Armando Baptista-Bastos (Lisboa, 27 de fevereiro de 1933 – Lisboa, 9 de maio de 2017) foi um jornalista e escritor português.
quinta-feira, maio 09, 2024
Baptista-Bastos morreu há sete anos...
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sábado, maio 04, 2024
Carl von Ossietzky morreu há 86 anos...
Em 1912, Ossietzky juntou-se à sociedade alemã de paz, mas foi conscrito no exército e serviu durante a Primeira Guerra Mundial. Em 1920 tornou-se secretário da sociedade, em Berlim. Ossietzky ajudou a fundar a organização Nie Wieder Krieg (Chega de Guerra), em 1922 e tornou-se editor do Weltbühne, um semanário político liberal, em 1927, onde numa série de artigos desmascarou preparativos secretos dos líderes do Reichswehr (exército alemão) para o rearmamento. Acusado de traição, Ossietzky foi condenado em novembro de 1931 a prisão por 18 meses , mas foi-lhe concedida amnistia em dezembro de 1932.
Ossietzky era contra o militarismo alemão e o extremismo político de esquerda ou de direita. Quando Adolf Hitler chegou a Chanceler da Alemanha, em janeiro de 1933, Ossietzky tinha retomado a sua direção, em que atacou intransigentemente os nazis. Firmemente, recusando-se a fugir da Alemanha, ele foi preso em 28 de fevereiro de 1933 e enviado para um campo de concentração em Esterwegen-Papenburg. Depois de três anos de prisão e tortura, Ossietzky foi transferido em maio de 1936 para um hospital da prisão em Berlim pelo governo alemão.
Em 24 de novembro de 1936, Ossietzky recebeu o Prémio Nobel da Paz de 1935, enquanto estava detido. O prémio foi interpretado como uma expressão de censura aos nazis em todo o mundo. Hitler considerou a atribuição do prémio a Ossietzky como um ato ofensivo e a sua resposta foi um decreto proibindo os alemães de aceitar qualquer Prémio Nobel. Morreu de tuberculose em 4 de maio de 1938, ainda preso, num Hospital de Berlim, sem ter recebido o valor do prémio, que desapareceu nas mãos de um advogado de Berlim.
À morte de um lutador pela paz
(in memoriam de Carl von Ossietzky)
O que não se rendeu
Foi abatido
O que foi abatido
Não se rendeu.
A boca que admoestava
Foi tapada por terra.
A aventura sangrenta
Começa.
Sobre a cova do amigo da paz
Calcam os batalhões.
Foi então vã a luta?
Se aquele que não lutou sozinho, foi abatido,
O inimigo
Inda não venceu.
Bertold Brecht
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segunda-feira, abril 29, 2024
Fernando Pessa deixou-nos há vinte e dois anos...
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segunda-feira, abril 15, 2024
Fernando Pessa nasceu há 122 anos...
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sábado, abril 13, 2024
Eduardo Galeano morreu há nove anos...
in Wikipédia
ESTRANGEIRO
Num jornal do bairro do Raval, em Barcelona, uma mão anónima escreveu:
O teu deus é judeu, a tua música é negra, o teu carro é japonês, a tua pizza é italiana, o teu gás é argelino, a tua democracia é grega, os teus números são árabes, as tuas letras são latinas.
Eu sou teu vizinho. E ainda me chamas estrangeiro?
Eduardo Galeano
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sexta-feira, março 08, 2024
João de Deus, poeta e pedagogo, nasceu há 194 anos
Melancolia
Oh dôce luz! oh lua!
Que luz suave a tua,
E como se insinua
Em alma que fluctua
De engano em desengano!
Oh creação sublime!
A tua luz reprime
As tentações do crime,
E á dôr que nos opprime
Abres-lhe um oceano!
É esse céo um lago,
E tu, reflexo vago
D'um sol, como o que eu trago
No seio, onde o afago,
No seio, onde o aperto?
Oh luz orphã do dia!
