quinta-feira, agosto 18, 2011

Salieri nasceu há 261 anos

Antonio Salieri (Legnago, 18 de Agosto de 1750Viena, 7 de Maio de 1825), compositor de Ópera italiano. Foi Compositor Oficial da Corte de José II, Arquiduque da Áustria. Sua música foi bastante conhecida na sua época. As lendas a respeito do seu relacionamento com Wolfgang Amadeus Mozart, com quem conviveu em Viena até a morte deste, foram criadas pela peça de teatro de Peter Shaffer, adaptada para o cinema, sob direcção de Milos Forman, com o título Amadeus. O filme, vencedor de oito Óscares, em 1984, retrata um Salieri invejoso do génio de Mozart, ao mesmo tempo admirador e que possui bom talento musical. Tal imagem é resultante da liberdade ficcional dos realizadores, não correspondendo à figura histórica do compositor.

quarta-feira, agosto 17, 2011

Paco Ibañez canta Lorca


CANCION DE JINETE

En la luna negra
de los bandoleros,
cantan las espuelas.

Caballito negro.
¿Dónde llevas tu jinete muerto?

...Las duras espuelas
del bandido inmóvil
que perdió las riendas.

Caballito frío.
¡Qué perfume de flor de cuchillo!

En la luna negra
sangraba el costado
de Sierra Morena.

Caballito negro.
¿Dónde llevas tu jinete muerto?

La noche espolea
sus negros ijares
clavándose estrellas.

Caballito frió.
¡Qué perfume de flor de cuchillo!

En la luna negra,
¡un grito! y el cuerno
largo de la hoguera.

Caballito negro.
¿Dónde llevas tu jinete muerto?

Amanci Prada canta Lorca em castelhano


SONETO GONGORINO EN QUE EL POETA MANDA A SU AMOR UNA PALOMA

Este pichón del Turia que te mando,
de dulces ojos y de blanca pluma,
sobre laurel de Grecia vierte y suma
llama lenta de amor do estoy parando.

Su cándida virtud, su cuello blando,
en limo doble de caliente espuma,
con un temblor de escarcha, perla y bruma
la ausencia de tu boca está marcando.

Pasa la mano sobre su blancura
y verás qué nevada melodía
esparce en copos sobre tu hermosura.

Así mi corazón de noche y día,
preso en la cárcel del amor oscura,
llora sin verte su melancolía.

Amancio Prado canta um poema galego de Lorca


Romaxe de Nosa Señora da Barca

¡Ay ruada, ruada, ruada,
da Virxen pequena
e a súa barca!


A Virxen era de pedra
e a súa coroa de prata.
Marelos os catro bois
que no seu carro a levaban.

Pombas de vidro traguían
a choiva pol-a montana.
Mortos e mortos de néboa
pol-as sendeiros chegaban.

¡Virxen, deixa a túa cariña
nos doces ollos das vacas
e leva sobr'o teu manto
as froles da amortallada!

Pol-a testa de Galicia
xa ven salaiando ai-alba.
A Virxen mira pra o mar
dend'a porta da súa casa.

¡Ay ruada, ruada, ruada 
da Virxen pequena 
e a súa barca!

Federico García Lorca

Romance de la luna, luna


Romance de la luna, luna
 

La luna vino a la fragua
con su polisón de nardos.
El niño la mira, mira.
El niño la está mirando.
En el aire conmovido
mueve la luna sus brazos
y enseña, lúbrica y pura,
sus senos de duro estaño.
Huye luna, luna, luna.
Si vinieran los gitanos,
harían con tu corazón
collares y anillos blancos.
Niño, déjame que baile.
Cuando vengan los gitanos,
te encontrarán sobre el yunque
con los ojillos cerrados.
Huye luna, luna, luna,
que ya siento sus caballos.
Niño, déjame, no pises
mi blancor almidonado.

El jinete se acercaba
tocando el tambor del llano.
Dentro de la fragua el niño,
tiene los ojos cerrados.
Por el olivar venían,
bronce y sueño, los gitanos.
Las cabezas levantadas
y los ojos entornados.
Cómo canta la zumaya,
¡ay, cómo canta en el árbol!
Por el cielo va la luna
con un niño de la mano.

