domingo, maio 31, 2009

Às vezes...

Silêncio e tanta gente - Maria Guinot



Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro o amor em teu olhar
É uma pedra
Ou um grito
Que nasce em qualquer lugar

Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal aquilo que sou
Sou um grito
Ou sou uma pedra
De um lugar onde não estou

Às vezes sou também
O tempo que tarda em passar
E aquilo em que ninguém quer acreditar

Às vezes sou também
Um sim alegre
Ou um triste não
E troco a minha vida por um dia de ilusão
E troco a minha vida por um dia de ilusão

Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro as palavras por dizer
É uma pedra
Ou um grito
De um amor por acontecer

Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal p'ra onde vou
E esta pedra
E este grito
São a história d'aquilo que sou

sábado, maio 30, 2009

Uma canção para o momento

Cristina Branco (& Conjunto Ibérico) - Corpo iluminado





De que túnel de que árvore
De que zero de remorso
De que rasura do vento
De que núpcias de mármore
De que fresta de que pórtico
Saíste neste momento

Para que praia que porto
Que fugitiva garupa
Que torre desconhecida
Que mãos que braços que rosto
Que tempestade difusa
Te encontras já de partida

Não és de nenhum sossego
Vives no gume do ser
Na fronteira do devir
E assim me tornas eu mesma
Entre nascer e morrer
Entre chegar e partir

Poema de David Mourão-Ferreira

Filósofo José Gil diz que o Ministério da Educação “virou todos contra todos”

Publicamos alguns excertos de entrevista ao Filósofo José Gil, feita pelo jornal Público. Optámos por apenas sublinhar algumas passagens, pelo uso de bold/negrito, pois o que o Senhor diz é por demais evidente.

Relação afectiva foi destruída

P- Pode-se dizer que o modelo de avaliação aprovado para os professores do ensino básico e secundário constitui uma exponencialização do fenómeno que descreveu?

JG – Absolutamente, porque, para empregar a sua palavra, houve uma exponencialização dos parâmetros. É incrível o número de parâmetros, das grelhas de avaliação, das propostas. Sem se saber como é possível. Em Portugal passou-se uma coisa muito má. Tudo aquilo, a avaliação que o Ministério propõe, com que não estou de acordo, pressupõe uma relação entre professor e aluno que foi destruída.

Quando se vai aferir numa grelha de avaliação a relação afectiva entre professor e aluno, porque somos muito espertos e sabe-se que a afectividade tem uma importância enorme na cognição, na aprendizagem cognitiva. Mas a relação afectiva foi destruída.

P - Não estava já a sê-lo antes?

JG - Tem vindo a ser destruída, mas actualmente a sua destruição foi precipitada por esta reforma. E pelo tratamento a que os professores foram submetidos. É preciso que o professor tenha uma autoridade espontânea. E idealmente não tenha que a exercer. A relação antiga do mestre e discípulo na Renascença, por exemplo, é essa. Não é uma relação de poder.

P - É uma relação de reconhecimento?

JG - Em que o discípulo vai aprendendo para chegar ao ponto em que ele vai estar no máximo das suas possibilidades. Não é uma comparação entre mestre e discípulo. Ele já não precisa do mestre e é o mestre a dizer-lhe: ‘Vai-te embora’. Isso já não existe agora, mas é um modelo de que nós precisamos, de certa maneira.

Nas crianças, na escola primária, a relação afectiva com a professora é fundamental para as aprendizagens Se se corta esse laço aquilo dá imediatamente impossibilidades. É um obstáculo.

Posso dizer, toda a gente pode dizer, que um dos efeitos da politica do Ministério da Educação foi virar todos contra todos. Virou-se os alunos contra os professores. Como é que é possível dar uma aula nas condições que me contam os meus alunos, que são hoje professores?

P- É uma característica que também já vem de trás, que não é apenas responsabilidade deste Ministério. É também da comunidade, das famílias?

JG – Sim, mas o que se fez foi precipitar uma tendência que deveria ter sido estancada. Denegriu-se ainda mais, com aspectos que nós conhecemos, que são denunciados, e que são verdadeiramente insuportáveis. Não é só a arrogância de que se fala, é o desprezo. Depois ser desprezado pelos alunos. O desprezo leva ao desprezo que os alunos podem ter e podem exprimir. Quem és tu? diz o aluno para o professor. Como é que quer que haja grelhas de aferição da aprendizagem ou que haja aprendizagem que funcione neste esquema?

