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sábado, junho 24, 2023

Música para recordar um Guerreiro Santo...

 

Santo Condestável  - António de Noronha
João Bettencourt / Pedro Rodrigues-Henrique Lourenço
   
    
    
Estava o reino dividido 

E o povo já rendido 

À voragem do assalto 

Sentiam-se as ameaças 

E no coração das praças 

A traição falava alto
    
    
Nun’Álvares o cavaleiro 

Do Alentejo fronteiro 

Com prontidão e ardor 

Prepara os da sua guarda

Para a batalha que tarda 

Nas hostes do seu senhor
    
    
Ele é a força que arrasa

O sentimento que abrasa 

A coragem que inebria 

Viessem nações inteiras

Desvairadas e guerreiras 

Nada e ninguém o vencia
   
   
Conhece a voz que o chama 

E responde, porque ama 

A nobreza do seu estado 

Reza entre espadas e adagas 

Comanda mas cura as chagas 

Dos que sofrem a seu lado
   
     
À Virgem pede um abrigo

Como se fosse um mendigo 

Ou um pobre de pedir 

A alma é o seu tesouro 

Reparte terras e ouro 

Como alguém que vai partir
   
    
E parte para o convento

A ouvir na voz do vento 

O que Deus lhe quer dizer 

No Carmo guarda portão 

Com o burel da oração 

É assim que vai viver
   
   
E é assim que o vemos

E é assim que o temos 

No altar da Santidade 

Condestável do que fomos 

Condestável do que somos 

À porta da eternidade

 

sexta-feira, junho 16, 2023

A Aliança Luso-Britânica foi forjada há 640 anos...!

(imagem daqui)
         
A Aliança Luso-Britânica, em Portugal conhecida vulgarmente como Aliança Inglesa, entre Inglaterra (sucedida pelo Reino Unido) e o Reino de Portugal é a mais antiga aliança diplomática do mundo ainda em vigor. Foi assinada em 1373 - em plena Idade Média, portanto. Os portugueses, em geral, queixam-se de que tal aliança foi sempre mais proveitosa para os ingleses, enquanto potência internacional de maior força económica e política. Contudo, há que não esquecer o período, após os Descobrimentos, em que Portugal era assumidamente uma potência internacional de maior influência. Hoje em dia, a aliança já não é, praticamente, invocada, embora ainda que se mantenha. Ao longo da história de Portugal, contudo, teve importantes consequências, ao colocar o país frente às tropas napoleónicas, devido à rejeição lusa do Bloqueio Continental, incompatível com os termos desta aliança. No período pós-guerra, a Inglaterra manteve um largo contingente militar e determinados privilégios em território português.
     
Idade Média
A ajuda inglesa à Casa de Avis foi o primeiro patamar de um conjunto de ações de cooperação com Inglaterra que viriam a ser de extrema importância na política externa portuguesa por mais de 500 anos. Em 12 de maio de 1386, o Tratado de Windsor afirmava uma aliança que já tivera o seu gérmen em 1294, e que fora confirmada em Aljubarrota com um pacto de amizade perpétua entre os dois países. João de Gant duque de Lencastre, filho de Eduardo III de Inglaterra, e teve o apoio português nas suas tentativas de ascender ao trono de Castela, apesar de D. Fernando I também o reclamar para si. Pelo Tratado de Tagilde, de 10 de julho de 1372, os dois pretendentes decidem unir esforços contra o mesmo rival, deixando para depois qualquer decisão quanto às pretensões ao trono. Contudo, desta união resultou apenas uma derrota, que se viria a repetir em 1385, com compensação financeira para João de Gante por parte do seu rival, Henrique da Trastâmara. Portugal tinha reafirmado a aliança pelo Tratado de Londres, de 16 de junho de 1373, considerado por alguns autores como o seu fundamento jurídico, mas ratificado em Windsor.
João de Gante deu, entretanto, a mão de sua filha, Filipa de Lencastre, a D. João I - ato que selou a aliança política. A influência de Filipa de Lencastre foi notável, tanto no ponto de vista da sua descendência (a Ínclita Geração) bem como pela sua intervenção no que diz respeito às relações comerciais entre Portugal e Inglaterra, incentivando as importações de bacalhau e vestuário de Inglaterra e a exportação de cortiça, sal, vinho e azeite, a partir dos armazéns do Porto.
    