Dentro de la fragua lloran,
dando gritos, los gitanos.
El aire la vela, vela.
El aire la está velando.


NOTA: outra versão, de Paco Ibañez:



Lorca foi assassinado há 75 anos - II

Federico García Lorca (Fuente Vaqueros, provincia de Granada, 5 de junio de 1898 – entre Víznar y Alfacar, ibídem, 19 de agosto de 1936) fue un poeta, dramaturgo y prosista español, también conocido por su destreza en muchas otras artes. Adscrito a la llamada Generación del 27, es el poeta de mayor influencia y popularidad de la literatura española del siglo XX. Como dramaturgo, se le considera una de las cimas del teatro español del siglo XX, junto con Valle-Inclán y Buero Vallejo. Murió ejecutado tras el levantamiento militar de la Guerra Civil Española, por su afinidad al Frente Popular y por ser abiertamente homosexual.

Morrem jovens os que os deuses amam - tu, que amavas, como os antigos helénicos adoradores dos velho panteão, o corpo masculino, não morrerás nunca. Pois ficaste nos teus poemas, na tua música, no teu teatro, na memória de muitos...

NOTA: Para os que desconhecem esta faceta do poeta, um poema em galego...!

Canzón de cuna pra Rosalía Castro, morta

¡Érguete, miña amiga,
que xa cantan os galos do día!
¡Érguete, miña amada,
porque o vento muxe, coma unha vaca!


Os arados van e vén
dende Santiago a Belén.
Dende Belén a Santiago
un anxo ven en un barco.
Un barco de prata fina
que trai a door de Galicia.
Galicia deitada e queda
transida de tristes herbas.
Herbas que cobren teu leito
e a negra fonte dos teus cabelos.
Cabelos que van ao mar
onde as nubens teñen seu nidio pombal.

¡Érguete, miña amiga,
que xa cantan os galos do día!
¡Érguete, miña amada,
porque o vento muxe, coma unha vaca!

Música feita a partir de poema de Botto

António Botto nasceu há 114 anos

 
(imagem daqui)
António Tomás Botto (Concavada, Abrantes, 17 de Agosto de 1897 - Rio de Janeiro, 16 de Março de 1959) foi um poeta português.

A sua obra mais conhecida, e também a mais polémica, é o livro de poesia Canções que, pelo seu carácter abertamente homossexual, causou grande agitação nos meios religiosamente conservadores da época. Foi amigo pessoal de Fernando Pessoa que traduziu em 1930 as suas Canções para inglês, e com quem colaborou numa Antologia de Poemas Portugueses Modernos. Homossexual assumido (apesar de ser casado com Carminda Silva), a sua obra reflecte muito da sua orientação sexual e no seu conjunto será, provavelmente, o mais distinto conjunto de poesia homoerótica de língua portuguesa. Morreu atropelado em 1959 no Brasil, para onde se tinha exilado para fugir às perseguições homófobas de que foi vítima, na mais dolorosa miséria. Os seus restos mortais foram trasladados para o cemitério do Alto de São João, em Lisboa, em 1966.




Soneto

Se, para possuir o que me é dado,
Tudo perdi e eu própio andei perdido,
Se, para ver o que hoje é realizado,
Cheguei a ser negado e combatido.

Se, para estar agora apaixonado,
Foi necessário andar desiludido,
Alegra-me sentir que fui odiado
Na certeza imortal de ter vencido!

Porque, depois de tantas cicatrizes,
Só se encontra sabor apetecido
Àquilo que nos fez ser infelizes!

E assim cheguei à luz de um pensamento
De que afinal um roseiral florido
Vive de um triste e oculto movimento


in As Canções de António Botto - António Botto

Lorca foi assassinado há 75 anos


Federico García Lorca (Fuente Vaqueros, 5 de Junho de 1898Granada, 19 de Agosto de 1936) foi um poeta e dramaturgo espanhol, e uma das primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola devido ao seus alinhamentos políticos com a República Espanhola e por ser abertamente homossexual.

Nascido numa pequena localidade da Andaluzia, García Lorca ingressou na faculdade de Direito de Granada em 1914, e cinco anos depois transferiu-se para Madrid, onde ficou amigo de artistas como Luis Buñuel e Salvador Dali e publicou seus primeiros poemas.

