domingo, setembro 12, 2010

Da Arriba Fóssil da Serra dos Candeeiros às Grutas e Nascentes de Chiqueda - fotos (III)

Ajudem-me que eu não caibo!

Luz ao fundo da gruta

Bendita estalagmite...

Raízes, espeleotemas e bancada

Olha práli um espeleólogo voador...!

Dois espeleogeólogos e um espeleodoutor muito divertidos

Uma espeleóloga repetente muito alegre

As luzes na gruta

Descida

Gatinhando

É bom ser pequenino

Alguém que me empurre...!

Alegria

NOTA: Recordamos que optámos por não publicar fotos de crianças (mas se os pais de algum participante da categoria infanto-juvenil nos autorizarem a publicação, temos excelentes fotos nessa categoria...) e que se algum participante não quiser aparecer nas fotos ou quiser receber todas as que os geopedrados Fernando e Adelaide Martins fizeram, é só mandar um e-mail a dizer o que pretendem para fernando.oliveira.martins-at-gmail.com.

Da Arriba Fóssil da Serra dos Candeeiros às Grutas e Nascentes de Chiqueda - fotos (II)



Preparando a Espeleologia (campo da bola entre Ataíja de Baixo e Lameira)

Fósseis vivos (cavalinhas) perto do campo da bola entre Ataíja de Baixo e Lameira

No Vale Canhão da Ribeira do Mogo

Ouvindo explicações no Vale Canhão da Ribeira do Mogo

Um autêntico espeleólogo...!

Preparando as luzes para entrar na Gruta da Ervideira

O desaparecimento do 1º grupo na Gruta da Ervideira

Discutindo - à espera do 1º grupo

A candidata a espeleóloga, com peúgas em 1º plano

Regresso do 1º grupo

Despedidas (oh mulher não vás...!)

Segundo grupo - preparação psicológica

Entrada na Gruta da Ervideira - a parte fácil

Da Arriba Fóssil da Serra dos Candeeiros às Grutas e Nascentes de Chiqueda - as fotos

Vamos agora publicar, em três posts, algumas fotos da actividade da Geologia no Verão de ontem e que dá nome a este post (Da Arriba Fóssil da Serra dos Candeeiros às Grutas e Nascentes de Chiqueda). 

Optámos por não publicar fotos de crianças (mas se os pais de algum participante da categoria infanto-juvenil nos autorizarem a publicação, temos excelentes fotos nessa categoria...). Se algum participante não quiser aparecer nas fotos ou quiser receber todas as que os geopedrados Fernando e Adelaide Martins fizeram, é só mandar um e-mail a dizer o que pretendem para fernando.oliveira.martins-at-gmail.com.

E  agora as fotos:

 Estacionamento perto do Parque de Campismo e Caravanismo de Pedreiras

 Subindo a Serra dos Candeeiros

 Explicação junto à Casa do Caçador

 Pseudo-gruta junto à Casa do Caçador - galopinite sugestiva

 Pseudo-gruta junto à Casa do Caçador - Pedreiras

 Junto ao Parque de Campismo e Caravanismo de Pedreiras

 Exsurgência(s) da Chiqueda

 Percurso exsurgência da Chiqueda - Poço Suão

 Poço Suão - exsurgência temporária

Almoço - I

Almoço - II

Almoço - III

No café em Chiqueda...

A ética republicana e socialista - versão Sócrates (em Inglês Técnico escrito a uma mão)



As mentiras do Ministério da Educação e da Anarquia desmascaradas



Flexibilidade Pedagógica
Os professores portugueses dificilmente não serão os melhores do mundo. Agora há uns que dão a sua disciplina a umas turmas com um manual na escola sede e depois vão dar as outras com outro manual, pois antes cada escola fez as suas escolhas de acordo com o projecto educativo e os respectivos grupos de trabalho.

Agora, com os novos mega-departamentos e mega-grupos disciplinares mistura-se tudo e quero fazer como se fazem planificações integradas e articuladas com cada escola com os seus materiais de apoio. Claro que o manual não é tudo, mas é com os seus materiais – afinal as famílias compram-nos para quê? – que os alunos devem trabalhar e estudar.
Mas, claro, tudo isto é feito por parte do ME privilegiandopedagógicos os aspectos …

in A Educação do meu Umbigo - post de Paulo Guinote

Acesso ao Ensino Superior - já saíram os resultados de 2010

Saíram há pouco no site da Direcção-Geral do Ensino Superior os resultados das candidaturas ao Ensino Superior:


Numa primeira análise parecem-nos favoráveis às instituições que ministram cursos de Geologia e ciências aparentadas com ela - nos próximos dias iremos analisar estes resultados...

