sábado, outubro 09, 2010

Notícia sobre novas fontes hidrotermais açorianas

Novas fontes hidrotermais ao largo dos Açores
08.10.2010 - Teresa Firmino

Acaba de ser detectado um campo de fontes hidrotermais ao largo dos Açores, por uma equipa internacional de 30 cientistas, incluindo duas biólogas do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores.

Ao largo dos Açores, estas emanações de água quente vindas do interior da Terra, repletas de enxofre, metais pesados, dióxido de carbono ou metano foram descobertas pela primeira vez em 1992, por uma equipa norte-americana - o famoso Campo Lucky Strike, a 180 milhas náuticas a sudoeste do Faial, portanto ainda dentro das 200 milhas da zona económica exclusiva (ZEE) portuguesa. Desde então, descobriram-se vários campos na ZEE ou já em águas internacionais.

O novo campo está na ZEE, pois fica a cinco quilómetros de um outro campo bem conhecido, o Menez Gwen, a 140 milhas a sudoeste do Faial.

Foi possível detectá-lo numa missão levada a cabo, no navio alemão Meteor, desde 6 de Setembro, por investigadores do Centro para as Ciências Ambientais Marinhas, ou Marum, e do Instituto para a Microbiologia Marinha Max Planck, ambos em Bremen, Alemanha. Precisamente porque o Menez Gwen tem sido esquadrinhado há anos por cientistas de todo o mundo, inclusivamente nesta missão, a equipa diz que a descoberta é "extraordinária", numa nota do Max Planck.

A equipa, que inclui ainda franceses e as biólogas portuguesas Sílvia Lino e, numa primeira parte, Ana Colaço, usou um sondador de múltiplos feixes de som de última geração, que permitiu ver a coluna de água por cima do chão marinho com grande precisão. Os cientistas depararam-se então com uma pluma de bolhas de gás, o que indiciava a presença das fontes lá em baixo, e foram à sua procura com um robô submarino não tripulado.

Encontraram fontes cujas chaminés (que se formam pela acumulação dos materiais trazidos pela água) têm um metro de altura e fauna característica destes ambientes, como mexilhões. A água atinge os 300 graus Celsius.

Entre as várias questões para que se procuram resposta, a chefe da missão, Nicole Dubilier, destacou: "A equipa gostaria de responder por que as fontes desta área emitem tanto metano, um gás de estufa muito potente."

Bater no fundo - a credibilidade de um PM

Imagem daqui

«Ryder Cup exige assinatura de Passos Coelho» - Organização da prova pediu o empenhamento do líder da Oposição na candidatura de Portugal à Ryder-Cup 2018, não se dando por satisfeita com assinatura do Primeiro-ministro.


E o Brasil ficou com o melhor...

Isto a propósito da eleição de um palhaço analfabeto para Deputado Federal:


in Público - retirado daqui

Adiós Che Guevara

che-guevara-AlbertoKorda-1950
Foto ícone de Che Guevara feita por Alberto Korda

Ernesto Guevara de la Serna, mais conhecido por Che Guevara ou El Che (Rosário, 14 de Junho de 1928La Higuera, 9 de Outubro de 1967) foi um dos mais famosos revolucionários comunistas da história. Foi considerado pela revista norte-americana Time Magazine uma das cem personalidades mais importantes do século XX.

in Wikipédia



El-Rei D. Dinis nasceu há 749 anos

 (imagem daqui)
D. Dinis I de Portugal (Lisboa [?], 9 de Outubro de 1261Santarém, 7 de Janeiro de 1325) foi o sexto rei de Portugal. Filho de D. Afonso III e da infanta Beatriz de Castela, neto de Afonso X de Castela, foi aclamado em Lisboa em 1279.

Foi cognominado O Lavrador ou O Rei-Agricultor, pelo impulso que deu no reino àquela actividade, e ainda O Rei-Poeta ou O Rei-Trovador, pelas Cantigas de Amigo e de Amor que compôs, e pelo desenvolvimento da poesia trovadoresca a que se assistiu no seu reinado.

sexta-feira, outubro 08, 2010

O Google Doodle de hoje é um filme...!

