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terça-feira, novembro 05, 2024

J. B. S. Haldane nasceu há 132 anos


John Burdon Sanderson Haldane (Oxford, 5 de novembro de 1892 - Bhubaneswar, Orissa, Índia, 1 de dezembro de 1964), que normalmente usava "J.B.S." a anteceder o apelido, foi um pensador marxista, geneticista e biólogo britânico.
Haldane foi um dos fundadores, junto com Ronald Fisher e Sewall Wright, da genética populacional. Ajudou a desenvolver as tabelas de mergulho usadas pela Marinha Inglesa e Americana durante a II Guerra Mundial, que serviram de base para as tabelas usadas, até hoje, por todos os mergulhadores. Emigrou em 1957 para a Índia, obtendo a cidadania indiana. Haldane também contribuiu para a ideia aceite até hoje sobre a origem da vida, para além de Oparine. Além disso, no seu tratado intitulado "Enzimas", sugeriu que as interações fracas que se estabelecem entre a enzima e o seu substrato poderiam ser usadas para distorcer a molécula do substrato e catalisar a reação. Esse conhecimento representa o cerne da compreensão atual da catálise enzimática.

terça-feira, outubro 08, 2024

O Padre Luís Archer, pioneiro no estudo da genética, faleceu há doze anos...

  

Luís Jorge Peixoto Archer, S.J. (Porto, Nevogilde, 5 de maio de 1926 - Lisboa, 8 de outubro de 2011) foi um padre jesuíta e cientista português

 

Luís Archer concluiu os estudos liceais no "Liceu Rodrigues de Freitas" e estudou piano no Conservatório de Música do Porto entre 1936 e 1945. Terminou a licenciatura em Ciências Biológicas na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto no ano de 1947 com a média final de 18 valores, pelo que ganhou o prémio, atribuído pelo Rotary Club, de melhor estudante dessa Faculdade.

No dia 7 de dezembro de 1947, e depois de já ter sido contratado como Assistente Extraordinário por Américo Pires de Lima, entrou no noviciado da Companhia de Jesus, em Guimarães (onde estudou humanidades durante dois anos). Nos anos seguintes estudou filosofia (1951-1954) na Faculdade Pontifícia de Braga (atualmente Universidade Católica Portuguesa) e teologia (1956-1959) na Alemanha, em Frankfurt am Main, onde foi ordenado sacerdote, no dia 31 de julho de 1959.

No ano de 1964 começou a estudar bioquímica e genética na Universidade de Georgetown nos Estados Unidos, onde fez o doutoramento em genética molecular em 1967. A partir de 1968 Archer introduziu em Portugal a investigação em genética molecular, tendo fundado os laboratórios de Genética Molecular do Instituto Gulbenkian de Ciência e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto. Durante vinte anos trabalhou no Instituto Gulbenkian de Ciência e foi professor catedrático de Genética Molecular na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa de 1979 a 1996.

Foi diretor da série de Ciências Naturais da revista Brotéria entre 1962 e 1979. Entre 1980 e 2002 dirigiu a Brotéria-Genética, instituída em 1980 como órgão oficial da Sociedade Portuguesa de Genética, de que foi presidente entre 1978 e 1981.

No final dos anos setenta, e sem que abandonasse a sua atividade científica, Luís Archer começou a dirigir os seus interesses intelectuais para a bioética, área em que desempenharia um papel pioneiro em Portugal. A sua obra concentrou-se em três grandes áreas: a reprodução humana artificial; a terapia génica; e o conhecimento do genoma humano e suas implicações éticas.

A 26 de abril de 1991 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.

Em homenagem a Luís Archer, a Sociedade Portuguesa de Genética criou o Prémio Prof. Doutor Luís Archer.

Morreu aos 85 anos, após ter sido transportado para o Hospital de Santa Maria em Lisboa, devido a uma indisposição.

   

domingo, setembro 08, 2024

Notícia sobre genética e reprodução de tribo euroasiática pouco conhecida

Estudo genético alargado revela costumes de acasalamento dos misteriosos cavaleiros Ávaros

 

Os investigadores descobriram que as longas árvores genealógicas surgiram de fundadores influentes, como este cavaleiro ávaro enterrado junto a um cavalo no século VII d.C. na Hungria

 

Uma análise de centenas de sepultamentos na região da Hungria revela a mais longa árvore genealógica conhecida – e a ausência de filhas na cultura dos cavaleiros Ávaros.

Em 568 d.C., de acordo com registos contemporâneos, cavaleiros guerreiros das estepes da Mongólia, chamados Ávaros, invadiram as planícies relvadas que ladeavam o rio Danúbio, mais ou menos no território da Hungria moderna.

Juntamente com outros grupos da Ásia Central, formaram um novo centro de poder na Europa, obrigando o Império Bizantino a pagar tributo. Mas não deixaram qualquer registo escrito.

Agora, usando amostras de ADN recolhidas em centenas de locais de sepultamento, incluindo cemitérios ávaros inteiros, uma equipa de investigadores preencheu algumas das lacunas que existiam no nosso conhecimento da cultura destes misteriosos cavaleiros.

Publicado em abril na revista Nature, o estudo, que inclui a mais longa árvore genealógica baseada em ADN já publicada, abrangendo nove gerações, usou dados de parentesco para reconstruir os padrões de acasalamento dos ávaros, a sua mobilidade e até a política local.

