sexta-feira, novembro 26, 2010

Sugestão de prenda de Natal

(clicar para aumentar)

Notas Importantes:
  • Preços apresentados incluem IVA à taxa actual
  • Portes não incluídos
  • Encomendas para encomendas@galactica.pt
  • Válido entre 02.11.2010 e 30.11.2010

Informação: Galáctica - Espaço M51



NOTA: post em estereofonia com o blog AstroLeiria.

Um grande cantor faz hoje anos

Semana da Ciência e da Tecnologia 2010


Como todos os anos, o Blog Geopedrados participa nas actividades da Ciência Viva que comemoram o nascimento de Rómulo de Carvalho/António Gedeão - a Semana da Ciência e da Tecnologia 2010. Este ano com mais dificuldade - a doença grave de um familiar assim o obriga... - mas fazendo-se o que se pode.

Assim este ano o Blog participa (em conjunto com os blogues Ciências Correia Mateus, GeoLeiria, AstroLeiria, XadrezLeiria, Vila Franca das Naves, Escabralhado, 9º A, 9º B e 9º C - os três últimos da Escola Correia Mateus...) nas seguintes actividades:
A actividade que é referida em primeiro lugar terá direito a diversos posts, em breve, aqui no Blog...

O cantor Fausto faz hoje 62 anos!

quinta-feira, novembro 25, 2010

Observação astronómica em Leiria



Inserida nas actividades da Semana da Ciência e Tecnologia 2010, iremos fazer uma Observação Astronómica, na Senhora do Monte (Cortes – Leiria) aberta ao público em geral e sem pré-inscrição. Esta decorre no dia 26.11.2010 (6ª) entre as 21.00 e as 24.00 horas, pouco depois das Antenas de Rádio da zona mais alta do concelho de Leiria.

Aqui ficam os ficheiros de apoio:
NOTA: para quem não conhece a zona, aqui fica mapa do local da observação, em mapa configurável, bem como local de partida (Café Olhalvas), às 20.35 horas, de alguns participantes:



NOTA: actividade em conjunto com o Blog AstroLeiria.

O 25 de Novembro - há 35 anos

(imagem daqui)
Opinião
O 'mistério' do 25 de Novembro de 1975

por José Manuel Barroso - 21 Novembro 2006

É sabido: no dia 25 de Novembro de 1975, no final do período revolucionário que se seguiu ao 25 de Abril, Portugal esteve à beira de uma guerra civil. Depois de um período de disputa pelo poder político-militar, que abrange todo o Verão de 1975, as forças democráticas (PS, PSD e CDS, na ala partidária, os moderados do Movimento das Forças Armadas, o MFA, liderados pelos Grupo dos Nove, e a Igreja Católica), que lutavam por uma democracia do tipo europeu, e as forças pró-comunistas (PCP, extrema-esquerda e a Esquerda Militar), que procuravam impor ao País um regime autoritário próximo do dos países comunistas, enfrentaram-se em Lisboa.

Venceram os moderados e o caminho para a democracia foi reaberto. Mas a data, isto é, o "quem é quem" e o "quem faz o quê" nos acontecimentos que levaram os radicais do MFA a marchar com a unidade pára-quedista de Tancos sobre a capital e as principais bases aéreas em seu redor, ainda permanece envolto em "mistério". E nem um simples e linear raciocínio de mediana inteligência desata, 30 anos depois, esse "mistério". O "mistério" resume-se a uma pergunta: é, ou não, o PCP, com o apoio operacional da Esquerda Militar, a organização que avança para o confronto e porquê?

Têm-se colocado dúvidas sobre a coerência (ou a "incoerência") de um plano militar "tão frouxo" como o dos revoltosos de Tancos. E, no plano político, sobre as verdadeiras intenções e acção do PCP nessa data. Em suma, perguntam os que alimentam esse "mistério": como poderia o PCP avançar para uma tentativa de mudança do poder político-militar com tal plano militar tão débil? E que quereria ele fazer, de facto, um golpe militar, tomar o poder? As respostas, mesmo com base em depoimentos que não incluem as "memórias" do PCP, são, para mim, simples.

