terça-feira, março 01, 2011

Poema dedicado a pseudo-engenheiro


Dificuldade de governar

Todos os dias os ministros dizem ao povo
Como é difícil governar.
Sem os ministros
O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima.
Nem um pedaço de minério sairia das minas
Se o primeiro ministro não fosse tão inteligente.
Sem a ministra da Saúde
Mais nenhuma mulher poderia ficar grávida.
Sem o ministro da Defesa
Nunca mais haveria submarinos.
E atrever-se ia a nascer o sol
Sem a autorização do Engenheiro?
Não é nada provável e se o fosse
Ele nasceria por certo fora do lugar.

E também é difícil, ao que nos é dito,
Dirigir uma fábrica.
Sem o patrão
As paredes cairiam e as máquinas encher-se-iam de ferrugem.
Se algures fizessem um tractor
Ele nunca chegaria ao campo sem
As palavras avisadas do industrial aos lavradores:
Quem, de outro modo, poderia falar-lhes na existência de tractores?
E que seria das terras aráveis sem o proprietário rural?

Não há dúvida nenhuma que se semearia centeio onde já havia batatas.

Se governar fosse fácil
Não havia necessidade de espíritos tão esclarecidos como o do Engenheiro.

Se o operário soubesse usar a sua máquina
E se o lavrador soubesse distinguir um campo de uma forma para bolos
Não haveria necessidade de patrões nem de proprietários.
E só porque toda a gente é tão estúpida
Que há necessidade de alguns tão inteligentes.

Ou será que
Governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira
São coisas que custam a aprender?

Bertolt Brecht
(Adaptado de tradução de Arnaldo Saraiva)

E se encerrasse antes o Ministério e deixasse as aldeias em paz e vivas?

(imagem daqui)



Isto, em inglês técnico, o que significa, em linguagem de engenheiro?



Hoje é dia da Universidade de Coimbra!

Camilo Pessanha morreu há 85 anos


Camilo Almeida Pessanha (Coimbra, 7 de Setembro de 1867 - Macau, 1 de Março de 1926) foi um poeta português, considerado o expoente máximo do Simbolismo em língua portuguesa, além de antecipador do princípio modernista da fragmentação.

(...)

Tirou o curso de Direito em Coimbra. Procurador Régio em Mirandela (1892), advogado em Óbidos, em 1894, transfere-se para Macau, onde, durante três anos, foi professor de Filosofia Elementar no Liceu de Macau, deixando de leccionar por ter sido nomeado, em 1900, conservador do registro predial em Macau e depois juiz de comarca. Entre 1894 e 1915 voltou a Portugal algumas vezes, para tratamento de saúde, tendo, numa delas, sido apresentado a Fernando Pessoa que era, como Mário de Sá-Carneiro, grande apreciador da sua poesia.

Publicou poemas em várias revistas e jornais, mas seu único livro Clepsidra (1920), foi publicado sem a sua participação (pois se encontrava em Macau) por Ana de Castro Osório, a partir de autógrafos e recortes de jornais. Graças a essa iniciativa, os versos de Pessanha se salvaram do esquecimento. Posteriormente, o filho de Ana de Castro Osório, João de Castro Osório, ampliou a Clepsidra original, acrescentando-lhe poemas que foram encontrados. Essas edições saíram em 1945, 1954 e 1969.

Apesar da pequena dimensão da sua obra, é considerado um dos poetas mais importantes da língua portuguesa. Camilo Pessanha morreu no dia 1 de Março de 1926 em Macau.


AO LONGE OS BARCOS DE FLORES

Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranquila,
– Perdida voz que de entre as mais se exila,
– Festões de som dissimulando a hora.

Na orgia, ao longe, que em clarões cintila
E os lábios, branca, do carmim desflora...
Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranquila.

E a orquestra? E os beijos? Tudo a noite, fora,
Cauta, detém. Só modulada trila
A flauta flébil... Quem há-de remi-la?
Quem sabe a dor que sem razão deplora?

Só, incessante, um som de flauta chora...

segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Pode ser que as reguadas de Merkel adiem a coisa...

(imagem daqui)


Vem aí o PEC IV


Já se estava mesmo a ver. A despesa (ie a parte da equação onde o governo tem maior controlo) continua a subir e o aumento de receita de Janeiro foi conjuntural. Resultado, adivinham-se mais impostos e cortes avulsos na despesa para breve. Espero que quem caucionou os anteriores planos deste executivo incompetente tenha aprendido a lição. Ah, e a culpa é dos outros. Nós estamos a fazer tudo bem. Convém não esquecer.


