I said can't you see that this old boy has been a lonely?

And do ya think that you're the only girl around?
I bet you think that you're the only woman in town

I said I know it's only rock 'n roll but I like it
I said I know it's only rock 'n roll but I like it
I said I know it's only rock 'n roll but i like it
I said I know it's only rock 'n roll but I like it, like it, yes, I do
Oh, well, I like it, I like it. I like it...

quarta-feira, novembro 03, 2010

Debate...?!?

Debate do Orçamento






Um mete-se a jeito, o outro responde à letra...é a elevação do discurso político português, um exemplo para todos nós.

in 31 da Sarrafada - post de Catarina Campos

terça-feira, novembro 02, 2010

Porque hoje é o dia de finados e de orçamento - humor


O estado a que chegámos explicado




NOTA: o Blog Geopedrados recomenda alguma cautela na leitura destas notícias, sobre tudo a grávidas, pessoas com problemas circulatórios e crédulos.

Porque hoje é o dia de finados e de orçamento

Porque hoje é o dia dos fieis defuntos


O fiel defunto de Sócrates

As negociações do Orçamento tiveram todos os ingredientes de uma telenovela da TVI. Declarações apaixonadas e silêncios enraivecidos, encontros e desencontros, promessas e traições, longas conversas secretas, suspiros e desabafos, uma ruptura violenta e uma reconciliação nocturna entre o Governo e o PSD.


Os cabelos brancos de Teixeira dos Santos e Eduardo Catroga faziam prever menos barulho e mais sensatez. Para sair da tragédia portuguesa, sobra ainda o Fundo Monetário Internacional, agora com um novo director para a Europa, o gestor António Borges, que pertenceu à anterior direcção laranja de Manuela Ferreira Leite.

Seria uma ironia do destino se, depois de criticar as propostas de Eduardo Catroga e atacar o PSD, Teixeira dos Santos se visse obrigado a acatar as ordens de António Borges e do FMI. Apesar do acordo, o Fundo Monetário continua a ser bem--vindo. É a única instituição que pode tirar a limpo o que ninguém ainda conseguiu saber: qual é a profundidade do buraco financeiro em que o Governo de José Sócrates enfiou o País.

A verdadeira dimensão da dívida pública mantém-se um mistério para a esmagadora maioria dos portugueses. Esta só não é uma tragédia grega porque Portugal está em piores lençóis do que a Grécia. Atenas, ao contrário de Lisboa, tem uma maioria absoluta no parlamento, que foi capaz de aprovar o pacote de austeridade do FMI.

Eduardo Catroga avisou que o Orçamento continua a ser mau. Ainda assim, apesar da imprevisibilidade da política nacional, o acordo entre o Governo e o PSD vai resistir até amanhã, Dia de Todos os Santos. O Orçamento deve, pelo menos, chegar até terça-feira, porque antes de nascer já era um fiel defunto.