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quarta-feira, março 09, 2022

Bobby Fischer nasceu há 79 anos

 
         
Robert "Bobby" James Fischer (Chicago, 9 de março de 1943 - Reykjavik, 17 de janeiro de 2008) foi um famoso xadrezista originalmente norte-americano, naturalizado islandês e ex-campeão mundial de Xadrez.
    

terça-feira, março 08, 2022

Capablanca morreu há oitenta anos...

   
Jose Raúl Capablanca y Graupera (Havana, 19 de novembro de 1888 - Nova Iorque, 8 de março de 1942) foi um xadrezista cubano, detentor do título de campeão do mundo da modalidade entre 1921 e 1927. Considerado por muitos o melhor jogador de todos os tempos, possuía um excecional conhecimento em finais de jogo e rápido raciocínio.
  

sábado, março 05, 2022

Tarrasch nasceu há 160 anos

  
Siegbert Tarrasch (Breslávia, 5 de março de 1862 - Munique, 17 de fevereiro de 1934) foi um dos mais fortes xadrezistas do fim do século XIX e início do século XX, chegou a ser um dos quatro melhores do mundo. Médico judeu e patriota alemão, perdeu o filho na Primeira Guerra Mundial. Por causa da sua longevidade, não escapou ao sofrimento das perseguições nazis.
Tarrasch era um dos quatro melhores jogadores do mundo (juntamente com Wilhelm Steinitz, Emanuel Lasker e Chigorin) durante quase 20 anos até ele perder um título para Lasker em 1908. Ele ocupa uma única posição na literatura escaquística e hoje é lembrado principalmente como um grande professor de xadrez. A sua palavra era lei. Unindo teorias de Morphy e Steinitz, ele elogiava o valor da mobilidade e desenvolvimento rápido, pioneiro do ataque que pacientemente acumulava pequenas vantagens até poder fazer um grande ataque. Ele protegeu a Variante das Defesas Abertas da Ruy Lopez e da Francesa e a Defesa Tarrasch onde ele acreditava que a mobilidade das peças pretas resolveriam o seu peão isolado da dama.
  

  
A Defesa Tarrasch é uma defesa de xadrez que se produz após os seguintes lances, sendo considerada uma variação do Gambito da Dama Recusado:
1.d4 d5
2.c4 e6
3.Cc3 c5
  

domingo, janeiro 30, 2022

Boris Spassky nasceu há 85 anos

Boris Spassky em 1984
  
Boris Vasilievich Spassky, (Leninegrado, 30 de Janeiro de 1937) é um jogador de xadrez russo naturalizado francês e antigo campeão mundial.
Aprendeu a jogar xadrez aos cinco anos de idade e, aos 18 ganhou o Campeonato do Mundo de Xadrez de Juniores, disputado na cidade belga de Antuérpia, e tornou-se GMI (grandmaster - Grande Mestre Internacional, distinção atribuída no mundo do xadrez segundo critérios muito restritivos).
Spassky era considerado um jogador equilibrado, podendo adaptar o seu estilo de jogo ao adversário, o que lhe conferiu uma boa vantagem para levar de vencida muitos grandmasters de topo. Por exemplo, no match final do torneio dos candidatos (onde o vencedor será o contendor do campeão do mundo em título, disputando-lhe o título) contra Mikhail Tal, um táctico lendário (Tbilisi, 1965), Spassky consegui conduzir o jogo evitando a força da táctica de Tal. Esta vitória conduziu-o para o seu primeiro match pelo Campeonato do Mundo contra Tigran Petrosian em 1966. Spassky acabou por perder por 12,5 – 11,5, mas ganhou o direito a desafiar Petrosian novamente três anos depois. Mais uma vez, a flexibilidade do estilo de Spassky foi a chave para a vitória que acabou por celebrar contra Petrosian, por 12,5 – 10,5, no campeonato de 1969 – ao adaptar-se ao estilo de Petrosian.
O reinado de Boris Vasilievich Spassky como Campeão do Mundo durou apenas três anos, uma vez que perder o título para o americano Bobby Fischer em 1972. A disputa foi em Reykjavík, capital da Islândia, no auge da Guerra Fria e consequentemente foi vista como um símbolo da confrontação política existente. Fischer ganhou e Spassky voltou para a URSS em desgraça, apesar disso Spassky continuou a jogar ganhando vários campeonatos incluindo o Campeonato Soviético em 1973.
Em 1974, no apuramento dos candidatos, Spassky perdeu para a estrela em ascensão Anatoly Karpov em Leningrado, +1 -4. Karpov reconheceu publicamente a superioridade de Spassky, mas após uma série de jogos soberbos, Karpov conquistou os pontos suficientes para conquistar o match.
Nos anos seguintes Spassky mostrou-se relutante a dedicar-se totalmente ao xadrez. Confiando no seu talento natural soberbo para o jogo, e por vezes preferia jogar uma partida de ténis, em vez de trabalhar afincadamente no tabuleiro. Com efeito, o Campeonato Mundial de 1972 e o match dos candidatos contra Karpov em 1974 assinalaram o início duma fase descendente da carreira de Spassky. Spassky casou-se com uma senhora francesa na década de 70, adquirindo a nacionalidade francesa em 1978.
Em 1992, Fischer, após um afastamento de vinte anos do xadrez, reapareceu para jogar contra Spassky em Belgrado e Montenegro, reeditando o Campeonato Mundial de 1972. Na altura, Boris Spassky ocupava a 106ª posição no ranking da FIDE, enquanto Fischer, devido à sua inactividade durante 20 anos, nem aparecia na lista. Este match foi basicamente o último grande desafio de Boris, infelizmente problemas de saúde não lhe permitiram apresentar uma performance credível exceptuando em algumas partidas – o resultado foi +5 -10 =1.
   