Para quem o quiser fazer, aqui fica o link para ficheiro MS Excel sobre todas as colocações - AQUI.

O nosso encerramento da Geologia no Verão 2010

Participámos ontem, dia 11.09.2010, na actividade da Geologia no Verão intitulada Da Arriba Fóssil da Serra dos Candeeiros às Grutas e Nascentes de Chiqueda, da responsabilidade da SPE - Sociedade Portuguesa de Espeleologia, à semelhança do que fizemos há dois anos (ver aqui).

Como sempre foi excelente, sobretudo pela boa vontade dos guias e dos outros colegas participantes.

Assim amanhã iremos dedicar um (ou mais) posts a ilustrar fotograficamente esta actividade...

sábado, setembro 11, 2010

11 de Setembro - um duplamente triste dia


Um ataque terrorista, faz hoje nove anos, destruiu as Torres Gémeas (World Trade Center) em Nova Iorque, fez estragos no Pentágono e levou à queda de 4 aviões comerciais.

É um dia triste para toda a humanidade - os ataques de 11 de Setembro de 2001 provocaram cerca de 3.000 vítimas inocentes num cobarde ataque, sem justificação e sem precedentes...

Mas, para quem é mais velho, neste dia há outra coisa recordar - os 25 anos do agora chamado Desastre Ferroviário de Moimenta-Alcafache, em 11 de Setembro de 1985. Eu tinha 18 anos e estava previsto ir no Regional (para Coimbra) que chocou contra o Sud-Express - tinha família em Coimbra à minha espera... Felizmente por causa de um incêndio, acabei por perder o comboio, o que talvez me tenha salvo a vida.

Curiosamente a CP tentou branquear e apagar a história (mudou o nome à estação - antes de Alcafache, nome das termas próximas, para Moimenta) mas a lembrança perdura, até por causa do monumento que existe no local.

Ainda hoje se discute o número de mortos do pior desastre ferroviário ocorrido no nosso país - "a estimativa oficial aponta para 49 mortos, dos quais apenas 14 foram identificados, continuando ainda 64 passageiros oficialmente desaparecidos" (fonte wikipédia).

Desastre de Alcafache - 25 anos

O 11 de Setembro de Alcafache foi há 25 anos

Este foi um dos piores acidentes ferroviários do país

Foi um dos piores acidentes ferroviários do país. "Enviem muitas ambulâncias para a estrada Nelas - Mangualde!" Um pedido insistente, repetido, feito há 25 anos. Ainda hoje não há certeza do número de mortos. Eram outros tempos, em que os emigrantes viajavam de comboio. E com eles muitos turistas, sobretudo jovens de Inter-Rail.


Esperar. Não havia nada a fazer. Apenas esperar e talvez rezar por um milagre que não aconteceu. Na pequena estação de província, em plena linha da Beira Alta, os quatro ferroviários "nem tinham voz para falar". Uma espera ansiosa, um silêncio terrível. E uns minutos depois uma coluna de fumo que se ergue para as bandas de Alcafache. Os comboios tinham batido.

Adão Oliveira Costa era carregador na estação de Nelas e recorda bem esse fim de tarde quente de Setembro de 1985. Estava na gare a arrumar volumes, num tempo em que os comboios transportavam mercadorias a retalho, que recolhiam e deixavam nas estações. A chegada do comboio 315 era pura rotina. O Internacional, que ligava o Porto a Paris, era uma espécie de desdobramento do Sud Expresso, que a CP realizava para responder à forte procura durante o Verão. Eram outros tempos, em que os emigrantes viajavam de comboio. E com eles muitos turistas, sobretudo jovens de Inter-Rail.

O comboio chegou a Nelas e partiu. Tudo normal para o carregador Adão, que não tinha quaisquer responsabilidades na circulação do tráfego. Isso era tarefa do chefe da estação, que acabara de dar a partida ao Internacional. A composição tinha muitas carruagens, ao ponto de a locomotiva ficar lá muito à frente, já quase fora da gare.

