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domingo, março 04, 2012

A Ponte Hintze Ribeiro caiu há 11 anos

Monumento em homenagem da Tragédia de Entre-os-Rios

Ficou conhecido como Tragédia de Entre-os-Rios um acidente, ocorrido a 4 de março de 2001, às 21.15 horas, que consistiu no colapso da Ponte Hintze Ribeiro, inaugurada em 1887, e que fazia a ligação entre Castelo de Paiva e a localidade de Entre-os-Rios. Do acidente resultou a morte de 59 pessoas, incluindo os passageiros de um autocarro e três carros que tentavam alcançar a outra margem do rio Douro.
O desastre levou a acusações quanto a negligência do governo português, levando à demissão do Ministro do Equipamento Social da altura, Jorge Coelho.


NOTA: não é curioso que o ministro que, com grande dignidade, se despediu do cargo político por causa de um acidente com uma infraestrutura rodoviária, seja hoje um dos principais responsáveis pela empresa que tem monopolizado os concursos de vias rodoviárias (e não só...) no nosso país...?!?

sábado, novembro 06, 2010

Roubar, vilanagem

Retratos de um país

Uma fabulosa resposta a um político travestido em gestor

A fábula do Raposo e do Coelho

Caro dr. Jorge Coelho, como sabe, V. Exa. enviou-me uma carta, com conhecimento para a direcção deste jornal. Aqui fica a minha resposta.

Em 'O Governo e a Mota-Engil' (crónica do sítio do Expresso), eu apontei para um facto que estava no Orçamento do Estado (OE): a Ascendi, empresa da Mota-Engil, iria receber 587 milhões de euros. Olhando para este pornográfico número, e seguindo o economista Álvaro Santos Pereira, constatei o óbvio: no mínimo, esta transferência de 587 milhões seria escandalosa (este valor representa mais de metade da receita que resultará do aumento do IVA).

Eu escrevi este texto às nove da manhã. À tarde, quando o meu texto já circulava pela Internet, a Ascendi apontou para um "lapso" do OE: afinal, a empresa só tem direito a 150 milhões e não a 587 milhões. Durante a tarde, o sítio do Expresso fez uma notícia sobre esse lapso, à qual foi anexada o meu texto. À noite, a SIC falou sobre o assunto.

Ora, perante isto, V. Exa. fez uma carta a pedir que eu me retratasse. Mas, meu caro amigo, o lapso não é meu. O lapso é de Teixeira dos Santos e de Sócrates. A sua carta parece que parte do pressuposto de que os 587 milhões saíram da minha pérfida imaginação. Meu caro, quando eu escrevi o texto, o 'lapso' era um 'facto' consagrado no OE. V.

Exa. quer explicações? Peça-as ao ministro das Finanças. Mas não deixo de registar o seguinte: V. Exa. quer que um zé-ninguém peça desculpas por um erro cometido pelos dois homens mais poderosos do país. Isto até parece brincadeirinha.

Depois, V. Exa. não gostou de ler este meu desejo utópico: "quando é que Jorge Coelho e a Mota-Engil desaparecem do centro da nossa vida política?". A isto, V. Exa. respondeu com um excelso "servi a Causa Pública durante mais de 20 anos". Bravo. Mas eu também sirvo a causa pública. Além de registar os 'lapsos' de 500 milhões, o meu serviço à causa pública passa por dizer aquilo que penso e sinto.

E, neste momento, estou farto das PPP de betão, estou farto das estradas que ninguém usa, e estou farto das construtoras que fizeram esse mar de betão e alcatrão. No fundo, eu estou farto do atual modelo económico assente numa espécie de new deal entre políticos e as construtoras. Porque este modelo fez muito mal a Portugal, meu caro Jorge Coelho. O modelo económico que enriqueceu a sua empresa é o modelo económico que empobreceu Portugal.

Não, não comece a abanar a cabeça, porque eu não estou a falar em teorias da conspiração. Não estou a dizer que Sócrates governou com o objetivo de enriquecer as construtoras. Nunca lhe faria esse favor, meu caro. Estou apenas a dizer que esse modelo foi uma escolha política desastrosa para o país. A culpa não é sua, mas sim dos partidos, sobretudo do PS.

Mas, se não se importa, eu tenho o direito a estar farto de ver os construtores no centro da vida colectiva do meu país. Foi este excesso de construção que arruinou Portugal, foi este excesso de investimento em bens não-transacionáveis que destruiu o meu futuro próximo.

No dia em que V. Exa. inventar a obra pública exportável, venho aqui retratar-me com uma simples frase: "eu estava errado, o dr. Jorge Coelho é um visionário e as construtoras civis devem ser o alfa e o ómega da nossa economia". Até lá, se não se importa, tenho direito a estar farto deste new deal entre políticos e construtores.

quarta-feira, junho 09, 2010

A ética republicana no reino do socialismo

O período de nojo e a ética da inalação


O jornal i noticia hoje que Manuel Frasquilho, apontado como presidente da administração do Porto de Lisboa, entre 2005 e 2009, assinou nessa qualidade a prorrogação do contrato de concessão do terminal de contentores de Alcântara com a Liscont, uma empresa do grupo Mota-Engil. Tal contrato foi agora (quarta-feira passada) revogado por decisão da A.R.

Conta o jornal i que o mesmo Manuel Frasquilho, no início de Março e portanto depois de ter saído do Porto de Lisboa, "prestou serviço de consultadoria para a Mota-Engil e para a ETE, através de uma empresa do genro, a Globalvia - Consultores de Engenharia, S.A.".

Manuel Frasquilho não vê qualquer incompatibilidade ética ou legal, porque "não fui contactado por nenhum desses grupos, Mota-Engil ou ETE, e se eventualmente houvesse algum contacto, teria uma recusa. Considero muito importante o chamado período de nojo".

Portanto, não trabalhou para a Mota Engil porque trabalhou para a empresa do genro. E a empresa do genro, trabalhava para a Mota-Engil. Mas como Manuel Frasquilho não trabalhou directamente para esta, não quebrou o nojo nem a ética e os "princípios morais".

Não fumou directamente o charuto com os decisores da Mota-Engil. Inalou apenas os vapores que o genro lhe deu a cheirar.

in portadaloja - post de José