Grande parte dos seus primeiros trabalhos baseiam-se em temas relativos à Andaluzia (Impressões e Paisagens, 1918), à música e ao folclore regionais (Poemas do Canto Fundo, 1921-1922) e aos ciganos (Romancero Gitano, 1928).

Concluído o curso, foi para os Estados Unidos da América e para Cuba, período de seus poemas surrealistas, manifestando seu desprezo pelo modus vivendi norte-americano. Expressou seu horror com a brutalidade da civilização mecanizada nas chocantes imagens de Poeta em Nova Iorque, publicado em 1940.

Voltando à Espanha, criou um grupo de teatro chamado La Barraca. Não ocultava suas ideias socialistas e, com fortes tendências homossexuais, foi certamente um dos alvos mais visados pelo conservadorismo espanhol que, sob forte influência católica, ensaiava a tomada do poder, dando início a uma das mais sangrentas guerras fratricidas do século XX.

Intimidado, Lorca retornou para Granada, na Andaluzia, na esperança de encontrar um refúgio. Ali, porém, teve sua prisão determinada por um deputado católico, sob o argumento (que tornou-se célebre) de que ele seria "mais perigoso com a caneta do que outros com o revólver".

Assim, num dia de Agosto de 1936, sem julgamento, o grande poeta foi executado com um tiro na nuca pelos nacionalistas, e seu corpo foi jogado num ponto da Serra Nevada. Segundo algumas versões, ele teria sido fuzilado de costas, em alusão a sua homossexualidade. A caneta se calava, mas a Poesia nascia para a eternidade - e o crime teve repercussão em todo o mundo, despertando por todas as partes um sentimento de que o que ocorria na Espanha dizia respeito a todo o planeta. Foi um prenúncio da Segunda Guerra Mundial.


NOTA:embora a Wikipédia diga que Federico foi assassinado em 19 de Agosto de 1936, novos estudos indiciam que foi dia 17 desse mês, pelas quatro da manhã, que o poeta foi barbaramente fuzilado: 

Há 66 anos foi publicado o livro O triunfo dos porcos

Animal Farm (O Triunfo dos Porcos/) é um romance alegórico do escritor inglês George Orwell, apontado pela revista americana Time entre os cem melhores da língua inglesa. A sátira feita pelo livro à União Soviética comunista obteve o 31º lugar na lista dos melhores romances do século XX organizada pela Modern Library List.
O livro narra uma história de corrupção e traição e recorre a figuras de animais para retratar as fraquezas humanas e demolir o "paraíso comunista" proposto pela Rússia na época de Stalin. A revolta dos animais da Manor Farm contra os humanos é liderada pelos porcos Snowball (Bola-de-Neve) e Napoleon (Napoleão). Os animais tentam criar uma sociedade utópica, porém Napoleon é seduzido pelo poder, afasta Snowball e estabelece uma ditadura tão corrupta quanto a sociedade de humanos.
Para o autor, um social-democrata e membro do Partido Trabalhista Independente por muitos anos, a obra é uma sátira à política stalinista que, segundo sua ótica, teria traído os princípios da revolução russa de 1917.

Belinda Carlisle - 53 anos

Belinda Carlisle (nascida Belinda Kerzcheski, Los Angeles, Califórnia, 16 de Agosto de 1958) é uma cantora norte-americana e ex-integrante da banda de new wave dos anos oitenta The Go-Go's. Em carreira solo teve grande promeniência lançando clássicos da música pop como "Mad About You", "Heaven Is a Place on Earth" e "Circle in the Sand", assim como outros grandes sucessos. Em sua carreira solo vendeu mais de 7 milhões de álbuns e singles.
Filha de Howard e Joanne Carlisle a cantora é a primeira dos sete filhos do casal, três irmãos e três irmãs. Belinda foi criada em Thousand Oaks, California, foi líder de claque e aos 19 anos de idade tinha o sonho de se tornar uma grande estrela.


Uma das mais famosas vítimas do Muro de Berlim morreu há 49 anos

Peter Fechter (14 de Janeiro de 194417 de Agosto de 1962) era um pedreiro do Leste de Berlim, que, aos 18 anos, se tornou uma das primeiras e, provavelmente, a mais famosa vítima do Muro de Berlim. Ao tentar atravessar a fronteira entre as duas Alemanhas, na rua Zimmerstrasse, ele foi alvejado pelas costas e morreu de hemorragia, sem que os guardas de fronteira da parte ocidental pudessem socorrê-lo.