Era o plano militar de quem comandava o 25 de Novembro frouxo? Não. Qualquer aprendiz de militar verifica que uma acção de ocupação do quartel-general (QG) operacional da Força Aérea e das suas principais bases aéreas operacionais não é um plano qualquer. É um plano inteligente e necessário para fazer de novo bascular a balança do poder para a esquerda pró-comunista. Porquê? Porque, estando a principal força de actuação - o Exército - maioritariamente dominada pelos moderados, só o desequilíbrio dos restantes dois ramos das Forças Armadas - Marinha e Força Aérea - poderiam impor ao Exército um realinhamento político-militar e impedir uma eventual acção deste para repor a ordem no País. Tomar o comando da Força Aérea e as suas principais bases significava, "apenas", subtrair ao Exército o seu principal apoio. E era também uma forma de incitar e libertar a Marinha - nomeadamente os fuzileiros - para uma acção ao lado dos radicais.

Que falhou neste plano militar? Duas coisas. Uma, e muito importante, o alinhamento do então comandante operacional do Copcon (QG operacional do MFA), general Otelo Saraiva de Carvalho, ao lado dos pára-quedistas (isto é: da Esquerda Militar). Otelo, que o PCP mais voluntarista contava como aliado e comandante militar "independente" para o golpe, foi para casa nessa madrugada, deixando os revoltosos sem um comando visível (e daí o ódio, que ainda hoje persiste, do PCP a Otelo). Outra, a acção do presidente da República, general Costa Gomes, que se opõe sinceramente a uma guerra civil e dá ordens de fidelidade hierárquica a unidades e cobertura aos militares moderados.

Que falhou no plano político? Otelo e Costa Gomes, de novo. O general Otelo Saraiva de Carvalho, comandante operacional do MFA no 25 de Abril, fora preparado, depois de Março de 1975, para ser o "grande líder" da revolução. É namorado pelo PCP e por Cuba. Tem encontros a sós com Cunhal e Fidel Castro convida-o repetidamente para visitar a ilha. Otelo acaba por lá ir em Julho. É recebido como um herói, é-lhe incentivado um papel de caudilho. Otelo regressa aparentemente convencido, diz que vai mandar os "contra-revolucionários" para a praça de touros do Campo Pequeno e é portador de uma mensagem de Fidel para Costa Gomes anunciando a intervenção cubana em Angola. Mas, depois, Otelo falha sempre: não apoia o primeiro-ministro comunista Vasco Gonçalves nem os pára-quedistas. Costa Gomes também "falha". Deixa Cuba avançar em Angola, até porque Portugal era frágil aí. Mas não dá possibilidade ao golpe do 25 de Novembro de avançar em Lisboa. Homem da Guerra Fria e estratego inteligente, deixa Angola para as superpotências e Portugal para a NATO. Um mês antes do 25 de Novembro, o líder soviético Leonid Breznev, numa conversa a sós de quatro horas, em Moscovo, explicara-lhe que a União Soviética não combateria os EUA na Península Ibérica. Por isso, a primeira preocupação de Costa Gomes, na manhã do 25 de Novembro, é falar com Cunhal e o seu braço popular (não armado, mas armável), a Intersindical. Cunhal aceita, mas ganha tempo para negociar o futuro, sem grandes perdas para o PCP.

Dir-se-ia não haver depoimentos ou provas suficientes do que afirmo. Mas há. Não se conhece tudo, mas o que se apurou, nestes anos de investigação e de recolha de relatos, é suficiente. Explicarei isso em próximo artigo.

