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sexta-feira, setembro 06, 2024

Pretensas novidades sobre o local onde apareceram os humanos...

Afinal, o berço da humanidade pode não ser onde pensávamos

  

 

Durante décadas, o Rift Africano Oriental tem sido aclamado como o “Berço da Humanidade”, a região onde se acredita que os nossos primeiros antepassados evoluíram.

Esta crença baseia-se em numerosas descobertas de fósseis no Vale do Rift, que forneceram informações valiosas sobre as primeiras fases da evolução humana.

No entanto, um novo estudo, cujos resultados foram publicados em agosto na revista Natura Ecology & Evolution, sugere que esta narrativa pode estar incompleta.

O Rift Africano Oriental, uma formação geológica que se estende por toda a África Oriental, é conhecida pelos seus depósitos de rochas sedimentares que preservaram fósseis antigos durante milhões de anos.

Locais importantes como o desfiladeiro de Olduvai, na Tanzânia, revelaram fósseis dos primeiros hominídeos, como o Paranthropus boisei e o Homo habilis, que datam de há cerca de 2 milhões de anos.

No entanto, este foco no Vale do Rift pode ter levado a uma compreensão distorcida da história inicial da nossa espécie.

“Como as provas da evolução humana inicial provêm de um pequeno número de sítios, é importante reconhecer que não temos uma imagem completa do que aconteceu em todo o continente”, explica W. Andrew Barr, primeiro autor do estudo, em comunicado publicado no EurekAlert.

O Rift Africano Oriental cobre menos de 1% do continente africano, enquanto os primeiros seres humanos provavelmente vagueavam muito para além desta estreita faixa de terra.

A preservação dos fósseis depende fortemente de condições geológicas específicas, e muitas regiões fora do Vale do Rift podem ter sido menos propícias à preservação a longo prazo dos restos mortais dos hominídeos.

Como resultado, grande parte do registo fóssil de outras partes de África provavelmente perdeu-se no tempo.

Num novo estudo, investigadores analisaram as áreas de distribuição dos mamíferos modernos no Vale do Rift e descobriram que, para os animais de médio e grande porte, o Rift Africano Oriental constituía apenas 1,6% do seu habitat. Isto sugere que os primeiros seres humanos, tal como outros animais, não se teriam confinado a esta pequena área.

O estudo também examinou a variação do tamanho do crânio e do corpo dos primatas africanos modernos, revelando que espécies como os babuínos são geralmente maiores na África Central do que na África Oriental.

Se os primeiros hominídeos apresentassem padrões semelhantes de variação morfológica, o registo fóssil do Vale do Rift não captaria esta diversidade, levando a uma imagem incompleta e potencialmente enganadora dos nossos antepassados.

 

in ZAP

quarta-feira, abril 03, 2024

Notícia interessante sobre o vulcão Erta Ale...

Descobertas anomalias térmicas na “porta para o inferno” na Etiópia

 

 

Imagem de satélite do vulcão Erta Ale, na Etiópia, tirada a 27 dovembro de 2023, pelo OLI (Operational Land Imager) no Landsat 8

 

Uma recente imagem de satélite do vulcão Erta Ale mostra anomalias que indicam que houve erupções de cones de respingos e pequenos fluxos de lava dentro da cratera.

Erta Ale, situado na Fenda da África Oriental na Depressão de Danakil, na Etiópia, é reconhecido como o vulcão mais ativo do país. Esta área é uma zona geologicamente única, onde três placas tectónicas estão gradualmente a divergir, permitindo que o magma chegue à superfície e alimente múltiplos vulcões ativos. Erta Ale, com sua atividade vulcânica persistente, constitui uma parte significativa desta paisagem dinâmica.

Conhecido na língua afar como a “montanha fumegante” e a “porta do inferno”, Erta Ale é famoso pela sua cratera no topo que abriga um lago de lava continuamente ativo. Este lago tem estado ativo desde pelo menos 1967 e possivelmente desde 1906, escreve o SciTech Daily.

A atividade do vulcão foi captada numa imagem adquirida pelo Imageador Terrestre Operacional (OLI) do Landsat 8 a 27 de novembro de 2023. A imagem é notável pelo sinal infravermelho (vermelho) emitido pelo calor da rocha fundida.

Os satélites detetaram uma série de anomalias térmicas no cratera do vulcão a partir de meados de setembro de 2023. De acordo com o Programa de Vulcanismo Global, estas anomalias provavelmente indicam erupções de cones de respingos e pequenos fluxos de lava dentro da cratera. Devido à localização remota e em grande parte inacessível de Erta Ale, grande parte do conhecimento científico sobre a sua atividade deriva de observações por satélite.