P- Parece ser a vertente esquecida, quando é fundamental da escola, a aprendizagem

JG- A aferição, a avaliação, tem de decorrer dos conteúdos e não o contrário. E isto foi feito com multiplicação amadorística, nada profissional, era quase para cobrir uma falta de pensamento sobre o que ensino, sobre o que é ensinar, sobre o que a formação. Não estou falar em velhas ideias humanista de formação. Sei que é preciso outras coisas novas. Mas disso tem que se falar. O que é que se ensina, como se ensina? Como desenvolver uma curiosidade que preexiste na criança? Hoje ninguém mostra curiosidade. Não há curiosidade. Porquê? Depois aparecem as arrogâncias da ignorância, que é o pior que há.

Você não existe

P– No seu entender, qual é o objectivo deste modelo de avaliação?

JG - Em Portugal havia uma espada de Damocles sobre o Ministério, todos os Ministérios, que é o dinheiro. Por outro lado, há um problema real de que os sindicatos não falam.

A nossa escola não estava boa. Muitos professores, ou pelo menos uma parte deles, não têm qualificações. Com a avaliação, alegadamente, matavam-se dois coelhos: reduziam-se as despesas, reduzindo o pessoal, e punha-se fora os que não eram bons.

Mas o que é que aconteceu?. Muitos dos que eram bons é que saíram. Saíram. Porquê? Não aguentam. E o que é que eles não aguentam? Não aguentam não poder ensinar, não aguentam não poder ter uma relação em que precisamente se construa um grupo em que o professor age, em aprende ensinando, em que os alunos querem.

Tem que haver avaliação. Não pode é haver a inversão da subordinação da avaliação porque agora se estuda para se ser avaliado. Veja as Novas Oportunidades, para que é que serve?

P- Para fornecer um diploma?

JG- É o chico-espertismo que entrou na escola. Vamos não trabalhar para obter um diploma.

P- No seu livro alega que há como que um objectivo maior. Conjugando as políticas e o modo como o Ministério reagiu à contestação dos professores, está-se perante uma estratégia de domesticação?

JG- Isso parece-me evidente. É um projecto maior, que talvez não seja muito consciente na cabeça dos nossos dirigentes e, em particular, na do primeiro-ministro José Sócrates.

A ideia intuitiva, ele ainda tem intuições, é a de que o autoritarismo é um método económico. Resolvem-se mil coisas. Há essa ideia: funciona ser autoritário. Uma vez vendo que funciona, vamos estender. Os portugueses querem um certo autoritarismo, nós tomos, que estamos desnorteados, perdidos. O autoritarismo é um meio de governo. Não é traço qualquer. E como não há quase resposta a este autoritarismo, ele rebate-se, plasma-se, na realidade.

P- Mas existe contestação. Por exemplo, precisamente por parte dos professores ao longo de todo este ano.

JG - E qual foi a resposta do Governo? Foi uma resposta autoritária extraordinária que foi dizer: você não existe. Faz-se como se 120 mil manifestantes não existissem e isso vai paralisar, vai desmoralizar. A primeira fase é a perplexidade, depois vem o desânimo, depois vem a depressão. Certamente que muitos que pediram a reforma antecipada estavam na manifestação.

P - Ficámos com uma escola pior?

JG- Arriscamo-nos a isso. A escola já não era boa. A escola precisa de reformas, é necessário pensar uma avaliação, mas para pensar uma avaliação temos primeiro que pensar em conteúdos. A primeira das coisas a fazer é revalorizar os professores, agora. A relação geral dos alunos relativamente ao saber é de rejeição. A ideia do professor como alguém que abre as portas para o mundo acabou ou está em vias de acabar. Isto tem de ser restaurado.

Para os colegas que vão hoje a Lisboa

Hoje, porque há mais de 8 meses me tinha comprometido a fazer uma actividade nesta data (observação astronómica na Várzea - Leiria) não vou à Manifestação de Professores em Lisboa.

Mas se fisicamente não estou lá, certamente que estou de alma e coração. Aliás espero que a grande manifestação dos professores e seus familiares contra este governo comandado por um chico-esperto (das Novas Oportunidades das Universidades dos Amigos da Cova da Beira e da Farinha Amparo) se faça em primeiro lugar no dia 7 de Junho, votando em partidos que elejam deputados europeus que não os da corja socrática.

Para os que ainda tiveram forças para ir, uma poesia:


Conquista

Livre não sou, que nem a própria vida
Mo consente.
Mas a minha aguerrida
Teimosia
É quebrar dia a dia
Um grilhão da corrente.

Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
Que se afogou e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter a lua!