O estudo é o maior exemplo de uma nova tendência na investigação do ADN antigo: estudar não só indivíduos isolados, mas comunidades e famílias inteiras - como é o caso que o ZAP recentemente deu a conhecer do estudo da família de Alíria Rosa, a mulher colombiana que escapou ao Alzheimer.

“A ideia de fazer o cemitério inteiro é fantástica”, diz à Science Florin Curta, historiador da Universidade da Florida, que não esteve envolvido na investigação. “É uma forma de escrever história na ausência de fontes escritas“.

O ADN antigo dos ossos dos Ávaros já tinha ajudado a esclarecer a questão da origem deste povo nómada.

Num estudo anterior, os investigadores mostraram que muitos Ávaros enterrados na Hungria por volta de 600 d.C. partilhavam ascendência com pessoas enterradas na Mongólia apenas algumas décadas antes, o que implica uma migração de longa distância que cobriu mais de 7.000 quilómetros no espaço de uma geração.

Mas outras questões permaneciam, tais como a forma como os Ávaros organizaram a sua sociedade e se adaptaram os seus costumes ao seu novo lar.

Para saber mais, a equipa de geneticistas, arqueólogos e historiadores sequenciou o ADN de mais de 400 esqueletos de quatro cemitérios situados num raio de 200 quilómetros; a datação por radiocarbono mostrou que os enterramentos abrangeram os 250 anos de domínio dos Ávaros na região.

A equipa procurou então relações de primeiro ou segundo grau: mães e filhos, irmãos e irmãs, tias e tios. A abordagem de todo o cemitério tornou possível reconstruir árvores genealógicas inteiras, algumas contendo dezenas de indivíduos.

A árvore completa, abrangendo nove gerações, estendia-se desde um homem fundador enterrado pouco tempo depois da chegada dos Ávaros até um descendente enterrado 250 anos mais tarde.

“A abordagem comunitária fez com que estas pessoas ganhassem realmente vida para mim”, diz Zsófia Rácz, arqueóloga da Universidade Eötvös Lorán e co-autora do estudo.

“Detetámos que escavou um dos sítios. as suas comunidades – é algo que nunca teríamos visto apenas através de fontes escritas ou da arqueologia”, explica a investigadora, que participou nas escavações de um dos cemitérios.

 

Dezenas de cavaleiros ávaros enterrados no sítio de Rákóczifalva, na Hungria, que foi escavado no início dos anos 2000, tinham laços de parentesco entre si


O ADN também mostrou que os Ávaros enterravam pessoas com laços de parentesco próximos em conjunto, no que se poderia considerar como parcelas familiares.

“A nível cultural, isto mostra que o parentesco biológico era importante nesta sociedade, e sugere que a sociedade ávara enfatizava a filiação biológica”, diz Zuzana Hofmanová, geneticista do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva e também a co-autora do estudo.

Todos os homens do estudo descendiam de um pequeno número de homens adultos, enterrados com ricos objetos, que se supõe serem os fundadores da comunidade.

Mas “todas as mulheres adultas são externas e não têm pais no cemitério”, diz o geneticista Guido Gnecchi-Ruscone, também investigador do Max Planck, que liderou o esforço para reconstruir as árvores genealógicas. Em vez disso, as mulheres tendem a ter parentes distantes noutros cemitérios.

Este padrão corresponde a uma prática que os etnógrafos designam por patrilocalidade, em que os homens permanecem no local enquanto as mulheres saem dos seus locais de nascimento para encontrar parceiros, um padrão também observado nos antigos agricultores europeus, entre outros.

O ADN também revelou poligamia e “uniões leviráticas”, em que homens estreitamente relacionados – irmãos, ou pai e filho – tinham filhos com a mesma mulher.

Este padrão era “arqueologicamente invisível, mas graças aos dados genéticos pudemos ver claramente o papel das mulheres”, diz Tivadar Vida, arqueólogo da Eötvös Loránd e coautor do novo artigo. “As mulheres estavam ligadas a diferentes comunidades”.

O sistema patrilinear rigoroso e os casamentos com mulheres não locais parecem ter ajudado os Avar a evitar a consanguinidade: depois de analisar o ADN de centenas de pessoas, a equipa não encontrou exemplos de crianças nascidas de parentes próximos ou mesmo de pessoas separadas por até cinco graus.

É provável que a tradição oral tenha ajudado os ávaros a manter as linhas de sangue corretas ao longo dos séculos, impedindo os casamentos com primos distantes. “Não sabemos muito sobre a língua ávara, mas parece que sabemos uma das coisas sobre as quais eles comunicavam”, diz Hofmanová.

Os investigadores encontraram mesmo evidências de mudanças políticas nos dados de ADN. Num dos cemitérios, várias gerações de homens estreitamente relacionados foram enterrados perto uns dos outros. Depois, após 650 d.C., já não há descendentes da linha masculina original enterrados no cemitério.

Assim, aparentemente uma nova linhagem masculina casa-se e os seus descendentes são enterrados a cerca de 100 metros de distância, sem os cavalos que normalmente acompanhavam os homens nas sepulturas anteriores, o que assinala uma mudança cultural.

Talvez um clã local tenha perdido o favor após uma mudança na liderança, por exemplo. Mas a rutura não é total: as duas partes do cemitério, e a longa árvore genealógica, estão ligadas por meios-irmãos maternos. “A ligação é feita através de uma mulher”, diz Hofmanová.

Os Ávaros mantiveram as suas práticas sociais mesmo quando outros aspetos da sua sociedade se alteraram drasticamente.