Stand by me


NOTA - o Google Doodle, para memória futura, fica aqui:

Faz amanhã 70 anos que John Lennon nasceu


John Winston Ono Lennon, MBE (batizado John Winston Lennon; Liverpool, 9 de Outubro de 1940Nova Iorque, 8 de Dezembro de 1980), foi um músico, compositor, escritor e activista em favor da paz britânico. É considerado um dos maiores ícones do século XX.

John Lennon ganhou notoriedade mundial como um dos integrantes do grupo de rock britânico The Beatles. Na época da existência dos Beatles, John Lennon formou com Paul McCartney o que seria uma das mais famosas duplas de compositores de todos os tempos, a dupla Lennon/McCartney. Em 1968, John Lennon apaixonou-se pela artista plástica Yoko Ono e depois disto ela se tornou a pessoa mais importante na vida e carreira do músico inglês. Em 1970, os Beatles chegaram ao fim e a partir de então John dedicou-se a carreira solo.

Afastado da música desde 1975, por se dedicar mais a família desde o nascimento de seu filho com Yoko Ono, Sean Lennon, John voltou aos estúdios em 1980 para gravar um novo álbum. Era como um recomeço. Porém em 8 de Dezembro do mesmo ano, John foi assassinado em Nova York por Mark David Chapman quando voltava do estúdio de gravação com a mulher.

quinta-feira, outubro 07, 2010

Notícia sobre Espeleologia

Sociedade Portuguesa de Espeleologia alerta para os efeitos da poluição no monumento
Especialista defende criação de zona de protecção da gruta de Mira de Aire
 Espeleólogos e mergulhadores estiveram a explorar a gruta
O presidente da Sociedade Portuguesa de Espeleologia (SPE), José António Crispim, defende a criação de uma zona de protecção da gruta de Mira de Aire. O geólogo, que há cerca de 40 anos faz trabalhos de exploração naquele local, diz que tem notado “alterações graves” na gruta, consequência da contaminação das águas e da construção à superfície.
Segundo o especialista, que nos últimos dias liderou uma equipa que esteve a explorar a gruta, os efeitos já se fazem sentir na parte turística, onde existem “zonas com fungos, crescimento acelerado de algas e cheiros”. Sinais que, de acordo com o docente da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, resultam das águas contaminadas que entram na gruta, nomeadamente vindas das estradas, e da falta de saneamento básico naquela zona. “Por vezes, as fossas sépticas são um pró-forma e o seu mau funcionamento acaba também por afectar a gruta”, acrescenta o geólogo.
“Não basta empenharmo-nos em concursos, que são importantes, mas que não resolvem tudo. É necessária uma actuação estratégica para proteger aquele local”, defende José António Crispim, numa alusão à eleição recente da gruta de Mira de Aire como uma das sete maravilhas naturais de Portugal.
O especialista frisa que os trabalhos de prospecção feitos nos últimos anos, sobretudo pela SPE, indiciam que “há boas probabilidades” de serem encontradas novas zonas visitáveis, inclusive nos concelhos de Batalha e de Alcanena, para onde se estende a gruta. “A confirmar-se isso, era conveniente que essas áreas estivessem minimamente protegidas”, diz.
Nos últimos dias, perto de 30 elementos, na sua maioria ligados à SPE, participaram em trabalhos de exploração da gruta na zona designada por rio negro. Segundo José António Crispim, foram percorridos cerca de 200 metros, tendo sido necessário recorrer a mergulhadores em algumas zonas. Os espeleólogos estiveram em seis galerias, três desconhecidas e três referenciadas há cerca de 20 anos.
A chuva que caiu no domingo acabou por prejudicar os trabalhos, uma vez que, a zona de acesso a uma galeria onde estavam quatro elementos da equipa encheu, deixando-os isolados durante várias horas. O coordenador explica que foi accionado um sistema de prevenção com a chamada de outra equipa de mergulhadores e o pedido de uma segunda bomba para retirar água. No entanto, esses meios acabaram por não ser utilizados.
   

quarta-feira, outubro 06, 2010

terça-feira, outubro 05, 2010

Vídeos para celebrar a imposição da república - VI

Uma notícia no Dia do Professor e das Inaugurações

Cada lixeira recebe um tipo de material/Divulgação
(imagem daqui)


Requalificação
Escolas têm de ir às 'sobras' buscar mobiliário

Desperdício de algumas escolas fornece material para outras. Parque Escolar acusada de deitar fora equipamento novo.


