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domingo, dezembro 08, 2024
Camille Claudel nasceu há cento e sessenta anos...
Camille Claudel, nome artístico de Camille Athanaïse Cécile Cerveaux Prosper (Aisne, 8 de dezembro de 1864 - Paris, 19 de outubro de 1943) foi uma escultora francesa.
Auguste Rodin, Retrato de Camille Claudel com um boné, 1886
Biografia
Camille era filha de Louis Prosper, um hipotecário, e Louise Athanaïse Cécile Cerveaux. Camille passou toda sua infância em Villeneuve-sur-Fère, morando em um presbitério
que o seu avô materno, doutor Athanaïse Cerveaux, havia adquirido. Foi a
primeira filha do casal, sendo quatro anos mais velha que Paul Claudel.
Ela impõe ao seu irmão, assim como à sua irmã mais nova Louise, a sua forte
personalidade. Ela comandava os dois desde pequena. Segundo Paul, o seu
irmão, ela declarou desde cedo o seu desejo de ser escultora. Camille
também tinha certas premonições e previu também que o seu irmão se
tornaria escritor e a sua irmã Louise seria música.
O seu pai, maravilhado com o seu estupendo e precoce talento que, ainda na infância, produziu esculturas de ossos e esqueletos
com impressionante verosimilhança, oferta-lhe todos os meios de
desenvolver as suas potencialidades, colocando-a em escolas e cursos de
primeira linha. A sua mãe, por outro lado, não vê com bons olhos,
colocando-se sempre contra todo aquele empreendimento, reagindo muitas
vezes violentamente no sentido de reprovar a filha que traz incómodos e
custos excessivos para a manutenção do seu "capricho". O sonho de
Camille é ser uma escultora de sucesso e vê essa vontade ameaçada pela
mãe, que acha que ocorrem muitos gastos com a educação da menina.
Em 1881, já com 17 anos, sai de casa para ir em busca do seu grande sonho. Parte para Paris e ingressa na Academia Colarossi, uma escola que forma artistas escultores. Ela teve por mestre primeiramente Alfred Boucher e depois Auguste Rodin. É desta época que datam suas primeiras obras que nos são conhecidas: A Velha Helena (La Vieille Hélène - coleção particular) ou Paul aos treze anos (Paul à treize ans - Châteauroux).
O tempo passa, e o seu professor Rodin, impressionado pela solidez e
tamanha beleza de seu trabalho, admite-a como aprendiz de seu ateliê, na
rua da Universidade, em 1885 e é nesse momento que ela colaborará na execução das Portas do Inferno (Les Portes de l'Enfer) e do monumento Os Burgueses de Calais (Les Bourgeois de Calais).
Tendo deixado a sua família pelo amor a escultura, ela trabalha vários
anos a serviço do seu mestre, por quem está secretamente apaixonada, e
ela mantém-se à custa da sua própria criação, pois ela ganha salário
como
aprendiz. Por vezes, a obra de um e de outro são tão próximas que não se
sabe qual obra de seu professor ou da aluna. Às vezes se confunde em
quem inspirou um ou copiou o outro, pois Camille faz tão bem seu
trabalho que parece que há anos ela trabalha com arte. As suas
esculturas e
as de Rodin são muito idênticas, facto que aproxima os dois.
O tempo passa e Camille e Rodin se envolvem, e têm um caso ardente de
amor. Porém Camille Claudel enfrenta muito rapidamente duas grandes
dificuldades: de um lado, Rodin não consegue decidir-se em deixar Rose
Beuret, a sua namorada desde os primeiros anos difíceis, e de outro
lado,
alguns afirmam que as suas obras seriam executadas pelo seu próprio mestre,
ou seja, acusam Camille de ter copiado todos os trabalhos de seu
professor em vez dela mesma fazer. Muito triste e depressiva pelas
acusações e por Rodin ainda ter outra mulher, Camille tentará
distanciar-se de Rodin e a fazer as suas obras de arte sozinha.
Percebe-se
muito claramente essa tentativa de autonomia na sua obra (1880-94),
tanto na escolha dos temas como no tratamento: A Valsa (La Valse, Museu Rodin) ou A Pequena Castelã (La Petite Châtelaine,
Museu Rodin). Esse distanciamento segue até ao rompimento definitivo, em
1898. A rutura é marcada e contada pela famosa obra de título preciso: A Idade Madura (L’Age Mûr – Museu d'Orsay).
Ferida e desorientada, ainda mais por descobrir que o seu o romance com
Rodin não passou de uma aventura para ele e que ele preferiu a namorada,
Camille Claudel passa a nutrir por Rodin um estranho amor-ódio que a
levará à paranoia e a loucura. Ela instala-se então no número 19 do hotel Quai Bourbon
e continua a sua busca artística em grande solidão, pois ama loucamente
Rodin, mas ao mesmo tempo odeia-o, por tê-la abandonado. Ela
entregou-se a esse homem de corpo e alma e em troca só teve ingratidão e
abandono. Apesar do apoio de críticos como Octave Mirbeau,
Mathias Morhardt, Louis Vauxcelles e do fundidor Eugène Blot, seus
amigos, ela não consegue superar a dor da saudade. Eugène Blot organiza
duas grandes exposições, esperando o reconhecimento e assim um benefício
sentimental e financeiro para Camille Claudel, pois ele quer ajudar a
amiga em dificuldade. As suas exposições têm grande sucesso de crítica, mas
Camille já está doente demais para se reconfortar com os elogios. Ela
passa a ficar estranha e obsessiva, querendo a morte de Rodin. Ela passa
a se lembrar de seu passado, a mãe a impedi-la de ser uma artista e as
lembranças más da infância passam a sufocá-la cada vez mais.
Depois de 1905,
os períodos paranoicos de Camille multiplicam-se e acentuam-se. Ela crê
nos seus delírios. Entre seus sonhos doentes, ela acredita que Rodin
roubará as suas obras de arte para moldá-las e expô-las como suas, ou seja,
ela acha que Rodin roubará as esculturas e falará que foi ele quem as fez.
Ela passa a achar que o inspetor do Ministério das Belas-Artes está em
conluio com Rodin, e que desconhecidos querem entrar em sua casa para
lhe furtar suas obras de arte. Nessa fase ela passa a falar sozinha e já
adquiriu a esquizofrenia.
Também chora muito, e passa a ter ideias de suicídio. Camille cria
histórias imaginárias que ela passa a achar que são puramente verdade.
Nessa terrível época que suas crises de loucura aumentam, vive um grande
abatimento físico e psicológico, não se alimentando mais e desconfiando
de todas as pessoas, achando que todos a matarão. Ela isola-se e como
mora sozinha no hotel, ninguém sabe da sua condição, pois ela rompe a
amizade com os amigos e passa a querer ficar e viver sozinha em seu
quarto. Ela mantém-se vendendo as poucas obras que ainda lhe restam.
O seu pai, o seu porto-seguro, a única pessoa que a mais entendeu na sua vida, morre em 3 de março de 1913,
o que piora por completo a sua depressão e a faz sair da realidade mais
ainda. Ela entra numa crise violenta, partindo tudo e gritando, e, em 10 de março, é internada no manicómio de Ville-Evrard. A eclosão da Primeira Guerra Mundial levou-a a ser transferida para Villeneuve-lès-Avignon
onde morre, após trinta anos de internamento e desespero, passando todo
esse tempo amarrada e sedada. Morreu em 19 de outubro de 1943, com 79
anos incompletos.
in Wikipédia
Camille Claudel, Sakountala, escultura em mármore, 1905, Museu Rodin, Paris
sexta-feira, dezembro 08, 2023
Camille Claudel nasceu há 159 anos
Camille Claudel, nome artístico de Camille Athanaïse Cécile Cerveaux Prosper (Aisne, 8 de dezembro de 1864 - Paris, 19 de outubro de 1943) foi uma escultora francesa.