Por exemplo, com base na datação por radiocarbono e em mudanças nos padrões de assentamento e sepultamento, os arqueólogos sabem que cerca de 50 anos depois de chegarem à Europa, quando sofreram uma derrota retumbante às mãos do Império Bizantino,  os Ávaros abandonaram o seu estilo de vida nómada, estabeleceram-se em aldeias e cultivaram cereais.

Mas o ADN mostra que as suas tradições patrilocais persistiram. “Apesar de se terem estabelecido, mantiveram as suas tradições de organização social”, diz Rácz.

 

in ZAP

sábado, julho 20, 2024

Gregor Mendel nasceu há 202 anos

           
Durante a sua vida, Mendel publicou dois grandes trabalhos agora clássicos: "Ensaios com plantas híbridas" (Versuche über Pflanzen-hybriden), que não abrangia mais de trinta páginas impressas e "Hierácias obtidas pela fecundação artificial".
Em 1865, formula e apresenta, em dois encontros da Sociedade de História Natural de Brno, as leis da hereditariedade, hoje chamadas Leis de Mendel, que regem a transmissão dos caracteres hereditários. Após 1868, as tarefas administrativas mantiveram-no tão ocupado que não pode dar continuidade às suas pesquisas, vivendo o resto da sua vida em relativa obscuridade. É atualmente conhecido como "Pai da Genética".
         

segunda-feira, julho 15, 2024

A vida na Terra pode ser mais antiga do que pensávamos...

O último ancestral de todas as formas de vida surgiu muito antes do que se pensava

 

 

O organismo que deu origem a todas as formas de vida atuais na Terra – LUCA – pode ter aparecido muito mais cedo do que se pensava. O novo estudo revelou que esta forma de vida era, afinal, bastante sofisticada.

LUCA foi o último antepassado comum universal. Ou seja, foi a entidade que deu origem a todas as formas de vida atuais.

Um novo estudo, publicado esta sexta-feira na Nature Ecology & Evolution, teoriza que o LUCA surgiu muito mais cedo do que se pensava.

A nova estimativa acredita que este organismo viveu cerca de 4,2 mil milhões de anos atrás, logo após a formação da Terra, que data de 4,5 mil milhões de anos.

Conceções anteriores apontavam para o aparecimento de LUCA após o bombardeamento pesado tardio, um período de intensa colisão de meteoritos há aproximadamente 3,8 mil milhões de anos.

O estudo analisou a continuidade genética das várias formas de vida atuais.

Cerca de 2600 genes codificadores de proteínas (um número muito superior às estimativas anteriores de apenas 80) foram rastreados até LUCA. Isto sugere que este ancestral possuía uma complexidade biológica significativamente maior do que se pensava.

 

Mais sofisticado do que se pensava

Os genes estudados indicam que LUCA possuía mecanismos de defesa contra raios UV, sugerindo que habitava à superfície dos oceanos, e se alimentava primariamente de hidrogénio. Estes genes, juntamente com outros, indicam a presença de um ecossistema de células primitivas ao redor de LUCA, contrariando a ideia de que este antepassado existia isoladamente.

Surpreendentemente, os resultados também apontam para a presença de uma versão primitiva do sistema de defesa bacteriano CRISPR em LUCA, indicativo de que já há 4,2 mil milhões de anos, os organismos já enfrentavam ameaças virais.

“Mesmo há 4,2 mil milhões de anos, os nossos antepassados mais antigos lutam contra os vírus”, disse o líder da investigação, Edmund Moody, da Universidade de Bristol, à New Scientist.

Patrick Forterre, do Instituto Pasteur em Paris, França, criador do termo LUCA, considera esta teoria irrealista: “A afirmação de que o LUCA estava a viver antes do bombardeamento tardio há 3,9 mil milhões de anos é completamente irrealista para mim. Tenho a certeza de que a sua estratégia para determinar a idade e o conteúdo genético do LUCA tem algumas falhas”, disse, citado pela mesma revista.

 

in ZAP

 

NOTA - LUCA é um acrónimo - significa Last Universal Common Ancestor...

segunda-feira, maio 13, 2024

Mais dados sobre a colonização da Terra pelos humanos modernos...

Para onde foram os primeiros humanos depois de África? Novo estudo dá a resposta

 

 

 

O novo estudo aponta que os humanos ancestrais foram para o Planalto Persa antes de iniciarem a colonização generalizada da Eurásia.

Um estudo revolucionário recentemente publicado na Nature Communications lança luz sobre um dos mistérios mais duradouros da pré-história humana: para onde foram primeiros humanos após deixarem África e antes de se dispersarem pela Eurásia?

A pesquisa, uma colaboração entre a Universidade de Pádua, a Universidade de Bolonha (Departamento de Património Cultural), a Universidade Griffith de Brisbane, o Instituto Max Planck de Jena e a Universidade de Turim, aponta o Planalto Persa como uma região chave durante as fases iniciais da colonização eurasiática.

As evidências genéticas combinadas com modelos paleoecológicos sugerem que, após saírem da África há entre 70 a 60 mil anos, os ancestrais das atuais populações eurasianas, americanas e oceânicas permaneceram como uma população homogénea no Planalto Persa por vários milénios antes de se expandirem por todo o continente e além.

Este período de estagnação, antes da divergência genética que deu origem às populações europeias e asiáticas orientais de hoje, é datado de há cerca de 45 mil anos, relata o Ancient Origins.