Entre os séculos XVII e XIX 
Após a Restauração, o tratado de 1642 reafirmou a amizade recíproca entre os dois reinos, e concedeu liberdade de comércio aos ingleses nos domínios de Portugal. Em 1661, foi assinado o tratado de Paz e Aliança entre Portugal e a Grã-Bretanha, marcando o início da predominância económica inglesa sobre Portugal e suas colónias. Ficou acordado o casamento de Carlos II de Inglaterra com D. Catarina de Bragança, entregando-se aos ingleses as cidades de Tânger em Marrocos e Bombaim na Índia e Colombo em Ceilão.
O Tratado de Methuen, em 1703, deu livre entrada aos lanifícios ingleses em Portugal e redução das tarifas impostas à importação de vinhos portugueses em Inglaterra.
Outros episódios que marcaram a aliança foram, por exemplo, a Guerra da Sucessão Espanhola, em que Portugal começou por estar ao lado de França, em conjunto com o Duque de Saboia, mas voltando a reunir-se ao seu aliado depois da Batalha de Blenheim. Para Portugal, contudo, teve maior importância as implicações da aliança para o desencadear das Invasões francesas e para a resposta militar que permitiria recuperar a independência com a ajuda militar inglesa, cuja frota acompanhou a família real para o Brasil.
Em consequência da divisão de África pelas potências europeias, as relações entre Portugal e o Reino Unido entraram em crise, agravada pelo Ultimato, que gerou uma forte reação patriótica contra os britânicos.
    
Século XX
Durante o século XX, o tratado voltou a ser invocado por diversas vezes:
  • As tropas portuguesas participaram na Campanha de França, na Primeira Guerra Mundial, depois da solicitação, por parte da Grã-Bretanha, da requisição de todos os navios alemães em portos portugueses - o que motivou a declaração de Guerra da Alemanha a Portugal, em 9 de março de 1916.
  • Durante a Segunda Guerra Mundial, apesar da neutralidade portuguesa, a aliança foi invocada para o estabelecimento de bases militares nos Açores.
  • Em 1961, durante a ocupação da Índia Portuguesa (Goa, Damão e Diu) pela União Indiana, o Reino Unido limitou-se a mediar o conflito, o que levou Salazar a considerar a aliança numa crise insanável.
     
Atualidade
Hoje em dia, como os dois países são membros da NATO, sendo as suas relações mais coordenadas por essa instituição do que pelos pontos previstos nos diversos tratados que formam a totalidade da Aliança.
     

sexta-feira, maio 12, 2023

Há 637 anos o Tratado de Windsor reafirmou a mais antiga aliança do mundo

Casamento de El-Rei João I, rei de Portugal e Filipa de Lencastre, filha de João de Gante
   
O Tratado de Windsor estabelecido entre Portugal e a Inglaterra, sendo a mais antiga aliança diplomática do mundo ainda em vigor. Foi assinado em 12 de maio de 1386, após os ingleses lutarem ao lado da Casa de Avis na batalha de Aljubarrota e com o sentido de renovar a Aliança Anglo-Portuguesa, estabelecida pelos dois países em 1373.

A Inglaterra e Portugal estabelecem um Tratado de Aliança em 1373 tendo os ingleses lutado juntamente com a Casa de Avis na batalha de Aljubarrota contra o Reino de Castela em 1385.
Com a vitória na batalha de Aljubarrota, o exército castelhano fora derrotado com perdas de tal forma graves que impediram João I de Castela de tentar nova invasão nos anos seguintes. D. João I foi reconhecido como rei de Portugal, pondo um fim à crise de sucessão de 1383-1385 e à anarquia que grassava no território português. O reconhecimento pelo reino de Castela dar-se-ia apenas em 1411, com a assinatura do Tratado de Ayton-Segovia.
A aliança Luso-Inglesa foi renovada em 12 de maio de 1386. Portugal e a Inglaterra assinaram o Tratado de Windsor, confirmando formalmente a aliança que haveria de servir de alicerce às relações bilaterais entre ambos durante mais de 600 anos. O último ato a firmar esta aliança foi o casamento real entre Filipa de Lencastre, filha de João de Gante, duque de Lencastre, e D. João I, realizado em 1387. O comércio bilateral floresceu através dos armazéns ingleses no Porto: bacalhau e tecidos eram trocados por vinho, cortiça, sal e azeite. Um dos filhos mais novos do casal, Henrique (o Infante D. Henrique, o Navegador), liderou a época áurea de Portugal através das suas viagens de descobertas marítimas.


terça-feira, abril 11, 2023

Poema para recordar um grande Rei...

