Mostrar mensagens com a etiqueta PISA. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta PISA. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, dezembro 31, 2010

Efeitos secundários da propaganda PISA

O Relatório dos Testes Intermédios de 2010


Se o primeiro-ministro Sócrates (e a tropa que o acolita) não tivesse feito um aproveitamento demagógico/aldrabado do último relatório PISA (enfim, o homem não consegue escapar à sua identidade), não haveria lugar a fazer comparações, agora, entre esse e o dos Testes Intermédios (3º Ciclo e Secundário) de 2010. A comparação é desajustada, porque os dois relatórios tratam, em grande medida, de objectos diversos? É verdade, num sentido. Mas acontece que a inevitável comparação não é feita sobre aspectos neutralmente "técnicos" - é feita sobre um objecto já inquinado por Sócrates: como não podia deixar de ser tratando-se da personagem em causa, o Relatório PISA foi transformado num objecto de propaganda política - e da mais rasteira e grosseira que se possa conceber.
Esta maravilha (pode ser consultada aqui - passeiem pela Conclusão...) é ainda o resultado (mesmo que parcialmente) de anos de práticas criminosas - com origem não nas escolas, mas em orientações e opções políticas vindas de cima. Há já muito tempo que, "curiosamente", para além de os de Língua Portuguesa ou História, os professores de Biologia, de Matemática, de Física, de Química se vêm queixando das tremendas dificuldades experimentadas pelos alunos na interpretação de perguntas e problemas dos Exames do 12ºAno (!).
Durante anos (e essa tendência agravou-se nos últimos dois governos), procurou-se mais mascarar o "insucesso", do que combatê-lo de frente, resolvê-lo. Sempre através de mil e um artifícios mais ou menos burocráticos, respaldados na mais miserável propaganda demagógica, foi-se perseguindo, com uma rapidez artificial, desligada da natural dificuldade da coisa, um "sucesso" não correspondido na realidade. Com uma leviandade criminosa, foi-se substituindo um "sucesso" lento, esforçado, efectivo, por um arremedo de "sucesso" - mais rápido, vistoso, cosmético, simpático. Esta conversa já cansa, não é? Talvez, mas é indespedível: faz-se a respeito duma realidade que não muda e até se tem agravado.
Perante esta miséria, tem-se ensaiado um discurso para o público (por parte de antigos responsáveis, por exemplo) assente numa argumentação enviesada: na verdade, temos agora "jovens" dotados de outros "saberes" e "competências" que não aqueles que "nós" reputamos como importantes, etc, havendo, por isso, nestas matérias, um erro de focagem, etc. Esta litania faz sempre por esquecer que os "saberes" e as "competências" não são substituíveis e/ou equivalentes: acontece que há uns mais estruturantes do que outros. E a falta desses não se preenche com truques e pensos-rápidos.
Tem-se esquecido que a dificuldade e o constrangimento fertilizam as aprendizagens, não as impossibilitam.
in O Cachimbo de Magritte - post de Carlos Botelho

PISA - o desmentido (indirecto) do Ministério da Educação



Um tiro no porta-aviões e PISA ao fundo...

(imagem daqui)



É recorrente. O optimismo exacerbado no Primeiro-Ministro redunda sempre num desmentido categórico. Desta vez foi o próprio Ministério da Educação a fazê-lo.

in 31 da Armada - post de Carlos Nunes Lopes

NOTA: só porque um parvo, mentiroso e aldrabão diz que os alunos sabem agora mais, pois, mesmo com um estudo da OCDE a prová-lo, não se deve tirar conclusões precipitadas. A verdade é como uma certa coisa em que Sócrates é pródigo, vem sempre ao de cima...