Miguel Torga, in 'Cântico do Homem'

sexta-feira, maio 29, 2009

Sicó - Petição

Destinatários:

  • Assembleia da República;
  • Parlamento Europeu;
  • Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro


O Sítio Sicó-Alvaiázere Rede Natura 2000 (PTCON0045), está uma vez mais à beira de que seja aprovado outro atentado ao seu Património Ambiental, contrariando os acordos Comunitários sobre Ambiente e a Resolução do Conselho de Ministros nº 76/2000 5 de Julho.


Terminou no dia 27 de Abril de 2009 o prazo de consulta do processo de avaliação pública sobre a avaliação de impacte ambiental do projecto “Ampliação da área de exploração da pedreira n.º 5257 – Penedos altos nº 4”.


Como cidadãos livres, informados e imparciais, longe de quaisquer interesses obscuros e de instrumentalização política, vimos através desta petição pedir a todos aqueles, residentes ou não, que gostam ou se interessam por esta bela região, que assinem e divulguem esta petição no sentido de impedir que o bem comum seja perdido a desfavor do bem privado.

Alguns elementos ameaçados:
Flora Importantes reservas de Carvalhos e Azinheiras espécies protegidas. Classificado pela Rede Natura 2000, em virtude de ser um dos poucos locais, onde ainda existem orquídeas selvagens. ‘’ Orquídeas do Sitio Sicó-Alvaiázere ‘’ dos autores Manuela Oliveira e Mário Lousã. Outro facto a assinalar é ser uma das poucas regiões onde ainda se podem encontrar Cucas, designação popular para uma espécie de rosa que nasce espontaneamente.


Fauna Num passeio pelas matas ainda se podem ver, sem muito esforço, Javalis, coelhos, perdizes, doninhas, Borboletas, gatos-bravos, aves de rapina, corujas, cobras, sapos, lagartos, etc.


Geologia e geomorfologia Se procurarem na NET, por Megalapiás ireis encontrar a explicação para o significado da palavra e a importância deste património geomorfológico. MEGALAPIÁS DA MATA de João Forte - Geógrafo físico – Está, aliás, disponível uma tese de mestrado, que mostra estes e outros valores, na Biblioteca Municipal de Alvaiázere, a qual mostra alguns dos caminhos a seguir tendo em vista a valorização da área e não a sua destruição a favor de alguns.


Como cidadãos (residentes e não residentes) desta região, conscientes do perigo que representa em termos ambientais a concessão para Ampliação da área de Exploração da Pedreira nº 5257 ‘‘ Penedos Altos nº4 ‘’ no Concelho de Alvaiázere, que se propõe a laborar mais 16 anos para retirar alguns milhões de toneladas de pedra, alterando completamente o meio-ambiente existente, aniquilando deste modo a rica biodiversidade de toda aquela região.


Apelamos-vos para que juntem a vossa Voz, às demais, na tentativa de impedir que esta ameaça se concretize.


Assinem e passem esta petição (Por Montes e Vales,…….!)

Não estamos contra a existência de pedreiras, já que elas são necessárias, somos sim contra a existência de pedreiras em locais de importância crucial a vários níveis, como é este o caso. Lamentamos que a população seja alvo de um atentado gravíssimo à sua qualidade de vida, especialmente tendo em conta a proximidade a 5 lugares, caso do Zambujal, Boca da Mata, Mata de Baixo, Mato Companhão e Sobral Chão, situados a escassos metros da actual pedreira dos Penedos Altos. Isto quando se pretende alargar para mais 5 hectares a área de exploração e afundar mais 20 metros a área de exploração actual.


O Resumo Não Técnico (RNT) omite factos que apenas são perceptíveis por aqueles que dominam áreas científicas, destacando nós vários factos:

  • A não publicitação por parte da Câmara Municipal de Alvaiázere, em 2005, de um estudo biológico sobre a área afecta ao alargamento da pedreira, facto que impediu o conhecimento da população sobre o mesmo e que limitou possíveis pareceres e/ou opiniões por parte dos habitantes afectados.
  • Na avaliação acústica o RNT refere genericamente que os impactos não são negativos, isto quando ocorrem “apenas” 3 a 4 explosões semanais e a média apresentada é ponderada. Mas, vistos os anexos encontra-se um documento da avaliação acústica, o qual sem média ponderada é muito pouco favorável, tendo assim impactos sérios.
  • Não são referidas reclamações dos habitantes, algo presente nos anexos e que poucos terão visto, algo de estranho.
  • Não são referidos impactos dos rebentamentos sobre as casas, quando afinal há casas com paredes rachadas. Ainda neste domínio não é referida uma casa de turismo rural que fechou derivado dos impactos nocivos da actividade da pedreira.
  • Não é referido o impacto bastante negativo da central de massas betuminosas existente na pedreira, algo de estranho tendo em conta a poluição que esta indústria faz e suas consequências no principal curso de água existente em Alvaiázere, localizado a jusante da pedreira.
  • Não são referidas quaisquer contrapartidas para as populações da actividade da pedreira, bem como medidas mitigadoras da acção nefasta da actividade da pedreira, não se projectando no curto, médio ou longo prazo benefícios para a população.
  • Houve estudos sobre a área que foram ignorados, bem como imprecisões graves no levantamento do património existente, destacando nós a existência de um castro a apenas 500 metros da pedreira, algo que é pura e simplesmente ignorado pela equipe que elaborou o estudo de impacto ambiental. É referido que não há muito do património que efectivamente existe na área, caso do castro, mas também de grutas e algares, alguns destruídos pela acção da pedreira. Além disso o único estudo sobre as grutas da área não foi consultado.
  • Não são referidos impactos sobre a rede hidrográfica nem referenciadas quaisquer linhas de água, facto que é estranho tendo em conta que efectivamente passa uma linha de água na pedreira. Além disso a principal obra que lida com esta problemática nem sequer consta na bibliografia do estudo, algo que não se compreende.
  • Não são referidos os impactos do pó decorrente da actividade da extracção do calcário, por mais estudos que façam e que tentem mostrar que não há impactos, basta ir aos terrenos cultivados e ver a camada de pó que os terrenos agrícolas têm, inviabilizando em muitos terrenos a prática agrícola de subsistência.
  • É referido que a pedreira «desempenha um importante papel na dinamização da economia e na criação de emprego no concelho de Alvaiázere, prestando um contributo significativo para a estabilidade demográfica e para a dinamização da actividade económica local e regional», afirmação esta completamente errónea, já que o estudo refere que a pedreira tem apenas 9 funcionários e que o concelho está a perder população de uma forma acentuada.
  • O RNT faz afirmações populistas e irresponsáveis, sendo apenas um documento de marketing, com muitos erros técnicos gravosos, que pretende apenas possibilitar o alargamento de uma pedreira que apenas prejudica as pessoas e o seu dia-a-dia, nada mais.


Há muitas formas de dinamizar a economia local e regional, especialmente sem ser numa base depredatória, que é o caso. É possível criar postos de trabalho e criar valor acrescentado com políticas e dinâmicas territoriais acertadas, revertendo esse mesmo valor para a população, para a economia local e regional. Por isso e por muito mais assinem e divulguem esta petição a todos os vossos conhecidos.

http://www.peticao.com.pt/sitio-sico-alvaiazere

Max morreu há 29 anos

Tive a felicidade de, em garoto, ter visto actuar entre grande artista. Vinte e nove anos depois da sua morte, aqui fica uma amostra da sua arte:


quinta-feira, maio 28, 2009

Observações astronómicas - Leiria

Observações Astronómicas abertas ao público em geral:


Escola Secundária Afonso Lopes Vieira - Gândara (Leiria)
29 Maio de 2009 (6ª) - 21.00 horas





Ver mapa maior


Escola EB 1 da Várzea - Leiria
30 de Maio de 2009 (sábado)- 21.00 horas



Ver mapa maior


in Blog AstroLeiria - post original aqui

quarta-feira, maio 27, 2009

Recordar os anos oitenta

Donzela Diesel - Rui Veloso


Donzela diesel - Rui Veloso

NOTA: post número 2.000 deste Blog...!

Poesia alusiva à época

LOUCURA

Tudo cai! Tudo tomba! Derrocada
Pavorosa! Não sei onde era dantes.
Meu solar, meus palácios meus mirantes!
Não sei de nada, Deus, não sei de nada!...

Passa em tropel febril a cavalgada
Das paixões e loucuras triunfantes!
Rasgam-se as sedas, quebram-se os diamantes!
Não tenho nada, Deus, não tenho nada!...

Pesadelos de insônia, ébrios de anseio!
Loucura a esboçar-se, a enegrecer
Cada vez mais as trevas do meu seio!

Ó pavoroso mal de ser sozinha!
Ó pavoroso e atroz mal de trazer
Tantas almas a rir dentro da minha!

in Reliquiae - Florbela Espanca

segunda-feira, maio 25, 2009

sábado, maio 23, 2009

Trabalhar no fim-de-semana

Como professor, tenho às vezes uns serviços (generosamente pagos, em noites mal dormidas, almoços em cantinas e obrigado por ter vindo...) em dias em que devia descansar ou estar a fazer outras coisas para a Escola. É o caso deste fim-de-semana, com a minha vinda aos primeiros Nacionais de Xadrez do Desporto Escolar, na bonita cidade de Setúbal.

