quarta-feira, fevereiro 23, 2011

Poema para geopedrados

A ESPERANÇA E OS DINOSSAUROS



Revolvíamos sem parar o pedregoso leito do rio


sem saber que os magarefes nos espiavam,


muito antes que as palavras doces


se convertessem em ameaças inflamadas. Cheios de impedernida glutonaria


satisfazíamos os nossos apetites, comíamos com bocas ávidas


o que estava destinado a ser a nossa Páscoa.


Estas serão as recordações que deixaremos à nossa passagem:


a maldição para os pacíficos, vidas destroçadas,


por mais que, de novo, era possível,


como ocorreu às extintas criaturas, aspirar a uma vida melhor.






Depois da carnificina, onde estão os verdes pastos


que nos prometeram na manhã em que, impacientes,


como cadáveres sedentos, corremos a entronizar o novo imperador,


que só pensava em dar rédea solta às suas vis ambições?






Mas, ainda assim, houve quem dissesse que um novo rei merece


virgens vestais, galos brancos e a flor das colheitas,


uma coroa na cabeça entrançada pelas nossas mãos


escolhendo as folhas mais preciosas e o vinho antigo


que se oferece a um Messias, mas isso só serviu


para que, uma vez derrotados os bárbaros,


nos enganasse com a falsidade do seu sorriso.






Poderíamos ter sido os escolhidos,


mas só temos uma história para contar, que tanto se refere à Atenas da África Ocidental


como se canta aos pobres da terra;


na fonte dos nossos segredos, ali onde trocámos


o nome de Cristo com as nossas vozes descrentes,


sempre em busca de um ridículo viático,


imaginemos agora a face de um novo Messias


e sobre a sua túnica as nossas mãos ensanguentadas.


in Autodafé - Syl Cheney-Coker

terça-feira, fevereiro 22, 2011

A guerra contra os professores, alunos e comunidades educativas continua, disse o ME aos sindicatos

Ministério vai criar novos mega-agrupamentos e encerrar mais escolas

O secretário-geral da Fenprof saiu hoje da reunião com a tutela "com as mesmas preocupações" com que entrou e com a certeza de que vão ser criados mais mega-agrupamentos e fechadas mais escolas com menos de 21 alunos.

A reunião de hoje foi pedida pela Federação Nacional de Professores (Fenprof) para pedir esclarecimentos ao secretário de Estado da Educação, João Trocado da Mata, sobre a rede escolar e sobre os mega-agrupamentos.

No final da reunião, em declarações à Agência Lusa, o secretário-geral da Fenprof disse ter saído "com as mesmas preocupações" com que entrou e revelou que da parte da tutela se mantém a intenção de criar novos mega-agrupamentos apesar de não existir um estudo de impacto em relação aos já criados.

"O Ministério da Educação o que nos disse foi que está a preparar esses estudos para no terreno ir então avançar com novos mega-agrupamentos e isto é preocupante porque, como se sabe, os movimentos de rede, nomeadamente encerramentos e mega-agrupamentos no ano passado, foram 84 e permitiram reduzir cinco mil docentes do sistema", adiantou Mário Nogueira.

O líder da Fenprof alertou que esta medida, juntamente com alterações curriculares ou novas regras para a organização das escolas, serviu para convencer a estrutura sindical de que vão ser eliminados 30 mil horários.

"Mesmo quando os governantes dizem que não, que é um número exagerado, também confessam que não contavam que os cinco mil deste ano tivessem sido conseguidos e se chegasse a um número tão elevado na redução de docentes e, por outro lado, não têm outro número como alternativa", apontou Nogueira.

No que diz respeito à rede escolar, o líder da Fenprof adiantou que o Ministério da Educação vai manter o encerramento das escolas com menos de 21 alunos.

"Havia 1.100 escolas (no ano letivo de 2009/2010), destas encerraram 700, podem não ter sobrado exatamente 400 porque podem algumas ter ultrapassado entretanto ou outras terem reduzido, mas as referências em termos de números estão aí e a intenção de continuar a encerrar está presente", garantiu o sindicalista.

Como consequência, Mário Nogueira aponta uma "redução brutal" de professores que vão ficar sem horário de trabalho.