Enquanto o Governo inaugura hoje cem escolas por todo o País, e centenas estão receber obras de requalificação, outras têm de recorrer a mobiliário mandado fora para equipar as suas instalações. Em muitos casos, acusam pais, autarcas e sindicatos, os responsáveis pelas obras estão a desperdiçar milhares de euros gas- tos no últimos ano em equipamentos e móveis que estão a ser deitados para o lixo sem qualquer aproveitamento.

Em Viseu, a Escola Secundária Alves Martins, uma das que vai ser inaugurada, está a sofrer uma profunda remodelação, que inclui novas salas de aulas e equipamentos. A obra segue-se a uma outra, feita em 2003, através da qual a escola foi dotada de novos equipamentos e de um auditório. Portas, tectos, mobiliário, iluminação e informática foi tudo devorado pelas novas obras. Material "que envolveu um gasto superior aos cem mil euros, foi arrancado e enviado para o lixo", contou fonte da direcção da escola. Um desperdício que "chocou a direcção da escola, que procurou encaminhar algum deste material, quase novo e em bom estado, para outras escolas".

A menos de 500 metros, o desperdício da requalificação foi aproveitado pela Escola Infante D. Henrique, também em Viseu, que passou a dispor de um auditório que "de outro modo seria desperdiçado", precisou a fonte. Mas este é um dos poucos casos de aproveitamento existentes. Na mesma escola, "iluminação, equipamentos e mobiliários: foi tudo para o lixo", denuncia o delegado em Viseu do Sindicato dos Professores da Região Centro. Francisco Almeida adianta que "não há cuidado em aproveitar o que pode servir a outras escolas envoltas em tanta carência. Parece que somos um País rico, em que o desperdício é normal".

Mas não é só nas escolas de Viseu que há desperdícios. Depois de dois pedidos à Direcção Regional de Educação de Lisboa para substituir o material escolar, parte dele com vinte anos, os responsáveis da Escola EB 2/3 Prof. João Fernandes Pratas, em Samora Correia, acabaram por recorrer às sobras da renovada escola de Salvaterra de Magos para renovar o parque escolar (ver texto).

"Há vários exemplos em que escolas vizinhas aproveitam cadeiras, frigoríficos e até máquinas de cozinha que estavam destinados ao lixo", denuncia António José Ganhão, vice-presidente da Associação de Municípios, responsável pela educação.

in DN - ler notícia

Hoje é o Dia Mundial do Professor


(imagem daqui)

Hoje, 5 de Outubro, as Nações Unidas celebram o Dia Mundial do Professor, cujo tema de 2010 é "A Recuperação Começa com Professores".

Segundo a Rádio ONU, o objectivo da acção é homenagear docentes que actuam em áreas de desastres naturais, conflitos e outras crises. De acordo com a agência, os professores têm um papel vital na reconstrução social, económica e intelectual.

Para a diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Irina Bokova, os professores são "construtores da paz", pois podem preparar o caminho para uma sociedade harmónica ao promoverem o respeito, a tolerância e a solidariedade.

Um dado importante e preocupante deve ser observado pela comunidade internacional. Em muitos países pobres e em desenvolvimento, faltam professores nas escolas. Segundo dados da UNESCO, pelo menos mais 9 milhões de professores terão de ser contratados até 2015, em alguns países do mundo, para que se alcance a Meta do Milénio que estabelece a promoção de educação para todos.