Embora o topo seja conhecido pela sua atividade regular, Erta Ale também tem fluxos de lava noutras partes da montanha. Um evento significativo ocorreu de janeiro de 2017 a março de 2020, quando erupções de fissuras no caldeirão sudeste geraram extensos fluxos de lava basáltica.

Estes fluxos, que cobriram aproximadamente 30 quilómetros quadrados, desceram pelas encostas do vulcão, estendendo-se para nordeste e sudoeste, alguns dos quais são visíveis na imagem de satélite.

O estudo contínuo de Erta Ale é crucial para compreender a atividade vulcânica da região e os potenciais impactos. A imagem, destacando as características do vulcão e a atividade recente, foi criada por Lauren Dauphin usando dados do satélite Landsat, uma colaboração entre a NASA e o USGS - Serviço Geológico dos EUA.

 

in ZAP

sábado, março 25, 2023

Notícia sobre tectónica de placas...

Como África está a partir-se a meio - e a criar um novo super oceano

   

 

Os cientistas não sabem ao certo quanto tempo vai demorar até que o processo esteja finalizado, mas estimam um intervalo de pelo menos cinco a dez milhões de anos.

A recente evolução geológica de África motivou um aviso por parte dos especialistas: este continente está a meio de um processo de cisão, o que irá resultar não só na separação de nações inteiras mas também da formação de um superoceano.

O primeiro alerta foi dado em 2009, por cientistas da Universidade de Rochester, no Reino Unido, que num estudo revelaram as mudanças geológicas na região de Afar, na Etiópia.

Recentemente, um novo artigo científico publicado no Geophysical Research Letters, voltou a abordar o tema, argumentando que tudo se deve a uma fenda de 56,32 quilómetros que surgiu no deserto do referido país após um sismo de 2005.

À luz dos dados que constam no artigo, a fenda foi provocada por um processo tectónico em tudo semelhante ao que acontece no fundo do mar e situa-se nos limites de três placas: a da Arábia, Núbia e Somália. Estas estão “lentamente a a afastar-se uma da outra”, avançou Christopher Moore à NBC.

“Durante os últimos 30 anos, a placa da Arábia tem-se afastado da de África, um processo que já criou o Mar Vermelho e o Golfo de Aden entre as duas massas continentais”, especifica o mesmo site. O processo que decorre atualmente vai, eventualmente, “dividir África em duas e criar uma nova bacia oceânica“.

Os cientistas não sabem ao certo quanto tempo vai demorar até que o processo esteja finalizado, mas estimam um intervalo de pelo menos cinco a dez milhões de anos até que um novo oceano se forme e o continente africano se separe. Isto porque a placa da Arábia se afasta de África a um ritmo de 2,54 centímetros por ano, ao passo que as placas africanas se mexem entre 5,08 milímetros e 1,27 centímetros por ano.

Apesar de se tratarem de movimentos quase impercetíveis,os cientistas garantem que estes estão a acontecer. “Podemos ver que uma crosta oceânica se está a formar porque é consideravelmente diferente da crosta continental na sua composição e densidade”, aprofundou Moore.

 

Mas, e depois?

Estas alterações terão obviamente consequências negativas para os países africanos nas proximidades da fenda –  ao mesmo tempo que ali também nascem oportunidades para o resto do mundo. No leque de países afetados destacam-se Ruanda, Uganda, Burundi, República Democrática do Congo, Malawi e Zâmbia. Para além de todos os aspetos negativos, a alteração drástica na geografia permitiria a estas nações “construir portos que os conectariam ao resto do mundo diretamente” e representariam um conjunto de possibilidades.

Há ainda o caso de países que passariam a pertencer a dois continentes, como é o caso do Quénia, a Tanzânia e a Etiópia.

 

in ZAP

quinta-feira, novembro 03, 2022

Notícia divertida sobre tectónica de placas...

África está a dividir-se em dois continentes (e vai nascer um novo oceano)

   

  

O continente africano vai dividir-se em dois. A Somália, metade da Etiópia, o Quénia, a Tanzânia e parte de Moçambique irão separar-se para formar um novo continente. Vai acontecer daqui a cinco milhões de anos (tempo relativamente curto, na escala geológica) e já começou.

A comunidade científica acredita que em apenas 5 milhões de anos, África não será um continente, mas dois.

Em 2009, investigadores da Universidade de Rochester, no Reino Unido, revelaram pela primeira vez que mudanças geológicas na região de Afar, na Etiópia, estavam a provocar a divisão do continente.