"Mesmo onde os centros educativos vão ser construídos, em escolas com mais de 21 [alunos], em que os alunos são transferidos para os centros educativos, levam também à eliminação de horários de trabalho nessa concentração grande de alunos", alertou.

Juntamente com isto e contribuindo para a eliminação de horários de trabalho estão ainda, na opinião de Mário Nogueira, as alterações curriculares ou as novas regras para a organização do próximo ano escolar, que "praticamente acabam com as horas de redução para o exercício de cargos nas escolas".


NOTA: para mim está tudo dito, é altura de fazer greve por tempo indeterminado. E, para os Sindicatos, era tempo de pedirem desculpa aos professores pelos acordos que fizeram com esta gentinha mentirosa, pondo em causa a Escola Pública e as relações inter pares dentro dos estabelecimentos de ensino..

O sismo e sismograma da Nova Zelândia no IM

No dia 21 de Fevereiro de 2011, pelas 23.51 horas UTC (às 12.51 de 22 de Fevereiro, hora local da Nova Zelândia) ocorreu na Ilha do Sul da Nova Zelândia um sismo de magnitude 6.3. O sismo teve foco muito superficial e epicentro próximo da cidade de Christchurch, com uma população a rondar as 400 mil pessoas. Segundo as agências noticiosas, há a reportar 65 vítimas mortais e elevados danos materiais. O sismo ocorre num contexto tectónico dominado pela interacção entre as placas australiana e do pacífico. Este evento poderá estar associado ao sismo ocorrido a 2 de Setembro de 2010 com Magnitude 7.0. Este sismo foi detectado em todas as estações da rede sísmica nacional tendo as primeiras ondas do sismo sido registadas às 00.11 horas UTC. Até este momento ocorreram 6 réplicas com magnitude superior a 4, sendo 2 delas acima de 5.

Sismogramas registados do evento em Portugal:


(clicar para aumentar)

No money for...

(imagem daqui)


Epicentro do sismo neo-zelandês de ontem no GoogleMaps

Cortesia da USGS:

O Anel de Fogo do Pacífico inquieta-se na Nova Zelândia

Magnitude de 6,3 na escala de Richter
Sismo na Nova Zelândia faz pelo menos 65 mortos




Um sismo de magnitude 6,3 na escala de Richter abalou esta segunda-feira a cidade de Christchurch, no sul da Nova Zelândia, e já fez pelo menos 65 mortos. Centenas de pessoas estão soterradas debaixo dos escombros.

O sismo foi sentido às 12h51 locais (23h51 em Portugal) e o epicentro situou-se a cinco quilómetros de Christchurch, a apenas quatro quilómetros de profundidade, avançou o Instituto de Geofísica dos Estados Unidos. Foram já sentidas várias réplicas (a mais forte de 5,6 na escala de Richter).

O primeiro-ministro, John Key, citado pela AFP, confirmou pelo menos 65 mortos, não descartando que o número venha a aumentar. Este "poderá mesmo ser o dia mais negro da Nova Zelândia", considerou. O número de mortos já fez deste o segundo pior sismo do país, só ultrapassado por um tremor-de-terra de magnitude 7,9 em 1931 na Baía Hawke. Morreram 286 pessoas.

Bob Parker, mayor da cidade, citado pela Reuters, alertou que, pelo menos, 200 pessoas podem estar ainda debaixo dos escombros. Várias dezenas estarão soterradas debaixo do edifício Pyne Gould Guinness, de vários andares, que ruiu como um "baralho de cartas", avança o jornal "New Zealand Herald".

Mas as operações de resgate estão a ser dificultadas por causa da chuva que entretanto começou a cair na cidade, pelo anoitecer e pela descida acentuada das temperaturas.

A tutela assegura que o principal hospital de Christchurch está operacional, mas apela a que apenas os feridos mais graves acorram à unidade, já que também parte do edifício precisou de ser evacuado. Para facilitar as operações, foram montadas algumas zonas de triagem de campanha.

Há registos de estragos significativos em alguns edifícios da segunda maior cidade do país. Parker informou que 25 prédios de dimensão significativa já não terão recuperação possível. O sismo levou ainda ao corte de estradas e a quebras de energia e de telecomunicações em diversas áreas. Grande parte da cidade terá a situação eléctrica normalizada dentro de 24 a 36 horas mas nas áreas mais gravemente atingidas pelo sismo tal só deverá acontecer no espaço de uma ou duas semanas.