Auguste Rodin, Retrato de Camille Claudel com um boné, 1886
Biografia
Camille era filha de Louis Prosper, um hipotecário, e Louise Athanaïse Cécile Cerveaux. Camille passou toda sua infância em Villeneuve-sur-Fère, morando em um presbitério
que o seu avô materno, doutor Athanaïse Cerveaux, havia adquirido. Foi a
primeira filha do casal, sendo quatro anos mais velha que Paul Claudel.
Ela impõe ao seu irmão, assim como à sua irmã mais nova Louise, a sua forte
personalidade. Ela comandava os dois desde pequena. Segundo Paul, o seu
irmão, ela declarou desde cedo o seu desejo de ser escultora. Camille
também tinha certas premonições e previu também que o seu irmão se
tornaria escritor e a sua irmã Louise seria música.
O seu pai, maravilhado com o seu estupendo e precoce talento que, ainda na infância, produziu esculturas de ossos e esqueletos
com impressionante verosimilhança, oferta-lhe todos os meios de
desenvolver as suas potencialidades, colocando-a em escolas e cursos de
primeira linha. A sua mãe, por outro lado, não vê com bons olhos,
colocando-se sempre contra todo aquele empreendimento, reagindo muitas
vezes violentamente no sentido de reprovar a filha que traz incómodos e
custos excessivos para a manutenção do seu "capricho". O sonho de
Camille é ser uma escultora de sucesso e vê essa vontade ameaçada pela
mãe, que acha que ocorrem muitos gastos com a educação da menina.
Em 1881, já com 17 anos, sai de casa para ir em busca do seu grande sonho. Parte para Paris e ingressa na Academia Colarossi, uma escola que forma artistas escultores. Ela teve por mestre primeiramente Alfred Boucher e depois Auguste Rodin. É desta época que datam suas primeiras obras que nos são conhecidas: A Velha Helena (La Vieille Hélène - coleção particular) ou Paul aos treze anos (Paul à treize ans - Châteauroux).
O tempo passa, e o seu professor Rodin, impressionado pela solidez e
tamanha beleza de seu trabalho, admite-a como aprendiz de seu ateliê, na
rua da Universidade, em 1885 e é nesse momento que ela colaborará na execução das Portas do Inferno (Les Portes de l'Enfer) e do monumento Os Burgueses de Calais (Les Bourgeois de Calais).
Tendo deixado a sua família pelo amor a escultura, ela trabalha vários
anos a serviço do seu mestre, por quem está secretamente apaixonada, e
ela mantém-se à custa da sua própria criação, pois ela ganha salário
como
aprendiz. Por vezes, a obra de um e de outro são tão próximas que não se
sabe qual obra de seu professor ou da aluna. Às vezes se confunde em
quem inspirou um ou copiou o outro, pois Camille faz tão bem seu
trabalho que parece que há anos ela trabalha com arte. As suas
esculturas e
as de Rodin são muito idênticas, facto que aproxima os dois.
O tempo passa e Camille e Rodin se envolvem, e têm um caso ardente de
amor. Porém Camille Claudel enfrenta muito rapidamente duas grandes
dificuldades: de um lado, Rodin não consegue decidir-se em deixar Rose
Beuret, a sua namorada desde os primeiros anos difíceis, e de outro
lado,
alguns afirmam que as suas obras seriam executadas pelo seu próprio mestre,
ou seja, acusam Camille de ter copiado todos os trabalhos de seu
professor em vez dela mesma fazer. Muito triste e depressiva pelas
acusações e por Rodin ainda ter outra mulher, Camille tentará
distanciar-se de Rodin e a fazer as suas obras de arte sozinha.
Percebe-se
muito claramente essa tentativa de autonomia na sua obra (1880-94),
tanto na escolha dos temas como no tratamento: A Valsa (La Valse, Museu Rodin) ou A Pequena Castelã (La Petite Châtelaine,
Museu Rodin). Esse distanciamento segue até ao rompimento definitivo, em
1898. A rutura é marcada e contada pela famosa obra de título preciso: A Idade Madura (L’Age Mûr – Museu d'Orsay).
Ferida e desorientada, ainda mais por descobrir que o seu o romance com
Rodin não passou de uma aventura para ele e que ele preferiu a namorada,
Camille Claudel passa a nutrir por Rodin um estranho amor-ódio que a
levará à paranoia e a loucura. Ela instala-se então no número 19 do hotel Quai Bourbon
e continua a sua busca artística em grande solidão, pois ama loucamente
Rodin, mas ao mesmo tempo odeia-o, por tê-la abandonado. Ela
entregou-se a esse homem de corpo e alma e em troca só teve ingratidão e
abandono. Apesar do apoio de críticos como Octave Mirbeau,
Mathias Morhardt, Louis Vauxcelles e do fundidor Eugène Blot, seus
amigos, ela não consegue superar a dor da saudade. Eugène Blot organiza
duas grandes exposições, esperando o reconhecimento e assim um benefício
sentimental e financeiro para Camille Claudel, pois ele quer ajudar a
amiga em dificuldade. As suas exposições têm grande sucesso de crítica, mas
Camille já está doente demais para se reconfortar com os elogios. Ela
passa a ficar estranha e obsessiva, querendo a morte de Rodin. Ela passa
a se lembrar de seu passado, a mãe a impedi-la de ser uma artista e as
lembranças más da infância passam a sufocá-la cada vez mais.
Depois de 1905,
os períodos paranoicos de Camille multiplicam-se e acentuam-se. Ela crê
nos seus delírios. Entre seus sonhos doentes, ela acredita que Rodin
roubará as suas obras de arte para moldá-las e expô-las como suas, ou seja,
ela acha que Rodin roubará as esculturas e falará que foi ele quem as fez.
Ela passa a achar que o inspetor do Ministério das Belas-Artes está em
conluio com Rodin, e que desconhecidos querem entrar em sua casa para
lhe furtar suas obras de arte. Nessa fase ela passa a falar sozinha e já
adquiriu a esquizofrenia.
Também chora muito, e passa a ter ideias de suicídio. Camille cria
histórias imaginárias que ela passa a achar que são puramente verdade.
Nessa terrível época que suas crises de loucura aumentam, vive um grande
abatimento físico e psicológico, não se alimentando mais e desconfiando
de todas as pessoas, achando que todos a matarão. Ela isola-se e como
mora sozinha no hotel, ninguém sabe da sua condição, pois ela rompe a
amizade com os amigos e passa a querer ficar e viver sozinha em seu
quarto. Ela mantém-se vendendo as poucas obras que ainda lhe restam.
O seu pai, o seu porto-seguro, a única pessoa que a mais entendeu na sua vida, morre em 3 de março de 1913,
o que piora por completo a sua depressão e a faz sair da realidade mais
ainda. Ela entra numa crise violenta, partindo tudo e gritando, e, em 10 de março, é internada no manicómio de Ville-Evrard. A eclosão da Primeira Guerra Mundial levou-a a ser transferida para Villeneuve-lès-Avignon
onde morre, após trinta anos de internamento e desespero, passando todo
esse tempo amarrada e sedada. Morreu em 19 de outubro de 1943, com 79
anos incompletos.
in Wikipédia
Camille Claudel, Sakountala, escultura em mármore, 1905, Museu Rodin, Paris
quinta-feira, dezembro 08, 2022
Camille Claudel nasceu há 158 anos
Camille Claudel, nome artístico de Camille Athanaïse Cécile Cerveaux Prosper (Aisne, 8 de dezembro de 1864 - Paris, 19 de outubro de 1943) foi uma escultora francesa.
