domingo, janeiro 02, 2011

Humor no Sorumbático - II

«A Quadratura do Circo» - A poupança dos portugueses

Por Pedro Barroso

ESTOU muito preocupado com o problema da falta de poupança das famílias portuguesas.
É uma enorme falta de consciência cívica não serem solidárias com os esforços do governo e da nação. Não sei que se passará na cabeça dos chefes de família em Portugal para não conseguirem poupar.
Uma vez mais, ouvi a notícia no telejornal e, perante uma crise tão profunda e mundial, é de uma falta total de solidariedade não conseguirem colaborar no esforço colectivo. Creio que todas as famílias portuguesas deviam tentar poupar, pelo menos, um ou dois mil euros por mês, para criarem elas próprias um fundo de crise.

Vejamos. Vêm aí tempos difíceis e é preciso não gastar assim com tanta displicência e inconsciência a torto e a direito.
É um exagero o que se gasta em alimentação. Tomemos uma família de quatro pessoas, por exemplo. Bastava que uma delas não comesse nada, semana sim, semana não. E ninguém morre por isso, pois está provado que o ser humano pode aguentar até três semanas sem comer. Ora bastaria isso para dar um enorme incremento de aforro doméstico.

A avó, por exemplo. Não produz nada, ou muito pouco. De resto, já ninguém precisa de mais rendas e crochés para as mesinhas da sala, nem pegas para a cozinha. Fazê-la parar é quase uma necessidade. Portanto, é obriga-la carinhosamente a uma dieta de pão e água, para seu próprio beneficio. Passará a comer ainda, como bónus se estiver quietinha, uma sopinha semanal ao domingo, o que permite perfeitamente viver, evitando assim níveis elevados de colesterol, que só lhe fazem mal com aquela idade. Apenas há que nunca lhe faltar com aguinha todos os dias, para não desidratar; pelo menos enquanto não assinar os documentos que nós muito bem sabemos quais são.

A mania dos remédios também é um ataque diário à política de contenção económica. É sabido que os remédios são coisas químicas que só fazem mal e, no fundo, apenas prolongam a agonia de quem está doente. Gastar em farmácia é, portanto, inútil. Aí tem mais um conselho a seguir.

Ir para o emprego a pé, parece também ser uma solução a pôr em pratica o mais possível. O mau hábito de andar de carro provoca espondilose e obesidade mórbida, além de stress e despesas várias, provenientes de multas, seguros e acidentes. São vários milhares que se poupam por ano, se andarmos todos a pé ou de carroça.
Se você trabalha longe não seja preguiçoso e levante-se mais cedo. Caminhar só lhe vai fazer bem. Se for de charrette passará inclusive, a ser produtor do seu próprio estrume para usar na horta. Um luxo de excêntrico, sobretudo se viver em Massamá.

A escola e colégio para os miúdos também são despesas estupidamente elevadas que podem facilmente evitar-se estudando em casa. A televisão, os jogos, o teatro, o cinema, as revistas e jornais também são coisas sem as quais dantes se vivia muito bem e ninguém morria por causa disso. Andar informado só serve para ficar mais deprimido.

Nas férias, fique casa. Sair para o Algarve… para quê, afinal? Quem é que precisa de gastar um dinheirão em portagens e refeições e alugueres só para tomar banho de água salgada e ficar cheio de areia? Você vai irritar-se nas filas nos restaurantes horas à espera em Agosto, e vai voltar ainda mais cansado que à partida. Não vá. Poupe.

Os exageros da moda são outra tentação. Há que ter uma gabardina para a chuva, um casaco para o frio, duas calças e duas camisas. Quando uma está suja, lava-se e usa-se a outra. Eu, por exemplo, tenho estes sapatos há mais de dez anos e nunca comprei uma gravata. Não morri por isso.

O país precisa do seu esforço e os gestores públicos agradecem.
Portanto, poupe, homem! Não seja indisciplinado.
Como vê, é só uma questão de querer.

Humor no Sorumbático


Por João Duque

2011 VAI SER um ano diferente dos anos anteriores porque a lua de mel acabou e vem aí, finalmente, o doce remanso do casamento.

Na campanha eleitoral o partido do Governo tinha-nos prometido uma vida santa. Aumentaram-me em 2009 e baixaram-me o IVA. Apaixonei-me logo e votei. Agora andam para aí uns neoliberais a dizer que vamos morrer este ano. Mentira! Não acreditem! Vejam bem como vai ser 2011...