No seu site, a polícia neozelandesa informa que o centro da cidade está a ser evacuado para evitar mais danos que advenham dos efeitos do sismo nas infra-estruturas. A polícia refere “múltiplos incidentes foram reportados de várias localizações do centro da cidade, incluindo um acidente com dois autocarros na sequência de edifícios que ruíram”.

As autoridades garantem que estão a trabalhar no terreno e a tentar dar resposta a todas as emergências. A polícia apela a todos os que tiveram de sair das suas casas que informem o posto de defesa mais próximo. A maioria das pessoas abrigou-se num estádio da cidade.

A polícia local pediu já ajuda das forças de emergência nacionais para evacuar a cidade e procurarem mais vítimas e feridos. De acordo com informações avançadas pelo jornal local "Christchurch Press", 35 militares estão no local a prestar os primeiros socorros nas zonas mais afectadas e outros 250 deverão chegar dentro de horas.

O Ministério da Protecção Civil neozelandês, no seu site, aconselha as pessoas a utilizarem mensagens escritas para comunicar e diz estar a preparar instalações provisórias para albergar todos os que necessitarem.

O primeiro-ministro convocou já uma reunião do gabinete de emergência.

Segundo David Coetzee, da protecção civil da Nova Zelândia, citado pela rádio nacional, este sismo terá causado mais estrados que o de quatro de Setembro do ano passado, que foi de magnitude 7,1 e que não causou qualquer vítima mortal. O sismo de Setembro aconteceu durante a noite, pelo que quase não circulavam pessoas na rua, ao contrário deste.

A Nova Zelândia, situada entre as placas tectónicas do Pacífico e Indo-australiana, regista em média mais de 14 mil sismos por ano; apenas cerca de 20 ultrapassam a magnitude 5.

Christchurch, com pouco mais de 390 mil habitantes, é a maior cidade da ilha Sul da Nova Zelândia e a segunda maior área urbana do país, depois de Auckland (1.354.900), na ilha Norte. Wellington, também na ilha Norte, é a capital neozelandesa mas tem apenas cerca de 389 mil habitantes.Situada na costa Este, Christchurch foi elevada a cidade a 31 de Julho de 1856, tornando-a oficialmente a mais antiga cidade da Nova Zelândia.

in Público - Notícia em actualização

Formação sobre Exploração Espacial em Leiria


No âmbito da comemoração dos 50 anos do primeiro voo espacial tripulado, protagonizado por Yuri Gagarin, em Abril de 1961, irá realizar-se no Centro de interpretação Ambiental de Leiria, uma formação intitulada “Exploração Espacial”.
Formador: Astrónomo José Augusto Matos

Público-alvo: maiores de 14 anos

Nº de inscrições: Mínimo de inscrições 15 e máximo de 30

Custo: €30,00

Inscrição: no Centro de Interpretação Ambiental, até ao dia 11 de Abril de 2011.

Temáticas do Curso
- Conceitos e definições sobre o espaço;
- Órbitas e satelização;
- Sistemas de propulsão;
- Os pioneiros da Astronáutica;
- História do voo espacial tripulado;
- A colonização do espaço;
- Sistemas espaciais reutilizáveis;
- A vida no espaço.


Calendarização
  • 15 de Abril – das 20.00 às 23.00 horas
  • 16 de Abril – das 14.30 às 19.30 e 21.00-23.00 horas

Ficheiros de Apoio:

Local


Centro de Interpretação Ambiental de Leiria
Telefone: 244 845 651

segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Formação em Leiria sobre Flores Comestíveis


(CLICAR PARA AUMENTAR)


Flores Comestíveis

12 de Março de 2011

Centro de Interpretação Ambiental (CIA) - Leiria


Ficheiros de Apoio:

Localização do CIA Leiria:

Centro de Interpretação Ambiental

Divisão de Ambiente e Serviços Urbanos

Câmara Municipal de Leiria

Telefone: 244 845 651 (extensão 694)

Notícia no Público sobre o núcleo terrestre

Estudo publicado na revista “Nature Geoscience”
Núcleo da Terra gira mais devagar do que se pensava

Uma equipa de geofísicos descobriu que o núcleo da Terra gira muito mais devagar do que se pensava, afectando o nosso campo magnético, segundo um artigo publicado na revista “Nature Geoscience”.