Auguste Rodin, Retrato de Camille Claudel com um boné, 1886
Biografia
Camille era filha de Louis Prosper, um hipotecário, e Louise Athanaïse Cécile Cerveaux. Camille passou toda sua infância em Villeneuve-sur-Fère, morando em um presbitério
que o seu avô materno, doutor Athanaïse Cerveaux, havia adquirido. Foi a
primeira filha do casal, sendo quatro anos mais velha que Paul Claudel.
Ela impõe ao seu irmão, assim como à sua irmã mais nova Louise, a sua forte
personalidade. Ela comandava os dois desde pequena. Segundo Paul, o seu
irmão, ela declarou desde cedo o seu desejo de ser escultora. Camille
também tinha certas premonições e previu também que o seu irmão se
tornaria escritor e a sua irmã Louise seria música.
O seu pai, maravilhado com o seu estupendo e precoce talento que, ainda na infância, produziu esculturas de ossos e esqueletos
com impressionante verosimilhança, oferta-lhe todos os meios de
desenvolver as suas potencialidades, colocando-a em escolas e cursos de
primeira linha. A sua mãe, por outro lado, não vê com bons olhos,
colocando-se sempre contra todo aquele empreendimento, reagindo muitas
vezes violentamente no sentido de reprovar a filha que traz incómodos e
custos excessivos para a manutenção do seu "capricho". O sonho de
Camille é ser uma escultora de sucesso e vê essa vontade ameaçada pela
mãe, que acha que ocorrem muitos gastos com a educação da menina.
Em 1881, já com 17 anos, sai de casa para ir em busca do seu grande sonho. Parte para Paris e ingressa na Academia Colarossi, uma escola que forma artistas escultores. Ela teve por mestre primeiramente Alfred Boucher e depois Auguste Rodin. É desta época que datam suas primeiras obras que nos são conhecidas: A Velha Helena (La Vieille Hélène - coleção particular) ou Paul aos treze anos (Paul à treize ans - Châteauroux).
O tempo passa, e o seu professor Rodin, impressionado pela solidez e
tamanha beleza de seu trabalho, admite-a como aprendiz de seu ateliê, na
rua da Universidade, em 1885 e é nesse momento que ela colaborará na execução das Portas do Inferno (Les Portes de l'Enfer) e do monumento Os Burgueses de Calais (Les Bourgeois de Calais).
Tendo deixado a sua família pelo amor a escultura, ela trabalha vários
anos a serviço do seu mestre, por quem está secretamente apaixonada, e
ela mantém-se à custa da sua própria criação, pois ela ganha salário
como
aprendiz. Por vezes, a obra de um e de outro são tão próximas que não se
sabe qual obra de seu professor ou da aluna. Às vezes se confunde em
quem inspirou um ou copiou o outro, pois Camille faz tão bem seu
trabalho que parece que há anos ela trabalha com arte. As suas
esculturas e
as de Rodin são muito idênticas, facto que aproxima os dois.
O tempo passa e Camille e Rodin se envolvem, e têm um caso ardente de
amor. Porém Camille Claudel enfrenta muito rapidamente duas grandes
dificuldades: de um lado, Rodin não consegue decidir-se em deixar Rose
Beuret, a sua namorada desde os primeiros anos difíceis, e de outro
lado,
alguns afirmam que as suas obras seriam executadas pelo seu próprio mestre,
ou seja, acusam Camille de ter copiado todos os trabalhos de seu
professor em vez dela mesma fazer. Muito triste e depressiva pelas
acusações e por Rodin ainda ter outra mulher, Camille tentará
distanciar-se de Rodin e a fazer as suas obras de arte sozinha.
Percebe-se
muito claramente essa tentativa de autonomia na sua obra (1880-94),
tanto na escolha dos temas como no tratamento: A Valsa (La Valse, Museu Rodin) ou A Pequena Castelã (La Petite Châtelaine,
Museu Rodin). Esse distanciamento segue até ao rompimento definitivo, em
1898. A rutura é marcada e contada pela famosa obra de título preciso: A Idade Madura (L’Age Mûr – Museu d'Orsay).
Ferida e desorientada, ainda mais por descobrir que o seu o romance com
Rodin não passou de uma aventura para ele e que ele preferiu a namorada,
Camille Claudel passa a nutrir por Rodin um estranho amor-ódio que a
levará à paranoia e a loucura. Ela instala-se então no número 19 do hotel Quai Bourbon
e continua a sua busca artística em grande solidão, pois ama loucamente
Rodin, mas ao mesmo tempo odeia-o por tê-la abandonado. Ela
entregou-se a esse homem de corpo e alma e em troca só teve ingratidão e
abandono. Apesar do apoio de críticos como Octave Mirbeau,
Mathias Morhardt, Louis Vauxcelles e do fundidor Eugène Blot, seus
amigos, ela não consegue superar a dor da saudade. Eugène Blot organiza
duas grandes exposições, esperando o reconhecimento e assim um benefício
sentimental e financeiro para Camille Claudel, pois ele quer ajudar a
amiga em dificuldade. As suas exposições têm grande sucesso de crítica, mas
Camille já está doente demais para se reconfortar com os elogios. Ela
passa a ficar estranha e obsessiva, querendo a morte de Rodin. Ela passa
a se lembrar de seu passado, a mãe a impedi-la de ser uma artista e as
lembranças más da infância passam a sufocá-la cada vez mais.
Depois de 1905,
os períodos paranoicos de Camille multiplicam-se e acentuam-se. Ela crê
nos seus delírios. Entre seus sonhos doentes, ela acredita que Rodin
roubará as suas obras de arte para moldá-las e expô-las como suas, ou seja,
ela acha que Rodin roubará as esculturas e falará que foi ele quem as fez.
Ela passa a achar que o inspetor do Ministério das Belas-Artes está em
conluio com Rodin, e que desconhecidos querem entrar em sua casa para
lhe furtar suas obras de arte. Nessa fase ela passa a falar sozinha e já
adquiriu a esquizofrenia.
Também chora muito, e passa a ter ideias de suicídio. Camille cria
histórias imaginárias que ela passa a achar que são puramente verdade.
Nessa terrível época que suas crises de loucura aumentam, vive um grande
abatimento físico e psicológico, não se alimentando mais e desconfiando
de todas as pessoas, achando que todos a matarão. Ela isola-se e como
mora sozinha no hotel, ninguém sabe da sua condição, pois ela rompe a
amizade com os amigos e passa a querer ficar e viver sozinha em seu
quarto. Ela mantém-se vendendo as poucas obras que ainda lhe restam.
O seu pai, o seu porto-seguro, a única pessoa que a mais entendeu na sua vida, morre em 3 de março de 1913,
o que piora por completo a sua depressão e a faz sair da realidade mais
ainda. Ela entra numa crise violenta, quebrando tudo e gritando, e, em 10 de março, é internada no manicómio de Ville-Evrard. A eclosão da Primeira Guerra Mundial levou-a a ser transferida para Villeneuve-lès-Avignon
onde morre, após trinta anos de internamento e desespero, passando todo
esse tempo amarrada e sedada. Morreu em 19 de outubro de 1943, com 79
anos incompletos.
in Wikipédia
Camille Claudel, Sakountala, escultura em mármore, 1905, Museu Rodin, Paris
quarta-feira, dezembro 08, 2021
Camille Claudel nasceu há 157 anos
Camille Claudel, nome artístico de Camille Athanaïse Cécile Cerveaux Prosper (Aisne, 8 de dezembro de 1864 - Paris, 19 de outubro de 1943) foi uma escultora francesa.