ADENDA: A sério. Estou fascinado com a sapiência económica do nosso engenheiro-formado-ao-Domingo. Espanta-me que nunca tenha conseguido arranjar um emprego a sério.

in O Cachimbo de Magritte - post de Miguel Noronha

Os especuladores internacionais têm nome: chamam-se Sócrates e Teixeira dos Santos

(imagem daqui)


Só agora pude ver o Boletim da Execução Orçamental de Janeiro. Verifiquei que o Governo mais uma vez nos quis enganar. De forma primária e grosseira. Em conluio com muita da comunicação social, que transcreve as notas governamentais.

E vi que, onde Sócrates e Teixeira dos Santos mandam e mexem, a Despesa aumenta sem controlo. Até, pasme-se, a Despesa com Pessoal, apesar dos cortes havidos!...

Aqui está o que li e vi (os aumentos referem-se ao período homólogo, Janeiro de 2010).

Despesas do Subsector EstadoDespesa corrente: aumentou 0,7% (aumento nominal e real); Despesa total efectiva: aumentou 0,9% (aumento nominal e real).

Despesas do Subsector Serviços e Fundos AutónomosDespesa corrente: aumentou 5,1% (aumento nominal e real); Despesa total efectiva: aumentou 6,4% (aumento nominal e real); Despesa com Pessoal, pasme-se: aumentou 7,4% (aumento nominal e real).

Despesas do Subsector da Segurança SocialDespesa corrente: aumentou 4,9% (aumento nominal e real); Despesa total efectiva: aumentou 4,8% (aumento nominal e real).

Despesas da Administração LocalDespesa primária: diminuiu 5,6% (diminuição nominal e real); Despesa total efectiva: diminuiu 4,9% (diminuição nominal e real).

Execução Orçamental do EstadoDespesa corrente: aumentou 0,7% (aumento nominal e real); Despesa total efectiva: aumentou 0,9% (aumento nominal e real); Despesa com Pessoal, pasme-se: aumentou 4,9% (aumento nominal e real).

A Despesa só diminuiu na Administração Local. Onde Sócrates e Teixeira dos Santos comandam, é só a subir.

E se o défice melhorou, foi devido ao confisco feito aos contribuintes, através dos impostos. Situação não sustentável. Porque aumentos de receita de 15%, como em Janeiro, é confisco.

Por isso, as taxas da dívida sobem. Os especuladores internacionais têm um nome e morada: chamam-se Sócrates e Teixeira dos Santos e moram em Lisboa. E Ângela Merkel sabe a morada.
in 4R - post de Pinho Cardão

Quanto Sócrates for posto a andar vai para humorista



Não, não comerei dessa palha

(imagem daqui)

Opiniões – Ruy Ventura

Texto enviado pelo autor, que o divulgou inicialmente no FBook.

QUANTO MAIS BURROS MELHOR?

Na avaliação dos professores, um dos domínios ponderados é o da formação científica-pedagógica adquirida.

Ora, tendo em conta que o ministério retirou aos professores a possibilidade de frequentarem, dentro do seu horário, congressos, colóquios, palestras, etc. (antes abrangidos pelos 8 dias reservados ao enriquecimento formativo), podemos dizer que a tutela pretende impedir o enriquecimento dos seus docentes.

Mesmo as acções de formação acreditadas – dadas por gente que, frequentemente, é de uma indigência intelectual aflitiva… – têm de ser frequentadas em horário pós-laboral. Ora isto impede, ou dificulta, a vida dos professores que têm família a seu cargo, obrigando-os muitas vezes à desistência.

Se, entretanto, o horário de trabalho individual dos docentes vem sendo ocupado com múltiplas tarefas inúteis e nefastas, levando-os a ocuparem o seu tempo pessoal com trabalhos que deveriam ser desenvolvidos na escola, isto significa que pouco resta para a tal formação científica-pedagógica.

Pode-se assim concluir que o ministério ora capitaneado pela sra. Isabel Veiga Vilar deseja a estupidificação dos professores, para melhor aceitarem passivamente a estratégia anti-educativa de quem os tutela e, desse modo, passarem a ser apenas uma correia de transmissão que, necessariamente, transformará os alunos em cidadãos sem liberdade nem espírito crítico.