Investigações anteriores mostraram que o núcleo da Terra girava mais depressa do que o resto do planeta. Agora, cientistas do Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, descobriram que as estimativas anteriores de 1 grau "de avanço" por ano (em relação ao resto do planeta) são imprecisas. Na verdade, dizem, o núcleo gira muito mais devagar - o avanço acumulado será de aproximadamente 1 grau a cada milhão de anos.

O núcleo interno cresce muito devagar ao longo do tempo, através da solidificação do fluído das camadas externas que se acumula à sua superfície. Durante este processo, uma diferença na velocidade nos hemisférios Este-Oeste do núcleo fica registada na sua estrutura . “Uma rotação mais rápida seria incompatível com a estrutura dos hemisférios que observámos no núcleo interno”, explicou Lauren Waszek, autor do estudo, em comunicado. “O nosso estudo é o primeiro em que os hemisférios e a rotação são compatíveis”, acrescentou.

Para obter estes resultados, os cientistas utilizaram ondas sísmicas que atravessaram o núcleo interno do planeta, 5200 quilómetros abaixo da superfície da Terra, e compararam-nas com o tempo de viagem das ondas reflectidas na superfície do núcleo.

Apesar de o núcleo interno do planeta estar a 5200 quilómetros abaixo dos nossos pés, o efeito da sua presença é especialmente importante à superfície. À medida que o núcleo interno cresce, o calor que liberta durante a solidificação conduz a convecção do fluído nas camadas externas do núcleo. Estes fluxos de calor dão origem aos campos magnéticos que protegem a superfície terrestre da radiação solar e sem os quais não haveria vida na Terra.

Lauren Waszek acredita que os resultados da sua investigação trazem uma perspectiva adicional para compreender a evolução do nosso campo magnético.

Música dos anos 60 para geopedrados


Hit the road Jack - Ray Charles


(Hit the road Jack and don't you come back no more, no more, no more, no more.)
(Hit the road Jack and don't you come back no more.)
What you say?
(Hit the road Jack and don't you come back no more, no more, no more, no more.)
(Hit the road Jack and don't you come back no more.)


Woah Woman, oh woman, don't treat me so mean,
You're the meanest old woman that I've ever seen.
I guess if you said so
I'd have to pack my things and go. (That's right)


(Hit the road Jack and don't you come back no more, no more, no more, no more.)
(Hit the road Jack and don't you come back no more.)
What you say?
(Hit the road Jack and don't you come back no more, no more, no more, no more.)
(Hit the road Jack and don't you come back no more.)


Now baby, listen baby, don't ya treat me this-a way
Cause I'll be back on my feet some day.
(Don't care if you do 'cause it's understood)
(you ain't got no money you just ain't no good.)
Well, I guess if you say so
I'd have to pack my things and go. (That's right)


(Hit the road Jack and don't you come back no more, no more, no more, no more.)
(Hit the road Jack and don't you come back no more.)
What you say?
(Hit the road Jack and don't you come back no more, no more, no more, no more.)
(Hit the road Jack and don't you come back no more.)


Well
(don't you come back no more.)
Uh, what you say?
(don't you come back no more.)
I didn't understand you
(don't you come back no more.)
You can't mean that
(don't you come back no more.)
Oh, now baby, please
(don't you come back no more.)
What you tryin' to do to me?
(don't you come back no more.)
Oh, don't treat me like that
(don't you come back no more.)

O sismograma no geofone de Évora

Sismograma obtido pelo geofone de Évora (últimas 24 horas):

(clicar para aumentar)

NOTA: dado o sismo ter sido de tão fraca intensidade não é detectável neste registo (há outros sismos mas não têm nada a ver com o das 01.25 desta madrugada...).

Sismo em Portugal continental

Recebido via e-mail do Instituto de Meteorologia (IM):


O Instituto de Meteorologia informa que no dia 21.02.2011 pelas 01.25 (hora local) foi registado nas estações da Rede Sísmica do Continente, um sismo de magnitude 1.7 (Richter) e cujo epicentro se localizou a cerca de 6 km a Oeste de Évora.

Este sismo, de acordo com a informação disponível até ao momento, não causou danos pessoais ou materiais e foi sentido com intensidade máxima II (escala de Mercalli modificada) na região de Évora.