Auguste Rodin, Retrato de Camille Claudel com um boné, 1886
Biografia
Camille era filha de Louis Prosper, um hipotecário, e Louise Athanaïse Cécile Cerveaux. Camille passou toda sua infância em Villeneuve-sur-Fère, morando em um presbitério
que o seu avô materno, doutor Athanaïse Cerveaux, havia adquirido. Foi a
primeira filha do casal, sendo quatro anos mais velha que Paul Claudel.
Ela impõe ao seu irmão, assim como à sua irmã mais nova Louise, a sua forte
personalidade. Ela comandava os dois desde pequena. Segundo Paul, o seu
irmão, ela declarou desde cedo o seu desejo de ser escultora. Camille
também tinha certas premonições e previu também que o seu irmão se
tornaria escritor e a sua irmã Louise seria música.
O seu pai, maravilhado com o seu estupendo e precoce talento que, ainda na infância, produziu esculturas de ossos e esqueletos
com impressionante verosimilhança, oferta-lhe todos os meios de
desenvolver as suas potencialidades, colocando-a em escolas e cursos de
primeira linha. A sua mãe, por outro lado, não vê com bons olhos,
colocando-se sempre contra todo aquele empreendimento, reagindo muitas
vezes violentamente no sentido de reprovar a filha que traz incómodos e
custos excessivos para a manutenção do seu "capricho". O sonho de
Camille é ser uma escultora de sucesso e vê essa vontade ameaçada pela
mãe, que acha que ocorrem muitos gastos com a educação da menina.
Em 1881, já com 17 anos, sai de casa para ir em busca do seu grande sonho. Parte para Paris e ingressa na Academia Colarossi, uma escola que forma artistas escultores. Ela teve por mestre primeiramente Alfred Boucher e depois Auguste Rodin. É desta época que datam suas primeiras obras que nos são conhecidas: A Velha Helena (La Vieille Hélène - coleção particular) ou Paul aos treze anos (Paul à treize ans - Châteauroux).
O tempo passa, e o seu professor Rodin, impressionado pela solidez e
tamanha beleza de seu trabalho, admite-a como aprendiz de seu ateliê, na
rua da Universidade, em 1885 e é nesse momento que ela colaborará na execução das Portas do Inferno (Les Portes de l'Enfer) e do monumento Os Burgueses de Calais (Les Bourgeois de Calais).
Tendo deixado a sua família pelo amor a escultura, ela trabalha vários
anos a serviço do seu mestre, por quem está secretamente apaixonada, e
ela mantém-se à custa da sua própria criação, pois ela ganha salário
como
aprendiz. Por vezes, a obra de um e de outro são tão próximas que não se
sabe qual obra de seu professor ou da aluna. Às vezes se confunde em
quem inspirou um ou copiou o outro, pois Camille faz tão bem seu
trabalho que parece que há anos ela trabalha com arte. As suas
esculturas e
as de Rodin são muito idênticas, facto que aproxima os dois.
O tempo passa e Camille e Rodin se envolvem, e têm um caso ardente de
amor. Porém Camille Claudel enfrenta muito rapidamente duas grandes
dificuldades: de um lado, Rodin não consegue decidir-se em deixar Rose
Beuret, a sua namorada desde os primeiros anos difíceis, e de outro
lado,
alguns afirmam que as suas obras seriam executadas pelo seu próprio mestre,
ou seja, acusam Camille de ter copiado todos os trabalhos de seu
professor em vez dela mesma fazer. Muito triste e depressiva pelas
acusações e por Rodin ainda ter outra mulher, Camille tentará
distanciar-se de Rodin e a fazer as suas obras de arte sozinha.
Percebe-se
muito claramente essa tentativa de autonomia na sua obra (1880-94),
tanto na escolha dos temas como no tratamento: A Valsa (La Valse, Museu Rodin) ou A Pequena Castelã (La Petite Châtelaine,
Museu Rodin). Esse distanciamento segue até ao rompimento definitivo, em
1898. A ruptura é marcada e contada pela famosa obra de título preciso: A Idade Madura (L’Age Mûr – Museu d'Orsay).
Ferida e desorientada, ainda mais por descobrir que o seu o romance com
Rodin não passou de uma aventura para ele e que ele preferiu a namorada,
Camille Claudel passa a nutrir por Rodin um estranho amor-ódio que a
levará à paranóia e a loucura. Ela instala-se então no número 19 do hotel Quai Bourbon
e continua a sua busca artística em grande solidão, pois ama loucamente
Rodin, mas ao mesmo tempo o odeia por ele tê-la abandonado. Ela
entregou-se a esse homem de corpo e alma e em troca só teve ingratidão e
abandono. Apesar do apoio de críticos como Octave Mirbeau,
Mathias Morhardt, Louis Vauxcelles e do fundidor Eugène Blot, seus
amigos, ela não consegue superar a dor da saudade. Eugène Blot organiza
duas grandes exposições, esperando o reconhecimento e assim um benefício
sentimental e financeiro para Camille Claudel, pois ele quer ajudar a
amiga em dificuldade. As suas exposições têm grande sucesso de crítica, mas
Camille já está doente demais para se reconfortar com os elogios. Ela
passa a ficar estranha e obsessiva, querendo a morte de Rodin. Ela passa
a se lembrar de seu passado, a mãe a impedi-la de ser uma artista e as
lembranças más da infância passam a sufocá-la cada vez mais.
Depois de 1905,
os períodos paranóicos de Camille multiplicam-se e acentuam-se. Ela crê
nos seus delírios. Entre seus sonhos doentes, ela acredita que Rodin
roubará as suas obras de arte para moldá-las e expô-las como suas, ou seja,
ela acha que Rodin roubará as esculturas e falará que foi ele quem fez.
Ela passa a achar que o inspetor do Ministério das Belas-Artes está em
conluio com Rodin, e que desconhecidos querem entrar em sua casa para
lhe furtar suas obras de arte. Nessa fase ela passa a falar sozinha e já
adquiriu a esquizofrenia.
Também chora muito, e passa a ter ideias de suicídio. Camille cria
histórias imaginárias que ela passa a achar que são puramente verdade.
Nessa terrível época que suas crises de loucura aumentam, vive um grande
abatimento físico e psicológico, não se alimentando mais e desconfiando
de todas as pessoas, achando que todos a matarão. Ela isola-se e como
mora sozinha no hotel, ninguém sabe da sua condição, pois ela rompe a
amizade com os amigos e passa a querer ficar e viver sozinha em seu
quarto. Ela mantém-se vendendo as poucas obras que ainda lhe restam.
O seu pai, seu porto-seguro, a única pessoa que a mais entendeu na sua vida, morre em 3 de março de 1913,
o que piora por completo sua depressão e a faz sair da realidade mais
ainda. Ela entra numa crise violenta, quebrando tudo e gritando, e, em 10 de março, é internada no manicómio de Ville-Evrard. A eclosão da Primeira Guerra Mundial levou-a a ser transferida para Villeneuve-lès-Avignon
onde morre, após trinta anos de internamento e desespero, passando todo
esse tempo amarrada e sedada. Morreu em 19 de outubro de 1943, com 79
anos incompletos.
in Wikipédia
Camille Claudel, Sakountala, escultura em mármore, 1905, Museu Rodin, Paris
terça-feira, dezembro 08, 2020
Camille Claudel nasceu há 156 anos
Camille Claudel, nome artístico de Camille Athanaïse Cécile Cerveaux Prosper (Aisne, 8 de dezembro de 1864 - Paris, 19 de outubro de 1943) foi uma escultora francesa.