in  DN - ler notícia

O 25 de Novembro - há 90 anos



Tomada da Bastilha, Coimbra, 25 de Novembro de 1920


A 25 de Novembro a Academia de Coimbra comemora o dia da “TOMADA DA BASTILHA”, feriado da Universidade, e cuja história, passada em 1920, nunca é demais recordar: em tempos, tinha o Senado Universitário cedido à Associação Académica o rés-do-chão do Colégio de São Paulo, na Rua Larga, para sede das suas actividades, onde nos restantes andares do mesmo edifício estava instalado o Clube dos Lentes com espaçosas e requintadas instalações. Com o desenvolvimento da actividade associativa, iam sendo feitas diligências para que fosse cedido mais espaço, que só resultavam em promessas sempre adiadas. Até que um grupo de “Conjurados” combinou em grande secretismo tomar a iniciativa de resolver de vez o problema e ocupar a restante área do edifício para uso dos estudantes. Traçado o plano, caberia a um grupo tomar o Clube dos Lentes, a outro ocupar a Torre da Universidade e aos restantes controlar a área e distrair as autoridades civis e académicas que pudessem ali aparecer. Um ferreiro amigo já teria previamente estudado as fechaduras e fabricado as necessárias chaves, pois não convinha estar a causar danos desnecessários. E na madrugada de 25 de Novembro desencadeou-se a operação, com a tomada das novas instalações. Logo foi lançado um morteiro, dando sinal aos ocupantes da Torre para tocarem a “cabra” a rebate a fim de mobilizar a restante Academia, que na época residia toda ali nas imediações da Universidade, muitos deles em "Repúblicas", para consolidar a acção e festejar o acontecimento. Nesse dia, foi enviado um telegrama ao Presidente da República a dar a notícia da obtenção de uma nova sede para a Academia, tendo ele, que desconhecia as circunstâncias, respondido a congratular-se com o facto, E com tal "despacho Presidencial" o Senado Universitária só teria que se conformar. Assim decorreu o que veio a ser designado por “Tomada da Bastilha”, tornando-se esta data o feriado da Universidade, rijamente comemorado todos os anos. E até à construção dos novos edifícios das Faculdades, que destruiu a “velha Alta”, a festa terminava sempre com um monumental magusto que se prolongava até ao romper o dia. Os "Antigos Estudantes de Coimbra em Lisboa" fazem nessa altura a habitual jantarada no Salão do Casino Estoril, com a comparência do "Magnífico Reitor", representantes das diversas secções, grupos corais, de fados etc.... E no final, um caloroso F-R-A. !



Texto roubado daqui

Novidades da fauna cavernícola Portuguesa

Portugal tem um novo troglóbio, de seu nome Titanobochica magna, novo género e nova espécie.

Um dos maiores pseudoescorpiões do mundo e apresenta adaptações extremas à vida nas grutas.

Mais informações sobre este animal podem ser encontradas na sua descrição em: ZOOTAXA 2681: 1–19 (2010)

O 25 de Novembro - há meio milénio Afonso de Albuquerque conquistou Goa

(imagem daqui)

Goa foi cobiçada por ser o melhor porto comercial da região. A primeira investida portuguesa deu-se em 1510, de 4 de Março a 20 de Maio. Nesse mesmo ano, em uma segunda expedição, a 25 de Novembro, Afonso de Albuquerque, auxiliado pelo corsário hindu Timoja, tomou Goa aos árabes, que se renderam sem combate, por o sultão se achar em guerra com o Decão.


quarta-feira, novembro 24, 2010

We Will Rock You


Hoje a música popular portuguesa está de luto


Recordar Michel Giacometti

Nunca nos deixarás, Michel, enquanto as tuas recolhas soarem na televisão, no YouTube, nos LP's e CD's... Eras um simples corso andarilho e deixaste tanta coisa boa, da verdadeira alma de um país rural, que já estava moribundo, mas que agora, ad aeternum, se irá conservar e transformar!




Hoje é dia de Greve Geral...

... e este blog adere. Tudo o que é publicado hoje foi-o previamente, para que os nossos leitores não sejam atingidos, à guisa de serviços mínimos.

Fiquemos com um belíssimo cover de uma canção que tem, duplamente, a ver com o dia:


NOTA: outra versão, com a vantagem de ter, além do David Bowie, Annie Lennox:


Michel Giacometti morreu há 20 anos

Photobucket

Michel Giacometti (Ajaccio, Córsega, 8 de Janeiro de 1929 - Faro, 24 de Novembro de 1990) foi um etnomusicólogo corso que fez importantes recolhas etno-musicais em Portugal.