Se a situação o justificar serão emitidos novos comunicados.

Sugere-se o acompanhamento da evolução da situação através da página do IM na Internet (www.meteo.pt) e a obtenção de eventuais recomendações junto da Autoridade Nacional de Protecção Civil (www.prociv.pt).

Runaway


Runaway - Del Shannon

As I walk along I wonder a-what went wrong

With our love, a love that was so strong
And as I still walk on, I think of the things we've done
Together, a-while our hearts were young

I'm a-walkin' in the rain
Tears are fallin' and I feel the pain
Wishin' you were here by me
To end this misery
And I wonder
I wa-wa-wa-wa-wonder
Why
Ah-why-why-why-why-why she ran away
And I wonder where she will stay
My little runaway, run-run-run-run-runaway

I'm a-walkin' in the rain
Tears are fallin' and I feel the pain
Wishin' you were here by me
To end this misery
And I wonder
I wa-wa-wa-wa-wonder
Why
Ah-why-why-why-why-why she ran away
And I wonder where she will stay
My little runaway, run-run-run-run-runaway
A-run-run-run-run-runaway

domingo, fevereiro 20, 2011

Recordar os Nirvana no dia do nascimento de Kurt Cobain

Come As You Are

O país dos cornos mansos, diz Barreto

Entrevista: António Barreto
"Fomos enganados durante 6 anos"

Sociólogo diz que Sócrates, o PS e o Governo perderam o crédito.

Correio da Manhã - É capaz de se pôr no papel de José Sócrates?
António Barreto - Posso tentar-me pôr ficticiamente no cargo dele, no papel dele não.

- O que acha que Sócrates vai fazer nos próximos tempos?
- O que ele vai fazer é resistir, resistir, resistir o mais tempo possível - e vai esperar por um momento adequado, primeiro para fazer uma remodelação e segundo para se submeter a eleições quando for mais conveniente. Na reunião do PS com os independentes a designação genérica é sintomática: ‘Defender Portugal. Vai dizer aos socialistas e ao mundo que Portugal está a ser atacado, que temos inimigos, que são os financeiros, a banca, a União Europeia, a senhora Merkel. Este ano estamos a perder a mais importante fatia de soberania dos últimos anos. Isto está à beira do protectorado. A amplitude de liberdade de decisão dos portugueses é muito curta.

- Sócrates está aliado...
- Ele quer dizer que o que vai ser feito de difícil em Portugal é contra a vontade e que ele está do lado do povo. Isto é típico', e é um bocado primitivo, mas é assim. 

- Como é que define os portugueses? Ao contrário dos gregos ou dos irlandeses, não contestam...
- Estou convencido de que nos próximos dez anos vamos ter movimentações fortes, duras, não sei se convulsões sociais ou agitação social. 

- Mas não tem acontecido isso e o português tem sido fustigado com medidas muito duras...
- Não há muito tempo. Começou a doer há três, quatro anos. Espere mais um bocadinho... Sabe que os portugueses viveram trinta anos absolutamente extraordinários e isso não provoca nem convulsões nem protestos...

- Sim, mas com uma grande diferença em relação aos europeus...
- Temos três ou quatro anos de uma situação difícil, que começou a doer, que começou a fazer mal, vamos ver o que vem a seguir. 

- Até agora não se passou nada...
- Os desempregados portugueses andam à procura de emprego. Andam à procura de pão para os filhos, ou de tecto para dormir, de água em casa. Sobra a emigração, que recomeçou muito forte. 

- O Governo actual tem capacidade para aplicar as medidas e as reformas necessárias?
- O Governo actual nem pouco mais ou menos. As pessoas não têm confiança neles, no PS ou no Governo. Foram perdendo confiança. 

- O Presidente da República devia fazer alguma coisa?
- Não pode, não tem poderes para isso. Por um lado, ele não quer, foi o que nos disse até agora. 

- Mas o que se pode esperar dele?
- Eu não espero nada, mas gostaria que fosse mais seco e mais duro e mais directo com o Governo e alertasse em público, que o povo fosse testemunha das relações entre o Governo e o Presidente da República. Se o veto do decreto do Governo, porque é a primeira vez que ele faz isso, quer dizer que este é o novo estilo, há qualquer coisa que vou olhar com interesse. Porque é o órgão de soberania que tem mais legitimidade em Portugal...