Só quando vê o chefe sair, "muito pálido", do seu gabinete, é que o carregador se dá conta que alguma coisa estava mal. "Vem aí o outro comboio", murmura o homem, quase sem fala. Apercebera-se disso quando ligara para a estação seguinte, Alcafache, a "dar horas", isto é, a comunicar que tinha expedido o comboio e o colega lhe respondera que também ele já lhe tinha enviado o regional.

"Nós sabíamos que se um comboio tinha saído de um lado e o outro do outro, alguma coisa tinha de acontecer", conta Adão Oliveira Costa.

Naquele tempo a exploração ferroviária dependia integralmente de meios humanos e não havia forma de comunicar com os maquinistas. O chefe de Nelas ainda telefonou para a única passagem de nível que havia entre a sua estação e Alcafache para que esta fizesse sinal ao comboio para parar, mas já era tarde. O acidente ocorreu em poucos minutos, às 18h37, sem estrondo que se ouvisse. Apenas uma densa coluna de fumo que se avistava ao longe.

O normal seria que o Internacional (311) fosse cruzar em Mangualde com o regional (10320) que vinha em sentido contrário. Mas como o 311 vinha atrasado, este deveria ter esperado em Nelas pelo 10320. Que acontecera, então?

Uma sucessão de erros grosseiros. Uma falha de Coimbra, onde estava instalado o posto de comando que geria a linha da Beira Alta, que se esquecera de avisar o chefe de Nelas da alteração do cruzamento de Mangualde para a sua estação. E uma falha dos dois ferroviários de Nelas e Alcafache, que, na sua rotina, não cumpriram a pesada regulamentação que os obriga a pedir avanço para os comboios.

"Os registos estavam bem feitos", contou ao P2 um dos elementos da comissão de inquérito ao acidente, que pediu para não ser identificado. Cada um pedira autorização ao outro para expedir o comboio e registara-o em conformidade. Só quando foram colocados frente a frente é que reconheceram: "Nós enganámo-nos um ao outro."

João Marques, bombeiro de Canas de Senhorim, tinha 36 anos e estava nesse fim de tarde a apagar um incêndio florestal a seis quilómetros de Alcafache. Também pura rotina, numa região em que nos dias de calor os fogos se multiplicam pelo mato. Por isso, o mais natural era que a coluna de fumo lá para os lados da via férrea fosse mais um incêndio igual aos outros.

O grupo de bombeiros acabou o que estava a fazer e só depois é que seguiu para o local. "Naquele tempo as comunicações rádio não tinham a mesma fiabilidade, havia muitas interferências e ouvia-se mal", conta João Marques, hoje comandante daquela corporação.

"Só o homem que estava na viatura junto ao rádio é que começou a perceber melhor o que estava a acontecer e gritou-nos: "Vamos despachar isto, que há um comboio a arder perto de Alcafache."" E partiram. "Eu não me passava pela cabeça o que iria encontrar. Só imaginava que era um comboio de mercadorias. Mas tivemos logo uma "vacina" que nos preparou para o resto - o cadáver de uma senhora, queimada." E mais à frente os dois comboios - de passageiros - a arder.Os homens ficaram com a tarefa de extinguir o incêndio florestal que tinha deflagrado em ambos os lados da linha e só meia hora depois é que se aproximaram das carruagens. "Nessa altura já tinham saído muitas ambulâncias e a fase do pânico e dos gritos já tinha passado. Mas vi pelas caras dos meus colegas que aquilo era uma situação aterradora, tinham um ar estupefacto e alguns choravam..."

João Marques já viu muita coisa em dezenas de anos de bombeiro, mas estas recordações... Faz uma pausa, baixa a cabeça e quando a levanta tem os olhos húmidos e a voz treme-lhe. Para este bombeiro o 11 de Setembro já há muito era uma data marcante, muito antes de este dia ser conhecido pelo atentado nas torres gémeas.

Nas horas seguintes ao acidente tratou-se de evacuar os feridos para Mangualde, Nelas, Viseu. "Até que o nosso comandante, Américo Borges, nos disse que já estava tudo feito pelos vivos." A tarefa seguinte era remover os destroços.