“A parte mais difícil foi desemaranhar os vários fatores de confusão constituídos por 45 mil anos de movimentos e misturas populacionais que ocorreram após a colonização do Centro”, afirma Leonardo Vallini, o primeiro autor do estudo.

A pesquisa também confirmou que as características paleoecológicas da área naquela época a tornavam adequada para ocupação humana, potencialmente capaz de sustentar uma população maior do que outras partes da Ásia Ocidental.

Este achado abre novas portas para a pesquisa arqueológica e paleoantropológica. O Planalto Persa será até o foco do projeto ERC Synergy, ‘Last Neanderthals‘, recentemente atribuído ao co-autor Stefano Benazzi, professor da Universidade de Bolonha.

O projeto busca explorar os eventos bioculturais complexos que ocorreram há entre 60.000 e 40.000 anos, com um foco especial no Planalto Persa.

Esta fase da jornada humana fora da África é particularmente fascinante, pois também incluiu o encontro e a mistura genética com os Neandertais.

A descoberta não apenas enriquece nosso entendimento sobre as migrações primitivas mas também enfatiza a importância do Planalto Persa como um ponto de convergência na pré-história global.

Entretanto, ficámos também a saber que a primeira coisa que os humanos que saíram de África fizeram ao chegar à Europa foi… “invadir” a Ucrânia.


in ZAP

sexta-feira, maio 03, 2024

É sempre interessante quando a Paleontologia, a Evolução e a Genética se cruzam...

Há 700 milhões de anos, uma criatura simples criou as bases para a evolução humana

 

 

 

Uma nova pesquisa indica que um antepassado comum, há 700 milhões de anos, moldou os genes de várias espécies bilateria.

Um estudo recente publicado na revista Nature Ecology and Evolution por investigadores do Centro de Regulação Genómica (CRG), em Barcelona, fornece informações inovadoras sobre a forma como os eventos de duplicação de genes, ocorridos há centenas de milhões de anos, moldaram a evolução de formas de vida complexas, incluindo vertebrados e invertebrados.

Esta investigação traça o caminho evolutivo até um antepassado comum, há cerca de 700 milhões de anos, que exibiu o plano corporal básico que a maioria dos animais complexos herda atualmente.

Este último antepassado comum dos bilateria - um supergrupo que inclui diversas espécies, desde os seres humanos aos insetos - deixou um legado genético que ainda é observável em mais de 7.000 grupos de genes em 20 espécies estudadas.

Bilateria é um dos mais importantes grupos animais, cujos representantes apresentam simetria bilateral: Os seus corpos são divididos verticalmente em duas metades, direita e esquerda que se espelham uma na outra.

Estas espécies vão desde os humanos e os tubarões até aos polvos. O estudo salienta a forma como estes genes ancestrais foram adaptados e especializados, particularmente no cérebro e nos tecidos reprodutivos, para satisfazer as exigências de adaptação de vários organismos ao longo de milénios.

Uma das principais conclusões do estudo é que cerca de metade destes genes ancestrais foram adaptados para funções específicas em determinadas partes do corpo, desviando-se dos seus papéis generalistas originais.

Esta adaptação foi facilitada por erros fortuitos de “copiar-colar” durante a evolução, particularmente através de eventos de duplicação de todo o genoma. Estas duplicações permitiram que os organismos mantivessem uma cópia de um gene para funções essenciais enquanto desenvolviam a segunda cópia para novos papéis especializados.

Federica Mantica, investigadora do CRG e autora do estudo, compara este processo a ter duas cópias de uma receita. Uma pode manter o original, enquanto a outra pode ser modificada ao longo do tempo para criar algo bastante diferente, mas ainda assim relacionado, como a evolução de uma receita de paella para uma de risoto.

A especialização destes genes conduziu a inovações evolutivas significativas. Por exemplo, o estudo refere o desenvolvimento de genes críticos para a formação de bainhas de mielina em vertebrados, melhorando a transmissão de sinais nervosos, e a especialização de genes em polvos que permitem a perceção da luz na sua pele, ajudando na camuflagem e na comunicação.

Da mesma forma, nos insetos, genes específicos evoluíram para apoiar a função muscular e a formação da cutícula, crucial para o voo, explica o SciTech Daily.

Além disso, o estudo explora a forma como certos genes, como os genes TESMIN e tomb, evoluíram para desempenhar papéis especializados nos testículos em diferentes espécies, como os vertebrados e os insetos. Esta especialização é tão crítica que qualquer perturbação nestes genes pode levar a problemas de fertilidade.

 

in ZAP

quarta-feira, fevereiro 21, 2024

Os astronautas gémeos Scott e Mark Kelly fazem hoje sessenta anos

 
Scott Joseph Kelly (Orange, 21 de fevereiro de 1964) é um astronauta e aviador naval dos Estados Unidos. Veterano de quatro missões espaciais, integrou a "One Year Mission" em 2015/2016, missão espacial de 340 dias contínuos a bordo da Estação Espacial Internacional, a mais longa permanência de um ser humano na estação, como parte de um teste de adaptação do corpo humano a longos períodos no espaço, visando futuras missões ao espaço profundo e a Marte

  

Carreira

Formado em engenharia elétrica, tornou-se aviador em 1989, servindo no Texas e se transferindo em seguida para o estado da Virginia, para treino nos F-14 Tomcat. Após conclusão do curso, serviu no Mar Mediterrâneo, Atlântico Norte, Mar Vermelho e Golfo Pérsico a bordo do porta-aviões USS Dwight D. Eisenhower.