   
   
D. JOÃO O PRIMEIRO

O homem e a hora são um só
Quando Deus faz e a história é feita.
O mais é carne, cujo pó
A terra espreita.
Mestre, sem o saber, do Templo
Que Portugal foi feito ser,
Que houveste a glória e deste o exemplo
De o defender.
Teu nome, eleito em sua fama,
É, na ara da nossa alma interna,
A que repele, eterna chama,
A sombra eterna.
 


in Mensagem (1934) - Fernando Pessoa

El-Rei D. João I nasceu há 666 anos

    
D. João I de Portugal (Lisboa, 11 de abril de 1357 – Lisboa, 14 de agosto de 1433), foi o décimo Rei de Portugal e o primeiro da Dinastia de Avis, cognominado O de Boa Memória pelo legado que deixou.
Filho ilegítimo (bastardo) de El-Rei D. Pedro I e 3.º Mestre da Ordem de Avis (com sede em Avis), foi aclamado rei na sequência da Crise de 1383-1385 que ameaçava a independência de Portugal.
Com o apoio do condestável do reino, Nuno Álvares Pereira, e aliados ingleses travou a batalha de Aljubarrota contra o Reino de Castela, que invadira o país. A vitória foi decisiva: Castela retirou-se, acabando bastantes anos mais tarde por o reconhecer oficialmente como rei.
Para selar a aliança Luso-Britânica casou com D. Filipa de Lencastre, filha de João de Gaunt, dedicando-se desde então ao desenvolvimento do reino.
Em 1415 conquistou Ceuta, praça estratégica para a navegação no norte de África, o que iniciaria a expansão portuguesa. Aí foram armados cavaleiros os seus filhos D. Duarte, D. Pedro e o Infante D. Henrique, irmãos da chamada ínclita geração.
Escrito entre esse mesmo ano de 1415 e 1433, terá escrito um "notável" livro versado em montaria, uma das artes de caçar.
    
Bandeira pessoal de D. João I com a sua divisa: Pour bien
        
(...)
   
Cronistas contemporâneos descrevem D. João I como um homem arguto, cioso em conservar o poder junto de si, mas ao mesmo tempo benevolente e de personalidade agradável. Na juventude, a educação que recebeu como Grão Mestre da Ordem de Aviz transformou-o num Rei invulgarmente culto para a época.
O seu amor ao conhecimento passou também para os filhos, designados por Luís Vaz de Camões, nos Lusíadas, por «Ínclita Geração»: o Rei D. Duarte de Portugal foi poeta e escritor, D. Pedro, Duque de Coimbra, o «Príncipe das Sete Partidas», foi um dos príncipes mais esclarecidos do seu tempo e muito viajado, e o Henrique, Duque de Viseu, o «Navegador», investiu toda a sua fortuna em investigação relacionada com navegação, náutica e cartografia, dando início à epopeia dos Descobrimentos.
A sua única filha, D. Isabel de Portugal, casou com o Duque da Borgonha e entreteve uma corte refinada e erudita nas suas terras.
No reinado de D. João I foram descobertas as ilhas de Porto Santo (1418), da Ilha da Madeira (1419) e dos Açores (1427), além de se fazerem expedições às Canárias. Teve início, igualmente, o povoamento dos arquipélagos dos Açores e da Madeira.
D. João faleceu a 14 de agosto de 1433. Jaz na Capela do Fundador, no Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha.
Foi cognominado O de Boa Memória, pela lembrança positiva do seu reinado na memória dos portugueses, também podendo ser chamado de O Bom ou O Grande.
  
Descendentes
Do seu casamento com Filipa de Lencastre (13591415) nasceram nove filhos. Destes, os seis que chegaram à idade adulta seriam lembrados como a Ínclita Geração:
D. João teve ainda dois filhos naturais, de Inês Pires, antes do seu casamento:
   

quinta-feira, abril 06, 2023

As Cortes de Coimbra deram-nos um novo Rei e uma nova dinastia há 638 anos

(imagem daqui)
     