O comandante estava nesse dia na central de comunicações dos bombeiros de Canas. O médico Américo Borges passava sempre por ali, quando saía do consultório, para se inteirar dos incêndios florestais do momento. Foi então que ouviu um alerta enviado por uma ambulância de Aguiar da Beira que, por acaso, passara no local no momento do choque: "Enviem muitas ambulâncias para a estrada Nelas-Mangualde!" Um pedido insistente, repetido, sem dar hipóteses de diálogo, pois na rádio só podia falar um de cada vez. "Pensei num acidente com autocarro. Nunca me lembrei que poderia ser um comboio", conta Américo Borges. Até que a mesma ambulância faz novo pedido: "Enviem autotanques que as carruagens estão a arder."

O comandante percebeu então que era um acidente ferroviário e partiu para o local para coordenar o socorro. Sem farda, sem botas, calçado com uns sapatos de corda. "Vi corpos completamente carbonizados, as carruagens a arder, as locomotivas descarriladas", conta. Curiosamente, a primeira carruagem do Internacional não ardeu, apesar de as três seguintes terem ficado calcinadas. Na primeira, uma carruagem-couchete onde as pessoas viajavam deitadas, Américo Borges só contou quatro dos 10 compartimentos. Os restantes tinham ficado completamente espalmados.

Foi nesta carruagem que se procedeu ao salvamento de uma senhora que tinha ficado encarcerada. "Com o embate, o corpo ficou protegido pelo colchão. Os outros ocupantes do compartimento morreram, mas esta senhora conseguimos tirá-la pela janela. Que coragem! Dizia-nos: "Tenham calma, tirem-me quando puderem.""

O operacional conta que algumas carruagens não arderam logo e que houve pessoas que morreram queimadas porque voltaram para dentro para recuperar os seus haveres, tendo sido apanhadas pelo deflagrar das chamas. E fala na solidariedade dos bombeiros, que chegaram a ser várias centenas no local, pois acorreram inúmeras corporações. "Dois dias antes tinham morrido em Armamar 14 bombeiros e eu acho que isso criou um reforço ainda maior ao lema Vida por Vida que explicou actos de heroicidade que ali foram cometidos", diz. "A GNR portou-se exemplarmente, porque abriu rapidamente um caminho de evacuação para os feridos. Naquela altura o IP5 estava construído, mas não tinha sido aberto ao tráfego e foi por lá que se chegou mais rapidamente ao hospital de Viseu."

O número indeterminado de mortos deste acidente tem contribuído para o tornar mais lendário. Américo Borges diz que ele próprio contou 58 corpos, embora estime as vítimas mortais à volta de uma centena. E explica, com uma fria precisão científica, o desaparecimento dos outros: "Com a carbonização dos corpos e a quantidade de água que foi introduzida nas carruagens, as cinzas ficaram solubilizadas." Isto é, desapareceram, varridas pela água. De resto, a temperatura do incêndio ultrapassou os mil graus. Já o inquérito da CP refere 49 mortos, sendo esse o número oficial divulgado pela transportadora, que ainda não tornou público o relatório do acidente. A mesma fonte da comissão de inquérito não enjeita que tenha havido mais, mas explica que foi esse o número apurado pelos serviços jurídicos da empresa e com o qual se trabalhou nos tribunais.

Há 25 anos, as técnicas forenses não estavam tão desenvolvidas, houve cadáveres não reclamados e estão enterradas no cemitério de Mangualde urnas com pedaços de corpos que foram retirados dos destroços.

Dentro do comboio

Duarte Correia embarcara no comboio em Nelas e iniciava ali uma viagem de 30 horas até à Alemanha, onde trabalhava. Esperava-o uma noite e um dia de viagem até Paris e mais uma noite de comboio até Dortmund. Mas mal teve tempo de se sentar na carruagem de 2ª classe, porque minutos depois sentiu um "estrondo, um vulcão". "A carruagem parece que saltou para o ar e depois caiu e começou a arder."

A viagem deste emigrante terminara ali, subitamente, entre gritos e pedidos de socorro. "Como o corredor da carruagem ficou para baixo e o compartimento para cima, eu consegui sair pela janela e ajudei um casal que estava comigo lá dentro. Depois ainda entrei num corredor e vinha um homem a fugir todo queimado. Fui a mais carruagens, mas já não consegui salvar mais ninguém."