Em janeiro de 1993, fez o curso da Escola de Piloto de Teste Naval dos Estados Unidos e, transferido para base naval em Maryland, pilotou e testou jatos F-14 e F-18, sendo o primeiro piloto a testar o novo sistema de controle de voo digital dos F-14 Tomcat e acumulando um total de três mil horas de voo e 250 aterragens em porta-aviões.

 

NASA

Kelly foi selecionado pela NASA em 1996 e cumpriu o período de treino no Centro Espacial Lyndon B. Johnson, em Houston, onde inicialmente cumpriu funções técnicas em terra. Em 1999 foi pela primeira vez ao espaço, como piloto da nave Discovery, na missão STS-103, do vaivém espacial, passando 191 horas em órbita. A missão, realizada entre 19 e 27 de dezembro daquele ano, foi realizada para que a tripulação instalasse novos instrumentos e sistemas mais modernos no telescópio espacial Hubble.

Após esta missão, foi designado diretor operacional da NASA na Cidade das Estrelas, na Rússia, e em seguida exerceu as funções de astronauta-substituto da tripulação da Expedição 5 à ISS. Em agosto de 2007, Kelly foi novamente ao espaço como comandante da nave Endeavour, na missão STS-118. Em 7 de outubro de 2010 Kelly voltou ao espaço como tripulante da nave Soyuz TMA-01M, para nova permanência de longa duração na Estação Espacial Internacional, como engenheiro de voo das Expedições 25 e comandante da 26, nas quais ele e a tripulação fizeram experiências como o crescimento de cristais em microgravidade, física e biometria. Retornou à Terra em 16 de março de 2011, cumprindo mais seis meses em órbita terrestre.

 

"One-Year Crew Mission"

Em 2013, Kelly foi designado pela NASA para uma missão de um ano no espaço, num programa conjunto da agência americana com a Roscosmos russa, nesta que foi a mais longa permanência contínua de um norte-americano em órbita, juntamente com o cosmonauta russo Mikhail Kornienko. A missão iniciou-se em 27 de março de 2015, com o lançamento da Soyuz TMA-16M do Cosmódromo de Baikonur em direção à ISS, como integrante das Expedições 43 e 44, além das expedições futuras 45 e 46, com retorno à Terra programado apenas para março de 2016.

O seu irmão gémeo, Mark Kelly, também é um ex-astronauta. Eles são os únicos irmãos a terem ido ao espaço. Durante a permanência de Scott em órbita, Mark foi submetido em terra aos mesmos testes que o irmão na falta de gravidade, por médicos e cientistas interessados em pesquisar possíveis diferenças entre os gémeos causadas pela exposição a ambientes gravitacionais diferentes. Durante o seu ano em órbita, ao lado de Kornienko ele compartilhou a ISS com 13 astronautas diferentes e realizou mais de 400 experiências científicas, além de cultivar flores e comer a primeira alface plantada, crescida e colhida no espaço.

Após 340 dias em órbita, ele retornou à Terra na Soyuz TMA-18M em 2 de março de 2016, encerrando a One Year Mission, juntamente com Kornienko e do comandante da nave Sergei Volkov, pousando nas estepes do Casaquistão e completando um total de 520 dias no espaço, com um total de 18 horas em atividades extra-veiculares passadas fora da estação.

Depois de seu retorno Kelly escreveu um livro de memórias, Endurance, publicado em novembro de 2017 e que antes mesmo da publicação teve os direitos para o cinema adquirido pela Sony Pictures.

Durante o meu tempo em órbita eu perdi massa óssea, os  meus músculos atrofiaram e o meu sangue se redistribuiu por si mesmo dentro do meu corpo, o que fatigou o meu coração. Todos os dias eu fui exposto a dez vezes mais radiação do que um ser humano na Terra, o que aumentará o meu risco de contrair cancro pelo resto da vida. Sem mencionar o stress psicológico, difícil de dimensionar e talvez tão danoso quanto o restante. 

Scott Kelly - Endurance: My Year in Space and Our Journey to Mars

 

in Wikipédia



Mark Edward Kelly (Orange, 21 de fevereiro de 1964) é um ex-astronautanorte-americano, veterano de quatro missões ao espaço no programa do vaivém espacial e senador dos Estados Unidos da América eleito pelos eleitores do Arizona. 

 

Marinha

Nascido no estado de Nova Jérsei, formou-se em engenharia marinha e ciência náutica. Em dezembro de 1987, tornou-se aviador naval e recebeu treino em aviões A-6 Intruder, sendo depois enviado para o Japão e posteriormente para o Golfo Pérsico, onde serviu nos esquadrões de caça do porta-aviões USS Midway e participou de 39 missões de combate durante a Operação Tempestade no Deserto. Após o conflito fez o curso da Escola de Piloto de Teste Naval dos Estados Unidos, antes de entrar para a NASA, e tem um total de mais de 4500 horas de voo em 50 aeronaves diferentes e 375 aterragens contabilizadas em porta-aviões.

 

NASA

Selecionado para o corpo de astronautas da NASA em 1996 – junto com seu irmão-gêmeo Scott Kelly, também astronauta – e foi ao espaço pela primeira vez em dezembro de 2001 com piloto da missão STS-108 Endeavour, a primeira missão espacial dos Estados Unidos após os ataques terroristas de 11 de setembro para a Estação Espacial Internacional (ISS), uma missão de doze dias em órbita.