segunda-feira, janeiro 17, 2022

Bobby Fischer, um fantástico campeão mundial de Xadrez, morreu há catorze anos

  
Robert James "Bobby" Fischer (Chicago, 9 de março de 1943Reykjavík, 17 de janeiro de 2008) foi um grande mestre de xadrez dos Estados Unidos da América  e décimo primeiro campeão mundial de xadrez. É considerado por muitos o maior xadrezista de todos os tempos. Em 1972, venceu o Campeonato Mundial de Xadrez ao derrotar o soviético Boris Spassky numa partida disputada em Reykjavík, Islândia, considerada um confronto símbolo da Guerra Fria, que atraiu um interesse mediático maior que qualquer outra partida de xadrez já disputada. Em 1975, Fischer recusou-se a defender o seu título, ao não chegar a um acordo com a Federação Internacional de Xadrez (FIDE) em relação ao modelo de disputa da partida. A desistência tornou Anatoly Karpov, campeão do Torneio de Candidatos de 1974, o novo campeão mundial.

Fischer demonstrava uma habilidade natural para o xadrez desde cedo. Aos 13 anos, venceu a chamada "Partida do Século" contra Donald Byrne. Começando em 1957, aos 14 anos, participou em oito Campeonatos de Xadrez dos Estados Unidos, vencendo todos com pelo menos 1 ponto de vantagem sobre os seus oponentes. Aos 15, Fischer tornou-se o grande mestre de xadrez mais novo da história até então e o candidato mais novo ao campeonato mundial.

Aos 20 anos de idade, Fischer venceu o Campeonato dos Estados Unidos de 1963–64 com uma pontuação de 11/11, a única pontuação perfeita da história do campeonato. O seu livro My 60 Memorable Games, publicado em 1969, tornou-se um ícone da literatura de xadrez. Venceu o Torneio Interzonal de 1970 com um número recorde de 3½ pontos do segundo, vencendo 20 partidas consecutivas, incluindo duas com o total perfeito de 6–0 no Torneio de Candidatos de 1971, algo inédito na história da competição. Em julho de 1971, tornou-se o primeiro número 1 oficial do ranking FIDE.

Após perder o título mundial, Fischer tornou-se recluso e, de certa forma, excêntrico, desaparecendo tanto dos campeonatos de xadrez quanto dos media. Em 1992, reapareceu numa revanche contra Spassky, na Jugoslávia, país que, à época, estava sob embargo da ONU. A sua participação na partida gerou um conflito com o governo norte-americano, que pediu o pagamento de impostos sobre o prémio pela sua vitória, chegando a emitir um mandato de prisão para Fischer. Após esses acontecimentos, passou a viver no exílio. Em 2004, foi preso no Japão por utilizar de um passaporte que havia sido revogado pelo governo dos Estados Unidos. O parlamento islandês ofereceu -lhe passaporte e cidadania islandesa, permitindo-lhe viver no país até à sua morte, em 2008.

Fischer fez inúmeras contribuições adicionais para o xadrez. Na década de 90, patenteou um sistema modificado de relógio de xadrez, que adiciona um incremento no tempo após cada movimento, sendo hoje prática padrão em torneios de alto nível. Também é sua a invenção uma variante do jogo chamada "xadrez aleatório de Fischer" (também conhecida como "Chess960").

terça-feira, janeiro 11, 2022

Hoje é um dia duplamente importante para o Xadrez...

Steinitz e Zukertort jogando em Nova Orleães, 1866
 
O Campeonato Mundial de Xadrez de 1886 foi a primeira edição do Campeonato Mundial de Xadrez sendo disputada por Wilhelm Steinitz e Johannes Zukertort. A competição ocorreu nos EUA, sendo as primeiras 5 primeiras partidas disputadas em Nova Iorque, as quatro seguintes em Saint Louis e a última em Nova Orleães. O vencedor foi Wilhelm Steinitz que venceu por um resultado de 10 - 5, vencendo o seu 10º jogo em 20, tendo havido 5 empates.
A disputa começou em 11 de janeiro de 1886, às 14.00 horas no Cartiers Academy Hall em Nova Iorque. Após os primeiros cinco jogos, a disputa foi para St. Louis para mais quatro partidas. Com o resultado balanceado de 4 vitórias para cada um e um empate, a conclusão ficaria para Nova Orleans. A esta altura do campeonato Zukertort havia dito que estava fisicamente cansado e próximo de um colapso mental enquanto que Steinitz parecia jogar melhor ainda, com um poço interminável de estamina mental. O jogo final ocorreu no dia 29 de março de 1886 quando Zukertort ofereceu sua resignação e congratulou Steinitz como Campeão Mundial.