O início de janeiro não vai ser a hecatombe. Em janeiro pouco se vai sentir o efeito do novo Orçamento de 2011 porque vamos todos viver esse mês com o ordenado de dezembro. Só o IVA será um pouco mais pesado. Mas o que são 2%? Uma ninharia ao pé do resto da conta que já são 121%!

Depois virá fevereiro. Mas como o mês é mais curto, logo chegará o desafogo e a folia, porque mais depressa receberemos o novo ordenado!

Aí vem março. Longo e interminável, com 31 dias, vamos ter alguma dificuldade em enganar a barriga, mas este é o momento de iniciar a dieta saudável para prepararmos a praia. Não é o que dizem os médicos? Se queremos estar com barrigas invejáveis de saúde em julho e agosto este é o mês certo para se começar a dieta! Além de mais, já os enganámos em dois meses e se a coisa correr bem o FMI ainda cá não entrou...

Depois abril. É possível que as taxas Euribor continuem a subir, que algumas famílias parem de pagar a hipoteca, mas estou otimista porque finalmente vamos ter os testes de stresse à séria: em vez de simulações vamos ter os nossos bancos a ver como é que o capital se comportará! E mesmo que o mês acabe a 15, não se esqueçam de que o mês tem um feriado que este ano calha à 2ª feira!

E logo a seguir há o 1º de maio! Todos para a rua e um enorme piquenique. Os neoliberais ainda não perceberam o benefício da contestação. As centrais sindicais darão muito dinheiro a ganhar à rapaziada das bifanas e coiratos que os vendem nas rulotes de apoio às manifs. E, além disso, para apoio às manifestações ainda temos os negócios dos bonés, das T-shirts, das bandeiras e das faixas de apoio ou contestação, dos transportes para o Marquês de Pombal e volta, a partir de São Bento ou Terreiro do Paço. Estou certo de que estes economistas de terceira ainda não contaram com este impulso à economia...

A maio segue-se junho, e com ele os subsídios de férias! E assim vamos pagar os saldos do cartão de crédito que tivemos de acumular! Estão a ver? Qual crise? E já se foi meio ano!

Julho e agosto são férias. Mesmo repartidas não faz mal. Ou vamos nós ou eles não vêm...

E logo setembro, outubro e novembro... Mas aqui vamos ter mais um subsídio e as festas de Natal e final de ano com muito amor, carinho e solidariedade. Estou certo de que ainda irei encher um saquinho de plástico com apoio caritativo a entregar à saída do supermercado e que irei levantar no outro lado da fila. Estou certo que o amor que nutro pelos pobrezinhos como eu não morrerá e não me deixarei cair!

Queriam deitar-me abaixo? Nem pensem! E lembrem-se: se lá chegarmos, estamos vivos! E assim poderemos votar neles outra vez! O que mais quereis?

«Expresso» de 23 de Dez de 2010 

A paz podre das Escolas - versão Público

Acordo entre sindicatos e Ministério da Educação faz um ano
As escolas estão em paz à espera que venha o pior

Os professores avisam que o que aí vem é pior do que o que os levou para a rua

A ministra da Educação, Isabel Alçada, cumpriu o objectivo anunciado para o acordo alcançado há quase um ano (8 de Janeiro) com os sindicatos dos professores - as escolas estão calmas. Mas será que estão ou vão estar melhores? Professores e directores contactados pelo PÚBLICO são unânimes na negativa. Entraram no novo ano, que agora começa, em estado de consternação.

Isabel Le Gué, directora da Escola Secundária Rainha D. Amélia, em Lisboa, diz que o "grande desafio" que os responsáveis das escolas do ensino básico e secundário vão ter pela frente será "o de como conseguir continuar a motivar os professores e fazer o que deve ser feito". O orçamento das escolas vai ser reduzido. À semelhança dos outros trabalhadores da Administração Pública, no final dos mês os professores também ficarão a saber o que perderão em salários. E, para uma parte deles, estes meses poderão ser também os últimos que estão numa escola.