Em julho de 2006 voltou ao espaço novamente como piloto da STS-121 Discovery, sua segunda visita à ISS. O seu terceiro voo espacial foi novamente na nave Discovery, como comandante da missão STS-124 , lançada de Cabo Canaveral em 31 de maio de 2008 e que se destinou a instalar a segunda parte do módulo japonês Kibo na ISS.

A sua quarta missão foi comandando a Endeavour STS-134, a última missão ao espaço da nave espacial, lançada em 16 de maio de 2011. A missão teve como principal objetivo a colocação em órbita do Espectómetro Magnético Alpha, peça central de uma controversa e pioneira experiência com o custo de 2 mil milhões de dólares, com o qual os cientistas da agência espacial esperam revelar os segredos da misteriosa matéria escura que comporia cerca de 20% do Universo. Em 22 de maio, Kelly recebeu a bênção papal do papa Bento XVI para a sua mulher, na primeira vez que um Papa comunicou com a tripulação de um vaivém espacial em órbita. Ele regressou à Terra em 1 de junho, comandando a última aterragem da Endeavour, no Cabo Kennedy, na Flórida.

 

Estudos dos Gémeos

Em outubro de 2011 Kelly aposentou-se da NASA e da Marinha, para dar melhor assistência à sua mulher, ferida num tiroteio no Arizona. Em 2015, porém, voltou a trabalhar para a agência espacial como parte do projeto "One-Year Crew Mission", a primeira missão de um ano de permanência na ISS, realizada pelo seu irmão gémeo e também astronauta, Scott Kelly, juntamente com o cosmonauta russo Mikhail Kornienko. Esta missão tem como objetivo medir a capacidade humana para longa permanência no espaço, visando à futuras viagens espaciais para o espaço profundo e para Marte. Durante a permanência de Scott em órbita, ele no espaço e Mark na Terra serviram de cobaias humanas em experiências para o monitorização de saúde e sinais vitais, além de estudos moleculares, de dois homens com os mesmos genes, para medir as possíveis variações e diferenças causadas sobre dois organismos idênticos submetidos às mesmas experiências e atividades na Terra e na microgravidade espacial. A experiência, chamada Twins Study, foi realizada entre março de 2015 e março de 2016.

 

Vida pessoal

Kelly é casado com a deputada democrata Gabrielle Giffords, gravemente ferida durante um tiroteio ocorrido em Tucson, Arizona, em janeiro de 2011. A sua esposa compareceu no Cabo Kennedy para assistir ao lançamento da missão sob o seu comando, em maio de 2011, já em franca recuperação do tiro que levou na cabeça durante o incidente. 

 

in Wikipédia

sexta-feira, fevereiro 16, 2024

O biólogo Hugo de Vries nasceu há 176 anos

  
Hugo Marie de Vries (Haarlem, 16 de fevereiro de 1848 - Lunteren, 21 de maio de 1935) foi um biólogo neerlandês, um dos três cientistas a quem se atribui a redescoberta do trabalho de Mendel, no ano de 1900, sobre as leis da hereditariedade.
O holandês Hugo de Vries foi precursor do estudo experimental da evolução dos seres vivos e lançou os fundamentos da pesquisa genética.
Tendo estudado nas universidades de Leiden, Heidelberg e Würzburg, ocupou em 1878 um lugar de professor na Universidade de Amesterdão, no qual se manteve durante trinta anos. Em 1886, observou nítidas diferenças entre a rosa natural Oenothera lamarckiana e espécies cultivadas, o que o levou a analisar o problema da evolução sob enfoque experimental, em substituição ao método de observação e inferência. Cultivando essa espécie, descobriu novas variedades botânicas da planta que apareciam aleatoriamente entre os espécimes normais. Concebeu então a evolução como série de mudanças radicais abruptas que dariam surgimento a novas espécies. Deu ao fenómeno o nome de mutação.
Como resultado do seu interesse pela genética, Vries redescobriu, em 1900, ao mesmo tempo que Carl Correns, da Alemanha, e Erich von Tschermak-Seysenegg, da Áustria, os princípios da hereditariedade, conhecidos como leis de Mendel. Em Die Mutationstheorie (1901-1903; A teoria das mutações) resumiu o conteúdo das descobertas que o haviam levado a resgatar as ideias do monge Gregor Mendel sobre a herança genética. De Vries estudou também o trânsito por osmose nas membranas dos vegetais.
     

sábado, janeiro 06, 2024

Gregor Mendel, o fundador da Genética, morreu há cento e quarenta anos...

       
Durante a sua vida, Mendel publicou dois grandes trabalhos agora clássicos: "Ensaios com plantas híbridas" (Versuche über Pflanzen-hybriden), que não abrangia mais de trinta páginas impressas e "Hierácias obtidas pela fecundação artificial".
Em 1865, formula e apresenta em dois encontros da Sociedade de História Natural de Brno as leis da hereditariedade, hoje chamadas Leis de Mendel, que regem a transmissão dos caracteres hereditários. Após 1868, as tarefas administrativas mantiveram-no tão ocupado que não pode dar continuidade às suas pesquisas, vivendo o resto da sua vida em relativa obscuridade. É conhecido como "Pai da Genética" atualmente.
        