 
  
Emanuel Lasker (Berlinchen, 24 de dezembro de 1868 - Nova Iorque, 11 de janeiro de 1941) foi um jogador de xadrez e matemático alemão. Em 1894, Lasker derrotou Wilhelm Steinitz com um resultado de 10 vitórias, 4 empates e 5 derrotas, o que lhe permitiu tornar-se o segundo campeão mundial de xadrez, além disso foi o jogador que manteve este título durante mais tempo, 27 anos. O seu registo de vitórias em torneios inclui vitórias em Londres (1899), São Petersburgo (1896 e 1914), Paris (1900), Nova Iorque (1924) e Nuremberga (1896).
Em 1921, perdeu o título para o cubano José Raúl Capablanca.
Apesar de, um ano antes, Lasker se ter proposto a desistir do título em favor de Capablanca, este quis conquistar o título no tabuleiro. Em 1933, Emanuel Lasker e a esposa, Martha Kohn, abandonaram a Alemanha (Lasker era judeu e temia os nazis) rumo à Inglaterra, e após uma curta estadia na União Soviética acabaram por ir viver para Nova Iorque.
Lasker era conhecido pela sua abordagem "psicológica" ao jogo, por vezes escolhia uma jogada teoricamente inferior para tentar colocar o adversário "desconfortável". Num jogo famoso contra Capablanca (São Petersburgo em 1914), onde devia ganhar a todo o custo, escolheu uma abertura com propensão para empatar o jogo, o que fez o adversário baixar a guarda e permitiu a Lasker triunfar. Um dos jogos mais famosos de Lasker é o seu confronto com Bauer (Amesterdão 1889), onde sacrificou ambos os bispos, uma manobra que veio a repetir em vários jogos. O seu nome está associado a algumas aberturas, por exemplo a variação de Lasker do Gâmbito da Dama (1.d4 d5 2.c4 e6 3.Cc3 Cf6 4.Bg5 Be7 5.e3 O-O 6.Cf3 h6 7.Bh4 Ce4).
Lasker foi um distinto matemático, obtendo seu doutoramento em Erlangen, sob a orientação de David Hilbert. A sua tese de doutoramento Über Reihen auf der Convergenzgrenze foi publicada na revista Philosophical Transactions em 1901. Foi ainda filósofo e amigo de Albert Einstein. Também se dedicou ao bridge, jogo em que, à semelhança do Xadrez, se tornou um mestre.

sexta-feira, dezembro 24, 2021

Emanuel Lasker, campeão mundial de Xadrez, nasceu há 153 anos

  
Emanuel Lasker (Barlinek, 24 de dezembro de 1868 - Nova Iorque, 11 de janeiro de 1941) foi um jogador de xadrez e matemático alemão. Em 1894, Lasker derrotou Wilhelm Steinitz com um resultado de 10 vitórias, 4 empates e 5 derrotas, o que lhe permitiu tornar-se o segundo campeão mundial de xadrez. Foi ainda o jogador que manteve este título durante mais tempo, 27 anos. O seu registo de títulos em torneios inclui Londres (1899), São Petersburgo (1896), São Petersburgo (1914), Paris (1900), Nova Iorque (1924) e Nuremberga (1896).
No Mundial de 1921, perdeu o título para o cubano José Raúl Capablanca. Apesar de, um ano antes, Lasker se ter proposto a desistir do título em favor de Capablanca, este quis conquistar o título no tabuleiro. Em 1933, Emanuel Lasker e a sua esposa, Martha Kohn, abandonaram a Alemanha (Lasker era judeu e temia os nazis) rumo à Inglaterra, e, após uma curta estada na União Soviética, acabaram por ir viver para Nova Iorque.
Era conhecido pela sua abordagem "psicológica" do jogo: por vezes escolhia uma jogada teoricamente inferior para tentar deixar o adversário "desconfortável". Numa partida contra Capablanca (em São Petersburgo, em 1914), onde devia ganhar a todo o custo, escolheu uma abertura com propensão para empatar o jogo, o que fez o adversário baixar a guarda e lhe permitiu triunfar. Um dos seus jogos notáveis é o confronto com Bauer em Amesterdão (1889), no qual sacrificou ambos os bispos, uma manobra que veio a repetir em outras ocasiões. O seu nome está associado a algumas aberturas, por exemplo a Variante Lasker do Gambito de Dama (1.d4 d5 2.c4 e6 3.Cc3 Cf6 4.Bg5 Be7 5.e3 O-O 6.Cf3 h6 7.Bh4 Ce4).
Lasker foi professor de matemática, tendo-se doutorado na Universidade de Erlangen-Nuremberga com a tese Über Reihen auf der Convergenzgrenze, sob a orientação de David Hilbert, publicada na revista Philosophical Transactions em 1901. Foi ainda filósofo e amigo de Albert Einstein e também se dedicou ao Bridge, tendo publicado um livro sobre o assunto.
   

terça-feira, novembro 30, 2021

O campeão mundial de Xadrez Magnus Carlsen faz hoje trinta e um anos!

    

Sven Magnus Øen Carlsen (Tønsberg, 30 de novembro de 1990) é um grande mestre de xadrez norueguês, campeão mundial de xadrez clássico desde 2013, foi campeão mundial de xadrez rápido em 2014, 2015 e 2019 e campeão mundial de xadrez blitz (rápidas) nos anos de 2009, 2014, 2017, 2018 e 2019. Em maio de 2014, alcançou o seu ELO (método estatístico utilizado para se calcular a força relativa entre jogadores de xadrez) máximo de 2882, o maior da história até o momento.