Fernando Pessoa nas comemorações


(imagem daqui)

Comemorações do centenário da República
Pessoa: Uma escolha poética pouco republicana

No espectáculo “Os bigodes da res publica”, que abriu as cerimónias oficiais do 5 de Outubro, na Praça do Município, em Lisboa, foram declamados poemas de Fernando Pessoa, autor que depreciava o regime.

Poemas de “O eu profundo e os outros eus”, de Fernando Pessoa, foram declamados por uma actriz da companhia O Bando, responsável pelo espectáculo “Os bigodes da res publica”, realizado na praça e protagonizado por cerca de 400 figurantes.

Refira-se que foi Pessoa quem escreveu, em “Da República” (Ática), o seguinte sobre o regime implantado a 5 de Outubro de 1910: 

"(...) E o regimen está, na verdade, expresso naquele ignóbil trapo que, imposto por uma reduzidíssima minoria de esfarrapados mentais, nos serve de bandeira nacional - trapo contrário à heráldica e à estética, porque duas cores se justapõem sem intervenção de um metal e porque é a mais feia coisa que se pode inventar em cor. Está ali contudo a alma do republicanismo português - o encarnado do sangue que derramaram e fizeram derramar, o verde da erva de que, por direito natural, devem alimentar-se."

Parabéns aos Homens da Luta

Poema para triste dia

Meu País Desgraçado


Meu país desgraçado!...
E no entanto há Sol a cada canto
e não há Mar tão lindo noutro lado.
Nem há Céu mais alegre do que o nosso,
nem pássaros, nem águas ...


Meu país desgraçado!...
Por que fatal engano?
Que malévolos crimes
teus direitos de berço violaram?


Meu Povo
de cabeça pendida, mãos caídas,
de olhos sem fé
— busca, dentro de ti, fora de ti, aonde
a causa da miséria se te esconde.


E em nome dos direitos
que te deram a terra, o Sol, o Mar,
fere-a sem dó
com o lume do teu antigo olhar.


Alevanta-te, Povo!
Ah!, visses tu, nos olhos das mulheres,
a calada censura
que te reclama filhos mais robustos!


Povo anémico e triste,
meu Pedro Sem sem forças, sem haveres!
— olha a censura muda das mulheres!
Vai-te de novo ao Mar!
Reganha tuas barcas, tuas forças
e o direito de amar e fecundar
as que só por Amor te não desprezam!


Sebastião da Gama

NOTA: via blog Geocrusoe...

Não se poderá descomemorar a I República e celebrar a democracia?



A I República não acabou a 28 de Maio de 1926 – terminou a 19 de Outubro de 1921, na “Noite Sangrenta”. Morreu moralmente quando mataram o seu herói fundador, Machado Santos. O marinheiro que, na Rotunda, salvou a revolução republicana ao não desertar – como a generalidade dos oficiais que o acompanhavam – nem se suicidar – como o almirante Cândido dos Reis, o líder formal da revolta – acabaria por morrer às mãos de uma trupe descontrolada que, após mais um golpe de Estado, tomou por uma noite conta de Lisboa. Foi uma noite em que a “fera a fera que todos nós, e eu, açulámos” andou “à solta, matando porque era preciso matar”, como na época disse Cunha Leal, e “os actos revolucionários que visam a conquista do poder tiveram a condenação suprema”, como acrescentou Jaime Cortesão.

Depois do 19 de Outubro ainda houve I República – tal como houvera Monarquia depois do assassinato do Rei D. Carlos. Mas era um regime ferido e irreformável, sucedendo-se os governos e os escândalos sem renovação ou remissão possível. Depois dessa noite de Outubro de 1921 não houve mais ilusões: a República nunca seria como Machado Santos a tinha sonhado – uma “república para todos os portugueses” –, antes continuaria a ser “a república para os republicanos” tal como João Chagas a definira. Sendo que por republicanos se deviam entender os membros do partido radical de Afonso Costa, o Partido Republicano Português (PRP).