De acordo com a decisão tomada pelo Mestre de Avis, pelos nobres e representantes do povo reunidos no mosteiro de São Domingos de Lisboa e a conselho de D. Nuno Álvares Pereira, convocou o primeiro, na qualidade de Defensor do Reino, as cortes de Coimbra, nos Paços de El-Rei naquela cidade, para 6 de abril de 1385, com a seguinte ordem de trabalhos:
  • atribuições da coroa;
  • o financiamento da guerra;
  • a formulação dos capítulos que um dos três estados podia propor à resolução real.
O clero esteve representado pelo arcebispo de Braga, pelos bispos das principais cidades, pelo prior de Santa Cruz de Coimbra, por dois abades mitrados beneditinos, por Rui Lourenço, deão de Coimbra, e «outros prelados» entre os quais D. João de Ornelas, abade de Alcobaça. A nobreza, por setenta e dois fidalgos e muitos outros cavaleiros e escudeiros. E, como procuradores dos povos, os representantes de trinta e uma vilas e cidades. Antes de referir o que de fundamental se passou nestas cortes convém dizer em traços largos qual o panorama político-económico-social do País.
Alguns autores interpretam que os burgueses e os legistas apressaram o desmembramento da nobreza, quando promoveram e orientaram a revolução, aproveitando, ao que parece, uma experiência anterior, vivida escassos anos atrás, aquando dos tumultos de 1372, em que a «arraia-miúda» se manifestou contra o casamento de D. Fernando com D. Leonor Teles. Essa, sim, terá sido a verdadeira rebelião popular espontaneamente surgida, pois o povo não queria ver fortalecida, junto do rei, a posição da nobreza, a que estava ligada a nova rainha. Assim, o movimento dos mesteirais de Lisboa, capitaneado por Fernão Vasques, em 1372, terá ficado na memória da burguesia, mostrando-lhe bem a valia potencial das massas revoltadas, se estas viessem a ser orientadas para lhe servirem de instrumento para a consecução do papel político que era ambicionado pelos armadores e mercadores de Lisboa e do Porto.
Desencadeada essa força, a burguesia irá servir-se dela para se alcandorar, com o Mestre de Avis, à direção superior do Reino, sendo, para isso, assistida pelos legistas, cujas conceções de Direito romano irão ajudar à consolidação do Estado.
A aceitação de um rei estrangeiro pelos Portugueses mostrava-se difícil.
Formaram-se logo três partidos:
No que respeita ao clero, houve no início algumas figuras marcantes, como os bispo de Lisboa, bispo de Coimbra e bispo da Guarda (os dois primeiros, D. Martinho e D. João Cabeça de Vaca, eram castelhanos), que aderiram ao partido do rei de Castela. Mas o mesmo não aconteceu com outros, como o arcebispo de Braga, D. Lourenço Vicente que, sendo partidário da causa nacional, teve uma atitude patriótica ao longo de toda a crise e muito contribuiu para o triunfo final.
Em grande parte, a nobreza desta época alinhou com João I de Castela, que reclamava ser rei e senhor efetivo de Portugal pelo seu casamento com Beatriz e pela renúncia à regência de Leonor Teles de Meneses. Mas houve também fidalgos que tomaram o partido do mestre de Avis. Eram, no entanto, na sua maioria, das mais baixas camadas da nobreza. A única exceção de relevo verificou-se nas Ordens Militares, que se mantiveram quase todas do lado português. Assim, para além do povo e das baixas camadas da nobreza e respetivos homens de armas, o núcleo mais ativo com que pôde contar o «Regedor e Defensor do Reino» foi constituído por uma classe média de burgueses e de artesãos.
No entanto nem todos os burgueses estavam de acordo com o célebre Álvaro Pais. Os grandes da cidade de Lisboa, chamados a ratificar a escolha do mestre de Avis para «Regente», mostraram-se hesitantes e tiveram de ser persuadidos pela rudeza do povo personificada num seu representante, o tanoeiro Afonso Anes Penedo.
Abertas as cortes, o dr. João das Regras, notável legista, omitindo o nome do seu candidato, refutou os possíveis direitos daqueles que se apresentavam como pretendentes ao trono de Portugal. Contra Beatriz e João I de Castela, a principal razão invocada foi a quebra pelo rei castelhano do tratado antenupcial de Salvaterra, de março de 1383, e o facto de ser cismático. Mas a despeito de todos os seus argumentos, que visavam demonstrar que o trono estava completamente vago, os seguidores do infante D. João não se deram por vencidos, dizendo que era a ele que o reino pertencia de direito e sem qualquer dúvida. As discussões arrastavam-se, e então, de forma inesperada e arrasadora, o legista exibe e lê a carta em que o Papa Inocêncio VI se tinha recusado a legitimar os filhos do Rei D. Pedro e de D. Inês de Castro, fazendo cessar a oposição por parte de Martim Vasques da Cunha e dos outros apoiantes do infante D. João a que as Cortes elegessem um novo rei. João das Regras propõe então abertamente D. João, Mestre de Avis, para rei de Portugal, o qual é eleito «por unida concordança de todos os grandes e comum povo» (Fernão Lopes, Crónica de El-Rei D. João I, capítulo 191). Para reforçar a escolha no Mestre de Avis, D. Nuno entra na sala com vários escudeiros bem armados o que reforçou a eleição do Mestre de Avis. Começava assim uma nova dinastia.
Quanto ao «financiamento da guerra», os concelhos autorizaram um «pedido» de 400.000 libras. Seguiram-se os capítulos dos povos, na sua maioria de grande importância, e só a cidade de Lisboa apresentou 36. Os diplomas que despacham os capítulos das cortes têm a data de 10 de abril de 1385.
  