Carlos Drummond de Andrade morreu há 24 anos

Carlos Drummond de Andrade (Itabira, 31 de Outubro de 1902Rio de Janeiro, 17 de Agosto de 1987) foi um poeta, contista e cronista brasileiro.

in Wikipédia 

Os Velhos 

Todos nasceram velhos — desconfio.
Em casas mais velhas que a velhice,
em ruas que existiram sempre — sempre
assim como estão hoje
e não deixarão nunca de estar:
soturnas e paradas e indeléveis
mesmo no desmoronar do Juízo Final.
Os mais velhos têm 100, 200 anos
e lá se perde a conta.
Os mais novos dos novos,
não menos de 50 — enorm'idade.
Nenhum olha para mim.
A velhice o proíbe. Quem autorizou
existirem meninos neste largo municipal?
Quem infrigiu a lei da eternidade
que não permite recomeçar a vida?
Ignoram-me. Não sou. Tenho vontade
de ser também um velho desde sempre.
Assim conversarão
comigo sobre coisas
seladas em cofre de subentendidos
a conversa infindável de monossílabos, resmungos,
tosse conclusiva.
Nem me vêem passar. Não me dão confiança.
Confiança! Confiança!
Dádiva impensável
nos semblantes fechados,
nos felpudos redingotes,
nos chapéus autoritários,
nas barbas de milénios.
Sigo, seco e só, atravessando
a floresta de velhos.

in Boitempo - Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, agosto 16, 2011

Música triste para preparar o dia de amanhã


Gacela del amor desesperado - Amancio Prada

La noche no quiere venir
para que tú no vengas
ni yo pueda ir.

Pero yo iré
aunque un sol de alacranes me coma la sien.
Pero tú vendrás
con la lengua quemada por la lluvia de sal.

El día no quiere venir
para que tú no vengas
ni yo pueda ir.

Pero yo iré
entregando a los sapos mi mordido clavel.
Pero tú vendrás
por las turbias cloacas de la oscuridad.

Ni la noche ni el día quieren venir
para que por ti muera
y tú mueras por mí.

Federico Garcia Lorca

Federico García Lorca foi preso há 75 anos

Ódios de família na morte de Federico García Lorca 

75 anos depois, sabemos o nome dos executores e dos presumíveis mandantes do assassínio de Federico García Lorca 


O que teria acontecido se Lorca tivesse escolhido outro título para "A Casa de Bernarda Alba"? É uma especulação. Mas o seu assassínio, diz um historiador, terá mais a ver com uma guerra de famílias da Vega de Granada do que com razões políticas 

Federico García Lorca foi assassinado na madrugada de 17 de Agosto de 1936, junto de um posto militar improvisado em Víznar, arredores de Granada. Faz 75 anos na quarta-feira. É um dos episódios mais obscuros da Guerra Civil Espanhola. A novidade é que a investigação histórica começa prevalecer sobre as lendas. Sabemos agora os nomes dos executores, de presumíveis mandantes e parte das circunstâncias do crime. 

É uma história trágica e sórdida. "Para entender o assassinato de García Lorca temos de remontar aos seus antecedentes familiares no século XIX", escreve o historiador Miguel Caballero Pérez. "Não houve uma só razão. Foi uma concatenação de causas que deu lugar ao assassinato." Muitos dos crimes da Guerra Civil "tiveram a sua origem em desavenças privadas, estranhas a posicionamentos políticos, maceradas na cuba dos ódios e das vinganças familiares." 

A pista dos ódios entre clãs da Vega de Granada foi documentada por Manuel Caballero Pérez e Pilar Góngora em "Historia de una família: la verdad sobre el assassinato de García Lorca" (Ibersaf Editores, 2007). Em Junho passado, Caballero publicou "Las trece últimas horas en la vida de García Lorca" (Esfera de los Libros), em que reconstitui a morte do poeta. "Não nos baseámos nos relatos da tradição oral, que apresentam sempre pequenos erros, mas em documentos absolutamente autenticados", diz. 


