O Curso de Geologia de 85/90 da Universidade de Coimbra escolheu o nome de Geopedrados quando participou na Queima das Fitas.
Ficou a designação, ficaram muitas pessoas com e sobre a capa intemporal deste nome, agora com oportunidade de partilhar as suas ideias, informações e materiais sobre Geologia, Paleontologia, Mineralogia, Vulcanologia/Sismologia, Ambiente, Energia, Biologia, Astronomia, Ensino, Fotografia, Humor, Música, Cultura, Coimbra e AAC, para fins de ensino e educação.
Descobertas anomalias térmicas na “porta para o inferno” na Etiópia
Imagem de satélite do vulcão Erta Ale, na Etiópia, tirada a 27 dovembro de 2023, pelo OLI (Operational Land Imager) no Landsat 8
Uma recente imagem de satélite do vulcão Erta Ale mostra
anomalias que indicam que houve erupções de cones de respingos e
pequenos fluxos de lava dentro da cratera.
Erta Ale, situado na Fenda da África Oriental na Depressão de Danakil, na Etiópia, é reconhecido como o vulcão mais ativo do país.
Esta área é uma zona geologicamente única, onde três placas tectónicas
estão gradualmente a divergir, permitindo que o magma chegue à
superfície e alimente múltiplos vulcões ativos. Erta Ale, com sua
atividade vulcânica persistente, constitui uma parte significativa desta
paisagem dinâmica.
Conhecido na língua afar como a “montanha fumegante” e a “porta do inferno”,
Erta Ale é famoso pela sua cratera no topo que abriga um lago de lava
continuamente ativo. Este lago tem estado ativo desde pelo menos 1967 e
possivelmente desde 1906, escreve o SciTech Daily.
A atividade do vulcão foi captada numa imagem adquirida pelo Imageador Terrestre Operacional (OLI) do Landsat 8 a 27 de novembro de 2023. A imagem é notável pelo sinal infravermelho (vermelho) emitido pelo calor da rocha fundida.
Os satélites detetaram uma série de anomalias térmicas
no cratera do vulcão a partir de meados de setembro de 2023. De acordo
com o Programa de Vulcanismo Global, estas anomalias provavelmente
indicam erupções de cones de respingos e pequenos fluxos de lava dentro
da cratera. Devido à localização remota e em grande parte inacessível de
Erta Ale, grande parte do conhecimento científico sobre a sua atividade
deriva de observações por satélite.
Embora o topo seja conhecido pela sua atividade regular, Erta Ale
também tem fluxos de lava noutras partes da montanha. Um evento
significativo ocorreu de janeiro de 2017 a março de 2020, quando erupções de fissuras no caldeirão sudeste geraram extensos fluxos de lava basáltica.
Estes fluxos, que cobriram aproximadamente 30 quilómetros quadrados,
desceram pelas encostas do vulcão, estendendo-se para nordeste e
sudoeste, alguns dos quais são visíveis na imagem de satélite.
O estudo contínuo de Erta Ale é crucial para compreender a atividade
vulcânica da região e os potenciais impactos. A imagem, destacando as
características do vulcão e a atividade recente, foi criada por Lauren
Dauphin usando dados do satélite Landsat, uma colaboração entre a NASA e
o USGS - Serviço Geológico dos EUA.
Como África está a partir-se a meio - e a criar um novo super oceano
Os cientistas não sabem ao certo quanto tempo vai demorar até
que o processo esteja finalizado, mas estimam um intervalo de pelo
menos cinco a dez milhões de anos.
A recente evolução geológica de África motivou um aviso por parte dos especialistas: este continente está a meio de um processo de cisão, o que irá resultar não só na separação de nações inteiras mas também da formação de um superoceano.
O primeiro alerta foi dado em 2009, por cientistas da Universidade de Rochester, no Reino Unido, que num estudo revelaram as mudanças geológicas na região de Afar, na Etiópia.
Recentemente, um novo artigo científico publicado no Geophysical Research Letters, voltou a abordar o tema, argumentando que tudo se deve a uma fenda de 56,32 quilómetros que surgiu no deserto do referido país após um sismo de 2005.
À luz dos dados que constam no artigo, a fenda foi provocada por um processo tectónico em tudo semelhante ao que acontece no fundo do mar e situa-se nos limites de três placas: a da Arábia, Núbia e Somália. Estas estão “lentamente a a afastar-se uma da outra”, avançou Christopher Moore à NBC.
“Durante os últimos 30 anos, a placa da Arábia tem-se afastado da de África, um processo que já criou o Mar Vermelho e o Golfo de Aden entre as duas massas continentais”, especifica o mesmo site. O processo que decorre atualmente vai, eventualmente, “dividir África em duas e criar uma nova bacia oceânica“.
Os cientistas não sabem ao certo quanto tempo vai demorar até que o processo esteja finalizado, mas estimam um intervalo de pelo menos cinco a dez milhões
de anos até que um novo oceano se forme e o continente africano se
separe. Isto porque a placa da Arábia se afasta de África a um ritmo de 2,54 centímetros por ano, ao passo que as placas africanas se mexem entre 5,08 milímetros e 1,27 centímetros por ano.
Apesar de se tratarem de movimentos quase impercetíveis,os cientistas garantem que estes estão a acontecer. “Podemos ver que uma crosta oceânica se está a formar porque é consideravelmente diferente da crosta continental na sua composição e densidade”, aprofundou Moore.
Mas, e depois?