"Vamos ter menos dinheiro, menos pessoas a trabalhar e mais responsabilidades", resume Isabel Le Gué. Aquela responsável fala de uma situação recorrente em tempos difíceis: "Quanto mais falíveis são todas as instâncias, mais se espera das escolas". Mas, adverte, "há um limite para tudo, até para o amor à camisola". Manuel Pereira, director do agrupamento de Cinfães e presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, fala de "um nó górdio": "A escola está a ser asfixiada e com o que aí vem corremos o risco de se registar uma grande inversão no trabalho que tem sido feito nos últimos anos", que se traduziu em melhores resultados, maior inclusão, menor abandono.

Este dirigente confessa que não sabe "como é que as escolas vão sobreviver". Não só porque "têm cada vez mais despesas e irão ter menos dinheiro", mas também e sobretudo devido aos cortes no capital humano. Segundo o Ministério da Educação, neste ano lectivo registou-se uma redução de cinco mil professores devido à aglutinação de agrupamentos de escolas e ao encerramento dos estabelecimentos com menos 20 alunos. No próximo ano lectivo, segundo os sindicatos, mais de 30 mil poderão ficar sem emprego. "Estamos perante uma escola desmotivada e a redução drástica no número de professores criará sérias limitações à capacidade de aplicabilidade dos projectos pedagógicos", adverte Manuel Pereira. "Neste momento o que está em causa é a escola pública em Portugal. Este é um problema que é de todos e exige uma resposta de todos", afirma Mário Nogueira, líder da Federação Nacional de Professores. Para João Dias da Silva, dirigente da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação, este pacote anticrise constitui uma "forma fácil e rápida de encaixar dinheiro" que vai deixar "uma pesada factura para o futuro".



As pessoas estão com medo

O que vem aí será muito pior do que aquilo que os levou à rua na anterior legislatura, mas por enquanto reina a apatia. "O facto de os professores sentirem mais a ameaça da precariedade e do desemprego não os leva só por si a lutarem mais. Pelo contrário, é um inibidor da luta. As pessoas estão com medo", constata Mário Nogueira.

Durante quatro anos os professores multiplicaram-se em protestos contra a anterior ministra Maria de Lurdes Rodrigues. A paz foi alcançada a 8 de Janeiro passado. Com o acordo então celebrado terminou a divisão entre professores e professores titulares, o que abre portas a que todos possam chegar ao topo e não só 30 por cento, e vários milhares de docentes puderam progredir já em 2010, frisa Nogueira. Em troca os sindicatos aceitaram um modelo de avaliação, com o qual não concordavam e que, segundo Le Guê, não só "não difere substancialmente do anterior" como poderá envenenar ainda mais o ambiente nas escolas.

Foi "uma traição", acusa Ricardo Silva, que dirige um dos movimentos independentes que também marcaram a contestação. Para ele, é esta a razão da actual "apatia": "Muitos professores ficaram com a percepção que não vale a pena lutar, pois, nas alturas decisivas, as direcções sindicais acabam por assinar entendimentos que defraudam totalmente as suas expectativas". "Não há nenhum exército que se mantenha numa luta só com derrotas. Uma organização sindical tem de conquistar melhorias para as pessoas. E isso foi alcançado", contrapõe Nogueira. "Valeu a pena e as pessoas devem é estar orgulhosas e não deitar fora o resultado do esforço realizado", frisa Dias da Silva.Mas ambos reconhecem que a crise torpedeou parte do que foi alcançado. Por outro lado, frisam, vários dos princípios acordados para a avaliação têm vindo a ser alterados pelo Ministério da Educação. "Assinámos um acordo global e não é uma posição de boa-fé, da parte do ministério, manter apenas em aplicação a parte negativa. Para nós, neste momento, o acordo já não existe", afirma o líder da Fenprof.

sábado, janeiro 01, 2011

Hoje também é um dia importante para a Ciência



1925 - Edwin Powell Hubble anuncia a descoberta de galáxias fora da Via Láctea.

1980 - Sismo nos Açores provoca a morte de 71 pessoas.

1983 - É criada a Internet.

Recordar Lhasa




Humor do Ministério da Educação e da Anarquia






Lhasa morreu há um ano...

Pode uma voz como a tua ser esquecida? Deixaste-nos há um ano mas nunca te esqueceremos - vuela en paz, ma belle fleur du desert...


NOTA: post 4.200º deste blog...!

O presente envenenado


Cartoon de Henrique Monteiro

Um ano de saudade - Lhasa de Sela


Lhasa de Sela (27 de Setembro de 1972 - 1 de Janeiro de 2010) foi uma cantora nascida na pequena cidade de Big Indian, no estado de Nova Iorque.