Bernarda Alba 

Lorca era filho de Federico García Rodríguez. Os García, os Roldán e os Alba eram famílias rivais, unidas por complexos laços de parentesco. Eram rendeiros que, na viragem do século, começaram a comprar as terras aos latifundiários absentistas. A perda de Cuba, em 1898, lançou a Andaluzia na produção de açúcar, o que fez prosperar os novos proprietários. 

Os conflitos entre os García, por um lado, e os Roldán e os Alba, por outro, não decorriam apenas de rivalidades ou "canalhices" nos negócios. García Rodriguez e Alejandro Roldán Benevides eram também caciques políticos, o primeiro do Partido Liberal, o segundo do Partido Agrário. O advogado Horácio Roldán, filho de Alejandre, pertence à geração de Lorca e é o chefe do clã nos anos 30. 

"A Casa de Bernarda Alba", a última obra de Lorca, ilumina o conflito. A personagem Bernarda remete para Francisca Alba; e duas outras são facilmente identificáveis: o marido e o genro - este sob o nome de Pepe el Romano. Federico fez leituras da peça em Madrid e repetiu-as ao chegar a Granada. Tê-la-á mostrado ao seu primo Alejandro Rodriguez Alba - filho de Francisca Alba e cunhado de Horácio Roldán. A peça não é um retrato naturalista dos Alba. É um "drama rural" espanhol. A alusão aos Alba foi uma "vingança literária". A mãe e o irmão de Federico pediram-lhe insistentemente que retirasse o nome Alba. Ele recusou abdicar de um prazer. 


"Onde estás, Federico?" 

Durante três anos, Espanha esteve suspensa da "guerra" das exumações, desencadeada pela Lei da Memória Histórica (2007) e estimulada pelo juiz Baltasar Garzón. A "guerra" condensou-se em Lorca, "o mais célebre desaparecido da Guerra Civil". A família opôs-se - "Deixem os mortos em paz" -, mas acabou por ceder. As buscas criaram altíssimas expectativas. Mas as escavações de Novembro e Dezembro de 2009, em Alfacar, traduziram-se num retumbante fiasco. Os jornais passaram a perguntar: "Y ahora donde estás, Federico?" 

As buscas seguiram a pista indicada pelo biógrafo oficial de Lorca, Ian Gibson, e por um investigador hispano-americano já falecido, Agustín Peñon. Baseavam-se no testemunho do empregado de mesa granadino Manuel Castillo, "Manolillo el Comunista", que afirmava ter enterrado o poeta. Mostrou o lugar a Peñon em 1956, a Gibson em 1966 e aos dois em 1976. Castillo fora já denunciado como impostor por outros investigadores, como o francês Claude Couffon. Gibson defendeu o seu testemunho mesmo depois do fracasso: "Que tinha ele a ganhar? Não me pediu dinheiro." 

O fracasso das escavações em Alcafar levou também ao regresso de outra "tradição oral": a de que os restos mortais de Lorca teriam sido desenterrados pela família e sepultados clandestinamente na sua casa de Verão, Huerta de San Vicente. Seria a razão que levara os familiares a oporem-se à exumação. As lendas não morrem. 

"Agora temos de reconsiderar a história desde a base", disse a historiadora Maribel Brenes. "A investigação de uma pessoa que se guia pelo coração e não pela cabeça nunca funciona", acrescentou o arqueólogo Francisco Carrión, aludindo a Gibson. "Além das pressões, há os mitos e as pessoas que vivem deles." Brenes e Carrión foram os responsáveis pelas buscas, nomeados por Garzón. 


Desabam mitos 

O fiasco da exumação teve um efeito inesperado: fez desabar algumas ideias feitas. Para lá do erro de localização, punha em causa muitos outros pontos - a data, os executores, os responsáveis últimos. Deitava por terra versões baseadas numa infinidade de testemunhos orais e em lendas politicamente orientadas. 