Que mystica harmonia
Ha n'essa luz tão fria,
E a sombra que me guia
N'este areal deserto!
Embora as nuvens trajem
De dia outra roupagem,
O sol, de que és imagem,
Não tem essa linguagem
Que encanta, que namora!
Fita-te a gente, estuda,
(Sem mêdo que se illuda)
Essa linguagem muda...
O teu olhar ajuda...
E a gente sente e chora!
Ah! sempre que descrevas
A orbita que levas,
Confia-me o que escrevas
De quanto vês nas trevas,
Que a luz do sol encobre!
As victimas, que escutas,
De traças mais astutas
Que as d'essas féras brutas...
E as lastimas, as luctas
Da orphã e do pobre!
João de Deus
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Poesia (cantada...) adequado à data...
LÁGRIMA CELESTE
Lágrima celeste,
pérola do mar,
tu que me fizeste
para me encantar!
Ah! se tu não fosses
lágrima do céu,
lágrimas tão doces
não chorava eu.
Se eu nunca te visse,
bonina do vale,
talvez não sentisse
nunca amor igual.
Pomba debandada,
que é dos filhos teus?
Luz da madrugada,
luz dos olhos meus!
Meu suspiro eterno,
meu eterno amor,
de um olhar mais terno
que o abrir da flor.
Quando o néctar chora
que se lhe introduz
ao romper da aurora
e ao raiar da luz!
Esta voz te enleve,
este adeus lá soe,
o Senhor to leve
e Deus te abençoe.
O Senhor te diga
se te adoro ou não,
minha doce amiga
do meu coração!
Se de ti me esqueço
ou já me esqueci,
ou se mais lhe peço
do que ver-te a ti!
A ti, que amo tanto
como a flor a luz,
como a ave o canto,
e o Cordeiro a Cruz;
A campa o cipreste,
a rola o seu par,
lágrima celeste,
pérola do mar.
Lágrima celeste,
pérola do mar,
tu que me fizeste
para me encantar?
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terça-feira, fevereiro 20, 2024
Vitorino Nemésio morreu há 46 anos...
Tenho uma saudade tão braba
Da ilha onde já não moro,
Que em velho só bebo a baba
Do pouco pranto que choro.
Os meus parentes, com dó,
Bem que me querem levar,
Mas talvez que nem meu pó
Mereça a Deus lá ficar.
Enfim, só Nosso Senhor
Há-de decidir se posso
Morrer lá com esta dor,
A meio de um Padre Nosso.
Quando se diz «Seja feita»
Eu sentirei na garganta
A mão da Morte, direita
A este peito, que ainda canta.
in Caderno de Caligraphia e outros Poemas a Marga (2003) - Vitorino Nemésio
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terça-feira, fevereiro 06, 2024
José Craveirinha faleceu há vinte e um anos...
Oh velho Deus dos homens
deixa-me ser tambor
corpo e alma só tambor
só tambor gritando na noite quente dos trópicos.
Nem flor nascida no mato do desespero
Nem rio correndo para o mar do desespero
Nem zagaia temperada no lume vivo do desespero
Nem mesmo poesia forjada na dor rubra do desespero.
Nem nada!
Só tambor velho de gritar na lua cheia da minha terra
Só tambor de pele curtida ao sol da minha terra
Só tambor cavado nos troncos duros da minha terra.
Eu
Só tambor rebentando o silêncio amargo da Mafalala
Só tambor velho de sentar no batuque da minha terra
Só tambor perdido na escuridão da noite perdida.
Oh velho Deus dos homens
eu quero ser tambor
e nem rio
e nem flor
e nem zagaia por enquanto
e nem mesmo poesia.
Só tambor ecoando como a canção da força e da vida
Só tambor noite e dia
dia e noite só tambor
até à consumação da grande festa do batuque!
Oh velho Deus dos homens
deixa-me ser tambor
só tambor!
José Craveirinha
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quinta-feira, fevereiro 01, 2024
Fernando Assis Pacheco nasceu há 87 anos...