Sua ascendência era de um lado mexicana e de outro americano-judeu-libanesa. Filha de um professor, não convencional, que percorria os EUA e o México, difundindo o conhecimento, e de uma fotógrafa. Assim, passou sua infância, de maneira nómada, junto com seus pais e suas três irmãs.

Sua obra musical mescla tradição mexicana, klezmer e rock e é cantada em três idiomas: espanhol, francês e inglês.

Faleceu a 1 de Janeiro de 2010, em Montreal, Canadá, vítima de cancro da mama.


Abro la ventana


Ahora me levanto
de esta cama
Ahora abro la ventana


y entra la luz con el viento
Ahora te siento
y estás tan lejos de aquí


Si un día te vas
y ya no vuelves más
Si un día me voy
y ya no vuelvo yo


Que largo es el mundo
es infinito
Ayer te tuve en mis brazos


y hoy como un grano de arena
en algún suelo ajeno
estás escondido de mí


Si un día te vas
y ya no vuelves más
Si un día me voy
y ya no vuelvo yo


entras tú…


Que grán silencio
todo en suspenso
Que vértigo de no verte
Retumbo como una campana
Abro la ventana
y entras tú
entras tú…

Só é pena a parte do retardador...

Um fim de ciclo ao retardador para José Sócrates

José Sócrates ocupa o poder há seis anos sucessivos

Em surdina, os deputados do PS falam em "fim de festa". No partido, vão-se lendo os sinais de fim de ciclo. Na bancada parlamentar, há divergências assumidas. Seja por causa da lei do financiamento partidário, seja pelo Orçamento. Ainda mais, estão lá dois protagonistas principais e potenciais candidatos à sucessão: Francisco Assis e António José Seguro. Mário Soares, líder histórico do partido, reclama aquilo que o primeiro-ministro, José Sócrates, nem quer ouvir falar: a remodelação.

Há ministros fora de tom, como aconteceu com Luís Amado, dos Negócios Estrangeiros, ao defender uma "grande coligação governamental", logo recusada por Sócrates. O próprio chefe do Governo "desafinou" do seu ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, como aconteceu com os cortes salariais na função pública ou as ordens à Caixa Geral de Depósitos por causa dos dividendos da PT.

Mas o círculo restrito de Sócrates, dizem fontes do PS, nem quer ouvir falar no assunto. A palavra de ordem continua a ser resistir. E se alguma crise se precipitar em 2011, há dirigentes nacionais a acreditar que Sócrates quer ir de novo a eleições. O problema é se o FMI entrar fronteiras dentro. Aí, o CDS-PP foi o primeiro a dizer que o executivo deveria ser substituído.

Dois sociólogos, André Freire e Manuel Meirinho Martins, ajudam a explicar o fenómeno. André Freire, professor do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), detecta sinais desse fim de ciclo: as sondagens com o PSD muito à frente do PS, a degradação da situação política. "No fundo, e por causa da crise, o PS está a governar com um programa que já não é o seu", afirmou ao PÚBLICO.

Já Manuel Meirinho Martins, professor de Ciência Política no ISCSP, olha a situação política e compara-a com outros momentos vividos por António Guterres (2001) e Santana Lopes (2004) para concluir que este é "um fim de ciclo arrastado".

E aponta os quatro sinais evidentes de que o ciclo socrático está a caminho do fim. Por um lado, "a incapacidade de o Governo lidar com os problemas da crise" económica, a par da "instabilidade ao nível da elite governativa". "Nota-se uma falta de coesão, como foi visível recentemente com o caso do Governo dos Açores [com a lei para contornar os cortes salariais na função pública] e com as divisões na bancada parlamentar", disse.

Depois, nota-se o "desgaste no apoio social ao Governo" e a "emergência de uma alternativa de Governo, com a transferência de expectativas para o PSD".

André Freire, investigador do Instituto de Ciências Sociais, tem uma leitura diferente quanto às sondagens. "A alternativa, o PSD, apesar de estar à frente nas sondagens, também não gera grande entusiasmo", afirma o sociólogo, lembrando estudos de opinião sobre o projecto de revisão constitucional apresentado pelo partido de Passos Coelho.