Em 1 de janeiro de 2010, com 19 anos e 32 dias de idade, Carlsen tornou-se a pessoa mais jovem a assumir o topo do ranking mundial.
Em novembro de 2021 começou a disputar novamente o título mundial, com o pretendente Ian Nepomniachtchi.
   

quinta-feira, novembro 25, 2021

O campeão mundial de Xadrez Max Euwe morreu há quarenta anos

   
Machgielis (Max) Euwe (Amesterdão, 20 de maio de 1901 - Amesterdão, 26 de novembro de 1981) foi um xadrezista neerlandês e o quinto jogador a ganhar oficialmente o título de Campeão do Mundo de Xadrez.
Max Euwe estudou matemática na Universidade de Amesterdão, tendo depois lecionado matemática, primeiramente em Roterdão e posteriormente num liceu feminino em Amesterdão. Aplicou os seus conhecimentos em matemática ao estudo de jogos de xadrez infinitos.
Em 1921 sagrou-se campeão neerlandês de xadrez, conservando o título até 1935. Tornou-se campeão amador de xadrez, corria o ano de 1928. Em 15 de dezembro de 1935, depois de 30 jogos disputados em 13 cidades diferentes num período de 80 dias, derrotou o campeão do mundo em título Alexander Alekhine, conquista que muito impulsionou o desenvolvimento do Xadrez nos Países Baixos.
Em 1937 Euwe perdeu o título para Alekhine. Após a morte de Alekhine, em 1946, considerava-se que Euwe teria o direito moral à posição de campeão mundial, mas ele assentiu em participar num torneio com cinco competidores pelo título de novo campeão do mundo, torneio esse que se disputou em 1948, tendo Max Euwe acabado em quinto.
Apesar de ser mais velho quarenta anos que Bobby Fischer, Euwe ainda teve a energia e a resistência suficientes para manter o equilíbrio nos resultados entre ambos (+1 -1 =1).
Entre 1970 e 1980, foi presidente da FIDE, tendo desempenhado um papel importante na organização do famoso match de 1972, entre Boris Spassky e Bobby Fischer.

terça-feira, novembro 23, 2021

O Rei Alfonso X nasceu há oito séculos

Afonso X, trajado com as armas de Leão e Castela (iluminura do manuscrito das Cantigas de Santa Maria)
   
Afonso X, o Sábio ou o Astrólogo (Toledo, 23 de novembro de 1221 - Sevilha, 4 de abril de 1284), foi rei de Castela e Leão de 1252 a 1284, e ainda imperador eleito do trono do Sacro Império Romano-Germânico (1257-1273), ainda que nunca tenha exercido o cargo de facto.

Como D. Dinis de Portugal, seu neto, Afonso X fomentou a actividade cultural a diversos níveis. Realizou a primeira reforma ortográfica do castelhano, idioma que adoptou como oficial em detrimento do latim. O objectivo seria desenvolver o vernáculo do seu reino, segundo o historiador Juan de Mariana.
A famosa escola de tradutores de Toledo juntou um grupo de estudiosos cristãos, judeus e muçulmanos. Foi principalmente nesta que se realizou o importantíssimo trabalho de traduzir para as línguas ocidentais os textos da antiguidade clássica, entretanto desenvolvidos pelos cientistas islâmicos. Estas obras foram as principais responsáveis pelo renascimento científico de toda a Europa medieval, que forneceria inclusivamente os conhecimentos necessários para o subsequente período dos descobrimentos. A verdadeira revolução cultural que impulsionou foi qualificada de renascimento do século XIII. Mas a obra que mais foi divulgada e traduzida no reinado deste intelectual foi a Bíblia.
No entanto, através de académicos judeus, também patrocinou uma tradução do Talmud. Mas depois da revolta liderada por D. Sancho, perseguiu a comunidade judaica de Toledo, aprisionando-os nas suas sinagogas e demolindo as suas casas.
Afonso foi também mecenas generoso do movimento trovadoresco, e ele próprio um dos maiores trovadores e poetas de língua galaico-portuguesa (a língua mais usada na lírica ibérica do século XIII), tendo chegado até nós 44 cantigas suas, de amor e principalmente de escárnio e maldizer. A sua obra mais reconhecida é as Cantigas de Santa Maria, cancioneiro sacro sobre os prodígios da Virgem Santíssima, num total de 430 composições, musicadas.
Também colaborou no El Libro del Saber de Astronomia, obra baseada no sistema ptolomaico. Esta obra teve a participação de vários cientistas que o rei congregara, e aos quais proporcionava meios de estudo e investigação, tendo mesmo mandado instalar um observatório astronómico em Toledo. Compõs as tabelas afonsinas sobre as posições astronómicas dos planetas, baseadas nos cálculos de cientistas árabes. Como tributo à sua influência para o conhecimento da astronomia, o seu nome foi atribuído à cratera lunar Alfonsus.
Outras obras com o seu contributo são o Lapidario, um tratado sobre as propriedades das pedras em relação com a astronomia e o Libro de los juegos, sobre temas lúdicos (xadrez, dados e tabelas - uma família de jogos a que pertence o gamão), praticados pela nobreza da época.



Bem sabia eu, mia senhor 
(Cantiga de Amor)

Bem sabia eu, mia senhor,
que pois m'eu de vós partisse
que nunca veria sabor
de rem, pois vos eu nom visse,
porque vós sodes a melhor
dona de que nunca oísse
homem falar;
ca o vosso bom semelhar
sei que par
nunca lh'homem pod'achar.

E pois que o Deus assi quis,
que eu som tam alongado
de vós, mui bem seede fiz
que nunca eu sem cuidado
en viverei, ca já Paris
d'amor nom foi tam coitado
[e] nem Tristam;
nunca sofrerom tal afã,
nen'[o] ham
quantos som, nem seeram.

Que farei eu, pois que nom vir
o mui bom parecer vosso?
Ca o mal que vos foi ferir
aquel é [meu] x'est o vosso;
e por ende per rem partir
de vos muit'amar nom posso;
nen'[o] farei,
ante bem sei ca morrerei,
se nom hei
vós que sempre i amei.
   