- A Presidência da República?
- Tem uma legitimidade fresca, porque a legitimidade também se gasta. E tem um enorme capital, que é o voto do povo. Com o povo como testemunha - insisto nisso - é através de declarações públicas, actos, idas ao Parlamento, mensagens ao Parlamento, dizendo o que se quer e o que se pretende. 

- A Oposição conhece a situação em que Portugal está realmente, os números verdadeiros? Os portugueses sabem?
- Agora sabemos. Depois de seis anos de mentira, sabemos. Agora, sabe-se mesmo. Os preços a subir 10, 15, 20, 30%, os vencimentos a descer 2, 3, 5, 10, 15%. A opinião pública foi severamente enganada. Fomos enganados durante seis anos. Foi-nos anunciado que havia dinheiro para o aeroporto, para o TGV, para as obras públicas, para novos empregos, empresas, para fomentar a exportação. Até havia dinheiro para pagar os bebés... 

- Era ano de eleições...
- Lamento. Eu sei isso, mas não me conformo. É pena que seja assim, a mentira é a moeda política corrente em Portugal. A unidade de conta política em Portugal é o engano e a mentira e a ocultação. Eu tenho pena disso, como tenho pena de que haja corrupção e favoritismo em permanência na vida política portuguesa. 

- O que se pode fazer?
- Aflige-me que não haja uma resposta, um protesto mais organizado, que não haja um ou dois partidos políticos novos, que viriam refrescar o panorama. Os partidos que temos hoje no Parlamento não estão à altura da crise, não estão à altura sequer de poder negociar entre eles, estão demasiado crispados, demasiado envolvidos e cúmplices. 

- Estamos condenados ao fracasso, como país independente?
- Portugal é um caso extraordinário de resiliência, de resistência, ao longo de séculos. Por outro lado, é verdade que agora estamos a integrar airosamente um estatuto de menoridade, de subalternidade na Europa. Há uma espécie de fiasco ou de fracasso dos últimos anos e dos próximos, porque isto não se reverte em dois anos ou três. O que se vai passar daqui a 10 ou 20 anos não faço a mínima ideia, nem ninguém sabe. Nos últimos anos, Portugal foi colocado numa grande alhada. Portugal fracassou. 

PERFIL

António Barreto, sociólogo, nasceu no Porto em 1942 e é presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos. Estudou Direito em Coimbra até 1963, ano em que foi para a Suíça. Licenciou-se em Sociologia na Universidade de Genebra, em 1968, onde voltaria para se doutorar. Foi ministro da Agricultura de Mário Soares, entre outros cargos políticos.

O dia de hoje é tragico na história do nosso país...

... pois, há um ano, houve um desastre ambiental na ilha da Madeira, causado por uma precipitação recorde e por erros de planeamento ambiental e urbanístico, que causou a morte de 42 pessoas, 600 desalojados e cerca de 250 feridos e ainda estragos de valor superior a 200 milhões de euros.

Foi ainda nesta data, em 2005, que o povo português elegeu um mentiroso que nos pôs, em míseros seis anos, nos limites da bancarrota.

Passaram ontem 14 anos sobre a morte de António Gedeão

(imagem daqui)

Rómulo Vasco da Gama de Carvalho (Lisboa, 24 de Novembro de 1906 - Lisboa, 19 de Fevereiro de 1997),português, foi um químico, professor de Físico-Química do ensino secundário no Liceu Pedro Nunes, pedagogo, investigador de História da ciência em Portugal, divulgador da ciência, e poeta sob o pseudónimo de António Gedeão. Pedra Filosofal e Lágrima de Preta são dois dos seus mais célebres poemas.
Académico efectivo da Academia das Ciências de Lisboa e Director do Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa. O dia do seu nascimento foi, em 1997, adoptado em Portugal como Dia Nacional da Cultura Científica.

NOTA: um fim de semana muito preenchido levo-nos a adiar a escrita deste texto - aconselhamos a leitura dos seguintes posts do blog De Rerum Natura:

Conferência Internacional sobre Geologia em São Petersburgo

Geology at school and university: GEOLOGY AND CIVILIZATION

30 de Junho a 5 de Julho de 2011

São Petersburgo




(clicar nas imagens para aumentar)

Kurt Cobain - 44 anos