quinta-feira, dezembro 23, 2010

Contributos para a compreensão do Milagre de PISA


Ainda bem…

…que não é um jornalista, antes o Pedro Lomba, a escrever isto:
Soube que a antiga jornalista Fernanda Câncio, na sua coluna habitual no DN, me acusou de não ter querido saber a verdade, mas de ter procurado “motivos de desconfiança”, quando perguntei à OCDE e ao Ministério da Educação sobre a lista e os critérios que presidiram à construção da amostra das 212 escolas do PISA. A antiga jornalista Fernanda Câncio notoriamente não percebeu que saber que a OCDE escolhe de forma aleatória escolas e alunos de uma lista com todas as escolas não esclarece nada, se não conhecermos com detalhe como é que foi previamente definida a amostra. Foi isso que algumas pessoas – que não compreendem o secretismo deste processo e não esquecem o histórico de manipulação deste Governo – quiseram apurar. Como a lista não foi divulgada devido a um abstruso acordo de confidencialidade, havia motivos para colocar a pergunta. E, embora fosse sabido no início da semana passada que o Ministério da Educação enviou à OCDE a lista de todas as escolas públicas e privadas, só fiquei a perceber como foi feita a amostra, primeiro em parte num email que recebi a 14 de Dezembro do GAVE e depois pela nota técnica circunstanciada, divulgada a 17 de Dezembro. A antiga jornalista Fernanda Câncio pode sempre desconfiar de quem faz perguntas a este Governo (já se for outro governo ou o Presidente da República o faro jornalístico dispara). São escolhas. Ficámos todos mais esclarecidos por termos indagado e, não fosse a pressão pública para que o ministério libertasse informação relevante, nunca poderíamos ter tomado conhecimento de como foi construída a amostra. Parece que para Fernanda Câncio desconfiar, pedir explicações e perguntar equivale a insinuar. Andamos a atrapalhá-la. Claramente disse adeus ao jornalismo.

in Público, mas só para assinantes.

terça-feira, dezembro 14, 2010

Os maravilhosos resultados PISA 2009 - um contributo para a sua compreensão

(imagem daqui)

Exmos. Srs.: Jornalistas:
Cansada de ouvir elogios aos resultados do PISA 2009, transcrevo abaixo carta com aviso de recepção enviada aos serviços centrais do PISA em Bruxelas, que questiona a seleção aleatória de alunos que deveria ter acontecido, e que nunca mereceu qualquer resposta. Na altura tentei também fazer chegar esta minha preocupação aos media, sem sucesso.
Confrontada com os resultados agora divulgados estou firmemente convencida que houve manipulação dos alunos selecionados, ou seja, estando o Ministério da Educação na posse informatizada das classificações anteriores dos alunos, selecionou os que entendeu por melhor. Desafio os srs. jornalistas a ir junto das turmas e dos alunos selecionados no 10º ano, na Escola ****************, em ************, confirmarem que as amostras escolhidas para serem analisadas estão longe de aleatórias; e junto do Secretariado do PISA confirmar se alguma medida de fiscalização foi tomada.
Possuo ainda o aviso de recepção.
Obrigada pela vossa atenção
.
Eis a carta:
“Lisbon, May 25, 2009
Subject: Portugal students selection for Pisa 2009
Dear Sir/Madam:
Having sent the email below on May 7th, and getting no answer, I’ve decided to write you to make sure that some checking procedures were taken to evaluate whether or not, students were chosen by chance, on the 10th grade, to perform Pisa tests 2009 in Portugal.
The reason why I’m writing directly to you, and not through any Portuguese authorities, is that the person chosen to lead Pisa process in Portugal is the same which is been widely criticized, by teachers organizations in subjects such as maths, physics, and Portuguese, over the last two or three years, because of lack of quality – specially scientific level of questions asked (too low) – of Portuguese internal nacional tests performed by GAVE (the organism this person represents).
This organism has actively manipulated internal tests results, and might be preparing to do the same to external tests, such as Pisa. Although this might improve Portugal image externally, it’s irresponsible and leads to disaster in productivity results and general achievements of future generations.
Kind regards,
********************************
.