  

segunda-feira, março 20, 2023

O primeiro rei dos Ingleses Lancastre morreu há 610 anos

   
Henrique IV (Bolingbroke, 15 de abril de 1367 - Londres, 20 de março de 1413) foi rei de Inglaterra entre 1399 e 1413, o primeiro da dinastia de Lancaster. Henrique era filho de João de Gante, Duque de Lancaster, e neto do rei Eduardo III de Inglaterra. Nasceu no castelo de Bolingbrok, no Lincolnshire, e, de acordo com o costume da época, passou a ser conhecido como Henrique Bolingbroke.
Apesar de apoiar o primo Ricardo II de Inglaterra no início do reinado deste, depressa os dois entraram em conflito. Henrique acabou mesmo expulso do país e deserdado, em 1398. No ano seguinte, o seu pai morre na Aquitânia e Ricardo II confisca todos os seus bens para a coroa. Mas o monarca não era popular nem considerado competente e Henrique valeu-se disso para iniciar uma revolta aberta, em 30 de setembro de 1399. O golpe é bem sucedido e Henrique é coroado rei de Inglaterra a 13 de outubro, na Abadia de Westminster, iniciando a dinastia de Lancaster. Ricardo II foi deposto e assassinado, por precaução, no ano seguinte.
Em 1380, Henrique casou com Maria de Bohun, de quem teve vários filhos e filhas. Já rei, Henrique desposou a princesa Joana de Navarra, filha do rei Carlos II, com quem não teve descendência.
O reinado de Henrique foi marcado por várias insurreições populares, nomeadamente no País de Gales e em Inglaterra. O insucesso destas rebeliões deveu-se em parte à habilidade militar do seu herdeiro, o futuro Henrique V.
O fim da vida de Henrique IV foi marcado por problemas graves de saúde devidos a uma doença de pele, possivelmente psoríase ou um sintoma de sífilis. Henrique morreu em 1413 e encontra-se sepultado na catedral da Cantuária.
A sua vida encontra-se retratada em Henrique IV, uma peça em duas partes de William Shakespeare.
Henrique IV era irmão de D. Filipa de Lencastre, a primeira rainha da dinastia de Avis.
  
   

segunda-feira, março 06, 2023

João de Gante, pai de Filipa de Lencantre e de Henrique IV de Inglaterra, nasceu há 683 anos


João de Gante (em inglês: John of Gaunt; Gante, 6 de março de 1340 - Leicester, 3 de fevereiro de 1399), senescal de Inglaterra, foi membro da Casa de Plantageneta, o terceiro dos quatro filhos sobreviventes do rei Eduardo III da Inglaterra e de Filipa de Hainault. Ele foi chamado de "João de Gante" porque nasceu em Ghent, então traduzido em inglês como Gante. João tornou-se Duque de Lancaster em 1362, através do casamento com a sua prima Branca de Lancaster. Em 1390 tornou-se Duque da Aquitânia por doação do sobrinho, Ricardo II de Inglaterra. João de Gant foi o fundador da Casa de Lancaster, a fação encarnada da guerra das rosas.
Depois da morte de Branca, João casou em 1371 com a princesa Constança, filha do falecido rei Pedro I de Castela, o Cruel, e envolveu-se na complicada política castelhana ao declarar-se pretendente da coroa castelhana, rivalizando com Henrique de Trastâmara. No ano seguinte, a posição inglesa foi reforçada com o casamento de Edmundo de Langley, outro filho de Eduardo III, com Isabel, irmã mais nova de Constança. As suas intenções foram goradas pelos Trastâmara, mas João continuou a influenciar a política ibérica. Quando estalou a crise dinástica de 1383-1385 entre Portugal e Castela, João apoiou a fação de João, Mestre de Avis, do ponto de vista político e militar, enviando uma divisão de archeiros galeses. É da sua iniciativa que nasceu o tratado de Windsor que confere a Inglaterra e Portugal o estatuto de aliados desde 1387. Para firmar este tratado, a sua filha mais velha, Filipa, casou com El-Rei D. João I de Portugal.

terça-feira, fevereiro 21, 2023

A infanta Isabel de Portugal nasceu há 626 anos

       
Isabel de Portugal (Évora, 21 de fevereiro de 1397 - Dijon, 17 de dezembro de 1471) foi uma princesa portuguesa da dinastia de Avis, única filha do rei D. João I de Portugal e de sua mulher, Filipa de Lencastre.
  