O homem que viu a arder na carruagem chama-se Carlos Ramos e sobreviveu ao acidente após muito sofrimento, que incluiu internamento durante três anos e 31 operações cirúrgicas. Ia sair do país pela primeira vez, com um contrato de trabalho para a Suíça, onde hoje vive e de onde falou ao P2 pelo telefone. Apanhara o comboio em Santa Comba Dão e também a sua viagem durou pouco. O Internacional só deveria voltar a parar em Nelas, mas poucos sabem que fez uma paragem não oficial em Carregal do Sal, uns escassos segundos, os suficientes para a mulher do ajudante de maquinista lhe estender um embrulho com a refeição dessa noite, que ele não comeu, porque nenhuma das tripulações das locomotivas sobreviveu ao embate.

Carlos Ramos viajava também sentado na 2ª classe e no momento do embate vinha à janela a conversar com uma senhora que ia para Madrid. "Andei aos trambolhões dentro da carruagem e quando aquilo parou eu estava bem e saí. Mas ouvi gritos lá dentro e voltei a entrar. Ainda tirei uma senhora e uma moça e voltei para tirar uma criança de cinco ou seis anos. Senti que estava a queimar-me todo, que também lá iria ficar e... tive que sair e a menina ficou por lá..." A voz embarga-se e murmura: "Que Deus me perdoe."

Ferido em estado grave, acabaria por ser evacuado do hospital de Viseu no dia seguinte, à boleia do helicóptero do Presidente da República, que ali fora visitar as vítimas. "O general Ramalho Eanes salvou-me a vida", conta.

Os dois passageiros - Duarte Correia e Carlos Ramos - vão estar hoje numa cerimónia que assinala a efeméride, junto ao monumento erguido no local do acidente, e na qual irão participar outros sobreviventes, familiares, autarcas, deputados da Assembleia da República e, sobretudo, muitos bombeiros que ficaram marcados por aquele dia.

"Isto é uma coisa que não se esquece, que a gente via na televisão e pensa que é lá longe. Se fosse hoje, havia lá psicólogos e tudo, mas há 25 anos..."

Diogo Lopes, o adjunto do comando dos Bombeiros de Mangualde, tinha na altura 38 anos e preparava-se para, findo o dia de trabalho às 19h, partir para os incêndios das matas. "Tocou o alarme e disseram-nos que era um acidente na linha em Alcafache. Pensámos que era na passagem de nível e mentalizei-me que iria ver alguém aos bocados. Quando nos aproximámos, vi o fogo e pensei que era mais um incêndio florestal. Mas não, era um comboio a arder!"Diogo Lopes conduzia a primeira ambulância de Mangualde a ocorrer ao sinistro, mas nem chegou lá perto, porque havia pessoas que tinham feito chegar os feridos à estrada. "Levei logo uma senhora que tinha um buraco enorme no corpo devido à queimadura e que só gritava para que lhe encontrassem o seu netinho..."

Ao chegar ao hospital de Mangualde, nem parou, tal era a confusão que ali havia e seguiu directamente para Viseu, onde ainda voltou mais duas vezes nessa noite para transportar feridos.

"À terceira ainda dei sangue. Deram-me uma sandes e foi com essa sandes que andei alimentado durante dois dias. Até que num momento encostei-me um bocado para descansar e acordei numa maca. Tinha estado à beira da exaustão."

Durante dois dias os bombeiros removeram destroços, deparando-se a todo o momento com pedaços de corpos. De vez em quando havia reacendimentos devido ao calor e ao combustível derramado. Um cenário dantesco. Um cheiro a corpos queimados que fez com que, durante dois anos, Diogo Lopes fosse incapaz de comer carne assada às refeições.

Quando refere o apoio psicológico tão em moda hoje nos acidentes, não desdenha. Diz que é importante, que muitos bombeiros tiveram dificuldades no sono, que não é fácil esquecer os braços e pernas espalhados pelas carruagens, as pessoas que se viam a arder através dos vidros, os corpos pendurados nas janelas.

Houve heróis, diz. Um passageiro que ajudou a tirar seis pessoas e regressou a uma carruagem em chamas para retirar uma criança e já de lá não saiu. E reconhece, tal como Américo Borges, que teve o seu 11 de Setembro muito antes de 2001.