A coisa está correr bem - afinal o Bairro da Bela Vista não é assim tão mau (estamos na sua periferia e ainda não fomos assaltados nem agredidos - os vizinhos só apedrejaram uma sala de aula, partindo um vidro, e invadiram o recinto escolar, mas isso praticamente em qualquer Escola do país poderia acontecer...). Os garotos estão a adorar e é muito engraçado fazer parte de um evento histórico - o primeiro Nacional de de Desporto Escolar de Xadrez...

Se tiver uns minutinhos, mais logo vou publicar umas fotos...

sexta-feira, maio 22, 2009

Viva Morrissey

Steven Patrick Morrissey, o ex-vocalista dos The Smiths, faz hoje 50 aninhos...!

Uma música para matar saudades:


quarta-feira, maio 20, 2009

O primeiro dia - Sérgio Godinho


O Primeiro Dia - Sérgio Godinho

A principio é simples, anda-se sozinho
passa-se nas ruas bem devagarinho
está-se bem no silêncio e no burburinho
bebe-se as certezas num copo de vinho
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo
dá-se a volta ao medo, dá-se a volta ao mundo
diz-se do passado, que está moribundo
bebe-se o alento num copo sem fundo
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E é então que amigos nos oferecem leito
entra-se cansado e sai-se refeito
luta-se por tudo o que se leva a peito
bebe-se, come-se e alguém nos diz: bom proveito
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Depois vêm cansaços e o corpo fraqueja
olha-se para dentro e já pouco sobeja
pede-se o descanso, por curto que seja
apagam-se dúvidas num mar de cerveja
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Enfim duma escolha faz-se um desafio
enfrenta-se a vida de fio a pavio
navega-se sem mar, sem vela ou navio
bebe-se a coragem até dum copo vazio
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E entretanto o tempo fez cinza da brasa
e outra maré cheia virá da maré vazia
nasce um novo dia e no braço outra asa
brinda-se aos amores com o vinho da casa
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida.


PS - para os que gostam com imagem, uma versão ao vivo:

terça-feira, maio 19, 2009

Poesia - Mário de Sá-Carneiro

Quase

Um pouco mais de sol - eu era brasa.
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

...

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...

Mário de Sá-Carneiro

O Outro - Mário de Sá Carneiro

Fumo branco

Annuntio vobis gaudium magnum;
Habemus Papam!




PS - por todo o lado há decisões sobre o rosto que personaliza o poder nas Escolas Públicas portuguesas. O meu Agrupamento de Escolas, há pouco, escolheu como Director o colega António Oliveira.

Votos de felicidades e de bom trabalho em prol da Comunidade Escolar para o meu Director...

Mário de Sá Carneiro

O Outro - Adriana Calcanhotto


PS - Nasceu há 119 anos este poeta - um dos mais brilhantes e que se suicidou ainda jovem em Paris... Fiquemos com uma sua poesia, cantada por uma bonita voz do nosso país irmão de além-mar.

segunda-feira, maio 18, 2009

Música para entendedores...

Aos nossos leitores que nos têm questionado sobre ausência de novos posts queremos dizer que o muito trabalho e a importância do mesmo nos tem levado a estar ausentes deste nosso fórum.

Para amenizar e suavizar o nosso pecado, duas músicas do Zeca Afonso, uma na versão dos Diva e outra só em som e no original:

Diva - Canção de Embalar





Coro dos Caídos



Cantai bichos da treva e da aparência
Na absolvição por incontinência
Cantai cantai no pino do inferno
Em Janeiro ou em Maio é sempre cedo
Cantai cardumes da guerra e da agonia
Neste areal onde não nasce o dia

Cantai cantai melancolias serenas
Como o trigo da moda nas verbenas
Cantai cantai guizos doidos dos sinos
Os vossos salmos de embalar meninos
Cantai bichos da treva e da opulência
A vossa vil e vã magnificência

Cantai os vossos tronos e impérios
Sobre os degredos sobre os cemitérios
Cantai cantai ó torpes madrugadas
As clavas os clarins e as espadas
Cantai nos matadouros nas trincheiras
As armas os pendões e as bandeiras

Cantai cantai que o ódio já não cansa
Com palavras de amor e de bonança
Dançai ó parcas vossa negra festa
Sobre a planície em redor que o ar empesta
Cantai ó corvos pela noite fora
Neste areal onde não nasce a aurora

Música para acalmar

Com a trabalheira que vai para aí, aqui fica uma música para acalmar os mais sensíveis...