Biografia
No início da década de 50, Henrique Galvão desiludiu-se com o regime
de Salazar e começou a conspirar com outros militares, mas acabou por
ser descoberto, preso e expulso do exército. Em
1959, aproveitando uma ida ao
Hospital de Santa Maria, fugiu e refugiou-se na embaixada da
Argentina, tendo conseguido exílio político na
Venezuela. Henrique Galvão era, com
Humberto Delgado, uma figura extremamente popular nos meios oposicionistas não afectos ao
Partido Comunista Português. Para o Partido Comunista,
Portugal
ainda não estava pronto para a revolução, enquanto Galvão achava que
não havia tempo a perder. Foi durante o exílio que começou a preparar
aquela que seria a sua acção mais espectacular: o desvio do paquete
português Santa Maria, cheio de passageiros, a que deu o nome de "
Operação Dulcineia". Coordenou esta acção com Humberto Delgado, que estava exilado no
Brasil.
Santa Maria/Santa Liberdade
O navio escolhido foi o paquete "
Santa Maria", que tinha largado em
9 de janeiro de
1961 para uma viagem regular até
Miami. Galvão embarcou clandestinamente no navio, em
Curaçao,
Antilhas Holandesas.
A bordo já se encontravam os 20 elementos da Direcção Revolucionária
Ibérica de Libertação, grupo que assumiria a responsabilidade pelo
assalto. O navio levava cerca de 612 passageiros, muitos
norte-americanos, e 350 tripulantes. A operação começou na madrugada de
22 de janeiro,
com a ocupação da ponte de comando. Um dos oficiais de bordo ofereceu
resistência e foi morto a tiro; os restantes renderam-se. O paquete
mudou de rumo e partiu em direcção a África. Henrique Galvão queria
dirigir-se à ilha espanhola de
Fernando Pó, no
golfo da Guiné, e a partir daí atacar
Luanda, que seria o ponto de partida para o derrube dos governos de
Lisboa e
Madrid. Um plano
megalómano e
quixotesco, condenado ao fracasso, mas que chamaria as atenções internacionais para a ditadura salazarista.
As coisas começaram a complicar-se quando o navio foi avistado por um
cargueiro dinamarquês, que avisou a guarda costeira americana. Daí até à
chegada dos navios de guerra foi um ápice. Vendo que tudo estava
perdido, Henrique Galvão decidiu rumar ao
Recife e render-se às autoridades brasileiras, pedindo asilo político, que foi aceite.
Morte