Como diria a velha personagem brasileira: estou certo ou estou errado?

Se verdade for, ofereço-vos uma máxima pessoal: NÃO É POR NOS TRANSFORMAREM EM BURROS QUE SOMOS OBRIGADOS A COMER PALHA.

Ruy Ventura

Não há só Tangos em Paris

Cristina Branco
"Não há só Tangos em Paris"

Nas lojas a 28 de Fevereiro Concerto de apresentação no São Luiz Teatro Municipal, 31 Março, 21.00 horas.

Para sucessor de «Kronos», de 2009, Cristina Branco quis um disco de memórias, viagens ou simplesmente flashes da sua vida. Pensou no triângulo Buenos Aires-Paris-Lisboa e partiu para o seu novo trabalho. No booklet que abre a edição de «Não há só Tangos em Paris», Cristina Branco aborda as diferentes faces do novo disco. Convoca para o mesmo texto referências a Amália, Jacques Brel e Baudelaire, a boleros e milongas, ao contrabaixo, ao bandoneon, ao piano e, claro está, à guitarra portuguesa.

No disco as referências fundamentam-se com colaborações de renome - poemas de Manuela de Freitas, Vasco Graça Moura, António Lobo Antunes, Carlos Tê e Miguel Farias, e música de Mário Laginha, João Paulo Esteves da Silva, Pedro Silva Martins, Pedro Moreira, entre outros a descobrir.


Música de uma Senhora que está a lançar um novo CD

Dá-lhe com força, Reininho!


GNR - Videomaria


Tarde de chuva, a península inteira a chorar
Entro numa igreja fria com um círio cintilante
Sentada, imóvel, fumando em frente ao altar
Silhueta, esboço, a esfinge de um anjo fumegante
Há em mim um profano desejo a crescer
Sinto a língua morta e o latim vai mudar
Os santos do altar devem tentar compreender
O que ela faz aqui fumando
Estará a meditar?
Ai, ui, atirem-me água benta
Ajoelho-me, benzo-me, arrependo-me, esconjuro-a
Atirem-me água fria
Por ela assalto a caixa de esmolas
Atirem-me água benta
Com ela eu desço ao inferno de Dante
Atirem-me água fria
Ai, ui, atirem-me água benta
Por parecer latina suponho que o nome dela
É Maria
É casta, eu sei, se é virgem ou não depende
Da nossa fantasia
Por parecer latina calculo que o nome dela
É Maria
É casta, eu sei, se é virgem ou não depende
Da nossa fantasia

Música do aniversariante de hoje


Ana Lee - GNR


Eu bebi, sem cerimónia o chá
à sombra uma banheira decorada,
num lago de champô


e dormi, como uma pedra que mata
senti as nossas vidas separadas,
aquário de ostras cru


Ana Lee, Ana Lee
meu lótus azul,
ópio do povo,
jaguar perfumado,
tigre de papel


Ana Lee, Ana Lee
no lótus azul,
nada de novo
poente queimado,
triângulo dourado.


se ela se põe de vestidinha,
parece logo uma princezinha,
num trono de jasmim.


e ao vir-me,
embora em verde tónico,
no país onde fumam as cigarras,
deixei-a a sonhar por mim.

Rui Reininho - 56 anos!

(imagem daqui)

Rui Manuel Reininho Braga (Porto, 28 de Fevereiro de 1955) é um músico português.
Vocalista da banda pop-rock GNR (Grupo Novo Rock), tirou o curso de Cinema da Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa e iniciou-se na música em 1977, em colaboração com Jorge Lima Barreto, no projecto Anar Band. Em 1981 tornou-se vocalista dos GNR, e depois da saída de Vítor Rua em 1982, o seu principal mentor e figura mais destacada. Com os GNR, Rui Reininho criou uma série de canções que são o espelho de uma geração da juventude que cresceu e se tornou adulta a ouvi-los e a admirá-los: Dunas, Efectivamente, Bellevue, Pós-Modernos, Vídeo Maria, Pronúncia do Norte, Ana Lee ou Morte ao Sol. É autor do livro Sífilis versus bilitis/Lírica Come on & Ana, publicado pela Assírio & Alvim, onde reúne poemas e letras de canções. Sobre as letras dos GNR, há duas publicações, Afectivamente (Assírio & Alvim) e As letras como poesia (Objecto Cardíaco e Afrontamento). É sócio activo do movimento rotário. Foi casado com a actriz Alexandra Leite, mãe do seu único filho.


domingo, fevereiro 27, 2011

Não há o quê...?!?