Seria o Amor Português
Muitas vezes te esperei, perdi a conta,
longas manhãs te esperei tremendo
no patamar dos olhos. Que me importa
que batam à porta, façam chegar
jornais, ou cartas, de amizade um pouco
- tanto pó sobre os móveis tua ausência.
Se não és tu, que me pode importar?
Alguém bate, insiste através da madeira,
que me importa que batam à porta,
a solidão é uma espinha
insidiosamente alojada na garganta.
Um pássaro morto no jardim com neve.
Nada me importa; mas tu enfim me importas.
Importa, por exemplo, no sedoso
cabelo poisar estes lábios aflitos.
Por exemplo: destruir o silêncio.
Abrir certas eclusas, chover em certos campos.
Importa saber da importância
que há na simplicidade final do amor.
Comunicar esse amor. Fertilizá-lo.
«Que me importa que batam à porta...»
Sair de trás da própria porta, buscar
no amor a reconciliação com o mundo.
Longas manhãs te esperei, perdi a conta.
Ainda bem que esperei longas manhãs
e lhes perdi a conta, pois é como se
no dia em que eu abrir a porta
do teu amor tudo seja novo,
um homem uma mulher juntos pelas formosas
inexplicáveis circunstâncias da vida.
Que me importa, agora que me importas,
que batam, se não és tu, à porta?
in A Musa Irregular (1991) - Fernando Assis Pacheco
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terça-feira, janeiro 16, 2024
Susan Sontag nasceu há noventa e um anos...
Susan Sontag (Nova Iorque, 16 de janeiro de 1933 - Nova Iorque, 28 de dezembro de 2004) foi uma premiada escritora, ensaista, cineasta, filósofa, professora, crítica de arte e ativista dos Estados Unidos. Escreveu extensivamente sobre fotografia, cultura e media e atuou nas causas anti-guerra, em prol dos direitos humanos e campanhas sobre a SIDA. Além de posicionada ideologicamente no campo da esquerda, Sonstag era bissexual. Os seus ensaios normalmente repercutiam bastante e ela foi descrita como "uma das críticas mais influentes de sua geração".
Teve intensa participação em periódicos, publicando artigos em revistas como The New Yorker e The New York Review of Books e no jornal The New York Times.
Também é conhecida pelo seu ativismo, tendo viajado para áreas de conflito, incluindo a Guerra do Vietnã e o Cerco de Sarajevo. Escreveu extensivamente sobre fotografia, cultura e media, SIDA e doenças, direitos humanos. Foi descrita como "uma das críticas mais influentes de sua geração".
Em um de seus últimos artigos, publicado em maio de 2004 no jornal The New York Times, Sontag afirmou que "a história recordará a Guerra do Iraque pelas fotografias e vídeos das torturas cometidas pelos soldados americanos na prisão de Abu Ghraib".
Faleceu aos 71 anos de idade de síndrome mielodisplásica seguida de uma leucemia mielóide aguda, em 28 de dezembro de 2004.
Percurso
Sontag nasceu, com o nome de Susan Rosenblatt, na cidade de Nova Iorque, filha do judeu norte-americano Jack Rosenblatt e da sua esposa, Mildred Jacobsen, ambos judeus de ascendência lituana e polaca. O seu pai administrava um negócio de comércio de peles na China, onde morreu de tuberculose em 1939, quando Susan tinha cinco anos. Sete anos depois, a mãe de Sontag casou-se com o capitão do Exército dos EUA, Nathan Sontag. Susan e sua irmã, Judith, adotaram o sobrenome do padrasto, embora ele não as tenha adotado formalmente. Sontag não teve uma educação religiosa e disse que não entrou numa sinagoga até meados dos 20 anos.
