Aleksandr Ivanovich Oparin (Uglitch, 2 de março, ou 18 de fevereiro, no calendário juliano, de 1894 - Moscovo, 21 de abril de 1980) foi um biólogo e bioquímico russo considerado um dos precursores dos estudos sobre a origem da vida.
Vida
Oparin formou-se na
Universidade de Moscovo em
1917. Em
1924
publicou um opúsculo com a primeira versão de sua teoria para explicar
o surgimento da vida na Terra, a partir da evolução química gradual de
moléculas baseadas em
carbono. A segunda versão, de 1938, alcançaria sucesso internacional, que resultou na conhecida versão em inglês, de 1953. Em
1946, foi admitido na
Academia Soviética das Ciências. Em
1970,
foi eleito presidente da "Sociedade Internacional para o Estudo da
Origem da Vida". Faleceu aos 86 anos, em 21 de abril de 1980, e foi
sepultado no
Cemitério Novodevichy, em
Moscovo.
Teoria
A sua teoria tem uma forte base
darwiniana:
através de competição e seleção natural, determinadas formas de
organização molecular tornaram-se dominantes e caracterizam as moléculas
vivas de hoje. Segundo ele, não existe diferença fundamental entre os
organismos vivos e matéria sem vida. Em princípio havia soluções
simples de substâncias orgânicas, cujo comportamento era governado
pelas propriedades dos seus átomos e pelo arranjo destes átomos numa
estrutura molecular. Gradualmente, entretanto, como resultado do
crescimento em complexidade, novas propriedades surgiram em consequência
do arranjo espacial e relacionamento mútuo das moléculas. Portanto, a
complexa combinação de propriedades que caracteriza a vida surgiu a
partir do processo de evolução da matéria.
Levando em conta a então recente descoberta de
metano na
atmosfera de
Júpiter e outros planetas gigantes, Oparin postulou que a Terra primitiva também possuía uma atmosfera fortemente redutora, contendo
metano,
amónia,
hidrogénio e
água. Na sua opinião, esses foram os elementos essenciais para a evolução da vida.
Nessa época a Terra estava passando por um processo de arrefecimento,
que permitiu a acumulação de água nas depressões da sua crosta, formando
os mares primitivos. As
tempestades com
raios eram frequentes e ainda não havia na atmosfera o escudo de
ozono contra radiações. As descargas elétricas e as
radiações que atingiam nosso planeta teriam fornecido energia para que algumas
moléculas presentes na atmosfera se unissem, dando origem a moléculas maiores e mais
complexas: as primeiras moléculas orgânicas. Estas eram arrastadas pelas águas das
chuvas e passavam a se acumular nos mares primitivos, que eram quentes e rasos.
O
processo,
repetindo-se ao longo de vários anos, teria transformado os mares
primitivos numa "sopa primitiva", rica em matéria orgânica. Baseado no
trabalho de
Bungenberg de Jong sobre
coacervados, certas moléculas orgânicas (especialmente as
proteínas)
podem espontaneamente formar agregados e camadas, quando estão na
água. Oparin sugeriu que diferentes tipos de coacervados podem ter-se
formado na "sopa primitiva" dos oceanos. Esses coacervados não eram
seres vivos, mas sim uma primitiva organização das substâncias
orgânicas, principalmente proteínas, em um sistema isolado. Apesar de
isolados os coacervados podiam trocar substâncias com o meio externo,
sendo que em seu interior houve possibilidade de ocorrerem inúmeras
reações químicas.
Subsequentemente, sujeitos ao processo de seleção natural, esses
coarcervados cresceram em complexidade, adquirindo por fim
características de organismos vivos.
Repercussões
Um aspeto da sua hipótese, a ideia da
atmosfera redutora, interessou muito ao
químico dos Estados Unidos
Harold Urey. Urey, que se notabilizara pela descoberta do
deutério, encarregou o seu aluno
Stanley Miller de investigar experimentalmente as proposições de Oparin. A
experiência realizado demonstrou que as condições atmosféricas imaginadas por Oparin permitiriam a síntese abiótica de alguns
aminoácidos, facto que teve ampla repercussão na imprensa internacional.
Embora as conceções de Oparin sobre a atmosfera primitiva tenham
perdido o apoio quase unânime de que desfrutavam, alguns pesquisadores,
como
Freeman Dyson e
Doron Lancet, químico do
Instituto Weizmann da Ciência de
Israel, têm investigado mais recentemente a formação de coacervados, outro aspeto original das ideias de Oparin.