Afonso X

sexta-feira, novembro 19, 2021

Hoje é o Dia Mundial do Xadrez!

  
O Dia Internacional do Xadrez é comemorado todos os anos no dia 19 de novembro, data de nascimento de José Raúl Capablanca, considerado um dos maiores xadrezistas de todos os tempos e o único hispano-americano a sagrar-se campeão mundial.

Benjamin Franklin jogando Xadrez, quadro do artista Edward Harrison May (1824-1887)
   

domingo, outubro 31, 2021

Alekhine nasceu há 129 anos

   
Alexander Alexandrovich Alekhine (Moscovo, Rússia, 31 de outubro ou 1 de novembro de 1892 - Estoril, Portugal, 24 de março de 1946) foi um jogador de xadrez franco-russo de grande nível, conhecido pelo seu estilo marcadamente atacante e campeão mundial de xadrez durante 17 anos.
Alekhine nasceu no seio de uma família abastada, o pai era proprietário de terras e membro da Duma, enquanto que a mãe era filha de um rico industrial. Foi a mãe que ensinou a jogar xadrez Alexander e o seu irmão, em 1903.
O primeiro feito de Alekhine no mundo de xadrez foi em 1909, aos dezassete anos, quando venceu o torneio russo de xadrez para amadores, disputado em São Petersburgo, com um resultado de doze vitórias, dois empates e duas derrotas. Este torneio foi disputado em simultâneo com o de profissionais, ganho por Emanuel Lasker e Akiba Rubinstein. A vitória valeu a Alekhine o título de mestre nacional. Mais tarde neste ano, nos Estados Unidos, o cubano José Raúl Capablanca, na altura com 23 anos de idade, chocou os jogadores americanos ao esmagar Frank Marshall. As vidas de Capablanca e Alekhine iriam cruzar-se em breve.
Em 1914, após ser disputado um torneio em São Petersburgo, Alekhine e Capablanca pertenciam ao grupo dos cinco primeiros jogadores a ganhar o título de grandmaster. Alekhine era bastante cosmopolita, viveu em vários países e falava russo, alemão, francês e inglês.
Depois da Revolução Russa, em 1919, foi dado como suspeito de espionagem e preso em Odessa. Ao ser libertado mudou-se para França em 1921, onde, quatro anos depois, adquiriu a cidadania e entrou na faculdade de Direito da Sorbonne. Apesar da sua tese sobre o sistema prisional chinês não ter sido terminada, ficou conhecido como Dr. Alekhine para o resto da sua vida.
Em 1927 arrebatou a Capablanca o título de campeão do mundo de xadrez. Apesar de acordado nas condições impostas para que o match decorresse que haveria direito a desforra, Alekhine recusou-se a jogar a desforra, em vez disso jogou dois matches contra Efim Bogolyubov, que não era da mesma craveira (Capablanca tinha um registo de 5-0 contra ele). Alekhine recusou-se mesmo a jogar os mesmo torneios que o seu rival (Capablanca).
No ano de 1935 perdeu o título para Max Euwe, uma derrota que foi atribuída ao consumo abusivo de álcool por parte de Alekhine. Em 1936, visto já não ser campeão do mundo, Capablanca ganhou o torneio de Nottingham, vencendo Alekhine no jogo que disputaram e o torneio (empatado com Mikhail Botvinnik). Após abandonar o vício, conseguiu reconquistar brilhantemente o título e mostrar mais uma vez que era o melhor do mundo, frente a Euwe em 1937, com uma vantagem confortável.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Alekhine jogou em diversos torneios na Alemanha e em territórios ocupados por esta nação. Em 1941 apareceram artigos anti-semitas intitulados Aryan and Jewish Chess, sob o seu nome no Pariser Zeitung. Apesar de investigações intensas, não se conseguiu comprovar se os artigos foram mesmo escritos por Alekhine. Após a guerra foi considerado persona non grata pelos organizadores de torneios.
Alekhine veio a falecer num hotel do Estoril em Portugal, enquanto se preparava para um match para defender o seu título de campeão do mundo contra Botvinnik. Pensa-se que a sua morte, um assunto muito controverso e ainda debatido, se deva ou a um ataque cardíaco, ou a ter sufocado enquanto se alimentava. A este propósito alguns investigadores mais recentes apontam a hipótese de Alekhine ter sido espião (possivelmente alemão) durante a 2ª Guerra e ter sido vítima de homicídio (notar que Lisboa era então uma importante praça giratória da espionagem mundial). A FIDE financiou o funeral, e os seus restos mortais foram transferidos para o Cimetière du Montparnasse, em Paris, em 1956.
Alekhine foi o único campeão mundial a reter o título até a sua morte, em uma época em que esse título era tratado como uma propriedade privada do campeão, que podia escolher com quem ele seria disputado.
Alekhine estudava bastante, aparecendo o seu nome associado a várias aberturas. A Defesa Alekhine (1. e4 Cf6 na notação algébrica) é o exemplo mais sonante; também existe o ataque de Alekhine-Chatard (1. e4 e6 2. d4 d5 3. Cc3 Cf6 4. Bg5 Be7 5. e5 Cfd7 6. h4), um sacrifício na Defesa Francesa.
Também há uma partida que Alekhine jogou contra Aaron Nimzowitsch, que deu origem ao "Canhão de Alekhine".

terça-feira, setembro 07, 2021

Philidor, o grande músico e xadrezista, nasceu há 295 anos!