Sontag morou em Long Island, Nova York, depois em Tucson, Arizona, e mais tarde em San Fernando Valley, no sul da Califórnia, onde se formou na North Hollywood High School aos 15 anos. Ela começou os seus estudos de graduação na Universidade da Califórnia, Berkeley, mas transferiu-se para a Universidade de Chicago. Em Chicago, dedicou-se aos estudos de filosofia, história antiga e literatura. Ela formou-se em Artes aos 18 anos e foi eleita para Phi Beta Kappa. Enquanto estava em Chicago, tornou-se amiga do então colega estudante Mike Nichols. Em 1951, um seu trabalho foi publicado pela primeira vez na edição de inverno da Chicago Review.
Apesar de ter se tornado consciente da sua atração por mulheres no início da adolescência, casou-se aos 17 com Philip Rieff em Chicago após um namoro de dez dias. O casamento duraria oito anos, durante os quais ela trabalhou no ensaio Freud: The Mind of the Moralist, que seria atribuído unicamente a Philip Rieff, no âmbito do acordo no divórcio que ocorreu entre ambos em 1958. O casal teve um filho, David Rieff, que seria mais tarde o editor da obra da mãe e escritor ele próprio.
Em 1952 e 1953, Sontag seria professora de inglês na Universidade de Connecticut. Também frequentou a Universidade de Harvard para a pós-graduação, inicialmente estudando literatura com Perry Miller e Harry Levin, antes de entrar na filosofia e teologia com Paul Tillich, Jacob Taubes, Raphael Demos e Morton White. Depois de completar Mestrado em filosofia, Sontag iniciou a sua pesquisa de doutoramento em metafísica, ética, filosofia grega e filosofia continental e teologia, na mesma instituição.
O filósofo Herbert Marcuse viveu com Sontag e Rieff durante um ano enquanto escrevia Eros and Civilization.
Premiada com uma bolsa de estudos da American Association of University Women's para o ano académico de 1957-1958 no St. Anne's College, na Universidade de Oxford, teve aulas com Iris Murdoch, Stuart Hampshire, A. J. Ayer e H. L. A. Hart, enquanto também participava dos seminários B. Phil de J. L. Austin e das palestras de Isaiah Berlin. Apesar da bolsa, transfere-se para a Universidade de Paris (a Sorbonne). Em Paris, Sontag encontrou artistas e académicos expatriados, incluindo Allan Bloom, Jean Wahl, Alfred Chester, Harriet Sohmers e María Irene Fornés.
Ela mudou-se para Nova York em 1959 para viver com Fornés pelos próximos sete anos, recuperando a custódia de seu filho e lecionando em universidades enquanto a sua reputação literária crescia.
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quinta-feira, janeiro 11, 2024
João de Deus morreu há 128 anos...
Beijo
Beijo na face
Pede-se e dá-se:
Dá?
Que custa um beijo?
Não tenha pejo:
Vá!
Um beijo é culpa,
Que se desculpa:
Dá?
A borboleta
Beija a violeta:
Vá!
Um beijo é graça,
Que a mais não passa:
Dá?
Teme que a tente?
É inocente...
Vá!
Guardo segredo,
Não tenha medo...
Vê?
Dê-me um beijinho,
Dê de mansinho,
Dê!
*
Como ele é doce!
Como ele trouxe,
Flor,
Paz a meu seio!
Saciar-me veio,
Amor!
Saciar-me? louco...
Um é tão pouco,
Flor!
Deixa, concede
Que eu mate a sede,
Amor!
Talvez te leve
O vento em breve,
Flor!
A vida foge,
A vida é hoje,
Amor!
Guardo segredo,
Não tenhas medo
Pois!
Um mais na face,
E a mais não passe!
Dois...
*
Oh! dois? piedade!
Coisas tão boas...
Vês?
Quantas pessoas
Tem a Trindade?
Três!
Três é a conta
Certinho, e justa...
Vês?
E que te custa?
Não sejas tonta!
Três!
Três, sim: não cuides
Que te desgraças:
Vês?
Três são as Graças,
Três as Virtudes;
Três.
As folhas santas
Que o lírio fecham,
Vês?
E não o deixam
Manchar, são... quantas?
Três!
Postado por Fernando Martins às 01:28 0 bocas
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