From: ***********************
Sent: Thursday, May 07, 2009 4:00 PM
To: edu.pisa@oecd.org
Subject: Portugal students selection for Pisa 2009
Dear Sir/Madam:
My name is ******************** and I’m a teacher in a secondary level scholl in Portugal, in a city called ******************. The scholl name is *****************************
I teach to three of the six 10th grade classes where students where pick to do the Pisa test on April 29th. When I was consulting the list of students invited to do the test, I was surprised by the fact that none of the students where low level students, and more, in fact best students in each of the three classes where always invited. This made me wonder wether or not portuguese autorities where in fact respecting the instructions and procedures regardind students selection.
Considering Pisa is the only precious external evaluation of its type taken by portuguese school system, I would appreciate if the Secretariat could check that in fact random criteria where taken, and not, for instance, school results in the last school year.
Kind regards

in A Educação do meu Umbigo - post de Paulo Guinote

segunda-feira, dezembro 13, 2010

Uma resposta à altura para uma reles provocação da menina Câncio

A Eminência Prada


jean-baptiste_Greuze_la_paresseuse_italienne.jpg
A douta Fernanda Câncio deu-me a honra de me citar (parcialmente) a partir do Twitter, publicando a referência a abrir a sua coluna no jornal do Sr. Oliveira.

Conheci inicialmente a citada senhora por ser a namorada de um medíocre político. Posteriormente, soube dela por importantes comentários políticos, tais como a relevância dos fatos de Pacheco Pereira. Depois, chegou-me ao conhecimento pela defesa que fez do pagamento das viagens a Paris da deputada Inês de Medeiros.

Os seus afazeres jornalísticos impediram-na de verificar que, para além de doutorado em Paleontologia, sou de formação inicial professor de Biologia e Geologia, quiçá com mais anos de ensino que aqueles que a senhora passou nos bancos da escola. Ainda assim, a preparadíssima escriba apelidou-me depreciativamente de "Luís Azevedo Rodrigues (que se apresenta como paleontólogo)..."

Câncio, que se apresenta no Twitter não como jornalista mas como "etc. e tal", transcreveu apenas um dos vários comentários que fiz, a saber:

"Os resultados do PISA 2009 são uma bofetada de luva branca dos professores na ministra que os maltratou. Aos enxovalhos, responderam com trabalho. A qualidade dos professores é a mesma, antes e depois."

A senhora Câncio contemplou-me com a sua verve relativamente aos resultados do PISA, atribuindo-os totalmente aos bons serviços da ex-ministra Maria de Lurdes Rodrigues, agora na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento.

O que discuti no Twitter com a senhora foi que, apesar da imagem pública dos professores ter sido posta em causa pela ex-ministra da Educação, nunca os bons professores deixaram de exercer as suas funções de forma competente e profissional. Afinal, os bons professores trabalham em primeiro lugar para os seus alunos e só em segundo lugar para (ou apesar de) o Ministério da Educação.

A colunista Câncio esqueceu-se de referir, na sua apologia Mariana, que:
1 - não coloquei em causa as melhorias relativas dos resultados;
2 - se desconhecem quais as escolas analisadas pelo referido estudo, impossibilitando desta forma uma eventual validação socioeconómica dos resultados;
3 - a avaliação dos professores ainda não estava totalmente implementada no momento em que foram compilados os resultados para o PISA;
4 - se os bons resultados são fruto da aplicação do modelo de avaliação de professores proposto por Maria de Lurdes Rodrigues, baseado (ou copiado) num modelo de avaliação chileno, como é que os resultados dos alunos chilenos são inferiores aos dos alunos portugueses;
5 - que qualquer pessoa minimamente abonada de espírito sabe que efectivas melhorias nos resultados educativos, ou seja, um verdadeiro incremento nas capacidades dos alunos, se materializam vários anos após terem sido implementadas, impedindo assim a responsabilização de Maria de Lurdes Rodrigues. Para o melhor e para o pior, o efeito Lurdes Rodrigues só se contabilizará daqui a uns tempos.
Imbuída no espírito político vigente, em que uma vã imagem é mais forte que qualquer ideia, a senhora Câncio continua a sua missão de dourar toda e qualquer pílula deste governo.