   
François-André Danican Philidor (Dreux, França, 7 de setembro de 1726 - Londres, Inglaterra, 31 de agosto de 1795) foi o melhor jogador de xadrez de sua época, e também músico. Criou a ópera-cómica na França e compôs diversas outras óperas (entre as quais Tom Jones, Le Maréchal-Ferrant, Themistocle, etc.).
Philidor teve sua carreira musical como um dos músicos da corte do rei Luís XV da França. Entre os anos de 1750 e 1770 foi o principal compositor francês, tendo composto uma ópera e 21 óperas-cómicas.
Em dezembro de 1792, no entanto, aos 65 anos de idade, Philidor precisou deixar definitivamente a França e ir para a Inglaterra, fugindo da Revolução Francesa (1789-1799), porque o seu nome figurava na lista de banimento. O seu nome não foi incluído, provavelmente, devido às suas ideias políticas, porque Philidor era bastante reservado sobre suas opiniões para além da música e do xadrez.

Xadrez
Em 1744 Philidor frequentava o Café da Regência, em Paris, onde se reuniam os mais forte jogadores da capital e pensadores como Voltaire e Rousseau. Imediatamente adquiriu fama ao superar todos, culminando com a sua vitória sobre Kermur Sire De Legal, que era o campeão do clube e havia sido o seu instrutor no jogo. Dois anos mais tarde viajou para a Holanda e Inglaterra, derrotando em Londres o sírio Stamma, que, com a saída de Greco, era considerado o xadrezista mais forte da época. A partir daí, seu jogo era tão superior aos demais que Philidor sempre concedia algum tipo de vantagem aos oponentes, para dar interesse ao confronto. Outra circunstância que chamou muito a atenção do público foram as primeiras exibições simultâneas às cegas (quando o xadrezista enfrenta mais de um oponente sem olhar para os tabuleiros); na ocasião Philidor enfrentou dois jogadores em partidas distintas, o que nunca tinha sido visto na história até então. Escreveu em 1749 Analyse du jeu des échecs (Análise do jogo de Xadrez), um dos primeiros tratados sobre o jogo, o qual foi por mais de cem anos (com 70 edições) considerado como obra de referência no assunto. É dele a famosa frase «Les pions sont l'âme des échecs» (Os peões são a alma do xadrez). Este livro foi traduzido para o inglês, alemão e italiano. Levam o seu nome no jogo uma abertura defensiva para as negras chamada de Defesa Philidor, estudos sobre situações de final de jogo, conhecidos como "Posições de Philidor", além do famoso "Mate de Philidor". Andrew Soltis escreveu que "Philidor foi o melhor jogador do mundo por 50 anos"; de fato ele devia estar cerca de 200 pontos acima de qualquer pessoa no Rating ELO, separado pelos mistérios conceituais do jogo, os quais havia decifrado. Também interessante é a opinião do Grande Mestre Boris Alterman sobre o jogo de Philidor:
"Há 500 anos o xadrez era diferente, os peões não eram valorizados como hoje. Os melhores jogadores começavam com gambitos, onde os peões eram apenas um pequeno preço para se abrir uma coluna ou uma diagonal, a fim de se criar um imediato ataque ao rei do adversário. Era o estilo italiano de xadrez. Todas as posições do Gambito do Rei eram muito populares... O melhor jogador de xadrez de sua época foi François-André Danican Philidor... Sua publicação sobre estratégia de xadrez permaneceu por um século sem adições ou modificações significativas. Ele pregou o valor de um centro forte de peões, uma compreensão do valor relativo das peças, e a estrutura corretas para os peões...".
No mesmo artigo da Internet, analisando o jogo Bruehl vs Philidor, 0-1, Londres 1783, Alterman afirmou que Philidor entendia muito bem conceitos modernos, como o poder de peões passados, peças boas e más de acordo com a posição; vantagem do domínio espacial; abertura de colunas; estrutura articulada de peões e importância do centro.
Mais de um século após a sua morte, muitas de suas ideias foram retomadas e aprimoradas, principalmente por outros dois excepcionais pensadores do xadrez, Wilhelm Steinitz e Aaron Nimzowitsch.
Jacques François Mouret, um dos melhores jogadores franceses do início do século XIX, era sobrinho de Philidor.
   
   
  
   
A Defesa Philidor é uma defesa de xadrez que ocorre após os lances:
1.e4 e5
2.Cf3 d6
O nome se refere ao jogador francês François-André Danican Philidor.
A principal ameaça Preta é 3. ... f5, portanto quase sempre as Brancas continuam com:
3.d4
Neste caso, as principais respostas das Pretas são 3. ... exd4, 3. ... Cf6 ou 3. ... f5. O lance 3. ... Bg4? é um erro, porque depois de 4. dxe5 as Pretas devem trocar o Bispo pelo Cavalo, com perda de tempo.
Outra continuação para as Brancas é:
3.Bc4

 


terça-feira, agosto 31, 2021

O músico e xadrezista François-André Philidor morreu há 226 anos

    
François-André Danican Philidor (Dreux, França, 7 de setembro de 1726 - Londres, Inglaterra, 31 de agosto de 1795) foi um compositor francês e também o melhor jogador de xadrez de sua época. Geralmente considerado como um dos criadores da ópera bufa francesa, destacando-se Tom Jones e Le Maréchal-Ferrant. Além disso, compôs também a ópera Themistocle, uma tragédia lírica.
Na sua família, de origem escocesa e conhecida desde o século XVII, houve catorze instrumentistas - nove dos quais eram também compositores.
Philidor teve a sua carreira musical como um dos músicos da corte do rei Luís XV da França. Entre os anos de 1750 e 1770 foi o principal compositor da França. Escreveu mais de 20 opéras comicas e duas tragédias líricas. Além disso, compôs música de câmara, cantatas e motetos seculares, um oratório. Musicou as Carmen seculare de Horácio e compôs um Te Deum que foi executado durante o funeral de Rameau.
Em dezembro de 1792, no entanto, aos 65 anos de idade, Philidor precisou deixar definitivamente a França e partir para a Inglaterra. Fugia da Revolução Francesa (1789-1799), pois o seu nome figurava na lista de banimento, o que provavelmente não se deveu às suas ideias políticas, já que Philidor era bastante reservado sobre as suas opiniões para além da música e do xadrez.
 