Ai balhame deus ou cá vamos, cantando e rindo

não devo ter perçebido bem

mas ia a jurar que os olhos saltitaram numa posição tipo .... "estamos feliçiçimos porque a emiçção de dívida púbica portuguesa teve procura cumó camandru" seguinda duma "desvalorização" do facto dos jurozitus da referida acima supracitada dita cuja dívida terem subido mais uns pontos valentes....



ahhhh senhores ministros permitam que partilhe convoscum um segredo .... se ofereçerem juros de 40% tenho cá pra mim como certo (é que nem é probabilisticu reparem..) mesmo como garantido que amanhem apareçem gajos às carradas a comprar divida pubica com entusiasmo nunca antes visto ...e ....se  ofereçerem ainda mais uns pózitos senhores ouvintes..... 

in anårca cønštipadö - post de José Manuel Fonseca

Os atentados de 11 de Setembro foram há 9 anos



Os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001, chamados também de atentados de 11 de Setembro de 2001, foram uma série de ataques suicidas coordenados pela Al-Qaeda aos Estados Unidos em 11 de Setembro de 2001. Naquela manhã, 19 terroristas da Al-Qaeda sequestraram quatro aviões comerciais a jato de passageiros. Os sequestradores intencionalmente bateram dois dos aviões contra as Torres Gémeas do World Trade Center em Nova Iorque, matando todos a bordo e muitos dos que trabalham nos edifícios. Ambos os edifícios desmoronaram em duas horas, destruindo prédios vizinhos e causando outros danos. Os sequestradores de um terceiro avião de passageiros caiu contra o Pentágono, em Arlington, Virgínia, nos arredores de Washington, D.C. O quarto avião caiu em um campo próximo de Shanksville, na Pensilvânia, depois que alguns de seus passageiros e tripulantes tentaram retomar o controle do avião, que os sequestradores tinham reencaminhado para Washington, D.C. Não houve sobreviventes em qualquer um dos voos.

O número total de mortos nos ataques foi 2.996 pessoas, incluindo os 19 sequestradores. A esmagadora maioria das vítimas eram civis, incluindo cidadãos de mais de 70 países.

Visca Catalunya!

Hoje é o Dia da Catalunha - recordemos a data em catalão, para mim a língua mais musical da nossa amada Ibéria...

Celebremo-lo com uma música que refere uma data importante para Portugal:


Abril 74 - Lluís Llach

Companys, si sabeu on dorm la lluna blanca,
digueu-li que la vull
però no puc anar a estimar-la,
que encara hi ha combat.


Companys, si coneixeu el cau de la sirena,
allà enmig de la mar,
jo l'aniria a veure,
però encara hi ha combat.


I si un trist atzar m'atura i caic a terra,
porteu tots els meus cants
i un ram de flors vermelles
a qui tant he estimat,
si guanyem el combat.


Companys, si enyoreu les primaveres lliures,
amb vosaltres vull anar,
que per poder-les viure
jo me n'he fet soldat.


I si un trist atzar m'atura i caic a terra,
porteu tots els meus cants
i un ram de flors vermelles
a qui tant he estimat,
quan guanyem el combat.

sexta-feira, setembro 10, 2010

Anárquica súmula noticiária

novidades do mundo ... e arredores

tenho de refazer uma cadeira e portanto tou a ver artigos reçentes pra ver a tendênçia outono invenor do "mercado das ideias".... esbarro logo com este importante paper "the power of intrafirm networks"... dxa ver... pois ... não sei quanto inquéritos ... partial least square.... strong networking is positively related to knowledge e knowing .... ahhhh.... conclui este formidável estudo que partilhar cafézadas e boas relações face to face e ambientes descontraídos facilitam a passagem de informação tácita qué como quem diz "pá ó Xico sabes alguma merda disto?"....responde o Xico "sei pá é só fazeres assim e assado e avisares o Silva quele trata lá com os gajos do cliente e do fornecedor"..... formidável .... mas com partial least squares fica mais impressive ....

entretanto resoilveuçe a contento a questão das Scuts e portanto não paga scut se ficar a menos de 20 km do centro da vila que for atravessada pela bissectriz do paralelo próximo do marco geodézicu que se cruze com o vector bipolar do segundo quadrante do distrito em que tenha atraveçamento a maior parte dos segundos afluentes de uma linha de água que demarque a fronteira da freguesia equidistante.... só náo entende se for contra o governo... parece-me perfeitamente cristalino....