Isabel nasceu em Évora e passou a sua juventude na corte em Lisboa.
Em 1430, casou-se com Filipe III, Duque da Borgonha, com quem teve 3 filhos: António e José (que faleceram durante a infância) e Carlos, o Temerário. Isabel foi a sua terceira e última esposa, pois antes fora casado com Micaela de Valois, princesa da França, e Bona de Artois.
Isabel era uma mulher muito refinada e inteligente, que gostava de se rodear de artistas e poetas, e foi uma mecenas das artes. Também na política exerceu a sua influência sobre o filho e, em especial, sobre o marido, que representou em várias missões diplomáticas.
Por sua influência os Açores tornaram-se residência de inúmeras pessoas de origem flamenga.
Faleceu em Dijon, na Borgonha, em 1471.
  
 Isabel e Filipe
   

segunda-feira, outubro 31, 2022

O tratado de Ayllón, em que a Dinastia de Avis foi reconhecida por Castela, foi assinado há 611 anos

       
A 31 de outubro de 1411 foi assinado em Ayllón um tratado de paz entre os reinos de Castela e de Portugal, que também incluía a França e Aragão. Este tratado foi ratificado pelos dois reis. Contudo, quando D. João II de Castela atingiu a maioridade, foi feita uma nova ratificação do tratado, a 30 de abril de 1423, onde estiveram presentes os embaixadores portugueses D. Fernando de Castro e o doutor Fernando Afonso. Era ainda o reflexo dos problemas vividos entre as duas mais importantes coroas ibéricas durante a crise de 1383-1385.
Estas tréguas eram extremamente importantes para Portugal, pois permitiam a manutenção da praça de Ceuta. Mas a paz definitiva só foi alcançada pelo Tratado de Medina del Campo, assinado a 30 de outubro de 1431. D. João I, o monarca português, enviou a Castela, como seus embaixadores, Pedro e Luís Gonçalves Malafaia, assistidos pelo doutor Rui Fernandes e pelo secretário Rui Galvão.
Antes desta data, o período de paz conseguido pelas citadas tréguas entre os dois reinos permitiu retomar o povoamento das zonas raianas e fixar as populações. Permitiu igualmente, como nos diz Gomes Eanes de Zurara, implementar o comércio nas áreas fronteiriças, com a retoma das seculares relações de vizinhança entre as povoações dos dois lados.
A situação de conflito latente com Castela, mantida até 1411, fez endividar o país com as despesas inerentes à guerra. Contudo, a fase vivida entre esta data e a assinatura definitiva do tratado de paz afastou por completo a ameaça de uma invasão castelhana, embora não tivesse desvanecido um permanente clima de tensão entre estes dois reinos.
Durante todo o reinado de D. João I, o país viveu sob esta ameaça latente e num clima de suspeição relativamente a Castela, embora Portugal tenha encontrado uma boa alternativa ao voltar-se para Marrocos e para o Atlântico, enquanto o rei de Espanha se ocupava da conquista de Granada, o último reduto muçulmano na Península.

sexta-feira, outubro 14, 2022

A derradeira batalha da crise de 1383/85 foi há 637 anos

Batalha de Valverde
Crise de 1383-1385
Data 14 de outubro de 1385
Local Valverde de Mérida
Desfecho Vitória dos portugueses
Combatentes

Reino de Portugal
Reino de Castela
Comandantes
Nuno Álvares Pereira, Martim Afonso de Melo, Gonçalo Anes de Castelo de Vide Ordem de Santiago, Ordem de Calatrava, conde de Niebla
Forças
11.000 portugueses vs
39.000 castelhanos

 