Biografia
Nasceu em Heinzendorf bei Odrau (hoje chamada Vražné, no distrito de Nový Jičín), região de Troppau (hoje chamada Opava), na Silésia, que então pertencia ao Império Austríaco. Foi batizado a 22 de julho, data que muitas vezes se confunde com a sua data de nascimento, e era de uma família de humildes camponeses de língua alemã. Na sua infância revelou-se muito inteligente; em casa costumava observar e estudar as plantas. Sendo um brilhante estudante a sua família encorajou-o a seguir estudos superiores, e, aos 21 anos, a entrar num mosteiro da Ordem de Santo Agostinho em 1843 (atual mosteiro de Brno, hoje na República Checa) pois não tinham dinheiro para suportar o custo dos estudos. Obedecendo ao costume, ao tornar-se monge, optou um outro nome: "Gregor". Então Mendel tinha a seu cargo a supervisão dos jardins do mosteiro.
Estudou ainda, durante dois anos, no Instituto de Filosofia de Olmütz (hoje Olomouc, República Checa) e na Universidade de Viena (1851-1853).
Mas Mendel não só se interessou nas plantas, ele também era meteorologista e estudou as teorias da evolução. Ao longo da sua vida foi membro, diretor e fundador de muitas sociedades locais: diretor do Banco da Morávia, foi fundador da Associação Meteorológica austríaca, membro da Real e Imperial Sociedade da Morávia e Silésia para a melhoria da agricultura, entre outras.
Morreu a 6 de janeiro de 1884, em Brno, no antigo Império Austro-Húngaro, hoje República Checa, de uma doença renal crónica; um homem à frente do seu tempo, mas ignorado durante toda a sua vida.
   
Experiências - cruzamentos de plantas
Desde 1843 a 1854 tornou-se professor de ciências naturais na Escola Superior de Brno, dedicando-se ao estudo do cruzamento de muitas espécies: feijões, chicória, bocas-de-dragão, plantas frutíferas, abelhas, ratos e, principalmente, ervilhas, cultivadas na horta do mosteiro onde vivia, analisando os resultados matematicamente, durante cerca de sete anos. Gregor Mendel, "o pai da genética", como é conhecido, foi inspirado tanto pelos professores como pelos colegas do mosteiro que o pressionaram a estudar a variação do aspeto das plantas. Propôs que a existência de características (tais como a cor) das flores é devida à existência de um par de unidades elementares de hereditariedade, agora conhecidas como genes.
   
Abelhas
Após o estudo com ervilheira Mendel dedicou-se ao estudo das abelhas, tentando estender as suas conclusões para os animais. Produziu uma estirpe híbrida entre abelhas do Egipto e da América do Sul que produziam um mel considerado excelente, contudo eram muito agressivas, picando muitas pessoas dos arredores, e foram destruídas. Mendel continuou a dedicar-se ao passatempo de apicultura, mesmo após ser eleito abade do Mosteiro de Brno, tendo inclusive fundado a Sociedade de Apicultura de Brno.
   
Redescoberta
As descobertas de Mendel, apesar de muito importantes, permaneceram praticamente ignoradas até começos do século XX (embora tivessem estado disponíveis nas maiores bibliotecas da Europa e dos Estados Unidos), sendo publicadas somente no início do século XX, anos após sua morte. Foram "redescobertas" por um grupo de cientistas, um alemão - K. Correns, um austríaco - E. Tschermak e outro neerlandês - H. de Vries. Originalmente pensava-se que o austríaco Eric von Tschermark teria sido um dos "redescobridores" mas nunca mais foi aceite. A sua teoria foi essencial para a síntese evolutiva moderna.
     
in Wikipédia

sexta-feira, dezembro 01, 2023

J. B. S. Haldane morreu há 59 anos

 
John Burdon Sanderson Haldane (Oxford, 5 de novembro de 1892 - Bhubaneswar, Orissa, Índia, 1 de dezembro de 1964), que normalmente usava "J.B.S." como nome, foi um pensador marxista, geneticista e biólogo britânico.

Haldane foi um dos fundadores, juntamente com Ronald Fisher e Sewall Wright, da genética populacional. Ajudou a desenvolver as tabelas de mergulho usadas pela Marinha Inglesa e Americana durante a II Guerra Mundial, que serviram de base para as tabelas usadas até hoje por todos os mergulhadores. Emigrou em 1957 para a Índia, obtendo a cidadania indiana. Haldane também lançou a ideia, aceite até hoje sobre a origem da vida, similar à teoria de Oparine. Além disso, no seu tratado intitulado "Enzimas" sugeriu que as interações fracas que se estabelecem entre a enzima e o seu substrato poderiam ser usadas para distorcer a molécula do substrato e catalisar a reação. Esse conhecimento representa o cerne da compreensão atual da catálise enzimática

 

domingo, novembro 05, 2023

J. B. S. Haldane nasceu há 131 anos


John Burdon Sanderson Haldane (Oxford, 5 de novembro de 1892 - Bhubaneswar, Orissa, Índia, 1 de dezembro de 1964), que normalmente usava "J.B.S." a anteceder o apelido, foi um pensador marxista, geneticista e biólogo britânico.
Haldane foi um dos fundadores, junto com Ronald Fisher e Sewall Wright, da genética populacional. Ajudou a desenvolver as tabelas de mergulho usadas pela Marinha Inglesa e Americana durante a II Guerra Mundial, que serviram de base para as tabelas usadas, até hoje, por todos os mergulhadores. Emigrou em 1957 para a Índia, obtendo a cidadania indiana. Haldane também contribuiu para a ideia aceite até hoje sobre a origem da vida, para além de Oparine. Além disso, no seu tratado intitulado "Enzimas", sugeriu que as interações fracas que se estabelecem entre a enzima e o seu substrato poderiam ser usadas para distorcer a molécula do substrato e catalisar a reação. Esse conhecimento representa o cerne da compreensão atual da catálise enzimática.