Não deixa por isso de ser estranha a forma como, 100 anos depois, se está a comemorar a I República. Primeiro, porque isso está a ser feito de uma forma que reduz a realidade complexa de então a uma falsa dicotomia entre uma Monarquia corrupta e uma República redentora. Depois porque, de forma chocantemente manipulatória, se pretende fazer radicar tudo o que hoje associamos à democracia em que vivemos no espúrio regime de então. Só encontro uma explicação para isso, e não é entusiasmante: a existência de angustiantes paralelos entre o regime que saiu do 5 de Outubro e certas práticas políticas dos dias que correm. Mas já lá irei. Antes vale a pena revisitar algumas mentiras da linha dominante nas actuais comemorações.
Tem-se querido apresentar a implantação da República como um momento redentor para a política e para a democracia. Não foi assim. É falso, por exemplo, que a República tenha oferecido aos portugueses o direito ao sufrágio directo e universal, como ainda esta semana se repetiu numa série que a RTP2 está a passar, Nós Republicanos. Qualquer estudioso da I República sabe que a lei eleitoral de 1911 conservou o sufrágio restrito do “rotativismo” da monarquia liberal. Pior: como partido de Afonso Costa sabia que não tinha apoio no país, e era preciso “proteger e consolidar as instituições”, como se escrevia no seu jornal, O Mundo, tratou de garantir que nada impediria a vitória do PRP. Foi assim que 91 dos 229 deputados eleitos para a Assembleia Constituinte (e que depois se auto-nomeariam para o Parlamento e para o Senado…) foram pura e simplesmente designados, não tende sequer sido votados. Mesmo assim, não fosse o diabo tecê-las, a nova lei eleitoral de 1913 ainda era mais restritiva, ao ponto de António Sérgio ter escrito que estávamos perante um “facto único na História”: “uma República que restringe o voto em relação à Monarquia que deitou abaixo em nome de princípios democráticos!” O número de recenseados desceu para menos de metade e a lei ia ao ponto de negar mesmo expressamente o voto às mulheres – provocando interessantes e reveladores debates parlamentares. Este último dado também contraria o mito de que a I República teria respeitado as reivindicações feministas.

Outra mentira habitual é a de que o regime saído do 5 de Outubro teria feito da Educação uma das suas prioridades – é o mito da “educação republicana”, essa lenda que alimenta a farsa da “inauguração”, pelo centenário, de 100 novas escolas. Ora a primeira preocupação da República não foi a Educação, antes a perseguição dos católicos, em especial dos jesuítas. Menos de cem horas depois de José Relvas ter subido à varanda dos Paços do Concelho de Lisboa, foi proclamada uma lei a renovar a proscrição dos jesuítas, repondo em vigor a legislação do Marquês de Pombal. Todos os membros de associações religiosas foram proibidos de “exercer o ensino ou intervir na educação”, o que teve como consequência imediata o encerramento de muitas escolas. No tempo de Pombal a expulsão dos jesuítas fizera desaparecer a rede de ensino secundário, a qual levaria décadas ser reconstruída; com a República repetia-se o mesmo erro. O fracasso, registado pelas estatísticas oficiais, traduziu-se na teimosa persistência de níveis elevadíssimos de analfabetismo e em taxas muito baixas de frequência da escola primária: entre 1910 e 1926 o número de crianças nesse grau de ensino passou de 271 mil para apenas 367 mil, correspondentes a tão-somente 29,7 por cento do universo de crianças em idade de frequentar esse grau de ensino.

Também se proclama que a República trouxe a liberdade de imprensa, quando a verdade é que a imprensa era mais livre no tempo da monarquia constitucional do que durante os conturbados anos em que, na prática, vigorou em Portugal uma ditadura do partido de Afonso Costa. A diferença não estava nas leis, formalmente mais liberais as da República, mas nas práticas, mais autoritárias. De facto, não tinham sequer passado três meses sobre o 5 de Outubro e já as instalações de jornais como o Correio da Manhã, O Liberal e o Diário Ilustrado estavam a ser assaltados pela nova Guarda Republicana ou pela milícia do PRP conhecida por “formiga branca”. Na mesma altura foi também proibido o jornal de Francisco Homem Christo, sinal de que na República não havia censura prévia, mas havia castigo imediato. Como? Assaltando redacções e tipografias, aí espalhando e misturando os caracteres tipográficos, em acções descritas como de “empastelamento” que tinham como consequência impedir a regular publicação dos títulos desafectos ao novo regime. Os próprios ardinas dos jornais chegaram a ser perseguidos ou até presos sem culpa formada.