  

 


terça-feira, julho 20, 2021

A FIDE - Federação Internacional de Xadrez faz hoje 97 anos

    
A Federação Internacional de Xadrez (FIDE) foi fundada a 20 de julho de 1924, em Paris. É uma organização internacional, com sede na Suíça, que conecta as várias federações nacionais de xadrez e atua como órgão dirigente das competições internacionais do desporto. Geralmente é referida pela sua sigla em francês, FIDE (Fédération Internationale des Échecs).

A FIDE é reconhecida pelo Comité Olímpico Internacional (COI) como a responsável pela organização do Xadrez e dos campeonatos internacionais. Em 1999, a FIDE foi reconhecida pelo COI como uma Federação Desportiva Internacional. Atualmente a FIDE conta com 190 federações nacionais filiadas.

Atualmente a FIDE não se volta somente para o Xadrez Profissional de alto nível, também investe no Xadrez Escolar, fazendo deste desporto intelectual uma fonte de Educação.
   

sexta-feira, julho 02, 2021

Nabokov morreu há 44 anos


Vladimir Vladimirovich Nabokov (São Petersburgo, 22 de abril de 1899 - Montreux, Suíça, 2 de julho de 1977) foi um escritor russo-americano. Nabokov escreveu os seus primeiros nove romances em russo e então chegou à fama internacional como um mestre estilista de prosa em inglês. Também fez contribuições para a entomologia e tinha interesse em problemas de xadrez.
Lolita (1955) é frequentemente citado entre os seus romances mais importantes e é o mais conhecido, apresentando o amor por intrincado jogo de palavras e o detalhe descritivo que caracteriza todas as suas obras. O romance foi classificado na quarta posição na lista dos 100 melhores romances da Modern Library. A sua autobiografia, intitulada Speak, Memory foi colocada na oitava posição na lista dos livros de não-ficção da Library Modern.
Nascido numa família da antiga aristocracia, em 1919, a instabilidade produzida pela revolução bolchevique (1917) obrigou-o a abandonar a União Soviética. Estudou em Cambridge e licenciou-se em literatura russa e francesa. Mudou-se para Berlim, onde iniciou sua produção literária e intenso trabalho como tradutor.
Em 1926, foi publicado o seu primeiro romance, Maria, acolhido com interesse e consideração. Fugindo dos exércitos nazis e após uma estada em Paris, chegou em 1940 aos Estados Unidos, onde se dedicou ao ensino de língua e literatura russa em várias universidades. Embora continuasse a escrever na sua língua materna, começou também a escrever em inglês, publicando o seu primeiro romance nesta língua em 1941 (The Real Life of Sebastian Knight). Publicou, em 1955 e em inglês, o polémico romance Lolita.
A partir de 1958, o sucesso alcançado por seus livros permitiu-lhe dedicar-se inteiramente aos seus principais interesses, a literatura e a entomologia.
     

quinta-feira, junho 17, 2021

Petrosian, antigo Campeão do Mundo de Xadrez, nasceu há 92 anos

   
Tigran Vartanovich Petrosian (Tíflis, Geórgia, 17 de junho de 1929 - Moscovo, 13 de agosto de 1984) foi um jogador de xadrez e Campeão do Mundo da modalidade.
Os seus resultados no torneio trienal, que determina o jogador que se bate com o campeão do mundo pelo título da modalidade, demonstram uma sólida evolução: 5º em Zurique em 1953; 3º lugar partilhado em Amsterdão em 1956; 3º na Jugoslávia em 1959; 1º em Curaçao em 1962. Em 1963 derrotou Mikhail Botvinnik com o resultado 12,5 – 9,5 tornando-se campeão do mundo de xadrez.
Petrosian defendeu o seu título em 1966, derrotando Boris Spassky por 12,5 – 11,5. Contudo, em 1969, o mesmo Spassky derrotou-o por 12,5 – 10,5. Em 1968, a universidade de Yerevan concedeu-lhe um mestrado, tendo Tigran apresentado a tese "Lógica no Xadrez".
Tigran Vartanovich Petrosian foi o único jogador a ganhar um jogo a Bobby Fischer durante os últimos jogos do Torneio de Candidatos de 1971, acabando com a sequência impressionante de Fischer de dezanove vitórias consecutivas (6 ainda nos jogos do agrupamento Interzonal, 6 frente a Mark Taimanov, 6 frente a Larsen e ainda o primeiro jogo do seu match).
O seu nome baptiza duas importantes aberturas: a variante de Petrosian da Defesa Índia do Rei e uma seguinte jogada na Defesa Índia da Dama.
  

quarta-feira, maio 05, 2021

Botvinnik, o jogador de Xadrez que foi campeão mundial por três vezes, morreu há 26 anos