Estas alterações terão obviamente consequências negativas para os países africanos nas proximidades da fenda – ao mesmo tempo que ali também nascem oportunidades
para o resto do mundo. No leque de países afetados destacam-se Ruanda,
Uganda, Burundi, República Democrática do Congo, Malawi e Zâmbia. Para
além de todos os aspetos negativos, a alteração drástica na geografia
permitiria a estas nações “construir portos que os conectariam ao resto do mundo diretamente” e representariam um conjunto de possibilidades.
Há ainda o caso de países que passariam a pertencer a dois continentes, como é o caso do Quénia, a Tanzânia e a Etiópia.
África está a dividir-se em dois continentes (e vai nascer um novo oceano)
O continente africano vai dividir-se em dois. A Somália, metade
da Etiópia, o Quénia, a Tanzânia e parte de Moçambique irão separar-se
para formar um novo continente. Vai acontecer daqui a cinco milhões de
anos (tempo relativamente curto, na escala geológica) e já começou.
A comunidade científica acredita que em apenas 5 milhões de anos, África não será um continente, mas dois.
Em 2009, investigadores da Universidade de Rochester, no Reino Unido, revelaram pela primeira vez que mudanças geológicas na região de Afar, na Etiópia, estavam a provocar a divisão do continente.
Segundo a New Scientist,
o processo teve início em setembro de 2005, após a erupção do vulcão
Dabbahu, que terá aberto uma gigantesca fissura em apenas 5 dias.
A fratura da placa continental africana, dizem os cientistas no estudo então publicado na Geophysical Research Letters, irá dar origem a um novo oceano.
A falha não mais deixou de crescer, e mais de uma dezena de novas falhas apareceram entretanto. Desde então, a teoria de que África se vai dividir em dois continentes ganhou bastante popularidade na comunidade científica, mas nem todos estão de acordo.
As discussões entre os cientistas sobre a forma como o continente africano se está a dividir reavivaram-se em 2019,
depois de ter aparecido no Quénia uma gigantesca fissura, que rasgou a
meio um vale e cortou uma estrada importante da região do Narok, no
oeste do país.
As dimensões da fissura foram na altura estimadas em vários quilómetros de comprimento, cerca de 15 metros de profundidade e mais de 20 de largura.
Mas, de acordo com dados de GPS mais recentes, apresentados num estudo publicado em 2021 na revista Geology por investigadores da Virginia Tech, nos EUA, a divisão da placa tectónica africana é ainda mais extensa do que se imaginava.
A enorme fissura do Quénia não foi no entanto o primeiro fenómeno
deste tipo a manifestar-se no continente africano. Há dezenas ou
centenas de pontos fracos ao longo do chamado Grande Vale do Rift, que atravessa o continente desde o Corno de África, na Somália, até Moçambique.
Esta formação, também conhecida como Vale da Grande Fenda, é um
complexo de falhas tectónicas criado há cerca de 35 milhões de anos com a
separação das placas tectónicas africana e arábica, e estende-se cerca
de 5000 km no sentido norte-sul, com largura que varia entre 30 e 100 km e uma profundidade de centenas a milhares de metros.
Segundo o jornal local Daily Nation, o Quénia, atravessado pelo Grande Vale do Rift, está literalmente a partir-se ao meio, e a profunda fissura que se deu a conhecer em março em Narok “é apenas o início“.
A fissura apareceu na zona com menor atividade sísmica do país. Segundo explicou ao jornal catalão La Vanguardia a geóloga Sara Figueras Vila,
do Instituto Cartográfico e Geológico da Catalunha, “o último sismo
importante nesta região aconteceu em 1928, com uma magnitude de 6.9 na
Escala de Richter”.
No fundo do vale encontram-se o vulcão Suswa. Nas proximidades, Monte
Longonot. Os dois vulcões poderão ser responsáveis por inúmeras falhas
vulcânicas ocultas ao longo do território queniano do Grande Vale do
Rift.
“Estas zonas frágeis formam linhas de falha e fissuras que
normalmente são preenchidas com cinzas vulcânicas. As fortes chuvas que
recentemente assolaram a região poderão ter levado as cinzas, ajudando a
descobrir a fissura”, explica ao Daily Nation o geólogo queniano David Adede.
Mas o facto de a região assentar em duas placas tectónicas que estão a divergir lentamente em direções opostas terá consequências inevitáveis.
Inevitavelmente, um novo continente
Dentro de 10 milhões de anos, quatro países do Corno de África – a
Somalia, metade da Etiópia, o Quénia e a Tanzania, além de uma parte de
Moçambique, irão inexoravelmente separar-se do resto do continente africano e formar um novo continente.
O processo, estimam os geólogos, estará concluído em cerca de 50 milhões de anos: a chamada “placa Somali” ter-se-á tornado por completo um continente novo, separada da sua irmã maior, a “placa Núbia”, por um oceano novo.
Numa entrevista à NTV Kenya, o sismólogo queniano Silas Simiyu
sustenta que a fissura de Narok não é uma falha vulcânica, mas apenas
resultado das abundantes chuvas que se registaram na região. “As camadas de terra abateram devido às chuvas e encheram os canais subterrâneos de água”, diz o cientista queniano.
Mas Lucia Perez Diaz, do Grupo de Pesquisa da
Dinâmica de Falhas da Universidade de Londres, não tem dúvidas. Em
termos práticos, as duas placas do continente africano estão a
separar-se, diz a geóloga ao The Conversation.
E as fissuras que apareceram no leste do Grande Vale do Rift são um exemplo de que isso já está a acontecer.
Após um dramático processo, durante uns 50 milhões de anos, teremos
então inevitavelmente algo como a Grande Núbia e o Corno de África. Mal
podemos esperar.