domingo, outubro 08, 2023

O Padre Luís Archer, pioneiro no estudo da genética, faleceu há onze anos

  

Luís Jorge Peixoto Archer, S.J. (Porto, Nevogilde, 5 de maio de 1926 - Lisboa, 8 de outubro de 2011) foi um padre jesuíta e cientista português

 

Luís Archer concluiu os estudos liceais no "Liceu Rodrigues de Freitas" e estudou piano no Conservatório de Música do Porto entre 1936 e 1945. Terminou a licenciatura em Ciências Biológicas na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto no ano de 1947 com a média final de 18 valores, pelo que ganhou o prémio, atribuído pelo Rotary Club, de melhor estudante dessa Faculdade.

No dia 7 de dezembro de 1947, e depois de já ter sido contratado como Assistente Extraordinário por Américo Pires de Lima, entrou no noviciado da Companhia de Jesus, em Guimarães (onde estudou humanidades durante dois anos). Nos anos seguintes estudou filosofia (1951-1954) na Faculdade Pontifícia de Braga (atualmente Universidade Católica Portuguesa) e teologia (1956-1959) na Alemanha, em Frankfurt am Main, onde foi ordenado sacerdote, no dia 31 de julho de 1959.

No ano de 1964 começou a estudar bioquímica e genética na Universidade de Georgetown nos Estados Unidos, onde fez o doutoramento em genética molecular em 1967. A partir de 1968 Archer introduziu em Portugal a investigação em genética molecular, tendo fundado os laboratórios de Genética Molecular do Instituto Gulbenkian de Ciência e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto. Durante vinte anos trabalhou no Instituto Gulbenkian de Ciência e foi professor catedrático de

Foi diretor da série de Ciências Naturais da revista Brotéria entre 1962 e 1979. Entre 1980 e 2002 dirigiu a Brotéria-Genética, instituída em 1980 como órgão oficial da Sociedade Portuguesa de Genética, de que foi presidente entre 1978 e 1981.

No final dos anos setenta, e sem que abandonasse a sua atividade científica, Luís Archer começou a dirigir os seus interesses intelectuais para a Bioética, área em que desempenharia um papel pioneiro em Portugal. A sua obra concentrou-se em três grandes áreas: a reprodução humana artificial; a terapia génica; e o conhecimento do genoma humano e suas implicações éticas.

A 26 de abril de 1991 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.

Em homenagem a Luís Archer, a Sociedade Portuguesa de Genética criou o Prémio Prof. Doutor Luís Archer.

Morreu aos 85 anos, após ter sido transportado para o Hospital de Santa Maria em Lisboa, devido a uma indisposição.

   

quinta-feira, julho 20, 2023

Gregor Mendel nasceu há 201 anos

           
Durante a sua vida, Mendel publicou dois grandes trabalhos agora clássicos: "Ensaios com plantas híbridas" (Versuche über Pflanzen-hybriden), que não abrangia mais de trinta páginas impressas e "Hierácias obtidas pela fecundação artificial".
Em 1865, formula e apresenta, em dois encontros da Sociedade de História Natural de Brno, as leis da hereditariedade, hoje chamadas Leis de Mendel, que regem a transmissão dos caracteres hereditários. Após 1868, as tarefas administrativas mantiveram-no tão ocupado que não pode dar continuidade às suas pesquisas, vivendo o resto da sua vida em relativa obscuridade. É atualmente conhecido como "Pai da Genética".
         

quinta-feira, fevereiro 16, 2023

Hugo de Vries nasceu há 175 anos

  
Hugo Marie de Vries (Haarlem, 16 de fevereiro de 1848 - Lunteren, 21 de maio de 1935) foi um biólogo neerlandês, um dos três cientistas a quem se atribui a redescoberta do trabalho de Mendel, no ano de 1900, sobre as leis da hereditariedade.
O holandês Hugo de Vries foi precursor do estudo experimental da evolução dos seres vivos e lançou os fundamentos da pesquisa genética.
Tendo estudado nas universidades de Leiden, Heidelberg e Würzburg, ocupou em 1878 um lugar de professor na Universidade de Amesterdão, no qual se manteve durante trinta anos. Em 1886, observou nítidas diferenças entre a rosa natural Oenothera lamarckiana e espécies cultivadas, o que o levou a analisar o problema da evolução sob enfoque experimental, em substituição ao método de observação e inferência. Cultivando essa espécie, descobriu novas variedades botânicas da planta que apareciam aleatoriamente entre os espécimes normais. Concebeu então a evolução como série de mudanças radicais abruptas que dariam surgimento a novas espécies. Deu ao fenómeno o nome de mutação.
Como resultado do seu interesse pela genética, Vries redescobriu em 1900, ao mesmo tempo que Carl Correns, da Alemanha, e Erich von Tschermak-Seysenegg, da Áustria, os princípios da hereditariedade, conhecidos como leis de Mendel. Em Die Mutationstheorie (1901-1903; A teoria das mutações) resumiu o conteúdo das descobertas que o haviam levado a resgatar as ideias do monge Gregor Mendel sobre a herança genética. De Vries estudou também o trânsito por osmose nas membranas dos vegetais.