Professores
Mário Nogueira: “Não há Ministério da Educação”

O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, disse hoje “que não há Ministério da Educação” e apelou à participação dos docentes nas manifestações previstas para Março e Abril.

As acusações de Mário Nogueira foram feitas no discurso do dirigente no sétimo congresso do Sindicato de Professores do Norte (SPN), em Guimarães, no Centro Cultural Vila Flor.

Para Mário Nogueira, a educação “carece” de um ministério actuante: “Neste momento não há ministério da Educação. Há um ministério das Finanças que decide e depois um ministério que aplica o que aquele decidiu”.

O secretário-geral da Fenprof apelou à “participação em massa” nas manifestações marcadas para Março e Abril. “Numa negociação não há partes iguais. Nós temos que ceder, por vezes, mas cumprimos. O problema é não se cumprirem os acordos da parte deles – Governo”, explicou Mário Nogueira, exemplificando com o Estatuto da Carreira de Docente.

É este “incumprimento” por parte do Governo que, segundo o dirigente, dá “legitimidade” aos docentes para “lutar contra este acordo”. “O actual modelo de avaliação dos docentes é inter pares, como a Fenprof entende que deve ser. Mas numa perspectiva de cooperação, os pares devem ajudar-se para detectar problemas e encontrar soluções”, explanou.

No entanto, explicou o dirigente dos docentes “o modelo inter pares instituído provoca competição”, pela “existência de quotas que leva a que os docentes tenham que competir entre si e não possam cooperar em virtude de um ficar à frente do outro”.

A nova regra de fixação dos horários é outra “batalha”: “o horário de um professor tinha três vertentes: a lectiva, a de estabelecimento e a do trabalho individual, num total de 22 horas, depois disto eram horas extraordinárias”, agora “para reduzir o pagamento destas horas” o horário completo passa para as 35 e não contempla a vertente individual”.

Disto resulta, segundo Mário Nogueira, que “o trabalho individual não vai ser pago, vai ser feito gratuitamente, porque as 35 horas vão ser preenchidas com aulas e trabalho de estabelecimento”.

Uns perdem salário, os outros brincam às festas e às inaugurações...


Nós podiamos mandar o Conselho de Ministros...?!?

Segundo o 'The Sunday Times'
Líbia: Robert Mugabe envia mercenários em apoio a Kadhafi

O presidente do Zimbabué Robert Mugabe, enviou tropas mercenárias para a Líbia, em apoio ao velho aliado, noticia este domingo o 'The Sunday Times'.

Na terça-feira passada, segundo o jornal britânico, várias centenas de soldados do Zimbabué, bem como pilotos da Força Aérea voaram de Harare para a Líbia num voo "charter" para se juntarem às forças de Muamar Kadhafi.

Segundo fontes dos serviços secretos do Zimbabué, algumas das tropas eram da Quinta Brigada, treinada na Coreia do Norte e famosa por ter aplacado a rebelião em Matabeleland na década de 1980, e que custou a vida a 20 mil civis.

Aos militares zimbabueanos juntaram-se outros mercenários da Costa do Marfim, Chade e das Maurícias.

O envio das tropas de Harare foi feito ao abrigo de um acordo secreto firmado entre Kadhafi e o chefe das Forças Armadas zimbabuenas, general Constantine Chiwemga.

in CM - ler notícia

NOTA: e tu, Chávez, iluminado líder da Venezuela, quem vais mandar? E os cubanos manos Castro, não têm nada a dizer - a velhice já os olvidou dos amigos? E o norte-coreano Kim Jong-il? Ingratos...

Este Senhor já não canta mais...

Fadista faleceu sexta-feira
Funeral de José Freire realiza-se domingo




O funeral do fadista José Freire, falecido sexta-feira, realiza-se domingo de Alcochete para o cemitério dos Olivais, em Lisboa, onde terá lugar a cerimónia de cremação, às 17h00.