Mikhail Moiseyevich Botvinnik
(Kuokkala, 17 de agosto de 1911 - Moscovo, 5 de maio de 1995) foi um xadrezista soviético e Campeão do Mundo de Xadrez.
Mikhail Botvinnik nasceu no Grão-ducado da Finlândia, então parte do Império Russo na localidade de Kuokkala, hoje chamada Repino, no Óblast de Leningrado. Apareceram notícias suas no mundo do xadrez quando tinha apenas catorze anos e derrotou o campeão mundial José Raúl Capablanca.  Progredindo de forma rápida, aos vinte anos de idade já Botvinnik era um mestre soviético de mérito firmado, tendo vencido pela primeira vez o Campeonato Soviético em 1931. Este feito repetiu-se nos anos de 1933, 1939, 1941, 1945 e 1952. Aos 24 anos, Botvinnik competia de igual para igual com a elite mundial, acumulando sucessos em torneios internacionais em alguns dos torneios mais fortes da época. Podemos referir as vitórias em Moscovo em 1935 (empatado com Salo Flohr e deixando para trás Emanuel Lasker e Capablanca) e em Nottingham em 1936, para além do prestigioso terceiro lugar (atrás de Reuben Fine e Paul Keres) no torneio AVRO em 1938.
Sem surpresa, Botvinnik continuou a sua senda de sucesso e deteve o título de Campeão do Mundo em três períodos distintos (1948-57, 1958-60 e 1961-63). A sua longa permanência na elite mundial do xadrez é atribuída à sua impressionante dedicação ao estudo. A preparação dos jogos e a sua análise posterior não eram armas que os seus antecessores esgrimissem, sendo contudo este estudo que conferia a Botvinnik muita da sua força. A técnica em vez da tática, perícia no final em vez das armadilhas nas aberturas.
Adoptou e desenvolveu linhas sólidas de aberturas na Nimzo-Indiana, Defesa Eslava e Defesa Francesa, que se aguentaram perante vários testes, sendo-lhe possível concentrar-se num pequeno repertório de aberturas durante os seus match’s mais importantes, permitindo-lhe frequentemente encaminhar o jogo para temas bem preparados. Por várias vezes defrontou, em encontros de treino "secretos", mestres do calibre de Flohr, Yuri Averbakh e Viacheslav Ragozin. Foi o desvendar, muitos anos depois, dos detalhes destes encontros, que proporcionou aos historiadores do xadrez uma abordagem inteiramente nova ao reinado de Botvinnik.
É talvez surpreendente que Mikhail Moiseyevich Botvinnik não seja solidamente apontado como um concorrente ao título de melhor jogador de todos os tempos.
Sem surpresa, Botvinnik continuou a sua senda de sucesso e deteve o título de Campeão do Mundo em três períodos distintos (1948-57, 1958-60 e 1961-63). A sua longa permanência na elite mundial do xadrez é atribuída à sua impressionante dedicação ao estudo. A preparação dos jogos e a sua análise posterior não eram armas que os seus antecessores esgrimissem, sendo contudo este estudo que conferia a Botvinnik muita da sua força. A técnica em vez da tática, perícia no final em vez das armadilhas nas aberturas.
Por um lado, os seus feitos foram indubitavelmente impressionantes e deve ser recordado que muitos dos seus rivais, os mais jovens Paul Keres, David Bronstein, Vasily Smyslov, Mikhail Tal e Tigran Petrosian eram, por mérito próprio, jogadores formidáveis. Ele ainda iniciou uma nova forma de encarar o xadrez, com a sua forma de treino e profunda preparação das aberturas.
Por outro lado, os críticos apontam o fato de raramente aparecer em torneios após a Segunda Guerra Mundial e o seu registo fraco em match’s do campeonato do mundo – duas derrotas, das quais conseguiu recuperar o título na desforra, tendo lutado para conseguir empatar os outros dois match’s. Muitos consideram ainda que o jogo de Botvinnik era baseado na precisão dos movimentos, em vez de o ser nas jogadas intuitivas ou espetaculares – embora o jogador, de classe mundial, Reuben Fine tenha escrito que a coleção dos melhores jogos de Botvinnik era uma das "três mais belas".
Três fatores contrinbuíram para o seu registo algo inconsistente. A Segunda Guerra Mundial rebentou exatamente quando Botvinnik entrou no seu melhor período – ele poderia ter sido campeão mundial cinco anos mais cedo, se a guerra não tivesse interrompido as competições internacionais de xadrez. Ele foi o único xadrezista de classe mundial que tinha, em simultâneo com a sua atividade no xadrez, uma distinta e longa carreira noutro área – o governo soviético condecorou-o pelos seus feitos em engenharia, e Fine contava uma história que mostrava que Botvinnik estava igualmente comprometido com a engenharia e o xadrez. Finalmente, os campeões do mundo anteriores estavam livres para evitar os seus concorrentes mais fortes, da mesma forma que se passa com os pesos pesados do boxe atualmente – Botvinnik foi o primeiro campeão a ter de enfrentar os seus concorrentes mais fortes de três em três anos, e ainda assim conservou o título mais tempo que qualquer um dos seus sucessores excetuando Garry Kasparov.
Dos anos 1960 em diante, Mikhail Botvinnik preferiu, em vez da competição, dedicar-se ao desenvolvimento de programas de xadrez para computador e assistir e treinar jogadores mais novos – os três famosos K’s soviéticos Anatoly Karpov, Garry Kasparov e Vladimir Kramnik foram três dos seus muitos estudantes.