entrementes não se conçeguiu comprar toner prás impreççoras lá do tribunal ....



a dívida pública portuguesa vai de vento em poupa....  e é assim ...é a vida... é fazer as contas....

in anårca cønštipadö - post de José Manuel Fonseca

Mais um sismo no Chile

Na escala de Ritcher
Chile: Sismo de magnitude 6,1

Um forte sismo de magnitude 6,1 na escala de Richter abalou esta quinta-feira a mesma região do devastador sismo de Fevereiro, de acordo com o Instituto de Sismologia norte-americano (USGS). O sismo com epicentro a35 quilómetros a sudoeste da cidade costeira de Concepcion e a uma profundidade de 17 quilómetros não motivou porém um alerta de tsunami.


Recorde-se que no dia 17 Fevereiro deste ano, um sismo na mesma área de intensidade 8,8 na escala de Ritcher, motivou um alerta de tsunami e destruiu aldeias inteiras. Nessa altura, morreram 521 pessoas, de acordo com o balanço oficial divulgado na época pelo governo chileno.

quinta-feira, setembro 09, 2010

Humor (quase) geológico...

Prémio Stuart de Tira Cómica 2010



Cravo & Ferradura, DN, 07.08.2009
(Desculpe a vaidade, não resisti, ok?)

Contributos para uma abolição de escravatura

mahayana está a ler...



Professores, os escravos do ministério

Ante o relatório da OCDE, José Sócrates esqueceu um pormenor: os nossos professores são escravos. E Sócrates continua a esquecer aquilo que não pode aparecer nesses relatórios da OCDE: um aluno de 12º ano não sabe escrever.


I. José Sócrates, o propagandista-que-por-acaso-é-o-nosso-primeiro-ministro, lançou por aí uns foguetes pedagógicos depois de ver um relatório da OCDE sobre a educação. Consta que a educação em Portugal melhorou. Pois claro, com um ministério da educação a fabricar falsas estatísticas através do facilitismo, eu aposto que Portugal ainda vai passar a Suécia. As nossas crianças não sabem escrever ou fazer uma simples conta, mas, força Sócrates, tu consegues.

II. Mas, enquanto a Ministra Alçada apanhava as canas do eng., outras pessoas fizeram outras contas. Por exemplo, Paulo Guinote viu aqui uma coisa: os professores portugueses trabalham mais 100 horas do que a média europeia. Não são 10. São 100. Eu não percebi se estas horas são apenas horas passadas nas salas de aula ou se já incluem as horas infindáveis que um professor gasta a preencher papéis e fichas para o ministério.

III. Em todo o caso, interessa fixar isto: se o excesso de trabalho fosse em prol dos alunos, o problema não seria grave. Mas, na verdade, o excesso de trabalho dos professores representa trabalho escravo, representa a subalternização do professor em relação aos pedagogos do ministério da educação. Como já escrevi 1234 vezes, o nosso maior problema é este centralismo do Ministério da Educação. E esse centralismo autoritário (e herdeiro de Salazar) é visível na forma como Lisboa controla as escolas no Fundão, Faro ou Bragança. Um absurdo intolerável. Mas este absurdo intolerável não se vê apenas nesta parte burocrática e administrativa. Também se vê na parte pedagógica. Os desgraçados dos professores têm de preencher fichas e fichinhas intermináveis. Para quê? Para que os pedagogos centralistas controlem tudo. Para que a senhora ministra tenha dados bonitinhos para apresentar à OCDE. Resultado? Sempre que se fala com um professora, a desilusão é sempre a mesma: "eu não sou uma professora, sou uma burocrata do ministério".

IV. Um partido que pretenda, de facto, resolver este assunto tem de atacar os pedagogos do ministério e não os professores que estão nas escolas. Temos de tirar poder ao ministério. Temos de dar esse poder às escolas e aos professores. É preciso retirar poder a estes pedagogos pós-moderninhos que têm mestrados e doutoramentos naquela pseudo-ciência (ciências da educação? É assim que se diz?) e que têm, acima de tudo, um cartão da cor política certa. Quantos boys and girls vivem nas catacumbas do ministério da educação? Quantas horas os professores perdem a preencher as fichinhas dos boys and girls que andam a destruir o futuro dos jovens portugueses há duas ou três décadas? Sem poder sobre o ministério, os professores nunca vão conseguir fazer aquilo que têm de fazer: ensinar sem facilitismos.