Um imenso Portugal

Mangualde!
Autor : Pedro Madeira Froufe - Jurista e docente universitário


Mangualde vai ter, este ano, uma praia com água salgada. Sim, refiro-me à cidade beirã de Mangualde, no distrito de Viseu que, segundo noticiou a imprensa, acabou de vencer – pelo menos, no que diz respeito a férias balneares – a interioridade! Ora, o projecto de praia salgada em Mangualde, com bares e restaurantes, apresentado, esta semana, em Lisboa (coisas de um estado centralista!), tem um aspecto particularmente interessante: prevê colocar junto ao mar simulado, uma enorme tela digital que passará uma imagem de um horizonte paradisíaco, com céu azul-marinho e tons tropicais. Os veraneantes a banhos em Mangualde poderão, assim e em pleno interior, desfrutar de um cenário e de um ambiente visual de praia, como se estivessem em repouso numa qualquer zona das Caraíbas.

Suponho que este projecto interessante (de resto, segundo os promotores e a Câmara Municipal, também interessante em termos de rentabilidade económica esperada) poderá representar uma espécie de “ovo de Colombo”, no que diz respeito à resolução da crise que nos atormenta. Em vez de a experiência se cingir a Mangualde e à reconstituição (num sítio improvável) de uma atractiva praia marítima, deveria estender-se ao país inteiro. Portugal deveria ladear-se de telas gigantes digitais que nos mostrassem um país equilibrado, desenvolvido, rico e com traços notórios (a olho nu) de um Estado social verdadeiro. Ao fundo da tela que servisse uma população privada do respectivo SAP, deveria ser possível, por exemplo, vislumbrar-se (digitalmente) um grandioso e moderno hospital. Por outro lado, nas zonas do Norte e do Grande Porto, fustigadas com as portagens nas ex-SCUT, a tela deveria revelar um horizonte de múltiplas auto-estradas, pejada de transportes públicos, sugerindo uma fácil e barata mobilidade. No fundo, a nossa imaginação poderá moldar as imagens das telas, consoante a zona e a respectiva necessidade mais premente das suas populações.

Para o Governo actual e para uma parte do PS que o suporta, talvez Mangualde seja um exemplo a seguir. Claro que nessas imagens de um ilusório Portugal digital, nunca apareceriam declarações como aquelas (aqueles recados) que o Sr. Trichet fez, no fim da semana passada. Nem tão pouco do Governador do Banco de Portugal, falando de uma recessão económica que (como é óbvio) já vivemos. Nessas imagens de um país virtual, poderiam projectar-se, igualmente, sumptuosas tendas, com coronéis Kadhafis, tomando chá com o Engenheiro Sócrates e acompanhados de Hugo Chávez. O déficite, claro está, também passaria, assim, a ser virtual.

A minha angustiada dúvida é saber se, de facto, o País já só tem viabilidade, transformando-se numa enorme Mangualde!


NOTA: uma música (Fado Tropical, do Chico Buarque e Ruy Guerra) para acompanhar a leitura do jornal, imaginando, como ridícula imagem de fundo, a tela digital tropical do presidente, socialista e trololó, de Mangualde:

Uma capa de jornal muito sugestiva

O Expresso, no seu número 2.000, tem um manancial de informação que merecia uma leitura séria:

Wikileaks 1: "Negócios da Defesa arrasados - Ministério move-se pelo desejo de ter brinquedos caros" (a síndrome Magalhães, e-escolas, TGV e Parque Escolar no seu melhor)

Wikileaks 2: "O plano dos EAU para dominar a FLAD - Chegou o momento de decapitar Rui Machede" (a Maria de Lurdes Rodrigues sempre há-de servir para alguma coisa, se conseguir aprender a papaguear inglês técnico)
“Na situação actual é muito complicado ir para eleições" - o Ricardo Salgado, presidente do BES, prefere que o Sócrates fique por lá até ter tudo sobre controlo - e quem diz que são precisas eleições...?!?
"Bruxelas multa Portugal em 121 milhões de euros" - já não temos Agricultura e ainda temos de pagar multas por causa dela?
"300 mil portugueses têm duplo emprego" - habituem-se, se querem viver.
"Sócrates com Merkel" - afinal o programa Perdoa-me não acabou (o que acabou foi o dinheiro, como rapidamente o nosso pseudo-engenheiro vai descobrir rapidamente)

"Fugitivo do verylight passeou um ano por Lisboa" - afinal era só um assassino de uma claque neonazi - e aos polícias não lhes pagam para dar cabo da vida.

É de referir que se esqueceram no jornal de uma cacha - que o socialista presidente da Câmara de Mangualde descobriu a solução para crise: uma praia de água salgada, com uma tela a fingir que se numa praia tropical, para fazer esquecer a porcaria de vida que levamos.