A morte de Lorca era situada a 19 de Agosto (por vezes 18), apesar de haver desde 1983 uma rigorosa reconstituição da execução, feita pelo jornalista granadino Molina Fajardo, que dava a maioria dos nomes envolvidos. Lorca fora morto na madrugada de 17. Entrevistara 48 testemunhas da época e reunira numerosos documentos. Indicava o local onde Lorca teria sido enterrado. Mas Molina era falangista e o livro foi posto de lado como tentativa de branqueamento da Falange. A investigação de Molina foi o ponto de partida de Caballero, que confirmou e desenvolveu o essencial das suas hipóteses, após uma exaustiva exploração de arquivos. 

Em qualquer história da Guerra Civil Espanhola se encontra a referência à conversa telefónica ou via rádio entre o general Queipo de Llano, comandante dos rebeldes na Andaluzia, e o governador civil de Granada, José Valdés. "Dále café, mucho café", teria ordenado o general. "Café" era o acrónimo de "Camaradas: Arriba Falange Española." Significava uma ordem de morte. O problema é que no governo civil de Granada não havia rádio e as linhas telefónicas tinham sido cortadas por milicianos republicanos. E Queipo não falava com Valdés, mas com o governador militar, o general Espinosa. Os biógrafos não investigaram o suficiente porque os testemunhos orais eram mais "interessantes" do que os documentos. Os historiadores reproduziram essas lendas, politicamente apetecíveis. 

A execução de Lorca foi muitas vezes atribuída a Juan Luis Trescastro, advogado, cacique político e reaccionário notório. Vangloriou-se nos bares de Granada de lhe ter dado "dos tiros en el culo por maricón". Trescastro participou na detenção de Lorca, mas não esteve em Víznar. Ruiz Alonso, tipógrafo e ex-deputado da CEDA (direita), foi também acusado do assassínio. Dirigiu a captura de Lorca, mas não esteve no fuzilamento. Valdés Guzmán, o governador civil, que teria recebido a ordem de Queipo de Llano, estava ausente de Granada no dia da detenção. A ordem de prisão e execução teria partido do seu substituto, Nicolás Velasco Simarro, tenente-coronel da Guardia Civil na reserva. 

A maior resistência é a do mito político: Lorca foi assassinado pelos falangistas, sob ordem de Queipo, porque era "vermelho, homossexual e inimigo da Espanha católica" (Gibson). Tornou-se num ícone dos "vencidos". Lorca era republicano, mas não "vermelho". Tinha amigos comunistas e falangistas - incluindo José António Primo de Rivera, o fundador da Falange. 


A morte

Lorca partiu de Madrid para Granada dias antes da sublevação militar e instalou-se na Huerta de San Vicente. A 9 de Agosto foi objecto de uma provocação e insultado por uma "esquadra negra" aparentemente à procura de um dos caseiros. Refugiou-se em casa dos irmãos Rosales, três falangistas amigos, onde estaria em segurança. Era particularmente próximo do poeta Luis Rosales. 

Às 13.30 horas de 16 de Agosto, Ruiz Alonso, Juan Luis Trescastro e Federico Martin - ex-militar e recém-ingressado na Falange - apresentam-se em casa dos Rosales, com uma escolta de guardas, para deter Lorca. Os irmãos não estão em casa, apenas está a mãe. Transportam-no para o governo civil e entregam-no a Nicolás Velasco. Cerca das dez da noite, é levado para o campo militar de Víznar, onde será fuzilado, antes da quatro da manhã. Com ele foram executados, aparentemente com tiro de pistola militar, o professor primário Dióscoro Galindo e dois bandarilheiros anarquistas, Francisco Galadi e Julián Arcoya Cabezas. A muleta de Don Dióscoro, que era coxo, teria sido atirada para cima dos cadáveres - disse a Molina uma testemunha de Víznar. Um dos executores, que depois se vangloriará de ter dado dois tiros na cabeça do poeta, é Antonio Benavides Benavides, da família Alba e parente afastado de Federico.

Ainda hoje não se sabe quem foi o autor da denúncia que levou Ruiz Alonso à casa dos Rosales. Houve calúnias infamantes. Uma delas apontou o nome de Miguel, o mais velho dos Rosales. Outra indicou uma irmã de Federico, Concha, cujo marido, Manuel Montesinos, "alcalde" socialista de Granada, seria fuzilado no cemitério nesse mesmo dia. Teria entregue o irmão para salvar o pai. 

