Oriunda de uma família
proletária - o seu pai era um motorista de
trator, desaparecido na
guerra russo-finlandesa de 1940 - Valentina só entrou para a escola aos oito anos e começou a trabalhar com dezoito, numa fábrica
têxtil. Na mesma época, começou a participar num clube de paraquedistas amadores. Aos 24 anos, em
1961, começou a estudar para se qualificar como cosmonauta, no mesmo ano em que o diretor do
programa espacial soviético,
Sergei Korolev, considerou enviar mulheres ao espaço, numa forma de colocar a primeira mulher em órbita antes dos
Estados Unidos.
Em
1962,
ela foi admitida como cosmonauta, com mais quatro mulheres - das
quais apenas ela acabou indo ao espaço - sendo a menos preparada de
todas, sem educação universitária, mas especialista em
paraquedismo,
considerado condição fundamental para o voo, já que a nave Vostok
operava automaticamente, dispensando pilotagem, mas o ocupante era
ejetado dela após a reentrada, pousando com um
pára-quedas pessoal.
Em
junho de
1963, a
União Soviética colocou duas naves espaciais simultaneamente no espaço, sendo que a primeira foi conduzida por
Valery Bykovsky, que bateu o recorde de resistência no espaço, quando completou uma missão de cinco dias. Valentina voou na nave
Vostok 6, lançada de
Baikonur em
16 de junho, tornando-se a primeira mulher no espaço. Ela completou 48 órbitas ao redor da
Terra, no total de 71 horas, quase três dias, apesar das
náuseas
e do desconforto psicológico que sentiu. Depois de chegarem a
permanecer em órbita a uma distância de 5 km uma da outra, com os
cosmonautas trocando impressões e saudações por
rádio, ambas as naves aterraram no dia
19 de junho.
Selo postal da URSS em homenagem a Valentina Tereshkova, 1963
Valentina teve problemas na sua descida. Quando ejetada da
Vostok VI, esteve próxima de cair dentro de um
lago,
e ela narra nas suas memórias que, se isso acontecesse, talvez não
conseguisse sobreviver, pois estava sem forças para nadar até à borda, estando
desidatrada,
exausta, com fome pelas náuseas que praticamente a impediram de comer
em órbita, e psicologicamente afetada pela viagem - em princípio
programada para um dia mas alongada para três, pela sensação que causou
no mundo o seu lançamento. Mas um forte vento mudou a direção do
pára-quedas e a fez cair em
terra. Mesmo assim, o impacto foi forte e ela ficou com uma grande
mancha roxa no nariz, que bateu no capacete, sendo obrigada a usar forte
maquilhagem nos primeiros dias de aparições públicas oficiais. Os seus
três dias a bordo da Vostok eram então mais tempo no espaço que todos os
astronautas norte-americanos tinham juntos.
Em
1964, Valentina e o cosmonauta
Andrian Nikolayev casaram e tiveram uma filha, considerada a primeira criança nascida de pais cosmonautas. Divorciada desde
1982, casou-se novamente com Yuli Shaposhnikov, morto em
1999. Nos anos seguintes ao seu voo, ela graduou-se em
engenharia. Só nos anos 80 uma mulher russa voltaria ao espaço.