(...)
Giacometti interessou-se pela música popular portuguesa após visitar o Museu do Homem em Paris. Veio viver para Portugal em 1959 quando soube que tinha tuberculose.
Acaba por se fixar em Bragança. Fundou os Arquivos Sonoros Portugueses em 1960. Percorreu o país nas décadas seguintes, até 1982, tendo gravado cantores e músicas tradicionais que o povo cantava no seu quotidiano.
Com Fernando Lopes Graça lançou a "Antologia da Música Regional Portuguesa", os conhecidos discos de sarapilheira, editados pela Arquivos Sonoros Portugueses em cinco volumes.
A partir de 1970 apresentou na RTP, durante três anos, o programa "Povo que Canta", realizado por Alfredo Tropa.
Em 1981 foi editado, pelo Círculo de Leitores, o "Cancioneiro Popular Português" que contou com a colaboração de Fernando Lopes Graça.
Em 1987 foi inaugurado em Setúbal o Museu do Trabalho. O museu teve importante colaboração de Giacometti na elaboração da exposição "O Trabalho faz o Homem".
Morreu em Faro no dia 24 de Novembro de 1990. Está sepultado na pequena aldeia de Peroguarda, no concelho de Ferreira do Alentejo.
Em 1991, o Museu do Trabalho de Setúbal, com uma vasta colecção de instrumentos agrícolas e objectos do quotidiano recolhidos por Giacometti, passou a denominar-se Museu do Trabalho Michel Giacometti. A reabertura foi em 18 de Maio de 1995. O seu espólio encontra-se também noutros museus, como o Museu Municipal de Ferreira do Alentejo, o Museu da Música Portuguesa (Casa Verdades de Faria, no Monte Estoril) e ainda o Museu Nacional de Etnologia.

NOTA: fazes-nos uma falta dos diabos, Michel. Um destes dias vou a Peroguarda cantar-te uma canção de ninar tradicional, meu amigo que nunca tive a honra de conhecer...

 

Freddie Mercury morreu há 19 anos

 (imagem daqui)
Freddie Mercury, nome artístico de Farokh Bulsara (Stone Town, 5 de Setembro de 1946Londres, 24 de Novembro de 1991), foi o vocalista e líder da banda de rock britânica Queen. É considerado pelos críticos e por diversas votações populares um dos melhores cantores de todos os tempos e uma das vozes mais conhecidas do mundo.


terça-feira, novembro 23, 2010

Palestra sobre Astronomia e Observação Astronómica em Lisboa


Observatório Astronómico de Lisboa

Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa

Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa




No próximo dia 27 de Novembro, o Observatório Astronómico de Lisboa vai realizar mais uma sessão, a última do ano de 2010, das "Noites no Observatório".

Esta iniciativa mensal decorreu ao longo do ano de 2010 com o objectivo de proporcionar ao público um contacto próximo com a Astronomia e dar a conhecer o riquíssimo património histórico, arquitectural e instrumental, da Astronomia portuguesa e mundial nos séculos XIX e XX.

A sessão de dia 27 de Novembro terá início às 20.30 e terminará às 23.00 horas. Neste dia serão realizadas uma palestra de divulgação e observações com telescópio.

A palestra estará subordinada ao tema "A Estrela de Belém", proferida pelo Prof. Doutor Rui Agostinho. As observações decorrerão em contínuo ao longo da noite e estão sujeitas às condições meteorológicas. Independentemente destas, a palestra será sempre realizada e possui uma duração aproximada de 45 minutos.

Aconselha-se o uso de roupa confortável e quente, visto que as observações têm lugar no exterior.

O acesso à actividade é livre mas carece de uma inscrição prévia pois, por motivos logísticos, existe um número máximo de participantes. A inscrição é efectuada online na seguinte página:


Como existe um número máximo de participantes, se após a inscrição verificar que não lhe é possível comparecer, por favor anule a inscrição na seguinte página:


A entrada na Tapada da Ajuda faz-se pelo portão da Calçada da Tapada, em frente ao Instituto Superior de Agronomia.

Seminário em Évora


RESSOURCES EN EAU EN ZONES SEMI-ARIDES - EXEMPLE DU BASSIN D'ESSAOUIRA (MAROC)

M. BAHIR

Laboratoire Geobasma
Ecole Supérieure de Technologie d’Essaouira – Maroc

Horário: 14.30 horas

Data: 30 de Novembro de 2010 (3ª feira)

Local: Anfiteatro 1 (Colégio Luís António Verney)

Promove: Centro de Geofísica de Évora - Universidade de Évora (CGE/UE)


Mots-Clés: recharge, surexploitation, intrusion marine, régions, vulnérabilité, semi-arides.