Quem está por trás da morte de Lorca? Uma pista é a forma apressada e dissimulada do acto. Quem no dia fatal estava no comando do governo civil era Nicolás Velasco, amigo e protector de Horacio Roldán, sublinha Caballero. Os homens que o prendem, tal como os que o transportam a Víznar, seriam também amigos políticos dos Roldán. Quando Luís Rosales chegou ao governo civil, na tarde de 17, com uma ordem de soltura assinada por Espinosa, o governador militar, Federico já lá não estava. 

"Y ahora donde estás, Federico?" Marguerite Yourcenar contemplou um dia a paisagem em que foi assassinado. "A Serra Nevada perfilando-se majestosa no horizonte. E disse-me a mim mesma que um lugar como aquele envergonha toda a pacotilha de mármore e de granito que povoa os nossos cemitérios, e que se pode invejar o irmão por ter começado a sua morte naquela paisagem de eternidade. Não se pode imaginar mais formosa sepultura para um poeta." 

O Irmão Roger de Taizé morreu há 6 anos


Frère Roger (Irmão Roger) (Vaud, Suíça, 12 de maio de 1915 - Taizé, 16 de agosto de 2005 - 90 anos), baptizado Roger Louis Schütz-Marsauche, foi o fundador da Comunidade de Taizé.


António Nobre nasceu há 144 anos

António Pereira Nobre (Porto, 16 de Agosto de 1867 - Foz do Douro, 18 de Março de 1900), mais conhecido como António Nobre, foi um poeta português cuja obra se insere nas correntes ultra-romântica, simbolista, decadentista e saudosista (interessada na ressurgência dos valores pátrios) da geração finissecular do século XIX português. A sua principal obra, (Paris, 1892), é marcada pela lamentação e nostalgia, imbuída de subjectivismo, mas simultaneamente suavizada pela presença de um fio de auto-ironia e com a rotura com a estrutura formal do género poético em que se insere, traduzida na utilização do discurso coloquial e na diversificação estrófica e rítmica dos poemas. Apesar da sua produção poética mostrar uma clara influência de Almeida Garrett e de Júlio Dinis, ela insere-se decididamente nos cânones do simbolismo francês. A sua principal contribuição para o simbolismo lusófono foi a introdução da alternância entre o vocabulário refinado dos simbolistas e um outro mais coloquial, reflexo da sua infância junto do povo nortenho. Faleceu com apenas 33 anos de idade, após uma prolongada luta contra a tuberculose pulmonar.



Vaidade, Tudo Vaidade! 

Vaidade, meu amor, tudo vaidade! 
Ouve: quando eu, um dia, for alguém, 
Tuas amigas ter-te-ão amizade, 
(Se isso é amizade) mais do que, hoje, têm. 

Vaidade é o luxo, a gloria, a caridade, 
Tudo vaidade! E, se pensares bem, 
Verás, perdoa-me esta crueldade, 
Que é uma vaidade o amor de tua mãe... 

Vaidade! Um dia, foi-se-me a Fortuna 
E eu vi-me só no mar com minha escuna, 
E ninguém me valeu na tempestade! 

Hoje, já voltam com seu ar composto, 
Mas eu, vê lá! eu volto-lhes o rosto... 
E isto em mim não será uma vaidade? 

in - António Nobre

O cantor Francisco José nasceu há 87 anos


(imagem daqui)




Francisco José Galopim de Carvalho (Évora, 16 de Agosto de 1924 - Lisboa, 31 de Julho de 1988), mais conhecido como Francisco José, foi um cantor português.



Eça de Queirós morreu há 111 anos

José Maria de Eça de Queirós (Póvoa de Varzim, 25 de Novembro de 1845 - Paris, 16 de Agosto de 1900) é um dos mais importantes escritores lusos. Foi autor, entre outros romances de reconhecida importância, de Os Maias e O crime do Padre Amaro; este último é considerado por muitos o melhor romance realista português do século XIX.

Béla Lugosi, o rei do cinema do horror, morreu há 55 anos

Bela Lugosi como Dracula, papel que marcou sua carreira


Bela Ferenc Dezsõ Blaskó, mais conhecido como Béla Lugosi, (Lugoj, 20 de Outubro de 1882Los Angeles, 16 de Agosto de 1956) foi um ator húngaro nascido no então Império Austro-Húngaro, na região do Banat.