Auguste Rodin, Retrato de Camille Claudel com um boné, 1886
Biografia
Camille era filha de Louis Prosper, um hipotecário, e Louise Athanaïse Cécile Cerveaux. Camille passou toda sua infância em Villeneuve-sur-Fère, morando em um presbitério
que o seu avô materno, doutor Athanaïse Cerveaux, havia adquirido. Foi a
primeira filha do casal, sendo quatro anos mais velha que Paul Claudel.
Ela impõe ao seu irmão, assim como à sua irmã mais nova Louise, a sua forte
personalidade. Ela comandava os dois desde pequena. Segundo Paul, o seu
irmão, ela declarou desde cedo o seu desejo de ser escultora. Camille
também tinha certas premonições e previu também que o seu irmão se
tornaria escritor e a sua irmã Louise seria música.
O seu pai, maravilhado com o seu estupendo e precoce talento que, ainda na infância, produziu esculturas de ossos e esqueletos
com impressionante verosimilhança, oferta-lhe todos os meios de
desenvolver as suas potencialidades, colocando-a em escolas e cursos de
primeira linha. A sua mãe, por outro lado, não vê com bons olhos,
colocando-se sempre contra todo aquele empreendimento, reagindo muitas
vezes violentamente no sentido de reprovar a filha que traz incómodos e
custos excessivos para a manutenção do seu "capricho". O sonho de
Camille é ser uma escultora de sucesso e vê essa vontade ameaçada pela
mãe, que acha que ocorrem muitos gastos com a educação da menina.
Em 1881, já com 17 anos, sai de casa para ir em busca do seu grande sonho. Parte para Paris e ingressa na Academia Colarossi, uma escola que forma artistas escultores. Ela teve por mestre primeiramente Alfred Boucher e depois Auguste Rodin. É desta época que datam suas primeiras obras que nos são conhecidas: A Velha Helena (La Vieille Hélène - coleção particular) ou Paul aos treze anos (Paul à treize ans - Châteauroux).
O tempo passa, e o seu professor Rodin, impressionado pela solidez e
tamanha beleza de seu trabalho, admite-a como aprendiz de seu ateliê, na
rua da Universidade, em 1885 e é nesse momento que ela colaborará na execução das Portas do Inferno (Les Portes de l'Enfer) e do monumento Os Burgueses de Calais (Les Bourgeois de Calais).
Tendo deixado a sua família pelo amor a escultura, ela trabalha vários
anos a serviço do seu mestre, por quem está secretamente apaixonada, e
ela mantém-se à custa da sua própria criação, pois ela ganha salário
como
aprendiz. Por vezes, a obra de um e de outro são tão próximas que não se
sabe qual obra de seu professor ou da aluna. Às vezes se confunde em
quem inspirou um ou copiou o outro, pois Camille faz tão bem seu
trabalho que parece que há anos ela trabalha com arte. As suas
esculturas e
as de Rodin são muito idênticas, facto que aproxima os dois.
O tempo passa e Camille e Rodin se envolvem, e têm um caso ardente de
amor. Porém Camille Claudel enfrenta muito rapidamente duas grandes
dificuldades: de um lado, Rodin não consegue decidir-se em deixar Rose
Beuret, a sua namorada desde os primeiros anos difíceis, e de outro
lado,
alguns afirmam que as suas obras seriam executadas pelo seu próprio mestre,
ou seja, acusam Camille de ter copiado todos os trabalhos de seu
professor em vez dela mesma fazer. Muito triste e depressiva pelas
acusações e por Rodin ainda ter outra mulher, Camille tentará
distanciar-se de Rodin e a fazer as suas obras de arte sozinha.
Percebe-se
muito claramente essa tentativa de autonomia na sua obra (1880-94),
tanto na escolha dos temas como no tratamento: A Valsa (La Valse, Museu Rodin) ou A Pequena Castelã (La Petite Châtelaine,
Museu Rodin). Esse distanciamento segue até ao rompimento definitivo, em
1898. A ruptura é marcada e contada pela famosa obra de título preciso: A Idade Madura (L’Age Mûr – Museu d'Orsay).
Ferida e desorientada, ainda mais por descobrir que o seu o romance com
Rodin não passou de uma aventura para ele e que ele preferiu a namorada,
Camille Claudel passa a nutrir por Rodin um estranho amor-ódio que a
levará à paranóia e a loucura. Ela instala-se então no número 19 do hotel Quai Bourbon
e continua a sua busca artística em grande solidão, pois ama loucamente
Rodin, mas ao mesmo tempo o odeia por ele tê-la abandonado. Ela
entregou-se a esse homem de corpo e alma e em troca só teve ingratidão e
abandono. Apesar do apoio de críticos como Octave Mirbeau,
Mathias Morhardt, Louis Vauxcelles e do fundidor Eugène Blot, seus
amigos, ela não consegue superar a dor da saudade. Eugène Blot organiza
duas grandes exposições, esperando o reconhecimento e assim um benefício
sentimental e financeiro para Camille Claudel, pois ele quer ajudar a
amiga em dificuldade. As suas exposições têm grande sucesso de crítica, mas
Camille já está doente demais para se reconfortar com os elogios. Ela
passa a ficar estranha e obsessiva, querendo a morte de Rodin. Ela passa
a se lembrar de seu passado, a mãe a impedi-la de ser uma artista e as
lembranças más da infância passam a sufocá-la cada vez mais.
Depois de 1905,
os períodos paranóicos de Camille multiplicam-se e acentuam-se. Ela crê
nos seus delírios. Entre seus sonhos doentes, ela acredita que Rodin
roubará as suas obras de arte para moldá-las e expô-las como suas, ou seja,
ela acha que Rodin roubará as esculturas e falará que foi ele quem fez.
Ela passa a achar que o inspetor do Ministério das Belas-Artes está em
conluio com Rodin, e que desconhecidos querem entrar em sua casa para
lhe furtar suas obras de arte. Nessa fase ela passa a falar sozinha e já
adquiriu a esquizofrenia.
Também chora muito, e passa a ter ideias de suicídio. Camille cria
histórias imaginárias que ela passa a achar que são puramente verdade.
Nessa terrível época que suas crises de loucura aumentam, vive um grande
abatimento físico e psicológico, não se alimentando mais e desconfiando
de todas as pessoas, achando que todos a matarão. Ela isola-se e como
mora sozinha no hotel, ninguém sabe da sua condição, pois ela rompe a
amizade com os amigos e passa a querer ficar e viver sozinha em seu
quarto. Ela mantém-se vendendo as poucas obras que ainda lhe restam.
O seu pai, seu porto-seguro, a única pessoa que a mais entendeu na sua vida, morre em 3 de março de 1913,
o que piora por completo sua depressão e a faz sair da realidade mais
ainda. Ela entra numa crise violenta, quebrando tudo e gritando, e em 10 de março, é internada no manicómio de Ville-Evrard. A eclosão da Primeira Guerra Mundial levou-a a ser transferida para Villeneuve-lès-Avignon
onde morre, após trinta anos de internamento e desespero, passando todo
esse tempo amarrada e sedada. Morreu em 19 de outubro de 1943, com 79
anos incompletos.
in Wikipédia
Camille Claudel, Sakountala, escultura em mármore, 1905, Museu Rodin, Paris
domingo, dezembro 08, 2019
A pintora Camille Claudel nasceu há 155 anos
Camille Claudel, nome artístico de Camille Athanaïse Cécile Cerveaux Prosper (Aisne, 8 de dezembro de 1864 - Paris, 19 de outubro de 1943) foi uma escultora francesa.