Abstract

Le Maroc a connu ces deux dernières décennies des périodes de sécheresse assez longues et inhabituelles jusque là, qui ont abouti à des baisses généralisées des niveaux piézométriques surtout libres, au tarissement de nombreuses sources et à la diminution des débits des oueds. La mobilisation de la ressource étant arrivée à ses limites et les meilleurs emplacements pour les barrages sont déjà occupés, il sera dans ce contexte de plus en plus difficile de mobiliser de la ressource et de répondre à une demande sans cesse croissante. C’est la fin du système dit «OFFERTA» par les collègues Espagnols.

Le potentiel des ressources en eaux souterraines est estimé à quatre milliards de mètres cubes et répartis sur à peu prés, 80 aquifères superficiels et profonds des 9 bassins que compte le pays. Elles sont soumises aux incidences des conditions climatiques et des pressions anthropiques tel le bassin d’Essaouira dont la recharge est entièrement dépendante des eaux météoriques pour les aquifères superficiels et la vulnérabilité accentuée par le risque de l’intrusion marine suite à la surexploitation. Pour les aquifères profonds, caractérisés par des ressources importantes, témoignent d’une recharge ancienne antérieure aux essais nucléaires. Leur vulnérabilité serait donc plus liée aux pressions anthropiques qu’à la variation des conditions climatiques. La mise au point d’une stratégie d’exploitation rationnelle pourrait donc permettre de valoriser les eaux souterraines tout en sauvegardant leurs potentialités à long terme.

ADENDA: passam hoje 25 anos sobre a tragédia de Armero, provocada por um lahar durante uma erupção do Nevado del Ruiz, na Colômbia. Recordemos as cerca de 25.000 mortes evitáveis desta grande tragédia.

O país do faz de conta e a bancarrota

Controladíssimo


O último relatório sobre a execução orçamental não deixa margem para dúvidas. A redução do défice é feita à custa da extorsão fiscal e de receitas extraordinárias. A despesa continua com um crescimento vigoroso bem acima da inflação. Descontado o efeito de receitas (ex: fundo de pensões da PT) e despesas (ex: submarinos) extraordinárias o défice projectado ficaria bem acima do previsto pelo governo. Nota-se bem o rigor da gestão orçamental. É assim que se reconquista a confiança dos mercados que têm sido extremamente injustos connosco, segundo dizem.

Celebrar Herberto Helder no dia do seu aniversário


O Poema

Um poema cresce inseguramente
na confusão da carne.
Sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.

Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
rios, a grande paz exterior das coisas,
folhas dormindo o silencio
a hora teatral da posse.

E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.

E já nenhum poder destrói o poema.
insustentável, único,
invade as casas deitadas nas noites
e as luzes e as trevas em volta da mesa
e a força sustida das cisas
e a redonda e livre harmonia do mundo.
Em baixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério

- E o poema faz-se contra a carne e o tempo.

Herberto Helder

Poema do aniversariante de hoje


Deixarei os jardins a brilhar com seus olhos

Deixarei os jardins a brilhar com seus olhos
detidos: hei-de partir quando as flores chegarem
à sua imagem. Este verão concentrado
em cada espelho. O próprio
movimento o entenebrece. Mas chamejam os lábios
dos animais. Deixarei as constelações panorâmicas destes dias
internos.


Vou morrer assim, arfando
entre o mar fotográfico
e côncavo
e as paredes com as pérolas afundadas. E a lua desencadeia nas grutas
o sangue que se agrava.


Está cheio de candeias, o verão de onde se parte,
ígneo nessa criança
contemplada. Eu abandono estes jardins
ferozes, o génio
que soprou nos estúdios cavados. É a cólera que me leva
aos precipícios de agosto, e a mansidão
traz-me às janelas. São únicas as colinas como o ar
palpitante fechado num espelho. É a estação dos planetas.
Cada dia é um abismo atómico.


E o leite faz-se tenro durante
os eclipses. Bate em mim cada pancada do pedreiro
que talha no calcário a rosa congenital.
A carne, asfixiam-na os astros profundos nos casulos.
O verão é de azulejo.
É em nós que se encurva o nervo do arco
contra a flecha. Deus ataca-me
na candura. Fica, fria,
esta rede de jardins diante dos incêndios. E uma criança
dá a volta à noite, acesa completamente
pelas mãos.

Herberto Helder