Pouco tempo depois da vitória portuguesa de Aljubarrota, Nuno Álvares Pereira entrou, por Badajoz, no território castelhano. De Estremoz passara a Vila Viçosa e, daqui, a Olivença. Depois seguira em direção a Mérida, para poder enfrentar as forças adversárias. Estas vieram pôr-lhe cerco em Valverde de Mérida, junto ao rio Guadiana.
A iniciativa de entrar em território castelhano partiu do condestável, sem conhecimento do Rei. Havia conhecimento de que um exército inimigo estava junto da fronteiro e D. Nuno decidiu ir ao encontro dele.
Estava-se em 14 de outubro de 1385. Atravessado o Guadiana, as tropas portuguesas viram-se atacadas. O Condestável - segundo a crónica de Fernão Lopes - ajoelhou-se a orar durante a batalha, quando as suas tropas estavam sofrendo pesadas baixas. A ardente fé de Nuno Álvares Pereira contagiava os seus homens de armas. E a vitória surgiu. Do lado português, a vanguarda era comandada pelo Condestável, a retaguarda estava sob o comando de Álvaro Gonçalves Camelo, as alas estavam sob a chefia de Martim Afonso de Melo e de Gonçalo Anes de Castelo de Vide. Do lado castelhano, estavam os Mestres de Santiago e de Calatrava e o conde de Niebla. Um português, Martim Anes de Barbuda, estava do lado dos castelhanos e era o Mestre de Alcântara.
Durante a batalha o condestável retira-se para orar. O seu escudeiro vai ao encontro dele, chamando-o para a batalha. Depois de terminar a oração D. Nuno, percebendo que os castelhanos tinham usado todos os projéteis, decide atacar o Mestre de Santiago, que acaba por morrer, e o seu estandarte é derrubado. Com isto os castelhanos põem-se em fuga.
A estratégia militar do Condestável, a sua fé e ânimo que soube incutir à sua hoste, permitiram-lhe alcançar esta vitória que, ainda segundo o cronista Fernão Lopes, foi conseguida sobre um exército mais numeroso do que aquele que fora derrotado em Aljubarrota.
Na mesnada portuguesa também se salientou o português Gil Fernandes, de Elvas. Esta foi a última vitória em campo aberto do condestável. Não mais voltou a ter batalhas como esta, pois os castelhanos não mais quiseram combater desta forma.
   

quinta-feira, setembro 29, 2022

Poema para um triste Infante...


   

D. Fernando Infante de Portugal

Deu-me Deus o seu gládio, porque eu faça
A sua santa guerra.
Sagrou-me seu em honra e em desgraça,
Às horas em que um frio vento passa
Por sobre a fria terra.

Pôs-me as mãos sobre os ombros e doirou-me
A fronte com o olhar;
E esta febre de Além, que me consome,
E este querer-grandeza são Seu nome
Dentro em mim a vibrar.

E eu vou, e a luz do gládio erguido dá
Em minha face calma.
Cheio de Deus, não temo o que virá,
Pois venha o que vier, nunca será
Maior do que a minha alma.

 

in Mensagem (1934) - Fernando Pessoa

segunda-feira, agosto 22, 2022

Ceuta foi conquistada há 607 anos

Bandeira atual de Ceuta
   
A Conquista de Ceuta, cidade islâmica no Norte de África, por tropas portuguesas sob o comando de El-Rei D. João I de Portugal, deu-se a 22 de agosto de 1415.
  

 

Painel de azulejos de Jorge Colaço (1864 - 1942) na Estação de São Bento, no Porto
   
D. JOÃO O PRIMEIRO

  



O homem e a hora são um só
Quando Deus faz e a história é feita.
O mais é carne, cujo pó
A terra espreita.

Mestre, sem o saber, do Templo
Que Portugal foi feito ser,
Que houveste a glória e deste o exemplo
De o defender.

Teu nome, eleito em sua fama,
É, na ara da nossa alma interna,
A que repele, eterna chama,
A sombra eterna.


  
in Mensagem - Fernando Pessoa

Fez hoje seis séculos que Portugal adotou a Era de Cristo...

O que havia de se lembrar a El-Rei D. João I - diminuir em 38 anos as idades dos eventos e das coisas... Se fosse agora, seria ao contrário - houve um clube do norte que, nos anos oitenta, acrescentou treze anos à idade, e um clube, da capital, que também acrescentou quatro anos à idade...

 


22 de agosto de 1422 – Publicação da Lei que  altera em Portugal a era de César (ou de Augusto), para a era de Cristo (de 1460 passou-se para 1422).

Faz hoje exatamente 600 anos que ocorreu esta importante mudança. Até então, em Portugal, usava-se a era hispânica, de César ou de Augusto, que se iniciara em 38 a. C. Foi só no reinado de D. João I, que se instituiu a era cristã, pelo que antes dessa data a todos os documentos se deve deduzir 38 anos.

Na imagem a lei de 22 de agosto de 1422 (Anno Domini), em que D.João I ordena que os funcionários régios passem a contar as datas pela Era de Cristo, sob pena de perderem os seus cargos públicos.

