António Sebastião Ribeiro de Spínola (Estremoz, 11 de abril de 1910 - Lisboa, 13 de agosto de 1996) foi um militar e político português, décimo quarto presidente da República Portuguesa e o primeiro após o 25 de abril de 1974.
Estudou no Colégio Militar, em Lisboa, entre 1920 e 1928. Em 1939 tornou-se ajudante de campo do Comando da Guarda Nacional Republicana.
Germanófilo, partiu em 1941 para a frente russa, como observador das movimentações da Wehrmacht, no início do cerco a Leninegrado, onde já se encontravam voluntários portugueses, incorporados na Blaue Division.
Em 1961, em carta dirigida a Salazar, voluntaria-se para a Guerra Colonial, em Angola. Notabilizou-se no comando do Batalhão de Cavalaria n.º 345, entre 1961 e 1963.
Foi nomeado governador militar da Guiné-Bissau em 1968, e de novo em 1972, no auge da Guerra Colonial,
nesse cargo, o seu grande prestígio tem origem numa política de
respeito pela individualidade das etnias guineenses e à associação das
autoridades tradicionais à administração, ao mesmo tempo que continuava a
guerra por todos os meios ao seu dispor que iam da diplomacia secreta
(encontro secreto com Léopold Sédar Senghor, presidente do Senegal) e incursões armadas em países vizinhos (ataque a Conakri, Operação Mar Verde).
Em novembro de 1973, regressado à metrópole, foi convidado por Marcello Caetano, para a pasta do Ultramar, cargo que recusou, por não aceitar a intransigência governamental face às colónias.
A 17 de janeiro de 1974, foi nomeado vice-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, por sugestão de Costa Gomes, cargo de que foi afastado em março. Pouco tempo depois, mas ainda antes da Revolução dos Cravos, publica Portugal e o Futuro,
onde expressa a ideia de que a solução para o problema colonial
português passava por outras vias que não a continuação da guerra.
A 25 de abril de 1974, como representante do Movimento das Forças Armadas,
recebeu do Presidente do Conselho de Ministros, Marcello Caetano, a
rendição do Governo (que se refugiara no Quartel do Carmo). Isto
permitiu-lhe assumir assim os seus poderes públicos, apesar de essa não
ter sido a intenção original do MFA.
Instituída a Junta de Salvação Nacional
(que passou a deter as principais funções de condução do Estado após o
golpe), à qual presidia, foi escolhido pelos seus camaradas de armas para exercer
o cargo de Presidente da República, cargo que ocupará de 15 de maio de 1974 até à sua renúncia, em 30 de setembro do mesmo ano, altura em que foi substituído pelo general Costa Gomes.
Descontente com o rumo dos acontecimentos em Portugal após a Revolução dos Cravos
(designadamente pela profunda viragem à esquerda, à qual eram afetos
grande número de militares, e a perspetiva de independência plena para
as colónias), tenta intervir ativamente na política para evitar a
aplicação completa do programa do MFA; a sua demissão da Presidência da República, após o golpe falhado de 28 de setembro de 1974 (em que apelara a uma «maioria silenciosa»
para se fazer ouvir contra a radicalização política que se vivia), ou o
seu envolvimento na tentativa de golpe de estado de direita do 11 de março de 1975 (e fuga para a Espanha e depois para o Brasil) são disso exemplos. Neste ano, comandou o Exército de Libertação de Portugal (ELP), uma organização terrorista de extrema-direita.
Não obstante, a sua importância no início da consolidação do novo regime democrático foi reconhecida oficialmente em 5 de fevereiro de 1987, pelo então Presidente Mário Soares, que o designou chanceler das antigas ordens militares portuguesas, tendo-lhe também condecorado com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada (a maior insígnia militar portuguesa), pelos «feitos
de heroísmo militar e cívico e por ter sido símbolo da Revolução de
Abril e o primeiro Presidente da República após a ditadura».
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