Os exemplos poderiam multiplicar-se, mas a conclusão não mudaria: é difícil, senão impossível, ter alguma coisa para comemorar numa República que só uma certa oposição ao Estado Novo venerou, e que os seus descendentes erradamente mitificam.

Há, contudo, uma perturbante semelhança entre esses tempos e os de hoje, e não nos referimos ao eterno dilema do equilíbrio das contas públicas. É que a República de Afonso Costa, como hoje o socratismo, vivia na permanente contradição entre a mentira da retórica e a verdade nua e crua dos factos. O PRP prometia liberdade mas organizava a repressão utilizando os militares que lhe eram afectos e as suas milícias; Sócrates promete a defesa do Estado social ao mesmo tempo que o tem tornado, por via dos défices acumulados, cada vez mais inviável. O PRP dizia-se a favor da liberdade de imprensa mas organizava o assalto às redacções; Sócrates conta antes com amigos para montar operações de compra da TVI e tem uma ERC para exercer uma tutela atrofiante. O PRP prometeu resgatar o país por via de uma “educação republicana” mas deixou-o quase tão analfabeto como o encontrou; Sócrates tem assegurado enormes “vitórias” estatísticas na Educação à conta de sucessivas opções pelo facilitismo.

E se Afonso Costa defendia que “a República é para os republicanos”, Sócrates tem praticado a máxima de que o Estado e as suas mordomias são para os socialistas.

Hoje é inimaginável que uma qualquer “camioneta fantasma” percorra de noite as ruas de Lisboa a capturar, um a um, adversários políticos, mas tal não impede que hoje, como a seguir à morte de D. Carlos, como nos anos finais da República, como no ocaso do marcelismo, se respire um ambiente de fim de regime, de grave divórcio entre os cidadãos e os poderosos, de bloqueios aparentemente inamovíveis. Hoje os políticos já não se desafiam para duelos nas vielas do Lumiar, como há um século, mas isso não os impede de trocarem mimos ou mesmo insultos. Chegámos mesmo a um ponto em que os problemas de carácter do primeiro-ministro se transformaram num problema do regime, fazendo-o apodrecer por inacção e complacência.

Cretinice comemoradeira



Por que é que não se há-de comemorar o "28 de Maio" que, à semelhança do "5 de Outubro", implantou uma ditadura? Ou outra porcaria qualquer? Ou o contrário? Ou os croquetes do D. Duarte? Em Loures apareceu o candidato presidencial do BE e do PS a dizer umas parvoíces ao mesmo tempo que uns totós, de uma janela, fingiam implantar a república e o "povo", cá em baixo, nesciamente aplaudia. Daqui a pouco a coisa repete-se, em Lisboa, com o Estado democrático em peso vergado ao sinistro fantasma de Afonso Costa. E tudo isto para nada. Porque não há rigorosamente nada para comemorar.

in portugal dos pequeninos - post de João Gonçalves

Poesia ideal para a data


A Canalha

Como esta gente odeia, como espuma
por entre os dentes podres a sua baba
de tudo sujo nem sequer prazer!
Como se querem reles e mesquinhos,
piolhosos, fétidos e promíscuos
na sarna vergonhosa e pustulenta!
Como se rabialçam de importantes,
fingindo-se de vítimas, vestais,
piedosas prostitutas delicadas!
Como se querem torpes e venais
palhaços pagos da miséria rasca
de seus cafés, popós e brilhantinas!
Há que esmagar a DDT, penicilina
e pau pelos costados tal canalha
de coxos, vesgos, e ladrões e pulhas,
tratá-los como lixo de oito séculos
de um povo que merece melhor gente
para salvá-lo de si mesmo e de outrem.

Jorge de Sena
NOTA: ideia roubada ao Blog Portugal dos Pequeninos...