A educação no país do faz de conta…


1. O governo decidiu, em cima do início do novo ano lectivo, terminar com o ensino recorrente. Fê-lo supostamente com base na diminuição do número de alunos neste sistema de ensino que, nos últimos dois anos, passou de 31.319 para 16.701 alunos . A razão é simples, muitos perceberam que inscrevendo-se nos sistemas EFA (educação e formação de adultos) e RVCC (reconhecimento, validação e certificação de competências) poderiam obter os ansiados diplomas do 9º ou do 12º ano com muito menor esforço e dedicação (num país em que cada vez mais vigora a máxima ridícula que quem não tem canudo é necessariamente inferior, independentemente da sua maior ou menor aptidão profissional). Ao terminar com o ensino recorrente, o governo não só direcciona alunos para essas relativas fantochadas, como impede todos aqueles que têm vontade real de aprender de o fazer em condições dignas e prejudica bastante quem, estando impedido de aprender no regime diurno, pretende prosseguir estudos para o Ensino Superior, dado que a formação obtida será naturalmente escassa. Em condições normais, seria um escândalo, mas já não é. É apenas a continuidade de uma política de promoção de  mediocridade e ignorância, seguida tanto no regime diurno (como denunciei no post “O Aluno esperto”), como no nocturno. A isto juntamos a má-fé e a incompetência, em que temos como exemplo recente (um de muitos) o fecho das escolas anunciado (com a alegria cínica de quem apresenta uma medida positiva incontestável) a poucos meses do início do ano lectivo (e não ter sido em pleno Verão, como o fim dos estágios remunerados em 2005, já foi uma sorte), com a instabilidade de, a poucos dias do início das aulas, muitas situações ainda estarem por definir.

2. Ainda no terreno da educação, muito se tem falado do concurso de professores e do número elevado de docentes que ficaram sem colocação. Não faltaram opinion makers a referir que há muito menos oferta do que procura e que, portanto, cabe aos professores não colocados encontrarem alternativas. MENTIRA. Por um lado, porque só assim é porque a preocupação com a qualidade de ensino é quase nula e, como tal, não há nenhuma vontade de, por exemplo, diminuir o número de alunos por turma, na linha do que sucede na Finlândia, esse autentico paraíso educativo dos governos socratinos, mas que só o é no plano teórico. Ridícula e despudorada é a justificação da ministra do sorriso, Isabel Alçada, para nao o fazer, referindo que as experiências portuguesas mostram que turmas pequenas até causam maior insucesso (!!), “esquecendo-se” de acrescentar que isso sucede em currículos alternativos ou em situações com muitos alunos com necessidades educativas especiais, em que as dificuldades são naturalmente muito mais acentuadas. Por outro lado, analisar a questão da oferta e da procura com base no concurso, sem ter em atenção as especificidades dos diversos grupos de recrutamento (a situação em Filosofia não é a mesma que em Biologia, por exemplo), é fazer uma péssima análise da situação. Muitos dos professores vão ainda ser colocados, nomeadamente nas escolas TEIP (Territórios educativos de intervenção prioritária), escolas mais problemáticas onde quase ninguém quer ficar e onde acabam por se instalar muitos professores com pouca ou nenhuma experiência (!!), e a situação é de tal forma diferente do que se pinta que há por vezes a meio do ano carências de professores em determinadas áreas que obrigam à contratação de pessoas não profissionalizadas, com qualificação para a função bastante discutível. Claro que tudo isto é do interesse da tutela, em nome de um ideal que implicitamente preconiza, o da precariedade, e em nome de uma aposta inequívoca, o corte da despesa neste autêntico encargo financeiro (é assim que o consideram) chamado Sistema Educativo Público Português.

Posto isto e tudo o que tem sucedido nos últimos 5 anos (e não só, naturalmente), reforço a pergunta do Tiago:

       O QUE RESTARÁ DO ENSINO PÚBLICO QUANDO A COMISSÃO LIQUIDATÁRIA INSTALADA NA 5 DE OUTUBRO ACABAR A SUA MISSÃO?

in Blog cinco dias - post de João Torgal