Se a senhora Câncio:
- me tivesse perguntado se acho que a avaliação de professores é fundamental para o desempenho docente, ter-lhe-ia dito que sim;
- me tivesse perguntado se acho que a ex-ministra Maria de Lurdes Rodrigues foi uma boa ministra, ter-lhe-ia dito que não;
- me tivesse perguntado se o modelo avaliativo proposto pela ex-ministra era um bom modelo, ter-lhe-ia dito que não;
- me tivesse perguntado se fui avaliado na componente da avaliação que acho fundamental, a observação de aulas, ter-lhe-ia dito que sim.
Entre muitas outras perguntas que poderia ter feito, mas que não fez.

Apenas escreveu indolentemente, empurrada pela pressa de opinar sobre tudo e todos, que assim as avenças exigem, corroborando as suas opiniões escritas da mesma forma como deve escolher sapatos: para tapar o desencanto, por impulso compensatório ou apenas porque lhe apetece.

P.S. Aproveito para alvitrar que os pontos acima poderão ser utilizados livremente para um estudo, e possível tese patrocinada pela FLAD, por quem demonstra tamanho interesse pelas questões educativas.

Imagem - Jean-Baptiste Greuze - La paresseuse italienne, daqui

in Ciência ao Natural - post de Luís Azevedo Rodrigues

quinta-feira, dezembro 09, 2010

Uma interessante visão do Milagre de PISA

Yo Non Creo En Manipulación, Pero Que La Hay, La Hay?


Os resultados do PISA são bons e quem os quiser diminuir ficará a perder. São bons, não pela posição de Portugal no conjunto dos países da OCDE, mas pela melhoria generalizada nos três domínios avaliados.
Esta melhoria generalizada dos resultados deve ser sublinhada por todos os portugueses. Devem ser dados os parabéns aos alunos e aos professores.
Quanto à responsabilidade do Governo que, mais ou menos descaradamente, todos os abrilhantadores do regime vão procurar evidenciar, temos uma má notícia. Estas provas e estes resultados foram aplicadas e divulgados, respectivamente, durante os governos do ing.º Sócrates e, esse facto, constitui-se como um problema e uma má notícia para os portugueses, pois já sabemos do que a casa gasta no que diz respeito a credibilidade, honestidade e seriedade...
É irresistível levantar a hipótese de haver alguma dose de manipulação, não nos resultados, note-se, mas no quadro comparativo com 2006. Falta saber onde.

Fosse eu investigador encartado e começaria a investigação por aqui:
a) Escolas portuguesas seleccionadas para aplicação das provas PISA 2006
b) Escolas portuguesas seleccionadas para aplicação das provas PISA 2009


in Educação S.A. - post do Reitor

NOTA: há reconhecer que o trabalho dos professores, nomeadamente com os Planos da Matemática, da Leitura e das Ciências Experimentais, dando aqui relevo à opção governamental nesta área, deu frutos, mas há também que referir que, para além das dúvidas antes brilhantemente apresentadas pelo Reitor, há que saber mais algumas coisas para perceber os bons resultados:
  1. Os alunos CEF e afins participaram nos testes?
  2. Quem escolheu as Escolas participantes?
  3. Quem são os Directores das Escolas participantes?
  4. Qual foi a metodologia de selecção dos alunos participantes?
  5. Qual a percentagem de alunos de colégios participantes?
  6. Como variaram estes factores entre 2006 e 2009?
Depois de estas perguntas respondidas, seria então interessante continuar a discussão...