Auguste Rodin, Retrato de Camille Claudel com um boné, 1886
Biografia
Camille era filha de Louis Prosper, um hipotecário, e Louise Athanaïse Cécile Cerveaux. Camille passou toda sua infância em Villeneuve-sur-Fère, morando em um presbitério que o seu avô materno, doutor Athanaïse Cerveaux, havia adquirido. Foi a primeira filha do casal, sendo quatro anos mais velha que Paul Claudel.
Ela impõe ao seu irmão, assim como à sua irmã mais nova Louise, a sua forte
personalidade. Ela comandava os dois desde pequena. Segundo Paul, o seu
irmão, ela declarou desde cedo o seu desejo de ser escultora. Camille
também tinha certas premonições e previu também que o seu irmão se
tornaria escritor e a sua irmã Louise seria música.
O seu pai, maravilhado com o seu estupendo e precoce talento que, ainda na infância, produziu esculturas de ossos e esqueletos
com impressionante verosimilhança, oferta-lhe todos os meios de
desenvolver as suas potencialidades, colocando-a em escolas e cursos de
primeira linha. A sua mãe, por outro lado, não vê com bons olhos,
colocando-se sempre contra todo aquele empreendimento, reagindo muitas
vezes violentamente no sentido de reprovar a filha que traz incómodos e
custos excessivos para a manutenção do seu "capricho". O sonho de
Camille é ser uma escultora de sucesso e vê essa vontade ameaçada pela
mãe, que acha que ocorrem muitos gastos com a educação da menina.
Em 1881, já com 17 anos, sai de casa para ir em busca do seu grande sonho. Parte para Paris e ingressa na Academia Colarossi, uma escola que forma artistas escultores. Ela teve por mestre primeiramente Alfred Boucher e depois Auguste Rodin. É desta época que datam suas primeiras obras que nos são conhecidas: A Velha Helena (La Vieille Hélène - coleção particular) ou Paul aos treze anos (Paul à treize ans - Châteauroux).
O tempo passa, e o seu professor Rodin, impressionado pela solidez e
tamanha beleza de seu trabalho, admite-a como aprendiz de seu ateliê, na
rua da Universidade, em 1885 e é nesse momento que ela colaborará na execução das Portas do Inferno (Les Portes de l'Enfer) e do monumento Os Burgueses de Calais (Les Bourgeois de Calais).
Tendo deixado a sua família pelo amor a escultura, ela trabalha vários
anos a serviço do seu mestre, por quem está secretamente apaixonada, e
ela mantém-se à custa da sua própria criação, pois ela ganha salário
como
aprendiz. Por vezes, a obra de um e de outro são tão próximas que não se
sabe qual obra de seu professor ou da aluna. Às vezes se confunde em
quem inspirou um ou copiou o outro, pois Camille faz tão bem seu
trabalho que parece que há anos ela trabalha com arte. As suas
esculturas e
as de Rodin são muito idênticas, facto que aproxima os dois.
O tempo passa e Camille e Rodin se envolvem, e têm um caso ardente de
amor. Porém Camille Claudel enfrenta muito rapidamente duas grandes
dificuldades: de um lado, Rodin não consegue decidir-se em deixar Rose
Beuret, a sua namorada desde os primeiros anos difíceis, e de outro
lado,
alguns afirmam que as suas obras seriam executadas por seu próprio mestre,
ou seja, acusam Camille de ter copiado todos os trabalhos de seu
professor em vez dela mesma fazer. Muito triste e depressiva pelas
acusações e por Rodin ainda ter outra mulher, Camille tentará
distanciar-se de Rodin e a fazer as suas obras de arte sozinha.
Percebe-se
muito claramente essa tentativa de autonomia na sua obra (1880-94),
tanto na escolha dos temas como no tratamento: A Valsa (La Valse, Museu Rodin) ou A Pequena Castelã (La Petite Châtelaine,
Museu Rodin). Esse distanciamento segue até ao rompimento definitivo, em
1898. A ruptura é marcada e contada pela famosa obra de título preciso: A Idade Madura (L’Age Mûr – Museu d'Orsay).
Ferida e desorientada, ainda mais por descobrir que o seu o romance com
Rodin não passou de uma aventura para ele e que ele preferiu a namorada,
Camille Claudel passa a nutrir por Rodin um estranho amor-ódio que a
levará à paranóia e a loucura. Ela instala-se então no número 19 do hotel Quai Bourbon
e continua a sua busca artística em grande solidão, pois ama loucamente
Rodin, mas ao mesmo tempo o odeia por ele tê-la abandonado. Ela entregou-se a esse homem de corpo e alma e em troca só teve ingratidão e
abandono. Apesar do apoio de críticos como Octave Mirbeau,
Mathias Morhardt, Louis Vauxcelles e do fundidor Eugène Blot, seus
amigos, ela não consegue superar a dor da saudade. Eugène Blot organiza
duas grandes exposições, esperando o reconhecimento e assim um benefício
sentimental e financeiro para Camille Claudel, pois ele quer ajudar a
amiga em dificuldade. As suas exposições têm grande sucesso de crítica, mas
Camille já está doente demais para se reconfortar com os elogios. Ela
passa a ficar estranha e obsessiva, querendo a morte de Rodin. Ela passa
a se lembrar de seu passado, a mãe a impedi-la de ser uma artista e as
lembranças más da infância passam a sufocá-la cada vez mais.
Depois de 1905,
os períodos paranóicos de Camille multiplicam-se e acentuam-se. Ela crê
nos seus delírios. Entre seus sonhos doentes, ela acredita que Rodin
roubará as suas obras de arte para moldá-las e expô-las como suas, ou seja,
ela acha que Rodin roubará as esculturas e falará que foi ele quem fez.
Ela passa a achar que o inspetor do Ministério das Belas-Artes está em
conluio com Rodin, e que desconhecidos querem entrar em sua casa para
lhe furtar suas obras de arte. Nessa fase ela passa a falar sozinha e já
adquiriu a esquizofrenia.
Também chora muito, e passa a ter ideias de suicídio. Camille cria
histórias imaginárias que ela passa a achar que são puramente verdade.
Nessa terrível época que suas crises de loucura aumentam, vive um grande
abatimento físico e psicológico, não se alimentando mais e desconfiando
de todas as pessoas, achando que todos a matarão. Ela isola-se e como
mora sozinha no hotel, ninguém sabe da sua condição, pois ela rompe a
amizade com os amigos e passa a querer ficar e viver sozinha em seu
quarto. Ela mantém-se vendendo as poucas obras que ainda lhe restam.
O seu pai, seu porto-seguro, a única pessoa que a mais entendeu na sua vida, morre em 3 de março de 1913,
o que piora por completo sua depressão e a faz sair da realidade mais
ainda. Ela entra numa crise violenta, quebrando tudo e gritando, e em 10 de março, é internada no manicómio de Ville-Evrard. A eclosão da Primeira Guerra Mundial levou-a a ser transferida para Villeneuve-lès-Avignon
onde morre, após trinta anos de internamento e desespero, passando todo
esse tempo amarrada e sedada. Morreu em 19 de outubro de 1943, com 79
anos incompletos.
in Wikipédia
Camille Claudel, Sakountala, escultura em mármore, 1905, Museu Rodin, Paris
sábado, março 30, 2019
Vincent van Gogh nasceu há 166 anos
Auto-Retrato com chapéu de feltro, 1887
Vincent Willem van Gogh (Zundert, 30 de março de 1853 - Auvers-sur-Oise, 29 de julho de 1890) foi um pintor pós-impressionista neerlandês, frequentemente considerado um dos maiores de todos os tempos.