Segundo a New Scientist, o processo teve início em setembro de 2005, após a erupção do vulcão Dabbahu, que terá aberto uma gigantesca fissura em apenas 5 dias.

A fratura da placa continental africana, dizem os cientistas no estudo então publicado na Geophysical Research Letters, irá dar origem a um novo oceano.

A falha não mais deixou de crescer, e mais de uma dezena de novas falhas apareceram entretanto. Desde então, a teoria de que África se vai dividir em dois continentes ganhou bastante popularidade na comunidade científica, mas nem todos estão de acordo.

As discussões entre os cientistas sobre a forma como o continente africano se está a dividir reavivaram-se em 2019, depois de ter aparecido no Quénia uma gigantesca fissura, que rasgou a meio um vale e cortou uma estrada importante da região do Narok, no oeste do país.

As dimensões da fissura foram na altura estimadas em vários quilómetros de comprimento, cerca de 15 metros de profundidade e mais de 20 de largura.

   

   

Mas, de acordo com dados de GPS mais recentes, apresentados num estudo publicado em 2021 na revista Geology por investigadores da Virginia Tech, nos EUA, a divisão da placa tectónica africana é ainda mais extensa do que se imaginava.

A enorme fissura do Quénia não foi no entanto o primeiro fenómeno deste tipo a manifestar-se no continente africano. Há dezenas ou centenas de pontos fracos ao longo do chamado Grande Vale do Rift, que atravessa o continente desde o Corno de África, na Somália, até Moçambique.

Esta formação, também conhecida como Vale da Grande Fenda, é um complexo de falhas tectónicas criado há cerca de 35 milhões de anos com a separação das placas tectónicas africana e arábica, e estende-se cerca de 5000 km no sentido norte-sul, com largura que varia entre 30 e 100 km e uma profundidade de centenas a milhares de metros.

Segundo o jornal local Daily Nation, o Quénia, atravessado pelo Grande Vale do Rift, está literalmente a partir-se ao meio, e a profunda fissura que se deu a conhecer em março em Narok “é apenas o início“.

A fissura apareceu na zona com menor atividade sísmica do país. Segundo explicou ao jornal catalão La Vanguardia a geóloga Sara Figueras Vila, do Instituto Cartográfico e Geológico da Catalunha, “o último sismo importante nesta região aconteceu em 1928, com uma magnitude de 6.9 na Escala de Richter”.

No fundo do vale encontram-se o vulcão Suswa. Nas proximidades, Monte Longonot. Os dois vulcões poderão ser responsáveis por inúmeras falhas vulcânicas ocultas ao longo do território queniano do Grande Vale do Rift.

“Estas zonas frágeis formam linhas de falha e fissuras que normalmente são preenchidas com cinzas vulcânicas. As fortes chuvas que recentemente assolaram a região poderão ter levado as cinzas, ajudando a descobrir a fissura”, explica ao Daily Nation o geólogo queniano David Adede.

Mas o facto de a região assentar em duas placas tectónicas que estão a divergir lentamente em direções opostas terá consequências inevitáveis.

   

     

Inevitavelmente, um novo continente

Dentro de 10 milhões de anos, quatro países do Corno de África – a Somalia, metade da Etiópia, o Quénia e a Tanzania, além de uma parte de Moçambique, irão inexoravelmente separar-se do resto do continente africano e formar um novo continente.

O processo, estimam os geólogos, estará concluído em cerca de 50 milhões de anos: a chamada “placa Somali” ter-se-á tornado por completo um continente novo, separada da sua irmã maior, a “placa Núbia”, por um oceano novo.

Numa entrevista à NTV Kenya, o sismólogo queniano Silas Simiyu sustenta que a fissura de Narok não é uma falha vulcânica, mas apenas resultado das abundantes chuvas que se registaram na região. “As camadas de terra abateram devido às chuvas e encheram os canais subterrâneos de água”, diz o cientista queniano.

Mas Lucia Perez Diaz, do Grupo de Pesquisa da Dinâmica de Falhas da Universidade de Londres, não tem dúvidas. Em termos práticos, as duas placas do continente africano estão a separar-se, diz a geóloga ao The Conversation.

E as fissuras que apareceram no leste do Grande Vale do Rift são um exemplo de que isso já está a acontecer.

Após um dramático processo, durante uns 50 milhões de anos, teremos então inevitavelmente algo como a Grande Núbia e o Corno de África. Mal podemos esperar.

 

 in ZAP