 

in Estação Cronográfica


domingo, agosto 14, 2022

Aljubarrota foi há 637 anos

    
A Batalha de Aljubarrota decorreu no final da tarde de 14 de agosto de 1385 entre tropas portuguesas com aliados ingleses, comandadas por D. João I de Portugal e o seu condestável D. Nuno Álvares Pereira, e o exército castelhano e seus aliados liderados por D. João I de Castela. A batalha deu-se no campo de São Jorge, nas imediações da vila de Aljubarrota, entre os concelhos de Porto de Mós e Alcobaça, no centro de Portugal.
O resultado foi uma derrota definitiva dos castelhanos, o fim da crise de 1383-1385 e a consolidação de D. João I, Mestre de Avis, como Rei de Portugal, o primeiro da Dinastia de Avis. A aliança Luso-Britânica saiu reforçada desta batalha e seria selada um ano depois, com a assinatura do Tratado de Windsor e o casamento do rei D. João I com D. Filipa de Lencastre. Como agradecimento pela vitória na Batalha de Aljubarrota, D. João I mandou edificar o Mosteiro da Batalha. A paz com Castela só viria a estabelecer-se em 1411 com o Tratado de Ayllón, ratificado em 1423.
   
A Batalha de Aljubarrota foi uma das raras grandes batalhas campais da Idade Média entre dois exércitos régios e um dos acontecimentos mais decisivos da história de Portugal. Inovou a tática militar, permitindo que homens de armas apeados fossem capazes de vencer uma poderosa cavalaria. No campo diplomático, permitiu a aliança entre Portugal e a Inglaterra, que perdura até hoje. No aspeto político, resolveu a disputa que dividia o Reino de Portugal do Reino de Castela e Leão, permitindo a afirmação de Portugal como Reino Independente, abrindo caminho sob a Dinastia de Avis para uma das épocas mais marcantes da história de Portugal, a época dos Descobrimentos.
   
(...)
  
Na manhã de 15 de agosto, a catástrofe sofrida pelos castelhanos ficou bem à vista: os cadáveres eram tantos que chegaram para barrar o curso dos ribeiros que flanqueavam a colina. Para além de soldados de infantaria, morreram também muitos nobres fidalgos castelhanos, o que causou luto em Castela até 1387. A cavalaria francesa sofreu em Aljubarrota outra pesada derrota contra as táticas de infantaria, depois de Crécy e Poitiers. A batalha de Azincourt, já no século XV, mostra que Aljubarrota não foi a última vez em que isso aconteceu.
Com esta vitória, D. João I tornou-se no Rei incontestado de Portugal, o primeiro da Dinastia de Avis.
Para celebrar a vitória e agradecer o auxílio divino que acreditava ter recebido, D. João I mandou erigir o Mosteiro de Santa Maria da Vitória e fundar a vila da Batalha. Assim como, passados sete anos da batalha, o nosso condestável D. Nuno Álvares Pereira mandou construir a Ermida de São Jorge, em Calvaria de Cima, onde precisamente está o campo de militar de São Jorge e ele havia depositado o seu estandarte nesse dia. Hoje nesse mesmo último local, há também um moderno centro de interpretação que explica o desenrolar dos acontecimentos, seus antecedentes e suas consequências.
   

O Mestre de Avis morreu há 589 anos

     
D. João I de Portugal (Lisboa, 11 de abril de 1357 – Lisboa, 14 de agosto de 1433), foi o décimo Rei de Portugal e o primeiro da Dinastia de Avis, cognominado O de Boa Memória pelo legado que deixou.
Filho ilegítimo (bastardo) do rei D. Pedro I e 3.º Mestre da Ordem de Avis (com sede em Avis), foi aclamado rei na sequência da Crise de 1383-1385, que ameaçava a independência de Portugal.
Com o apoio do condestável do reino, Nuno Álvares Pereira, e aliados ingleses travou a batalha de Aljubarrota contra o Reino de Castela, que invadira o país. A vitória foi decisiva: Castela retirou-se, acabando bastantes anos mais tarde por o reconhecer oficialmente como rei.
Para selar a aliança Luso-Britânica casou com D. Filipa de Lencastre, filha de João de Gaunt, dedicando-se desde então ao desenvolvimento do reino.
Em 1415 conquistou Ceuta, praça estratégica para a navegação no norte de África, o que iniciaria a expansão portuguesa. Aí foram armados cavaleiros os seus filhos D. Duarte, D. Pedro e o Infante D. Henrique, irmãos da chamada ínclita geração.
       
Bandeira pessoal de D. João I com a sua divisa: «Pour bien»