A sua vida foi marcada por fracassos. Ele falhou em todos os aspectos
importantes para o seu mundo, na sua época. Foi incapaz de constituir
família, custear a própria subsistência ou até mesmo manter contactos
sociais. Aos 37 anos, sucumbiu a uma doença mental, cometendo suicídio.
A sua fama póstuma cresceu, especialmente após a exibição das suas telas em Paris, a 17 de março de 1901.
Van Gogh é considerado um dos pioneiros na ligação das tendências impressionistas com as aspirações modernistas, sendo a sua influência reconhecida em variadas frentes da arte do século XIX, como por exemplo o expressionismo, o fauvismo e o abstracionismo.
O Museu Van Gogh em Amesterdão é dedicado aos seus trabalhos e aos dos seus contemporâneos.
Auto-retrato com orelha cortada - o episódio da automutilação ocorreu cerca de ano e meio antes do seu suicídio
in Wikipédia
A CABEÇA LIGADA
La pintura è una poesia che si vede
Leonardo
Van Gogh, queria algo
tão consolador como a música.
Os campos de trigo e centeio
com ciprestes, os seus obeliscos,
e lírios e grandes nuvens,
a sesta dos camponeses,
a natureza morta
de girassóis e anémonas,
o sereno bivaque de ciganos,
as árvores com o azul tisnado do céu,
loendros, paveias,roçadores
de pastagens limão ouro pálido,
o semeador ferruginoso de ocre,
enxofre e do tamanho de uma catedral,
o voo de corvos sobre ramos
luminosos e ternos
de amendoeiras em flor.
Depois de cortar a orelha
retratou-se com os lábios
pintados de sangue.
Se o sofrimento fosse mensurável,
naquela cara de símio
louco de ser homem
haveria dores
de um inteiro campo de concentração.
in A Ignorância da Morte (1978) - António Osório
Postado por Fernando Martins às 16:06 0 bocas
Marcadores: António Osório, Loucura, Países Baixos, pintura, poesia, pós-impressionismo, Vincent van Gogh
segunda-feira, dezembro 08, 2014
Camille Claudel nasceu há 150 anos
Camille Claudel, nome artístico de Camille Athanaïse Cécile Cerveaux Prosper (Aisne, 8 de dezembro de 1864 - Paris, 19 de outubro de 1943) foi uma escultora francesa.
Biografia
Camille era filha de Louis Prosper, um hipotecário, e Louise Athanaïse Cécile Cerveaux. Camille passou toda sua infância em Villeneuve-sur-Fère, morando em um presbitério que seu avô materno, doutor Athanaïse Cerveaux, havia adquirido. Foi primeira filha do casal, sendo quatro anos mais velha que Paul Claudel.
Ela impõe a seu irmão, assim como a sua irmã mais nova Louise, sua forte
personalidade. Ela comandava os dois desde pequena. Segundo Paul, seu
irmão, ela declarou desde cedo seu desejo de ser escultora. Camille
também tinha certas premonições e previu também que o seu irmão se
tornaria escritor e a sua irmã Louise seria música.
O seu pai, maravilhado com o seu estupendo e precoce talento que, ainda na infância, produziu esculturas de ossos e esqueletos
com impressionante verosimilhança, oferta-lhe todos os meios de
desenvolver suas potencialidades, a colocando em escolas e cursos de
primeira linha. A sua mãe, por outro lado, não vê com bons olhos,
colocando-se sempre contra todo aquele empreendimento, reagindo muitas
vezes violentamente no sentido de reprovar a filha que traz incómodos e
custos excessivos para a manutenção de seu "capricho". O sonho de
Camille é ser uma escultora de sucesso e vê essa vontade ameaçada pela
mãe, que acha que ocorrem muitos gastos com a educação da menina.
Em 1881, já com 17 anos, sai de casa para ir em busca de seu grande sonho. Parte para Paris e ingressa na Academia Colarossi, uma escola que forma artistas escultores. Ela teve por mestre primeiramente Alfred Boucher e depois Auguste Rodin. É desta época que datam suas primeiras obras que nos são conhecidas: A Velha Helena (La Vieille Hélène - coleção particular) ou Paul aos treze anos (Paul à treize ans — Châteauroux).
O tempo passa, e o seu professor Rodin, impressionado pela solidez e
tamanha beleza de seu trabalho, admite-a como aprendiz de seu ateliê na
rua da Universidade em 1885 e é nesse momento que ela colaborará na execução das Portas do Inferno (Les Portes de l'Enfer) e do monumento Os Burgueses de Calais (Les Bourgeois de Calais).
Tendo deixado a sua família pelo amor a escultura, ela trabalha vários
anos a serviço do seu mestre, por quem está secretamente apaixonada, e ela mantém-se à custa da sua própria criação, pois ela ganha salário como
aprendiz. Por vezes, a obra de um e de outro são tão próximas que não se
sabe qual obra de seu professor ou da aluna. Às vezes se confunde em
quem inspirou um ou copiou o outro, pois Camille faz tão bem seu
trabalho que parece que há anos ela trabalha com arte. As suas esculturas e
as de Rodin são muito idênticas, facto que aproxima os dois.
O tempo passa e Camille e Rodin se envolvem, e têm um caso ardente de
amor. Porém Camille Claudel enfrenta muito rapidamente duas grandes
dificuldades: De um lado, Rodin não consegue decidir-se em deixar Rose
Beuret, a sua namorada desde os primeiros anos difíceis, e de outro lado,
alguns afirmam que suas obras seriam executadas por seu próprio mestre,
ou seja, acusam Camille de ter copiado todos os trabalhos de seu
professor em vez dela mesma fazer. Muito triste e depressiva pelas
acusações e por Rodin ainda ter outra mulher, Camille tentará distanciar-se de Rodin e a fazer as suas obras de arte sozinha. Percebe-se
muito claramente essa tentativa de autonomia na sua obra (1880-94),
tanto na escolha dos temas como no tratamento: A Valsa (La Valse, Museu Rodin) ou A Pequena Castelã (La Petite Châtelaine,
Museu Rodin). Esse distanciamento segue até o rompimento definitivo em
1898. A ruptura é marcada e contada pela famosa obra de título preciso: A Idade Madura (L’Age Mûr – Museu d'Orsay).
Ferida e desorientada, ainda mais por descobrir que seu o romance com
Rodin não passou de uma aventura para ele e que ele preferiu a namorada,
Camille Claudel passa a nutrir por Rodin um estranho amor-ódio que a
levará à paranóia e a loucura. Ela instala-se então no número 19 do hotel Quai Bourbon
e continua sua busca artística em grande solidão, pois ama loucamente
Rodin, mas ao mesmo tempo o odeia por ele tê-la abandonado. Ela se
entregou a esse homem de corpo e alma e em troca só teve ingratidão e
abandono. Apesar do apoio de críticos como Octave Mirbeau,
Mathias Morhardt, Louis Vauxcelles e do fundidor Eugène Blot, seus
amigos, ela não consegue superar a dor da saudade. Eugène Blot organiza
duas grandes exposições, esperando o reconhecimento e assim um benefício
sentimental e financeiro para Camille Claudel, pois ele quer ajudar a
amiga em dificuldade. Suas exposições têm grande sucesso de crítica, mas
Camille já está doente demais para se reconfortar com os elogios. Ela
passa a ficar estranha e obsessiva, querendo a morte de Rodin. Ela passa
a se lembrar de seu passado, a mãe a impedindo de ser uma artista e
lembranças más da infância passam a sufocá-la cada vez mais.