Ponto de ebulição

As presidenciais de 23 de Janeiro e a posse do Presidente da República, em Março, ajudarão a uma clarificação. Até porque, seja quem for o eleito, o chefe de Estado ganhará de novo "armas" para resolver qualquer impasse: o poder de dissolução da Assembleia e convocação de eleições. André Freire é cauteloso e admite que "pode ter algum efeito", Meirinho acredita que, se Cavaco Silva for reeleito, sendo "um institucionalista puro, não irá tomar uma iniciativa" que leve à queda do Governo. O caso será diferente se houver pressão social, a entrada do FMI no país ou uma qualquer iniciativa dos partidos na Assembleia: "Aí, acredito que sim."

A questão central é mesmo saber qual será o "ponto de ebulição"? Uma moção de censura? A entrada do FMI? Uma crise no próximo Orçamento do Estado? Ou a conflitualidade social nas ruas, como aconteceu na Grécia?
 
Tanto Manuel Meirinho como André Freire admitem que a entrada do FMI seria um factor perturbador para a situação política, embora os dois admitam a complexidade de juntar uma crise política à económica. E Freire recorda o quanto difícil seria encontrar uma solução de governação à esquerda, dado que PCP e BE, como "partidos de protesto", têm aversão a entendimentos de governação.A política portuguesa fica, assim, num nó, um "paradoxo", que Meirinho define como "uma espécie de prisão colectiva, um equilíbrio periclitante": "Por um lado, o partido que é alternativa precisa de tempo para se consolidar e até lhe dá jeito que o Governo venha a desgastar-se mais. Por outro, sabe-se que há um custo para quem criar uma crise."

E o próprio PS, em vésperas de mais um congresso, no início do ano, como assinalou André Freire, também não dá sinais de alternativas a Sócrates. "Apesar das vozes dissonantes, que fazem reparos e são pouco consequentes, não são conhecidas as alternativas a este poder. Aproxima-se um novo congresso e o líder não deverá ter adversário, o que é um sinal de fraqueza do próprio PS".

Feliz Ano Novo!



Que o ano de 2011 seja menos mau, com menos fome, desemprego e cretinos no país e mais paz em todo o mundo, são os desejos do blog Geopedrados...

sexta-feira, dezembro 31, 2010

Poema de Miguel Torga (alusivo ao ilustre espanhol que lhe deu nome de poeta)


Unamuno

D. Miguel...
Fazias pombas brancas de papel
Que voavam da Ibéria ao fim do mundo
Unamuno Terceiro!
(Foi o Cid o primeiro
D. Quixote o segundo.)

Amante duma outra Dulcineia,
Ilusória, também
(Pátria, mãe,
Ideia
E namorada),
Era seu defensor quando ninguém
Lhe defendia a honra ameaçada!

Chamado pelo aceno da miragem,
Deixava o Escorial onde vivia,
E subia, subia,
A requestar na carne da paisagem
A alma que, zeloso, protegia.

in Poemas Ibéricos - Miguel Torga

Miguel de Unamuno morreu há 74 anos


Miguel de Unamuno y Jugo (Bilbao, 29 de septiembre de 1864Salamanca, 31 de diciembre de 1936) fue un escritor y filósofo español. En su obra cultivó gran variedad de géneros literarios.



¡Dime qué dices, mar!


¡Dime qué dices, mar, qué dices, dime!
Pero no me lo digas; tus cantares
son, con el coro de tus varios mares,
una voz sola que cantando gime.


Ese mero gemido nos redime
de la letra fatal, y sus pesares,
bajo el oleaje de nuestros azares,
el secreto secreto nos oprime.


La sinrazón de nuestra suerte abona,
calla la culpa y danos el castigo;
la vida al que nació no le perdona;


de esta enorme injusticia sé testigo,
que así mi canto con tu canto entona,
y no me digas lo que no te digo.