Depois de 1905,
os períodos paranóicos de Camille multiplicam-se e acentuam-se. Ela crê nos seus delírios. Entre seus sonhos doentes, ela acredita que Rodin
roubará suas obras de arte para moldá-las e expô-las como suas, ou seja,
ela acha que Rodin roubará as esculturas e falará que foi ele quem fez.
Ela passa a achar que o inspetor do Ministério das Belas-Artes está em
conluio com Rodin, e que desconhecidos querem entrar em sua casa para
lhe furtar suas obras de arte. Nessa fase ela passa a falar sozinha e já
adquiriu a esquizofrenia.
Também chora muito, e passa a ter ideias de suicídio. Camille cria
histórias imaginárias que ela passa a achar que são puramente verdade.
Nessa terrível época que suas crises de loucura aumentam, vive um grande
abatimento físico e psicológico, não se alimentando mais e desconfiando
de todas as pessoas, achando que todos a matarão. Ela isola-se e como
mora sozinha no hotel, ninguém sabe da sua condição, pois ela rompe a
amizade com os amigos e passa a querer ficar e viver sozinha em seu
quarto. Ela mantém-se vendendo as poucas obras que ainda lhe restam.
O seu pai, seu porto-seguro, a única pessoa que a mais entendeu na sua vida, morre em 3 de março de 1913,
o que piora por completo sua depressão e a faz sair da realidade mais
ainda. Ela entra em uma crise violenta, quebrando tudo e gritando, e em 10 de março, ela é internada no manicómio de Ville-Evrard. A eclosão da Primeira Guerra Mundial levou-a a ser transferida para Villeneuve-lès-Avignon
onde morre, após trinta anos de internação e desespero, passando todo
esse tempo amarrada e sedada. Morreu em 19 de outubro de 1943, aos 79
anos incompletos.
in Wikipédia
A velha Helena
domingo, março 30, 2014
Vincent van Gogh nasceu há 161 anos
Auto-Retrato com chapéu de feltro, 1887
Vincent Willem van Gogh (Zundert, 30 de março de 1853 - Auvers-sur-Oise, 29 de julho de 1890) foi um pintor pós-impressionista neerlandês, frequentemente considerado um dos maiores de todos os tempos.
Sua vida foi marcada por fracassos. Ele falhou em todos os aspectos importantes para o seu mundo, em sua época. Foi incapaz de constituir família, custear a própria subsistência ou até mesmo manter contactos sociais. Aos 37 anos, sucumbiu a uma doença mental, cometendo suicídio.
A sua fama póstuma cresceu, especialmente após a exibição das suas telas em Paris, a 17 de março de 1901.
Van Gogh é considerado um dos pioneiros na ligação das tendências impressionistas com as aspirações modernistas, sendo a sua influência reconhecida em variadas frentes da arte do século XIX, como por exemplo o expressionismo, o fauvismo e o abstracionismo.
O Museu Van Gogh em Amesterdão é dedicado aos seus trabalhos e aos dos seus contemporâneos.
Girassóis
in Wikipédia
A CABEÇA LIGADA
La pintura è una poesia che si vede
Leonardo
Van Gogh, queria algo
tão consolador como a música.
Os campos de trigo e centeio
com ciprestes, os seus obeliscos,
e lírios e grandes nuvens,
a sesta dos camponeses,
a natureza morta
de girassóis e anémonas,
o sereno bivaque de ciganos,
as árvores com o azul tisnado do céu,
loendros, paveias,roçadores
de pastagens limão ouro pálido,
o semeador ferruginoso de ocre,
enxofre e do tamanho de uma catedral,
o voo de corvos sobre ramos
luminosos e ternos
de amendoeiras em flor.
Depois de cortar a orelha
retratou-se com os lábios
pintados de sangue.
Se o sofrimento fosse mensurável,
naquela cara de símio
louco de ser homem
haveria dores
de um inteiro campo de concentração.
in A Ignorância da Morte (1978) - António Osório
Postado por Fernando Martins às 16:10 0 bocas
Marcadores: António Osório, Loucura, Países Baixos, pintura, poesia, pós-impressionismo, Vincent van Gogh
domingo, fevereiro 27, 2011
Um imenso Portugal
Mangualde!
Autor : Pedro Madeira Froufe - Jurista e docente universitário
Mangualde vai ter, este ano, uma praia com água salgada. Sim, refiro-me à cidade beirã de Mangualde, no distrito de Viseu que, segundo noticiou a imprensa, acabou de vencer – pelo menos, no que diz respeito a férias balneares – a interioridade! Ora, o projecto de praia salgada em Mangualde, com bares e restaurantes, apresentado, esta semana, em Lisboa (coisas de um estado centralista!), tem um aspecto particularmente interessante: prevê colocar junto ao mar simulado, uma enorme tela digital que passará uma imagem de um horizonte paradisíaco, com céu azul-marinho e tons tropicais. Os veraneantes a banhos em Mangualde poderão, assim e em pleno interior, desfrutar de um cenário e de um ambiente visual de praia, como se estivessem em repouso numa qualquer zona das Caraíbas.
Suponho que este projecto interessante (de resto, segundo os promotores e a Câmara Municipal, também interessante em termos de rentabilidade económica esperada) poderá representar uma espécie de “ovo de Colombo”, no que diz respeito à resolução da crise que nos atormenta. Em vez de a experiência se cingir a Mangualde e à reconstituição (num sítio improvável) de uma atractiva praia marítima, deveria estender-se ao país inteiro. Portugal deveria ladear-se de telas gigantes digitais que nos mostrassem um país equilibrado, desenvolvido, rico e com traços notórios (a olho nu) de um Estado social verdadeiro. Ao fundo da tela que servisse uma população privada do respectivo SAP, deveria ser possível, por exemplo, vislumbrar-se (digitalmente) um grandioso e moderno hospital. Por outro lado, nas zonas do Norte e do Grande Porto, fustigadas com as portagens nas ex-SCUT, a tela deveria revelar um horizonte de múltiplas auto-estradas, pejada de transportes públicos, sugerindo uma fácil e barata mobilidade. No fundo, a nossa imaginação poderá moldar as imagens das telas, consoante a zona e a respectiva necessidade mais premente das suas populações.
Para o Governo actual e para uma parte do PS que o suporta, talvez Mangualde seja um exemplo a seguir. Claro que nessas imagens de um ilusório Portugal digital, nunca apareceriam declarações como aquelas (aqueles recados) que o Sr. Trichet fez, no fim da semana passada. Nem tão pouco do Governador do Banco de Portugal, falando de uma recessão económica que (como é óbvio) já vivemos. Nessas imagens de um país virtual, poderiam projectar-se, igualmente, sumptuosas tendas, com coronéis Kadhafis, tomando chá com o Engenheiro Sócrates e acompanhados de Hugo Chávez. O déficite, claro está, também passaria, assim, a ser virtual.
A minha angustiada dúvida é saber se, de facto, o País já só tem viabilidade, transformando-se numa enorme Mangualde!
NOTA: uma música (Fado Tropical, do Chico Buarque e Ruy Guerra) para acompanhar a leitura do jornal, imaginando, como ridícula imagem de fundo, a tela digital tropical do presidente, socialista e trololó, de Mangualde:
Postado por Pedro Luna às 13:15 0 bocas
Marcadores: Chico Buarque, Fado tropical, Loucura, Mangualde, música, poesia, Ruy Guerra
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