Coisas boas de fim de ano

 

Música perfeita para acompanhar a passagem do ano


By your side - Sade

You think I'd leave your side baby?
You know me better than that
You think I'd leave down when your down on your knees?
I wouldn't do that


I'll do you right when your wrong


If only you could see into me


Oh, when your cold
I'll be there to hold you tight to me
When your on the outside baby and you can't get in
I will show you, your so much better than you know
When your lost, when your alone and you can't get back again
I will find you darling I'll bring you home


If you want to cry
I am here to dry your eyes
And in no time you'll be fine


You think I'd leave your side baby
You know me better than that
You think I'd leave you down when your down on your kness
I wouldn't do that


I'll do you right when your wrong


If only you could see into me


Oh when your cold
I'll be there
To hold you tight to me
Oh when your alone
I'l be there by your side baby

Efeitos secundários da propaganda PISA

O Relatório dos Testes Intermédios de 2010


Se o primeiro-ministro Sócrates (e a tropa que o acolita) não tivesse feito um aproveitamento demagógico/aldrabado do último relatório PISA (enfim, o homem não consegue escapar à sua identidade), não haveria lugar a fazer comparações, agora, entre esse e o dos Testes Intermédios (3º Ciclo e Secundário) de 2010. A comparação é desajustada, porque os dois relatórios tratam, em grande medida, de objectos diversos? É verdade, num sentido. Mas acontece que a inevitável comparação não é feita sobre aspectos neutralmente "técnicos" - é feita sobre um objecto já inquinado por Sócrates: como não podia deixar de ser tratando-se da personagem em causa, o Relatório PISA foi transformado num objecto de propaganda política - e da mais rasteira e grosseira que se possa conceber.
Esta maravilha (pode ser consultada aqui - passeiem pela Conclusão...) é ainda o resultado (mesmo que parcialmente) de anos de práticas criminosas - com origem não nas escolas, mas em orientações e opções políticas vindas de cima. Há já muito tempo que, "curiosamente", para além de os de Língua Portuguesa ou História, os professores de Biologia, de Matemática, de Física, de Química se vêm queixando das tremendas dificuldades experimentadas pelos alunos na interpretação de perguntas e problemas dos Exames do 12ºAno (!).
Durante anos (e essa tendência agravou-se nos últimos dois governos), procurou-se mais mascarar o "insucesso", do que combatê-lo de frente, resolvê-lo. Sempre através de mil e um artifícios mais ou menos burocráticos, respaldados na mais miserável propaganda demagógica, foi-se perseguindo, com uma rapidez artificial, desligada da natural dificuldade da coisa, um "sucesso" não correspondido na realidade. Com uma leviandade criminosa, foi-se substituindo um "sucesso" lento, esforçado, efectivo, por um arremedo de "sucesso" - mais rápido, vistoso, cosmético, simpático. Esta conversa já cansa, não é? Talvez, mas é indespedível: faz-se a respeito duma realidade que não muda e até se tem agravado.
Perante esta miséria, tem-se ensaiado um discurso para o público (por parte de antigos responsáveis, por exemplo) assente numa argumentação enviesada: na verdade, temos agora "jovens" dotados de outros "saberes" e "competências" que não aqueles que "nós" reputamos como importantes, etc, havendo, por isso, nestas matérias, um erro de focagem, etc. Esta litania faz sempre por esquecer que os "saberes" e as "competências" não são substituíveis e/ou equivalentes: acontece que há uns mais estruturantes do que outros. E a falta desses não se preenche com truques e pensos-rápidos.
Tem-se esquecido que a dificuldade e o constrangimento fertilizam as aprendizagens, não as impossibilitam.
in O Cachimbo de Magritte - post de Carlos Botelho

A ética republicana e socialista - versão assessores, aventais e afins

(imagem daqui)

Para entenderem o ponto a que chegámos, sugere-se, sem mais delongas, a leitura do seguinte post, de autoria de José, um Magistrado do Ministério Público que escreve no blog portadaloja:


PISA - o desmentido (indirecto) do Ministério da Educação



O Ministério da Educação e a Anarquia



Quadros interactivos podem ter de ser retirados das escolas



NOTA: A culpa não pode ser apenas da assumidamente anarquista Maria de Lurdes Rodrigues - é de quem lá colocou e a apoiou durante cinco longos anos...

Um tiro no porta-aviões e PISA ao fundo...

(imagem daqui)



É recorrente. O optimismo exacerbado no Primeiro-Ministro redunda sempre num desmentido categórico. Desta vez foi o próprio Ministério da Educação a fazê-lo.

in 31 da Armada - post de Carlos Nunes Lopes

NOTA: só porque um parvo, mentiroso e aldrabão diz que os alunos sabem agora mais, pois, mesmo com um estudo da OCDE a prová-lo, não se deve tirar conclusões precipitadas. A verdade é como uma certa coisa em que Sócrates é pródigo, vem sempre ao de cima...